quarta-feira, 30 de julho de 2014

642 - O cigarro no mundo

Na desigual geografia do vício, onde se fuma mais hoje é nos países pobres.
O fumo mata 6,3 milhões de pessoas por ano. As estimativas são de que, durante o século XXI, ele causará 1 bilhão de mortes.
 Nesse panorama trágico, a situação brasileira não é das piores. A cada novo inquérito cai o número de fumantes em nosso país. Os mais recentes mostram que 15 a 17 por cento dos brasileiros com mais de 15 anos fumam. Fumamos menos do que os americanos, alemães, italianos, franceses, dinamarqueses ou holandeses. Na Europa, apenas os suecos fumam menos do que nós: 12 por cento.
Do artigo O cigarro no mundo, de Drauzio Varella, no CartaCapital

domingo, 27 de julho de 2014

641 - Como montar o quarto da criança alérgica

Alergia, principalmente a respiratória, é uma das doenças crônicas mais comuns entre as crianças. Atualmente, 20% dos pequenos sofrem de rinite ou asma logo nos primeiros anos de vida. A chance de desenvolver o problema duplica se um dos pais é alérgico e quase quadruplica se ambos são.
“O que acontece é que, normalmente, diante dos sintomas e até do diagnóstico, os pais se preocupam somente com os medicamentos, quando deveriam atentar também para o ambiente em que os filhos vivem e reduzir a exposição da criança aos alérgenos”, destaca Magda Carneiro-Sampaio, imuno-alergologista e presidente do Conselho Diretor do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas.
E é no quarto, onde as crianças passam grande parte do tempo, que mora o problema. “Especialmente na cama há calor e umidade, condição propícia para a proliferação e convívio de ácaros, responsáveis por 90% dos casos de alergias respiratórias. Tecidos grossos, poltronas, pelúcias e carpetes também facilitam a deposição desse alérgeno”, explica doutor Antonio Carlos Pastorino, pediatra, imunologista e alergista.
Para as famílias cujos filhos já foram diagnosticados alérgicos e até mesmo para as grávidas que estão montando o quarto do futuro bebê, os especialistas relacionam os itens da receita para um quarto clean e sem contraindicações, tanto para crianças saudáveis como para as alérgicas.
- Antes da chegada do pequeno, analise os cômodos e elimine focos de infiltração e umidade para evitar o mofo, outro alérgeno em potencial.
- O quarto mais ensolarado deve ser o quarto do bebê. Posicione a cama de modo que receba luz solar. Ácaros vivem muito bem em temperaturas próximas a 36ºC, mas quando ultrapassa os 50ºC, eles morrem. Então, expor colchão e travesseiro ao sol é recomendado para eliminar pelo menos os que estiverem na superfície. Quando isso não for possível, utilize capas antialérgicas para colchão e travesseiro. Elas são feitas de um tecido especial, com poros milimétricos, que impedem que os ácaros escapem.
- O ideal é que o travesseiro seja trocado uma vez ao ano. Evite os de pena, pois ela é alérgena.
- Magda recomenda que os lençóis sejam trocados duas vezes por semana, o cobertor ideal é o tipo japonês, ou futton, e os felpudos estão proibidos. Escolha o travesseiro de espuma e troque-o anualmente para evitar acúmulo de microrganismos que a fronha não barra. Os de pena devem ser evitados, pois o pelo também é um alérgeno perigoso. “A cama é quente e abafada, características que propiciam a proliferação de ácaros e fungos, por isso deve receber atenção especial. Se a criança dorme com muita frequência no quarto dos pais esse cuidado deve ser extensivo à cama do casal”, salienta Magda.
- Um quarto arejado diariamente por, no mínimo, duas horas diárias, é imprescindível para a saúde das vias aéreas. “Famílias adeptas ao ar condicionado devem deixar o ar circular abrindo as janelas. Também é importante limpar os filtros periodicamente”, afirma Magda;
- Diariamente, descamamos cerca de 1g de pele por dia. Por terem a pele mais seca, alérgicos podem descamar até dez vezes mais. Ácaros, por sua vez, se alimentam de restos de pele, portanto, doutor Pastorino não recomenda bater o lençol no quarto. Além disso, hidrate bem a pele da criança.
- Ao se movimentar na cama, os ácaros recirculam para o ar. O mesmo ocorre ao varrer os cômodos. Por isso, o ideal é usar rodo e pano úmido para higienização dos ambientes domésticos.
- Não use produtos de limpeza muito perfumados. Eles favorecem a irritação das vias aéreas das crianças com rinite.
- Evite acumular livros e outros objetos que acumulem pó e mofo.
- Para aparar o sol da janela, prefira persianas inteiriças às cortinas e as persianas modulares. As inteiriças são mais fáceis de limpar;
- Evite prateleiras acima do berço. Normalmente, seu uso inclui bichos de pelúcia e outros objetos que atraem poeira. Para guardar esses objetos, de preferência aqueles de plástico ou material de fácil limpeza, doutor Pastorino recomenda um baú de plástico, que seja fácil de higienizar.
- Carpetes devem ser evitados do contato com a criança alérgica. A melhor opção, neste caso, são os pisos lisos de madeira ou de vinil.
- “Em relação às tarefas domésticas, é preferível que os pequenos alérgicos auxiliam apenas na arrumação da cama e evitem participar da limpeza. O contato com produtos químicos pode agravar o quadro”, conclui doutora Magda.

quinta-feira, 24 de julho de 2014

640 - Por que os médicos estavam tão preocupados com o "rosto da bicicleta"?

Houve um tempo em que o principal perigo associado a bicicleta não tinha nada a ver com ser atropelado por um carro.Em vez disso, alguns médicos do final do século 19 advertiam que - especialmente para as mulheres - usar a bicicleta poderia levar a supostas condições médicas.
Uma delas, o "rosto da bicicleta".
"O excesso de esforço, a posição vertical da roda e o esforço inconsciente para manter o equilíbrio tendem a produzir um fatigado e exausto 'rosto de bicicleta '", observou o Literary Digest, em 1895. Passando a descrever essa condição como: "um rosto normalmente corado, mas às vezes pálido, muitas vezes com os lábios mais ou menos definidos e o início de sombras escuras (olheiras) sob os olhos, e sempre com uma expressão de cansaço."
Em outra publicação, dizia-se que a condição "era caracterizada por uma mandíbula dura, apertada e abaulamento dos olhos".
É difícil encontrar a primeira menção a essa "condição". Em um artigo de 1897, no National Review, de Londres, o médico britânico A. Shadwell alegou ter sido o primeiro a empregar a expressão, alguns anos antes. Quando também advertiu sobre os perigos de andar de bicicleta, especialmente para as mulheres, descrevendo o ciclismo "como uma mania que tem sido praticada por pessoas impróprias para qualquer esforço".
Obviamente, o "rosto de bicicleta" não é uma coisa real. Isso traz à tona uma questão interessante.
Por que os médicos estavam tão preocupados com o "rosto da bicicleta"?
Em 1890, na Europa e nos EUA, as bicicletas eram vistas por muitos como um instrumento do feminismo. Com as roupas que permitiam a muitas mulheres se envolveram em atividades físicas, as bicicletas lhe davam um aumento da mobilidade.
Como o Munsey's Magazine publicou em 1896:
"Para os homens, a bicicleta no começo era apenas um brinquedo novo, uma outra máquina adicionado à longa lista de dispositivos que eles dominavam em seu trabalho e lazer. Para as mulheres, era um cavalo sobre o qual cavalgavam em um novo mundo."
Tudo isso provocou uma reação de muitos médicos (masculinos) e espectadores, que alegavam várias razões para dissuadir as mulheres de andar de bicicleta. Em geral, eles argumentavam que andar de bicicleta era uma atividade desgastante demais, inadequada para as mulheres, e que - não só levaria ao rosto da bicicleta, como também causaria exaustão, insônia, palpitações cardíacas, dores de cabeça e depressão.
No final da década de 1890, no entanto, muitos médicos começaram a questionar publicamente a idéia do "rosto da bicicleta", observando que as pessoas poderiam se concentrar em andar ou dirigir qualquer tipo de veículo sem causar dano duradouro facial.
Em 1897, o Phrenological Journal, citando a médica Sarah Stevenson Hackett, de Chicago, encerrou a questão:
"[O ciclismo] não é prejudicial a qualquer parte da anatomia humana, uma vez que melhora a saúde geral. Eu tenho conscientemente recomendando o ciclismo, nos últimos cinco anos", disse ela. "A expressão facial de ansiedade e dor é vista apenas entre os iniciantes, e é devido à insegurança dos amadores. Assim que um ciclista se torna eficiente, ele pode dosar a sua força muscular e adquirir uma perfeita confiança em sua capacidade de equilibrar-se e em seu poder de locomoção, esta expressão deixa de existir" 
The 19th-century health scare that told women to worry about "bicycle face" by Joseph Stromberg. In: Vox. Traduzido por PGCS.
N. do T.
Em Semiologia, a palavra facies expressa o aspecto geral do rosto do paciente, onde se espelham sinais sugestivos de determinadas doenças ou situações clínicas. Na tradução deste artigo, poderia ter usado a expressão alternativa "facies do ciclista".
Correspondência
[...] Quanto ao facies de bicicleta, penso que comigo se deu o contrário. Aprendi a andar de bicicleta, após os 20 anos. Eu fora impedida na infância, pois minha irmã oito anos mais velha caíra espetacularmente e a bicicleta foi retirada de minha casa para não mais voltar. Contudo, nunca aceitei o fato de não saber andar de bicicleta. Pois, já grandinha, comprei uma e fui aprender a usá-la em uma extenso corredor na lateral de minha casa. Aprendi e depois arrisquei passeios mais interessantes. Meu facies era de pura felicidade quando senti que dominava aquele potro aparentemente selvagem no início de meu aprendizado. Posso garantir, portanto, que os cientistas do passado estavam errados e talvez muito mais preocupados com a presença do selim entre as coxas das donzelas do que com o suposto quadro de depressão, ansiedade, dentes cerrados etc.
Celina, Presidente da Sobrames-CE

