quinta-feira, 27 de agosto de 2020

1164 - Principais pandemias da história

A pandemia é uma epidemia que atinge proporções maiores, podendo se espalhar por um ou mais continentes ou por todo o mundo.
1. Praga de Justiniano (541-542): 30-50 milhões de mortes.
2. Peste Antonina (165-180): 5 milhões de mortes
3. Epidemia de varíola japonesa (735-737): 1 milhão de mortes
4. Peste-negra (1347-1351): 200 milhões de mortes
5. Varíola (1520): 56 milhões de mortes
6. Grandes pestes do século XVII (1600): 3 milhões de mortes
7. Grandes pestes do século XVIII (1700): 600 mil mortes
8. A terceira peste (1855): 12 milhões de mortes
9. Cólera (1817-1923): 1 milhão de mortes
10. Gripe espanhola (1918-1919): 40-50 milhões de mortes
11. Gripe russa (1889-1890): 1 milhão de mortes
12. HIV/AIDS (1981-atualidade): 25-35 milhões de mortes
13. Febre Amarela (final dos anos 1800): 100 mil – 150 mil mortes
14. Ebola (2014-2016): 11 300 mortes
15. Gripe Suína (2009-2010): 200 mil mortes
16. Covid-19 (2019-atualidade): . . .
[http://blogdomarcelogurgel.blogspot.com/2020/04/diante-da-morte-todos-viramos-filosofos.html]
Durante a peste bubônica, uma das coisas mais marcantes foi o traje utilizado pelos médicos. Tratava-se de uma roupa que cobria da cabeça aos pés e uma máscara com um bico de pássaro. O motivo desses trajes é o desconhecimento científico acerca da doença. Na época, a teoria corrente para a disseminação de doenças infecciosas era a miasmática. Formulada por Thomas Sydenham, médico inglês e Giovani Maria Lancisi, italiano que defendia que as moléstias tinham origem nos miasmas. Esse era o conjunto de odores fétidos, que vinham de matéria orgânica em putrefação e da água contaminada.
Isso causaria então um desequilíbrio nos fluídos corporais do paciente. Além disso, acreditava-se que perfumes fortes poderiam proteger da peste. Sendo assim, a lógica das máscaras era essa: evitar que o miasma chegasse ao nariz dos médicos. O bico da máscara era preenchido com teriaga, uma combinação com mais de 55 ervas e outras especiarias. Essa combinação, desde a Grécia Antiga, era tida como antídoto para qualquer envenenamento. A ideia era de que a forma de bico proporcionasse tempo para purificar o ar.
Charles de Lorme foi o médico responsável pela criação da roupa durante a peste bubônica. Ele cuidou da realeza francesa durante o século 17, entre eles, do rei Luís XIII.
Além dessa máscara curiosa, o visual era composto por uma camisa por dentro das calças, que se conectavam à botas. Havia ainda um casaco coberto por cera perfumada, chapéu e luvas feitas de couro de carneiro. Para completar o traje usado pelos médicos, uma vara para afastar os doentes.

quinta-feira, 20 de agosto de 2020

1163 - Mitridatismo

mitridatismo (mi.tri.da.tis.mo) s.