segunda-feira, 21 de julho de 2014

639 - Onde há fumaça, há fogo

Deveria ter sido um assassinato perfeito. Em 1850, o conde Hyppolyte de Bocarme e sua esposa, a condessa Lydie, planejaram matar um rico irmão dela. Sua arma: a nicotina. Mas o plano era mais sutil do que fornecer-lhe cigarros e esperar que ele ficasse com enfisema pulmonar.
Nicotina é um alcaloide vegetal espetacularmente letal. A ingestão de menos de 30 miligramas de nicotina pura mata um ser humano adulto. E, para um assassinato, a droga parecia ser o veneno certo, pois os cientistas, em meados do século 19, não sabiam como detetar venenos de plantas em cadáveres.
Trabalhando em sua propriedade no sul da Bélgica, onde possuía um laboratório, o conde dizia a todos que misturava perfumes. Na realidade, ele estava a extrair nicotina de folhas de tabaco.
Quando o irmão rico da condessa veio visitá-los, o conde e sua esposa serviram-lhe um jantar envenenado e atribuíram sua morte, que aconteceu logo depois, a um acidente vascular cerebral. Mas os servos, lembrando-se dos estranhos experimentos do conde no laboratório, desconfiaram que algo estava errado. Entraram em contato com a polícia, que, por sua vez, contatou Jean Servais Stas, o melhor químico da Bélgica.
Stas, cujo trabalho sobre pesos atômicos foi essencial para a criação da tabela periódica, aceitou o desafio. Ele passou três meses à procura de uma maneira de extrair a nicotina de tecidos mortos. Finalmente, ele descobriu a mistura exata de ácidos e solventes para detetar a substância letal.
Os resultados obtidos pelo químico selaram o caso. E o conde foi condenado à guilhotina. A condessa, alegando que tinha sido forçada a participar da trama, escapou da condenação.
Hoje, o crime que eles cometeram ainda é lembrado por estudiosos forenses, embora ali mesmo terminasse o uso da nicotina como arma de um crime perfeito.
Extraído de 4 Toxic Moments in History, Neatorama

sexta-feira, 18 de julho de 2014

638 - Drogas psicotrópicas afetam homens e mulheres de forma diferente

As diferenças de gênero na resposta do corpo à medicação têm sido negligenciadas. De fato, até a década de 1990, as mulheres foram proibidas de participar de ensaios clínicos nos EUA. No entanto, estas são quase duas vezes mais propensas a receber prescrição de medicação psicotrópica do que os homens, e as pesquisas sugerem que as diferenças em hormônios, composição corporal e metabolismo podem torná-las mais sensíveis a certas drogas. Além disso, as mulheres são entre 50 e 75 por cento mais propensas a experimentar efeitos colaterais. No ano passado, a Food and Drug Administration anunciou as primeiras diretrizes de dosagem específica por sexo para um psicofármaco. Utilizado no tratamento da insônia, o Zolpidem foi comprovado ser duplamente potente para as mulheres.
Aqui estão alguns dos medicamentos que são conhecidos por agir de forma diferente em homens e mulheres, porém as pesquisas estão apenas começando.
Psychotropic Drugs Affect Men and Women Differently por Roni Jacobson. In: Scientific American

terça-feira, 15 de julho de 2014

637 - Uma nova abordagem ao tratamento das picadas de cobras

Havia uma serpente no Jardim do Éden. Como um símbolo da medicina, há uma cobra enrolada em torno do bastão de Asclépio, o deus grego associado com a cura. "Óleo de cobra" é uma poção sobre a qual se afirma (erroneamente) ter poderes de cura. Cleópatra morreu da picada de uma áspide.
Mas, apesar da notoriedade, as cobras não estão recebendo a atenção que merecem, especialmente quando mordem as pessoas, o que elas fazem com mais frequência do que se suspeita. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que entre 94 mil e 125 mil pessoas morrem a cada ano devido a picadas de cobra, para não falar de 400 mil amputações e de outras consequências graves para a saúde.
Você poderia pensar que, com esses números de vítimas, as picadas de cobra estariam no topo da lista dos problemas de saúde mundiais. Mas eles não estão. Nos EUA, menos de 10 pessoas morrem de mordidas de cobra por ano. Os grandes números estão em áreas rurais da Ásia, África e América do Sul e Central. A OMS considera a mordida de cobra "uma doença tropical negligenciada". Financia e distribui antivenenos, mas não recebe doações importantes e, como consequência, não há muitas pesquisas na área.
Matthew Lewin, um médico emergencista de San Francisco Bay - que mantém uma jiboia em sua casa - decidiu ir à luta. Ele escreveu um artigo no New York Times em que recordou como um pesquisador da Academia de Ciências da Califórnia, mordido por uma krait venenosa há mais de uma década atrás, quando trabalhava no Miammar, morrera por causa do veneno que paralisou sua respiração.
Lewin  acredita que uma das razões para que muitas pessoas morram devido a cobras venenosas é que as vítimas, logo depois da mordida, não conseguem chegar a um hospital, onde podem ser tratadas com antivenenos. Mas, no campo, essas pessoas poderiam ser salvas com uma droga barata chamada neostigmina, que neutraliza temporariamente as neurotoxinas existentes em venenos de cobras.
A neostigmina, facilmente disponível em ambiente hospitalar, é perigosa para ser injetada. Então, Lewin idealizou que essa droga poderia ser administrada, de forma segura e barata, através de um spray nasal.
Mas como testar a ideia?
Na Universidade da Califórnia, Lewin obteve a permissão oficial para experimentar a ideia em alguém. Esse alguém acabou por ser o próprio Lewin. Então, sob supervisão cuidadosa, ele foi injetado com uma substância curarizante, desenvolvendo os sintomas de uma picada neurotóxica de cobra: visão turva, dificuldade em engolir e paralisia muscular que poderia ter impedido sua respiração. Antes que ele fosse longe demais, um dos companheiros administrou a neostigmina, por spray nasal, e Lewin saiu do estupor com entusiasmo: "Funcionou", rugiu ele. Um dos colegas filmou todo o experimento para a divulgação.
Desde então, ele e outros têm publicado artigos que descrevem o spray nasal de neostigmina salvando vidas na selva, onde a morte é muito comum.
Outros pesquisadores, no entanto, dizem que apenas as mordidas de algumas espécies seriam protegidas pela droga, uma vez que muitas cobras injetam outros venenos – que causam sangramento e destruição de tecidos.
Em qualquer caso, Lewin prossegue com o seu projeto, mesmo sem o financiamento de alguma fundação como ele gostaria de obter. Assim, ele espera reduzir esse terrível número de mortes por picadas de cobras que pouco tem despertado interesse no mundo desenvolvido.
VÍDEO

sábado, 12 de julho de 2014

636 - O Schindler polonês

Dr. Eugene Lazowski (foto), nascido Eugeniusz Sławomir Łazowski (1913, Czestochowa, Polónia – 2006, Oregon, Estados Unidos) foi um médico polonês que salvou milhares de judeus durante a II Guerra Mundial, criando uma falsa epidemia de tifo ao redor da cidade de Rozwadów, na Polônia.
Durante a ocupação alemã de seu país, acompanhando os trabalhos do amigo e preceptor médico Dr. Stanisław Matulewicz, Eugene Lazowski aprendeu que, através da injeção de uma pessoa saudável com uma "vacina" de bactérias (riquétsias) mortas, essa pessoa iria testar positivamente para o tifo sem experimentar os sintomas da enfermidade.
Trabalhando secretamente, o "Schindler" polonês começou a injetar as bactérias mortas em milhares de poloneses das aldeias vizinhas, criando a falsa ideia de que uma epidemia de tifo grassava na região. Com medo da doença contagiosa, os nazistas colocaram as aldeias afetadas em quarentena, em vez de enviar os seus moradores para os campos de concentração.
Os esforços de Lazowski salvaram as vidas de cerca de 8.000 homens, mulheres e crianças que, de outra forma, teriam sido enviados para prisões, campos de trabalho escravo e de extermínio.
Ele usou a ciência médica para ludibriar as autoridades nazistas. Ao fazer isso, arriscou-se a uma pena de morte, a condenação que era aplicada aos poloneses que ajudavam a livrar os judeus do Holocausto.

quarta-feira, 9 de julho de 2014

635 - O mau uso do conceito orgânico

Não me preocupo com o uso incorreto da palavra "orgânico" em certas situações. No sentido de que tudo que contém carbono é também considerado orgânico. Mas me preocupo com que o termo seja utilizado para destacar diferenças irreais como na produção de alimentos.
Uma substância pode ser natural e orgânica e, ao mesmo tempo, ser perigosa e prejudicial para a saúde. Enquanto outra pode ser sintética sem trazer riscos à saúde.
A insulina, por exemplo, vem de bactérias geneticamente modificadas para produzi-la e salva vidas todos os dias.
Extraído de 10 conceptos científicos que usamos de manera incorrecta, GIZMODO

domingo, 6 de julho de 2014

634 - Língua humana e carboidratos

A língua humana pode ter um "sexto sentido". Pesquisadores descobriram que, além de reconhecer os gostos doce, ácido, salgado, amargo e umami, a língua também pode captar a presença dos hidratos de carbono, nutrientes que representam a nossa principal fonte de energia.
Quando foi utilizada sobre a língua uma solução de carboidratos, os pesquisadores observaram um aumento de 30 por cento da atividade em áreas do cérebro que controlam o movimento e a visão. Essa resposta cerebral é causada pela informação, a partir da boca, de que uma energia adicional na forma de carboidratos está chegando.
A descoberta pode explicar por que os produtos dietéticos são muitas vezes vistos como não tão satisfatórios quanto suas contrapartes reais e por que as bebidas ricas em hidratos de carbono parecem animar imediatamente os atletas, mesmo antes de seus corpos poderem converter os carboidratos em energia.
Aprender mais sobre como esta "sensação de carboidratos" funciona poderia levar ao desenvolvimento de alimentos adoçados artificialmente que os pesquisadores imaginam como tão hedonisticamente gratificantes como a coisa real.
Human Tongue Has A Sixth Taste, New Study Shows, AAAS Science
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584 - A eletrogustação

quinta-feira, 3 de julho de 2014

segunda-feira, 30 de junho de 2014

632 - As conclusões da AHA sobre os cigarros eletrônicos

Até a presente data, a American Heart Association, AHA, foi que realizou o mais completo estudo sobre os cigarros eletrônicos (e-cigarettes). E suas conclusões foram negativas.
Em contraste com o pressuposto de que os cigarros eletrônicos funcionariam como uma melhor terapia de substituição da nicotina, os estudos populacionais que refletem o uso dos cigarros eletrônicos verificaram que a sua utilização não está associada de forma satisfatória a deixar de fumar. [...] Os cigarros eletrônicos não são melhores do que os adesivos de nicotina e seus tratamentos sem aconselhamento produzem taxas de abandono muito baixas. No total, esses estudos sugerem que os cigarros eletrônicos não estão associados com a cessação do tabagismo em amostras gerais da população de fumantes.
267 - O uso do narguilé | 352 - A moda do cigarro eletrônico

sexta-feira, 27 de junho de 2014

631 - A arte bacteriográfica

O microbiologista e artista Zachary Copfer desenvolveu uma maneira de induzir o crescimento de bactérias em padrões que formam rostos familiares. Ao expor seções selecionadas de microrganismos à radiação, Copfer foi capaz de criar retratos de meio-tom em placas de Petri e outros meios de cultura.
Em alguns casos, como no de Stephen Fry (VÍDEO), a imagem foi constituída por bactéias que invadiram o corpo do paciente na vida real
core77
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179 - Quem crou esta imagem?
503 - Uma homenagem a Petri
525 - Diamantes e espermatozoides

terça-feira, 24 de junho de 2014

630 - Um teste de atenção seletiva

Christopher Chabris e Daniel Simons fizeram este vídeo para demonstrar que, quando as pessoas prestam muita atenção a alguma coisa, deixam de ver outras coisas – por mais surpreendentes que estas sejam.
Neste vídeo, você deve contar quantas vezes a bola de basquete é passada entre os jogadores que estão de camisa branca.
Teste-se.
Blog dos AA

sábado, 21 de junho de 2014

629 - Gelatina explosiva confeitada

Gelignite, ou gelatina explosiva, é uma mistura de nitroglicerina, algodão e uma substância combustível como polpa de madeira. Assemelha-se a dinamite (também inventado por Alfred Nobel), mas pode ser facilmente moldada com as mãos nuas. Um cartucho de gelignite da Segunda Guerra Mundial foi encontrado em 2012, em Kalbarri, Australia.
A 6 de outubro de 1904, o Roussky Vratch (Русский врач , ou "Doutor russo", um jornal que ainda hoje existe) relatou o caso de uma jovem, em Kavalieroff, que "encontrando um cartucho com essa substância, comeu-o, tomando-o por um produto de confeitaria".
Os sintomas eram os de envenenamento com nitroglicerina, nitrito de amila etc. E a dose de nitroglicerina tomada pela paciente fora de seis mil vezes a dose terapêutica.
Apesar dos receios, ela não explodiu até seis semanas depois. quando já haviam expirados os efeitos do veneno.
Em vista do fato de que a gelatina explosiva emite vapores de ácido nitroso, quando em decomposição, o seu estômago foi lavado com uma solução de bicarbonato de sódio. Uma dose de óleo de rícino foi administrada por sonda gástrica, e a paciente recebeu injeções subcutâneas de cafeína, benzoato de sódio, e ergotina, além de café per os.
Ela teve uma evacuação abundante e se recuperou rapidamente.
Podemos encontrar relatos posteriores de russos que confundiram explosivos à base de nitroglicerina com doces, havendo rumores de que o ministério imperial de minas tenha mudado a formulação da gelignite para ser menos apetitosa.
The dangers of delicious dynamite, Improbable Research

quarta-feira, 18 de junho de 2014

628 - O homem do fígado de ouro

James Bond estava realmente bêbado o tempo todo
Três conceituados médicos do Reino Unido assumiram a nobre tarefa de catalogar todas as ingestões alcoólicas de James Bond nos 14 romances de Ian Fleming, dando uma base científica para o que todos nós já sabíamos: Bond é um bêbado incorrigível.
Os resultados dos levantamentos feitos, publicados em uma "edição festiva" do British Medical Journal (347/bmj.f7255), mostraram que o seu consumo médio foi de 97 unidades por semana. Quanto ao consumo máximo diário, foi de 49,8 unidades, no terceiro dia de "From Russia With Love".
Também pudera
Os copiosos consumos alcoólicos de Bond diminuíam sensivelmente em suas hospitalizações e passagens por prisões distantes, quando ele se contentava com cinco martinis por dia.
N. do E.
Você entregaria a esse homem a missão de desarmar uma bomba nuclear?

domingo, 15 de junho de 2014

627 - Guia rápido para detetar a "Má Ciência"


  1. TÍTULOS SENSACIONALISTAS
  2. RESULTADOS MAL INTERPRETADOS
  3. CONFLITO DE INTERESSES
  4. CONFUSÃO ENTRE CORRELAÇÃO E CAUSALIDADE
  5. LINGUAGEM ESPECULATIVA
  6. GRUPOS DE ESTUDO PEQUENOS
  7. AMOSTRAS NÃO REPRESENTATIVAS
  8. AUSÊNCIA DE GRUPO CONTROLE
  9. AUSÊNCIA DE "DUPLO-CEGO"
  10. RESULTADOS PARCIAIS
  11. RESULTADOS IRREPRODUTÍVEIS
  12. POUCAS REFERÊNCIAS

A seguir, estes 12 pontos essenciais para detetar a "Má Ciência" mostrados em uma imagem.

quinta-feira, 12 de junho de 2014

626 - A foto dividida de Noah

Esta foto é parte de uma brochura do Centro de Câncer Infantil do Hospital da Criança da Universidade de Mississipi.
Quando tinha 4 anos de idade, Noah foi diagnosticado como portador de leucemia mieloide aguda. Suas chances de sobrevivência eram de 50/50.
Ele se submeteu a quimioterapia e transplante de medula óssea.
Como você pode ver na foto, Noah é agora um feliz e saudável garoto de 7 anos de idade.

segunda-feira, 9 de junho de 2014

625 - Febrilidade

Uma reunião da Associação Médica Americana, em 1985, apreciou um relatório preocupante do Dr. Abraham Jacobi, que apresentou o caso de um jovem cuja temperatura tinha chegado a 65 graus Celsius.
"Bobagem", objetou Dr. William Henry Welch. "Tal observação era impossível". E lembrou um relatório semelhante, publicado no Jornal da Associação Médica Americana, de 31 de março de 1891, em que o Dr. Galbraith de Omaha tinha medido uma temperatura de 77 graus Celsius em uma mulher jovem.
"Eu não me atrevo a explicar como os erros foram praticados, mas não há nenhuma dúvida em minha mente de que os erros aconteceram", disse ele. "Tais temperaturas, como as registradas nos casos do Dr. Jacobi  e do Dr. Galbraith, estão muito acima da temperatura normal para os mamíferos, e são destrutivas para as células animais."
Jacobi se defendeu: "Talvez a medicina simplesmente não tenha desenvolvido uma teoria para explicar essas coisas".
Mas outro médico comentou para Welch que, pelo menos no caso de Galbraith, existiria uma explicação perfeitamente satisfatória: "Galbraith havia caído no antigo truque do aquecimento do termômetro por uma bolsa de água quente na cama".
N. do E.
Em língua portuguesa, febrilidade é sinônimo de entusiasmo.
Valores normais para a temperatura axilar: de 35,5 a 37 °C, com média de 36 a 36,5 °C.
Ver também...
107 - A maior temperatura suportável, 177 - Um termograma explicado, 433 - Corpo humano. A temperatura ideal e 437 - A termometria clínica

sexta-feira, 6 de junho de 2014

624 - Correlações espúrias

A correlação espúria é uma relação matemática em que dois eventos ou variáveis ​​não têm nenhuma conexão causal direta. No entanto, pode erroneamente se inferir que eles estão relacionados, devido a uma coincidência ou à presença de um terceiro fator, os quais não estão sendo vistos.
Aqui estão algumas correlações espúrias coletadas por Tyler Vigen:
  • Número de pessoas que se afogam ao cair numa piscina x Número de filmes em que Nicolas Cage aparece
  • Idade da Miss América x Número de assassinatos através de objetos quentes e de vapores
  • Importações de petróleo bruto da Noruega x Motoristas mortos em colisões com comboios ferroviários
  • Mel produzido por colônias de abelhas x Prisões juvenis por posse de maconha
  • Gastos com ciência, tecnologia e pesquisa social x Suicídios por enforcamento, estrangulamento e sufocação

terça-feira, 3 de junho de 2014

623 - Devemos destruir os últimos vírus da varíola?

Estima-se que 300 milhões de pessoas morreram por causa do vírus da varíola no século 20. Em 1979, a Organização Mundial de Saúde declarou a doença erradicada no mundo. Desde então, as únicas amostras dos vírus da varíola encontram-se em apenas dois laboratórios: no CDC em Atlanta, EUA, e na Rússia.
Há 45 anos, portanto.
Devemos destruir as amostras e enviar os vírus à extinção?
Alguns dizem que sim, para salvaguardar o mundo da possibilidade de falha em sua contenção ou de seu uso como arma por algum terrorista. Enquanto outros dizem que essas amostras devem ser mantidas isoladas para futuras pesquisas e eventual fabricação de vacina.
Ler a discussão.
Postagens anteriores relacionadas
13 - Com quem ficou a varíola? | 71 - O sopro protetor | 370 - Suas probabilidades de morrer de...

sábado, 31 de maio de 2014

622 - O personagem Fagundes

Criação do cartunista Laerte, Fagundes é um puxa-saco de mão cheia. Todos os momentos de sua existência são dedicados a enaltecer o chefe – para o desespero deste! O "chefinho", para Fagundes, será sempre o primeiro e único!
Títulos de algumas das tiras com este personagem: Todo mês compro a "Playboss", a revista do puxa-saco de bom gosto. Alguém já lhe disse hoje que o senhor é simplesmente o máximo? Quem não vive para servir, não serve... In: Galeria do Fagundes
31 DE MAIO: DIA MUNDIAL SEM TABACO

terça-feira, 27 de maio de 2014

621 - As covinhas da garupa: o romboide de Michaelis



Vocês devem certamente ter notado que certas mulheres (e alguns homens) têm duas covinhas na parte traseira do corpo. E muitos de vocês consideram-nas pontos sensuais. Um forte apelo para usá-las como um descanso para seus polegares. No entanto, prestam-se também para identificar quem poderia ser uma boa mãe.
Pelo menos, no que diz respeito ao momento do parto.
Essas "covinhas de Vênus", como às vezes são chamadas, são dois dos vértices do losango de Michaelis (A e B no diagrama ao lado). Esse epônimo, por sua vez, deve-se ao obstetra que as descreveu no século XIX, o alemão Gustav Adolph Michaelis, e, anatomicamente, correspondem às articulações sacroilíacas. Curiosamente, a distância entre as covinhas (que seria a diagonal transversal do romboide sacral) é uma indicação indireta do tamanho da pelve e, portanto, do "canal do parto" e do grau de facilidade para o parto, como são a altura da mãe ou a largura de seus quadris (você entende agora por que os homens preferem as mulheres com uma silhueta de violão?).
Agora que vocês sabem isso, já têm uma desculpa para olhar para as ancas femininas que crescem (e como crescem) quando a temperatura aumenta.
A precisão do diagnóstico de pelvimetria externa e altura materna para prever distocia em mulheres nulíparas: um estudo nos Camarões.
Rozenholc AT , Ako SN , Leke RJ , Boulvain M .
Unité de Développement en obstétrique, Departamento de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital Universitário, Genebra, Suíça. alexrozenholc@yahoo.com
RESUMO
OBJETIVO:
Em muitos países em desenvolvimento, a maioria das mulheres dão à luz em casa ou em instalações sem capacidade operacional. A identificação antes do trabalho de parto das mulheres com risco de distocia para o encaminhamento a um hospital distrital é uma estratégia que reduz as mortalidades e as morbidades materna e perinatal. Nosso objetivo foi avaliar a previsão de distocia pela combinação da altura materna com a pelvimetria externa, e com comprimento do pé e a altura sínfise-fundus.
DESENHO DO ESTUDO:
Um estudo de coorte prospectivo.
LOCAL:
Três maternidades em Yaoundé, nos Camarões.
POPULAÇÃO:
Um total de 807 nulíparas que completaram o trabalho de parto de um feto único em apresentação cefálica.
MÉTODOS:
Medidas antropométricas foram registradas na consulta pré-natal por uma pesquisadora e mantidas trabalho pessoal de gestão. Após o parto, foi analisada a precisão das medições individuais na predição das distocias.
PRINCIPAIS MEDIDAS DE DESFECHO:
Distocia, definida como a cesariana por distocia, vácuo ou fórceps, após um trabalho de parto prolongado (12 horas ou mais); ou parto espontâneo, após um trabalho de parto prolongado, associado com morte durante o parto.
RESULTADOS:
Noventa e oito mulheres (12,1%) tiveram distocia. A combinação de uma altura materna menor ou igual ao percentil 5 ou uma diagonal transversal do romboide sacral de Michaelis menor ou igual ao percentil 10 resultou em uma sensibilidade de 53,1% (95% CI 42,7-63,2), especificidade de 92,0% (95% CI 89,7-93,9), um valor preditivo positivo de 47,7% (IC 95% 38,0-57,5) e uma razão de verossimilhança positiva de 6,6 (95% CI 4,8-9,0), com 13,5% de todas as mulheres presumida estar em risco. Outras combinações resultaram em previsão inferior.
CONCLUSÃO:
A combinação da altura materna com a diagonal transversal do romboide sacral de Michaelis poderia identificar, antes do parto, mais da metade dos casos de distocia em mulheres nulíparas.
PMID: 17439570 [PubMed - indexado para o MEDLINE]

sábado, 24 de maio de 2014

620 - Sucedâneo

Diz-se do medicamento que pode substituir outro porque produz aproximadamente os mesmos efeitos. Ou, por extensão, da coisa que pode substituir outra de mesma qualidade.

quarta-feira, 21 de maio de 2014

619 - Um ácaro que espirra

Ácaro é a designação comum referente a animais pertencentes à subclasse Acari, que se localiza dentro da ordem dos aracnídeos. A palavra Acari se originou do grego akares, que significa pequeno. A maioria dos adultos mede entre 0,25 e 0,75 mm de comprimento, embora existam espécies ainda menores.
O grupo apresenta aproximadamente 55 mil espécies descritas, compondo aproximadamente 5.500 gêneros e 1.200 subgêneros, representados em 540 famílias. Entretanto, estimativas do real número de espécies de ácaros vão de 500 mil a 1 milhão, pois novas espécies são rotineiramente encontradas, até mesmo em substratos que já foram bem estudados.
Os ácaros abundam nos colchões, travesseiros, cobertores, tapetes, sofás, almofadas, cortinas e bonecos de pelúcia, desenvolvendo-se em condições ótimas de umidade superior a 70% e temperatura superior a 20 °C. Nas habitações, alimentam-se principalmente de fragmentos resultantes da descamação do epitélio humano e da pele dos animais domésticos.
Os excrementos dos ácaros e os ácaros mortos dispersam-se em poeira fina, e sendo inalados podem provocar alergias nasorrespiratórias. Seus antígenos mais conhecidos são: Der p1 (D. pteronyssinus), Der f1 (D. farinae) e Eur m1 (E. maynei).
Ácaro sofre de alergia?
Bem, neste curta de animação (MITE), Walter Volbers, o realizador do vídeo, mostra um ácaro espirrando...
07/04/2019 - Atualizando ...

domingo, 18 de maio de 2014

618 - Homeopatia - O relatório do NHMRC

A homeopatia é uma forma de medicina alternativa com cerca de 200 anos de existência. É sustentada pelo princípio da similitude ("o semelhante cura o semelhante"); ou seja, substâncias que causam sintomas em uma pessoa saudável têm a capacidade de tratar uma pessoa doente com os mesmos sintomas (quando administradas em potências homeopáticas). A homeopatia é também baseada na crença de que as moléculas de substâncias altamente diluídas retêm uma "memória" da substância original. Especificamente, os remédios homeopáticos são repetidamente diluídos e agitados em um processo conhecido como "potencialização" ou "dinamização".
A homeopatia é incluída em inúmeros sistemas de saúde pública ao redor do mundo. É, portanto, essencial que suas evidências clínicas sejam regularmente revistas e que seus resultados sejam fornecidos em um formato que facilite a tomada de decisões pelos formuladores das políticas de saúde e pelas próprias comunidades. Na Austrália, o National Health and Medical Research Council (NHMRC), que tem a responsabilidade legal de fornecer orientações sobre a saúde, após identificar relatos conflitantes sobre a eficácia da homeopatia, decidiu realizar uma revisão da literatura sobre a sua eficácia em muitas condições clínicas.
O relatório final do NHMRC, com 301 páginas, pode ser lido aqui. Adianto a conclusão:
There is a paucity of good-quality studies of sufficient size that examine the effectiveness of homeopathy as a treatment for any clinical condition in humans. The available evidence is not compelling and fails to demonstrate that homeopathy is an effective treatment for any of the reported clinical conditions in humans. 
Há uma escassez de estudos de boa qualidade de tamanho suficiente que examinam a eficácia da homeopatia como tratamento para qualquer condição clínica em seres humanos. A evidência disponível não é convincente e não consegue demonstrar que a homeopatia é um tratamento eficaz para nenhuma das condições clínicas relatadas em seres humanos.
190 - Sobre a homeopatia, 427 - Sucussão e 540 - O caso Benveniste

quinta-feira, 15 de maio de 2014

617 - Doença intersticial pulmonar em esclerose sistêmica

Resumo
Apesar de muitas perguntas não respondidas sobre a patogênese da doença intersticial pulmonar na esclerose sistêmica (ES-ILD) e da falta de fatores de risco epidemiológicos precisos, tem havido grandes avanços na identificação e avaliação prognóstica da ES-ILD.
A avaliação da gravidade da doença é um exercício multidisciplinar, que requer a integração dos testes de função pulmonar com os dados da tomografia computadorizada de alta-resolução e com a gravidade sintomática – e todos estes fatores têm de ser considerados na detecção da progressão da doença.
Exceto em uma minoria de pacientes com doença inflamatória reversível, o objetivo principal do tratamento é a prevenção da progressão da doença.
Regimes de tratamento atuais são centrados em terapia imunossupressora, com os resultados de tratamento controlados em grande parte limitados ao uso de ciclofosfamida. Os resultados de dois ensaios clínicos indicam que a terapia com ciclofosfamida mostra-se apropriada em pacientes com ES-ILD com amplo envolvimento pulmonar fibrótico.
Há necessidade de ampliar as abordagens terapêuticas com a utilização do rituximab e de agentes antifibróticos cujos efeitos já tenham sido demonstrados no tratamento de outras doenças intersticiais pulmonares fibróticas.
No entanto, é também importante evitar o tratamento excessivo de pacientes com ES-ILD limitada (com envolvimento não-progressivo do pulmão). Nesse cenário, uma política de não-intervenção inicial, mas observação meticulosa ("masterful inactivity with cat-like observation") é muitas vezes justificada.
Wells AU, Margaritopoulos GA, Antoniou KM, Denton C.Interstitial lung disease in systemic sclerosis. Semin Respir Crit Care Med. 2014 Apr;35(2):213-21
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24668536

segunda-feira, 12 de maio de 2014

616 - A roda de urina

Esta é a roda de urina. Era usada na Idade Média para diagnosticar as doenças com base na cor, cheiro e sabor da urina de uma pessoa.
Sim, eu disse sabor. Voltarei a esse ponto em um minuto.
Antes dos estetoscópios, exames de sangue e raios-x, um frasco de urina era uma importante ferramenta de diagnóstico. Devido à influência duradoura de Galeno (131-201 d.C.), os médicos acreditavam que a urina era fundamental para avaliar a saúde do fígado (onde achavam que o sangue era produzido) de uma pessoa.
Analisar a urina era a melhor maneira de determinar se os quatro humores (sangue, fleuma, biles amarela e preta) de um paciente estavam em equilíbrio. A imagem do médico segurando um frasco cheio de urina contra a luz ainda é um dos símbolos do período medieval.
A roda era composta por 20 cores, indo da urina branca, passando pelas tonalidades douradas, até as cores escuras. George III (1738-1820), o "Rei Louco", teria tido urina roxa. Esta cor poderia ter sido um sinal de uma condição rara conhecida como porfiria, que pode se manifestar com distúrbios neurológicos e mentais.
O cheiro e o gosto da urina de um paciente eram igualmente importantes para acompanhar um tratamento e, muitas vezes, correspondia a cores específicas. Em 1674, o médico Inglês Thomas Willis descreveu a urina de um diabético como sendo "maravilhosamente doce, como se estivesse com mel ou açúcar". Ele também observou que a urina diabética, muitas vezes, tinha a cor de mel, algo anteriormente observado por outros médicos que usavam a roda da urina.
Nos séculos 16 e 17, as rodas de urina tornaram-se tão populares que muitas pessoas as possuíam, inclusive os médicos não licenciados e os charlatães.
A prática de usar a urina para analisar a saúde de um paciente mais adiante daria origem à uromancia, algo completamente diferente.
Piss Prophets and The Wheel of Urine, Chirurgeon's Apprentice
Medieval Urine Wheels, YouTube

sexta-feira, 9 de maio de 2014

615 - O efeito nocebo


Por favor, coloque os fones de ouvido. * Eu prometo que não ouvirá sons altos, porém este vídeo vai incomodá-lo. * Há um estudo sobre os "hipersons" como causa de dor de cabeça. * Estes sons, como os que estão neste vídeo, são muito agudos para serem percebidos, mas causam dor de cabeça. * Através dos fones de ouvido, os "hipersons" vão pressionando seu ouvido interno, estimulando os nervos que conduzem impulsos ao cérebro, onde a dor de cabeça, se ainda não tiver começado, logo o fará. * Depois de uma exposição de apenas dez segundos. * Você pode sentir isso? * Essa pressão em seus ouvidos, espalhando-se para o cérebro, que agora lateja... * Mas você não o deveria. * Não há o estudo nem os "hipersons" no áudio. * Mas, ainda assim, você já começou a sentir uma dor de cabeça. * Por quê? Devido ao efeito nocebo. * O nocebo é algo inofensivo - como este vídeo com "hipersons" inexistentes - mas que pode causar danos, como uma dor de cabeça, porque você acredita que eles existem e que são prejudiciais. [...]
O termo nocebo
(De origem latina: "fazer mal".)
É utilizado para designar reações (ou respostas) danosas, prejudiciais, desagradáveis ou indesejadas em um indivíduo como resultado da aplicação de uma droga inerte, onde estas reações não foram geradas por ação química ou física da mesma, mas pela crença e expectativa pessimistas do indivíduo de que a droga poderia causar efeitos indesejados. Nestes casos, não há nenhuma droga "real" envolvida, mas os efeitos adversos psíquicos (incluindo alterações comportamentais, afetivas e emocionais) e físicos são reais. Um exemplo "clássico" do efeito nocebo seria o da pessoa morrendo de medo após ser picada por uma cobra não venenosa. WIKIPÉDIA

terça-feira, 6 de maio de 2014

614 - Hamilton Naki

Hamilton Naki
Hamilton Naki (26 de junho de 1926 – 29 de maio de 2005) foi um "cirurgião" sul-africano sem nenhuma formação acadêmica ou diploma. Citado em diversas publicações como assistente cirúrgico do doutor Christiaan Barnard, nas experiências que resultaram no primeiro transplante de coração realizado com êxito no mundo, no Groote Schuur Hospital, na África dos Sul, em 1967. Naki, em entrevista, disse que participou da intervenção que resultou no transplante histórico, embora não haja nenhum registro no hospital sobre a sua colaboração no feito.
"Olha, nós estamos permitindo que você faça isso, mas você deve saber que você é negro e isso é o sangue do branco. Ninguém deve saber o que você está fazendo."
Ele nasceu de uma família pobre em uma pequena aldeia do estado de Cabo do Leste, na África do Sul, de nome Ngcingane. Lá ele completou seu curso primário. Com 14 anos de idade, de carona, foi à procura de trabalho na Cidade do Cabo, arranjando emprego de jardineiro na Universidade da Cidade do Cabo. Selecionado por Robert Goetz, da Faculdade de Medicina da Universidade da Cidade do Cabo, para trabalhar nos laboratórios da clínica, ajudou inicialmente cuidando dos animais cobaias do laboratório. Em uma determinada ocasião, Goetz lhe pediu para segurar uma girafa enquanto ele a operava. Para surpresa de Goetz, além dessa simples tarefa, Naki foi se envolvendo com maestria em outros procedimentos cirúrgicos mais complexos, incluindo suturas, analgésias e cuidados pós-operatórios. Apesar da sua carência de estudos formais, sua técnica e capacidade foram reconhecidas, recebendo, assim, permissão especial para continuar suas pesquisas no laboratório, com animais, incluindo transplantes, embora nunca pudesse trabalhar como médico de humanos pelas leis do apartheid. Naki se converteu em um dos quatro técnicos de laboratório de pesquisa da Faculdade de Medicina. Dava assistência aos jovens cirurgiões em suas atividades com animais no laboratório, inclusive em pesquisas em transplantes de rins, coração e fígado. Mesmo registrado nos documentos do hospital como faxineiro e jardineiro, Naki recebia salário de técnico de laboratório, o mais alto do hospital para alguém sem diploma. Com o fim do apartheid, recebeu, em 2002, como reconhecimento pelo seu trabalho, a Ordem Nacional de Mapungubwe. Em 2003, recebeu um diploma honorário em medicina pela Universidade da Cidade do Cabo. Aposentado, Naki continuou trabalhando como cirurgião em um ônibus adaptado como clínica móvel. WIKIPÉDIA
Importante
Não tire conclusões do perfil acima traçado de Hamilton Naki sem ler a matéria que foi publicada no seguinte endereço eletrônico:
http://www.economist.com/node/4174683

sábado, 3 de maio de 2014

613 - SUS incorpora exame PET–CT para pacientes com câncer

Vera Stumm, SEGS
O Sistema Único de Saúde (SUS) incorporou o exame PET-CT (tomografia por emissão de pósitrons) para pacientes com câncer de pulmão, câncer colorretal e de linfoma de Hodgkin e linfoma não Hodgkin. A resolução foi publicada no Diário Oficial da União de quarta-feira (23) e o procedimento deve ser disponibilizado em até 180 dias, como prevê a legislação. A incorporação do exame ao SUS permite avaliar o grau de avanço do tumor e a extensão da doença no corpo do paciente. Para garantir o acesso da população a esse serviço, considerado de alto custo, o Ministério da Saúde irá investir mais R$ 31 milhões por ano, beneficiando diretamente 20 mil pessoas portadoras dessas doenças e que se enquadram nas condições indicadas.
“A incorporação desse exame ao SUS significa mais acesso da população a uma tecnologia avançada que vem contribuir para o diagnóstico e tratamento do câncer. A assistência em câncer, desde a prevenção ao tratamento e acompanhamento dos pacientes, é prioridade do governo federal”, destaca o secretário de Atenção à Saúde, Helvécio Magalhães. “Os três tipos de câncer para os quais o exame está sendo indicado são aqueles em que o PET-CT agrega mais benefícios para a qualidade do tratamento, avaliando com mais precisão a extensão da doença e a necessidade de se fazer cirurgia”, explica o secretário.
O SUS oferece outras tecnologias de imagem que são utilizadas para diagnóstico e estadiamento de diversos cânceres. São elas: radiografia simples, mamografia, cintilografia, ultrassonografia, tomografia computadorizada (CT) e ressonância magnética (MRI). A adição do exame da PET-CT representa um avanço no diagnóstico e tratamento desses tipos de câncer, e poderá diminuir os exames e as cirurgias desnecessárias, bem como reduzir a morbidade, a mortalidade e os custos associados ao tratamento dessas doenças.
Nos casos de câncer de pulmão e para câncer colorretal em pessoas com metástase hepática, o PET-CT será usado para avaliar se é viável realizar cirurgias, pois se o estágio estiver muito avançado, a operação não é recomendável. No caso de linfomas, o exame será feito antes e depois da quimioterapia para avaliar a extensão da doença e a resposta ao tratamento.
Nos últimos três anos, o Ministério da Saúde ampliou em 47,3% o investimento na assistência oncológica, passando de R$ 1,9 bilhão em 2010 para R$ 2,8 bilhões em 2013. Esses recursos são destinados à realização de cirurgias, radioterapia, quimioterapia e oferta gratuita de medicamentos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Atualmente, 280 hospitais realizam diagnóstico e tratamento de câncer em todo o Brasil.
Este avanço também foi acompanhado da inclusão, a partir de 2011, de novos medicamentos no SUS para o tratamento de câncer, como o mesilato de imatinibe (contra leucemia), o rituximabe (linfomas) e trastuzumabe (mama), L-Asparaginase (leucemia infantil). No ano passado, o investimento anual na oferta dos medicamentos foi de R$ 318,8 milhões.
INCIDÊNCIA – O câncer de pulmão é o mais comum de todos os tumores malignos, apresentando aumento de 2% por ano na sua incidência mundial. No Brasil, foi responsável por 22,4 mil mortes em 2011. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), a estimativa para 2014 é de 27,3 mil novos casos. O câncer colorretal abrange tumores que acometem um segmento do intestino grosso (o cólon) ou reto. É tratável e, na maioria dos casos, curável quando detectado precocemente. O Inca estima 32,6 mil novos casos desta doença este ano no país.
O linfoma de Hodgkin, conhecida também como doença de Hodgkin, é uma forma de câncer que se origina nos gânglios do sistema linfático, que produzem as células responsáveis pela imunidade e vasos que as conduzem pelo corpo. Pode ocorrer em qualquer faixa etária, mas a maior incidência deste linfoma é em adultos jovens, entre 25 e 30 anos, com um segundo pico de incidência em pessoas idosas. Já os linfomas não-Hodgkin são neoplasias malignas, originárias dos gânglios (ou linfonodos), estruturas muito importantes no combate a infecções. Há mais de 20 tipos diferentes de linfoma não-Hodgkin. Entre os linfomas, o linfoblástico e o de Burckitt são os tipos mais incidentes na infância.
TECNOLOGIA - Desenvolvida pela medicina nuclear, a tomografia por emissão de pósitrons (PET, do inglês Positron Emission Tomography, popularmente conhecido por PET Scan) é uma técnica de diagnóstico por imagens que usa marcadores radioativos para detectar processos bioquímicos nos tecidos do corpo humano. O PET-CT é um equipamento híbrido, em que a tomografia computadorizada e a PET registram simultaneamente as imagens anatômicas e de atividade metabólica das células em um único exame.
Diferentemente de outras tecnologias de imagem como a radiografia, a ultrassonografia, a tomografia computadorizada e a ressonância magnética (voltadas predominantemente para definições anatômicas de doença), a PET pode avaliar o suprimento sanguíneo e a atividade metabólica dos tecidos, podendo ser utilizada de forma complementar ou mesmo substituindo essas técnicas de diagnóstico por imagem. A PET fornece imagens da função e do metabolismo corporais e, dessa forma, é capaz de demonstrar as alterações bioquímicas mesmo onde antes não existia uma anormalidade estrutural evidente. Isso permite um diagnóstico precoce, o que pode fazer diferença, por exemplo, para os resultados terapêuticos de neoplasias curáveis.

quarta-feira, 30 de abril de 2014

612 - Um metrônomo mental para a RCP

Música - especificamente a que você pode ouvir no vídeo abaixo - pode ajudar a salvar vidas, inclusive quando está no "modo silencioso".


J Emerg Med. 2012 Mar 22.
"Stayin' Alive": A Novel Mental Metronome to Maintain Compression Rates in Simulated Cardiac Arrests.
Hafner JW, Sturgell JL, Matlock DL, Bockewitz EG, Barker LT.
Department of Emergency Medicine, Division of Emergency Medicine, University of Illinois College of Medicine at Peoria, OSF Saint Francis Medical Center, Peoria, Illinois.
Resumo
JUSTIFICATIVA
Estudo para testar se a memória musical pode auxiliar os médicos no cumprimento das Diretrizes da American Heart Association (AHA) para a Ressuscitação Cardiopulmonar (RCP) quanto a manter uma taxa de compressão cardíaca eficiente (de pelo menos 100 compressões por minuto).
OBJETIVOS
Este estudo investigou como os médicos com este auxiliar de memória aderiram às diretrizes atuais de RCP em curto e em longo prazo.
MÉTODOS
Um estudo observacional prospectivo foi realizado com quinze médicos certificados pelas Diretrizes de 2005 da AHA para a RCP. Os indivíduos foram aleatoriamente pareados e se alternaram na administração das compressões da RCP sobre um manequim em um cenário padronizado de parada cardíaca. Durante a execução das compressões, os participantes do estudo ouviam uma gravação digital da música "Stayin' Alive", com os Bee Gees, enquanto realizavam as compressões de acordo com a batida musical. Depois de pelo menos 5 semanas, os participantes foram testados novamente sem ouvir diretamente a música gravada.
RESULTADOS
A taxa de compressão média durante a avaliação primária (com música) foi 109,1 e durante a avaliação secundária (sem música) foi 113,2. A média de taxas de compressão de RCP não variaram significativamente segundo o nível de formação, experiência em RCP ou tempo para a avaliação secundária.
CONCLUSÕES
Médicos treinados para usar um auxiliar de memória musical mantiveram AHA diretrizes taxas de compressão de RCP inicialmente e em longo prazo de seguimento. E sentiram que este auxílio melhorou suas habilidades técnicas e aumentou sua confiança para realizar RCP.
Arquivo
339 - Como os médicos morrem | 346 - Não ressuscitar445 - Permanecendo vivo

domingo, 27 de abril de 2014

611 - Farejar é contagioso?

Pesquisadores do Departamento de Neurobiologia, do Instituto de Ciência Weizmann, em Rehovot, Israel, colocaram 27 voluntários em uma sala limpa para assistir a um filme. O objetivo da experiência era avaliar como estes reagiriam às cenas em que os personagens do filme apareciam farejando.
A sala limpa incluía filtros de ar de alta eficiência e as paredes da sala revestidas de aço inoxidável a fim de evitar a aderência de partículas odoríferas.
O filme escolhido foi "Perfume" porque, em seus primeiros 60 minutos, contém 28 eventos em que um dos personagens leva uma fungada.
Uma cânula nasal e um espirômetro que registrava as inalações de cada participante foram os equipamentos utilizados.
Imitariam os voluntários os eventos olfativos mostrados no filme?
Os resultados foram significativos, segundo a equipe que fez a investigação.
"Nós descobrimos que os seres humanos farejavam em resposta aos personagens quando estes farejavam na tela. Além disso, observamos que o componente auditivo do farejamento na tela era o aspecto dominante na transmissão do comportamento para os voluntários."
Farejar, portanto, faz parte da lista dos fenômenos comportamentais contagiosos como bocejar e tossir. (PGCS)
Anat Arzi, Limor Shedlesky, Lavi Secundo and Noam Sobel, Mirror Sniffing: Humans Mimic Olfactory Sampling Behavior. In: Chem. Senses 39: 277–281, 2014

quinta-feira, 24 de abril de 2014

610 - A campanha de vacinação contra a gripe em 2014

A campanha nacional de vacinação contra gripe (influenza) deste ano está sendo realizada de 22 de abril a 9 de maio, sendo 26 o dia de mobilização nacional. A novidade deste ano é a ampliação da faixa etária para crianças de seis meses a menores de cinco anos. No ano passado, o público infantil foi de seis meses a menores de dois anos.
O público-alvo da campanha é de 49,6 milhões de pessoas e a meta do Ministério da Saúde é vacinar 80% desta população, considerada de risco para complicações por gripe. Além das crianças de seis meses a menores de cinco anos, integram este grupo pessoas com 60 anos ou mais, trabalhadores de saúde, povos indígenas, gestantes, puérperas (até 45 dias após o parto), população privada de liberdade e os funcionários do sistema prisional.
As pessoas portadoras de doenças crônicas não-transmissíveis ou com outras condições clínicas especiais (*) também devem se vacinar. Para esse grupo não há meta específica de vacinação. As pessoas com doenças crônicas devem apresentar prescrição médica no ato da vacinação. Pacientes cadastrados em programas de controle das doenças crônicas do Sistema Único de Saúde (SUS) deverão se dirigir aos postos em que estão registrados para receberem a vacina, sem a necessidade de prescrição médica.
A escolha dos grupos prioritários segue recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS). Esta definição também é respaldada por estudos epidemiológicos e pela observação do comportamento das infecções respiratórias, que têm como principal agente os vírus da gripe. São priorizados os grupos mais suscetíveis ao agravamento de doenças respiratórias.
A vacina contra gripe é segura e reduz as complicações que podem produzir casos graves da doença, internações ou, até mesmo, óbitos. Estudos demonstram que a vacinação pode reduzir entre 32 a 45% o número de hospitalizações por pneumonias e de 39 a 75% a mortalidade por complicações da influenza.
Após a aplicação da vacina, podem ocorrer, de forma rara, dor no local da injeção, eritema e induração. São manifestações consideradas benignas, cujos efeitos passam, na maioria das vezes, em 48 horas. A vacina é contraindicada para pessoas com história de reação anafilática prévia em doses anteriores ou para pessoas que tenham alergia grave relacionada a ovo de galinha e seus derivados.
Serão distribuídas 53,5 milhões de doses da vacina, a qual protege contra os três subtipos do vírus da gripe determinados pela OMS para este ano (A/H1N1, A/H3N2 e influenza B). As doses da vacina contra a gripe foram adquiridas por meio da Parceria para o Desenvolvimento Produtivo (PDP) entre o Instituto Butantan e o laboratório privado Sanofi. O acordo, intermediado pelo Ministério da Saúde, permitiu que Instituto Butantan dominasse todas as etapas de produção da vacina. Em todo o país, serão 65 mil postos de vacinação, com envolvimento de 240 mil pessoas na campanha.
(*) Categorias de risco clínico com indicação para a vacina contra influenza: portadores de pneumopatias, cardiopatias, nefropatias, hepatopatias e neuropatias crônicas; diabéticos; imunossuprimidos e transplantados; obesos (grau III) e portadores de trissomias (Síndrome de Down, por exemplo).
Fonte: Portal da Saúde, MS
487 - Histórico da estratégia de vacinação contra a gripe no Brasil

sexta-feira, 18 de abril de 2014

608 - Morte súbita ao fumar maconha

Relato de casos
Resumo
A toxicidade aguda dos canabinóides é dita ser baixa e há pouca consciência pública sobre os efeitos cardiovasculares potencialmente perigosos da Cannabis sativa (maconha) como, por exemplo, o aumento da frequência cardíaca e/ou da pressão arterial supina. Descrevemos os casos de dois homens jovens saudáveis, que morreram inesperadamente sob a influência aguda dos canabinóides. Para o nosso conhecimento, estes são os primeiros casos de suspeita de intoxicações fatais por maconha, nos quais as investigações post mortem foram completamente conduzidas, incluindo-se a realização de autópsias e de exames toxicológicos, histológicos, imunohistoquímicos e genéticos. Os resultados dos exames são apresentados neste trabalho. Após a exclusão de outras causas de morte, assumimos que os jovens experimentaram complicações cardiovasculares fatais provocadas pelo ato de fumar maconha.
Artigo: Sudden unexpected death under acute influence of cannabis
Revista: Forensic Science International Journal http://www.fsijournal.org/article/S0379-0738(14)00054-1/abstract
Autores: Benno Hartung, Silke Kauferstein, Stefanie Ritz-Timme, Thomas Daldrup

terça-feira, 15 de abril de 2014

607 - O homem e a lesma do mar

1 "O fenômeno (respiração) desenvolve-se em quatro grandes palcos: o meio ambiente, as entradas e as saídas do corpo humano (pulmões, tubo digestivo e rins), a circulação, e as células, representadas pelas mitocôndrias.
No meio ambiente, seis moléculas de água juntam-se a seis moléculas de CO2 para formar uma molécula de glicose. Esta reação, bem conhecida como fotossíntese, só ocorre em presença de energia solar e ao nível de folhas verdes. A importância ímpar da fotossíntese reside no fato de que, ao se formar a molécula de glicose, uma parcela da energia solar é nela envolucrada. E o oxigênio, simultaneamente produzido, é a "chave" que assegura a oportuna abertura deste envólucro.
No pulmão dá-se a captação do oxigênio, produzido pela fotossíntese, e a sua transposição para o sangue. No tubo digestivo dá.se a captação da glicose, também produzida pela fotossíntese, e a sua transferência, também para o sangue.
Cabe ao aparelho circulatório, na terceira etapa do processo, levar o oxigênio e a glicose a todas as células do organismo.
Ao nível das células, no interior das mitocôndrias, uma molécula de glicose e seis moléculas de oxigênio reagem entre si. Nesta reação, abre-se a molécula de glicose e dela sai a energia solar de que era portadora.
Os subprodutos da reação mitocondrial, seis moléculas de CO2, e seis moléculas de água, são apanhadas pelo sangue e, através, respectivamente, dos pulmões e dos rins, retornam ao meio ambiente para iniciar uma nova reação de fotossíntese.
O processo respiratório, como acima se resume, é o processo escolhido pela Criação para fazer de cada um de nós uma máquina biológica movida a energia solar." – Mario Rigatto
Extraído de Os seis corações do homem: Um ensaio, Publicações SBC


2 Esta lesma do mar é movida a energia solar.
Ela come algas e incorpora os cloroplastos das algas em seus próprios tecidos.
Eventualmente, ela para completamente de comer e passa a viver às custas (leia-se: diretamente) da energia solar.

21/06/2014 - Atualizando...
Impressionantes fotografias de outras lesmas do mar no site io9

sábado, 12 de abril de 2014

606 - A cidade fantasma do amianto

Wittenoom, encontra-se na região de Pilbara, no deserto da Austrália Ocidental, mas você não vai encontrá-la nos mapas modernos. O nome, daquela que foi uma próspera cidade mineira, foi apagado.
 De 1943 até o encerramento da mina em 1966, mais de 165 mil toneladas de amianto foram extraídos e enviados para fora de Wittenoom. No entanto, o pouco conhecimento na época sobre os perigos do amianto possibilitou que a poeira tóxica, transportado pelas roupas dos mineiros, se espalhasse por toda a cidade, contaminando casas, jardins e escolas. Dos 20 mil homens, mulheres e crianças que trabalhavam ou viviam em Wittenoom, nas décadas de 1940 a 1970, prevê-se que cerca de 25% deles morrerão de doenças relacionadas ao amianto como asbestose, câncer de pulmão e mesotelioma.
Foi só a partir de 1978 que se realizou uma evacuação em larga escala da cidade.
Desde essa evacuação, o governo australiano tem feito esforços para apagar a cidade dos mapas e até mesmo da história. Como diz um panfleto 2013: "Não vale a pena arriscar sua vida visitando Wittenoom". Mesmo assim, alguns residentes de longa data ainda teimam em viver por lá.
Extraído de Five Ghost Town Abandoned After Disasters, Atlas Obscura
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quarta-feira, 9 de abril de 2014

605 - A microcorrida

Dictyostelium discoideum é uma ameba conhecida por sua capacidade de navegar em labirintos. HL60 é uma linhagem de células cancerosas humanas, procedente de uma mulher de 36 anos com leucemia e que é conhecida pela velocidade com que suas células conseguem se mover.
Em 16 de maio, cientistas de todo o mundo vão levar versões melhoradas de ambas as células para disputar a Dicty World Race 2014, em Boston. Aquelas que forem mais rápidas e inteligentes certamente serão as vencedoras da "microcorrida".
O prazo para as inscrições infelizmente já está encerrado, mas deverá haver novo certame em 2015. Portanto, leia as regras e comece a treinar suas células e organismos unicelulares a partir de agora.
Vídeo

domingo, 6 de abril de 2014

604 - Google Flu Trends

O Google Flu Trends - uma tentativa de estimar as taxas da gripe no mundo pela análise das pesquisas relacionadas com a doença - não é muito preciso.
Um grupo de cientistas sociais pode ter descoberto por que isso acontece.
A causa dessa imprecisão pode ser o próprio algoritmo do Google que parece priorizar as pesquisas que não se relacionam com a gripe dos usuários. Um delas é a curiosidade de pesquisar a diferença entre gripe e resfriado.
Alguns fatos sobre o resfriado comum e a gripe
O resfriado comum é causado principalmente por Rhinovirus e Coronavírus, enquanto a gripe, uma doença respiratória mais grave, é causada pelos vírus da família Ortomixovirus. Como ambos são predominantes na mesma época do ano, são muitas vezes confundidos.
No hemisfério norte a temporada da gripe vai de novembro a março. No hemisfério sul, é de maio a setembro.
O resfriado comum e a gripe são transmitidos mais facilmente em temperatura e umidade do ar baixas.
O termo influenza, um sinônimo para a gripe, vem de uma expressão italiana, influenza di freddo, que significa influência do frio.
99 - Porque é difícil batizar uma gripe, 159 - Uma gripe, duas ondas, 220 - Doenças respiratórias no Brasil. Pesquisa por entrevistas e 498 - Influ-Venn-Za

quinta-feira, 3 de abril de 2014

603 - O ciclo nasal

Suas narinas dividem a carga de trabalho
Durante todo o dia, elas se alternam em períodos de congestionamento e descongestionamento em um processo chamado de ciclo nasal. Assim, em um dado momento, a "parte de leão" do ar está entrando e saindo por uma narina, enquanto uma quantidade menor de ar está passando pela outra. Periodicamente, o sistema nervoso autônomo, que cuida de sua frequência cardíaca, digestão e outras coisas que você não controla conscientemente, comanda essa alternância do "serviço pesado" entre as narinas.
A abertura e o fechamento das duas passagens são feitos desinflando e inflando o tecido erétil do nariz, respectivamente. (O tecido erétil do nariz é análogo ao tecido erétil do órgão sexual.) O ciclo nasal, portanto, acontece o tempo todo. Mas, quando você está resfriado, gripado ou com rinite alérgica, o processo fica ainda mais evidente.
Há, pelo menos, duas boas razões para que o ciclo nasal exista:
Uma delas é a que faz com que nosso sentido de olfato se torne mais completo. Diferentes moléculas odoríferas degradam em velocidades diferentes, e os receptores de odor trabalham de acordo com essa variabilidade. Alguns odores são mais fáceis de detectar e processar em uma corrente de ar em movimento rápido (narina descongestionada), enquanto outros são mais bem detectados em uma corrente de ar mais lenta (narina congestionada).
O ciclo nasal também preserva o nariz em suas funções de filtrar e umidificar o ar, sendo estas a segunda razão. Pois o congestionamento alternado, propiciando um alívio temporário do fluxo de ar em cada narina, evita que a mucosa nasal resseque e sangre.

segunda-feira, 31 de março de 2014

602 - Tipoias explicativas

Em 4 versões:
- cão
- queda
- esporte
- luta.
 Com elas não terás de explicar o que aconteceu contigo. @InventosRaros

sexta-feira, 28 de março de 2014

601 - A síndrome de Tourette

Um médico da Universidade de Liverpool, Inglaterra, diagnosticou que um personagem animal de um conto para crianças (*) estaria sofrendo de um distúrbio neurológico.
O esquilo Nutkin, herói de um livro de Beatrix Potter, "comporta-se patologicamente", disse Gareth Williams. "Enquanto os outros esquilos armazenam comida e mostram-se cuidadosos com a coruja, Nutkin proporciona todo um espetáculo de atividades solitárias, como o de brincar repetitivamente com agulhas de pinheiro e bolinhas de gude", escreveu ele no "British Medical Journal".
Sua conclusão para o esquilo: a síndrome de Tourette.
"Comecei a ver isso depois que eu li a história para o meu filho de 6 anos de idade e ele ficava perguntando se estava tudo bem com Nutkin", acrescentou Gareth.
(Que tipo de doença existe em um médico que diagnostica problemas em personagens fictícios?)
(*) disponível em This is true: Book Collection Vol.. 2
Do site do Dr. Drauzio:
"A síndrome de Tourette é um distúrbio neuropsiquiátrico caracterizado por tiques múltiplos, motores ou vocais, que persistem por mais de um ano e geralmente se instalam na infância. Na maioria das vezes, os tiques são de tipos diferentes e variam no decorrer de uma semana ou de um mês para outro. Em geral, eles ocorrem em ondas, com frequência e intensidade variáveis, pioram com o estresse, são independentes dos problemas emocionais e podem estar associados a sintomas obsessivo-compulsivos (TOC) e ao distúrbio de atenção e hiperatividade (TDAH). É possível que existam fatores hereditários comuns a essas três condições. A causa do transtorno ainda é desconhecida."
Bônus:
Beatrix Potters Characters, Pinterest

terça-feira, 25 de março de 2014

600 - Crédito extra

Ao estudar o protozoário Plasmodium ovale em 1954, um dos quatro agentes etiológicos da malária, o parasitologista inglês William Cooper deixou-se picar por cerca de mil mosquitos e, nove dias depois, submeteu-se a uma laparotomia em que um pedaço de seu fígado foi removido.
Na fase de recuperação da cirurgia, ele mesmo preparou as lâminas histológicas de seu tecido hepático biopsiado, nas quais observou o parasito da malária em seus diversos estágios. Em seguida, ele pintou as imagens vistas ao microscópio em aquarelas que acompanhariam o artigo resultante.
O protozoologista Cyril Garnham, da Universidade de Londres e coautor do trabalho, escreveu que "Cooper alcançou a fama eterna por esse episódio."

(P.C.C. Garnham et al., The Pre-Erythrocytic Stage of Plasmodium Ovale, Transactions of the Royal Society of Tropical Medicine and Hygiene 49:2 [March 1955], 158-167)

sábado, 22 de março de 2014

599 - Gente é para brilhar

Se você estiver com os olhos vendados em uma sala escura e, ao mesmo tempo, começar a pensar sobre uma luz brilhante o que vai suceder?
Sua cabeça vai emitir mais fótons.
Foi a conclusão a que chegaram três pesquisadores da Laurentian University, em Ontário, Canadá.
Esse aumento na emissão de fótons está relacionado a reações químicas que acontecem no cérebro e que são detectadas também em seu eletroencefalograma.
Desatualizando...
Gente é para aquecer

quarta-feira, 19 de março de 2014

598 - As coletoras de sanguessugas

A sanguessuga (anelídeo da classe Hirudinea) pode sugar várias vezes o seu próprio peso em sangue e seu uso em sangrias é muito mais seguro do que cortar uma veia. Durante a primeira metade do século 19, esta técnica de sangria se tornou tão popular que deu origem a uma "mania sanguessuga". Em toda Inglaterra, coletoras de sanguessugas (eram mulheres na maioria) entravam em lagoas infestadas de sanguessugas com as pernas nuas, a fim de atrair esses hematófagos. Uma vez que as sanguessugas se fartavam, elas se desprendiam dos corpos das coletoras que, em seguida, as vendiam para os médicos. As coletoras de sanguessugas comumente sofriam de sintomas relacionados com as perdas de sangue e, às vezes, de doenças contraídas pelo contato com as sanguessugas.
Mas por que a sangria permaneceu tão popular por tanto tempo?
Apesar dos avanços em anatomia e diagnóstico durante os séculos 18 e 19, a terapêutica não evoluiu com suficiente rapidez para acompanhar as novas compreensões a respeito do corpo humano. Muitos profissionais acreditavam que era melhor fazer algo do que não fazer nada. E foi apenas por meados do século 19 que as sangrias caíram de moda, principalmente porque novas técnicas terapêuticas começaram a ser desenvolvidas.
Extraído de: Bloodletting Practices in Early Modern England, The Chirurgeon' Apprentice
Bônus
Como me tornei isca de sanguessugas

domingo, 16 de março de 2014

597 - Métodos de sangria

Cirurgiões e barbeiros usavam diversos métodos para sangrar os pacientes. Mais comumente, eles realizavam a venossecção (imagem 1), que consistia em cortar a veia de uma pessoa, usando uma faca de dois gumes chamada lanceta. Também sangravam cortando as artérias (arteriotomia). No entanto, este segundo método era mais perigoso e exigia muito cuidado e habilidade por parte do praticante.
Um cirurgião ou barbeiro também podia utilizar copos aquecidos (ventosas) e um instrumento conhecido como escarificador para sangrar um paciente. Sobre os cortes produzidos na pele pelo escarificador, um aparelho multilâmina, o profissional aplicava as ventosas para que fizessem a sucção de sangue nos ferimentos infligidos. Apesar de dolorosa esta abordagem, como os cortes eram mais superficiais, este procedimento levava menos risco do que venossecção.
Um terceiro método comum de sangria envolvia o uso de sanguessugas.
Extraído de: Bloodletting Practices in Early Modern England, The Chirurgeon' Apprentice
No início da década de 1970, quando trabalhava como médico do Hospital Central do Exército, eu conheci estes instrumentos: o escarificador (imagem 2) e as ventosas. O tenente-coronel médico Antônio Marques, à época chefe do Pavilhão de Isolamento do HCEx, fez questão de me mostrá-los. No passado, eles chegaram a ser usados no tratamento de pneumonias. Mas estavam, desde há muito tempo, apenas guardados em um armário do pavilhão com outros antigos instrumentos médicos – como se estivessem esperando um museu para eles. O escarificador, ao ser disparado, provocava múltiplos cortes na pele, enquanto as ventosas, em consequência de um processo de combustão de álcool que originavam pressões negativas sobre a pele, faziam sangrar os cortes. Foi o que eu entendi. PGCS
(a continuar em: As coletoras de sanguessugas)

quinta-feira, 13 de março de 2014

596 - As bases galênicas das sangrias

As práticas de sangrias eram onipresentes na Inglaterra dos séculos 18 e 19. As pessoas saudáveis ​​e doentes deixavam-se sangrar por indicações medicinais e outras motivações. Para muitos médicos, era o tratamento preferido para inúmeras doenças.
Um médico declarou sobre a sangria
"Limpa a mente, fortalece a memória, limpa o estômago, aquece a medula, aguça a audição, seca as lágrimas, incentiva o raciocínio, desenvolve os sentidos, promove a digestão, produz uma voz musical, dissipa o torpor, afasta a ansiedade, alimenta o sangue e livra-o da matéria venenosa, e traz vida longa ".

A prática em si baseava-se na visão de Galeno sobre o corpo humoral. Galeno postulava que o sangue contendo os quatro humores era produto dos alimentos. Quando consumida, a comida era liquefeita no estômago e ia para o fígado, onde era subsequentemente transformada em sangue. Ocasionalmente, o corpo produzia um excesso de sangue, o que, de acordo com os praticantes galênicos, provocava febres, dores de cabeça e até mesmo apoplexia. Alternativamente, humores nocivos no sangue podiam levar a distúrbios localizados como tumores e inflamações. (1)
Em muitos casos, a sangria era usada para "livrar o corpo do paciente do sangue corrupto". Os médicos, muitas vezes, chamavam os cirurgiões e cirurgiões-barbeiros (2) para fazer sangrias em seus pacientes, pois consideravam a "arte do cortador" como inferior à prática da medicina.
O polo ou rolo de barbeiro, com os trapos ensanguentados amarrados em torno dele, era uma espécie de anúncio de que ali existia um expertise em procedimentos de sangue.
Extraído de: Bloodletting Practices in Early Modern England, The Chirurgeon's Apprentice
Ler também: A History of Barber's Pole, The Chirurgeon's Apprentice 
(a continuar em: Métodos de sangrias)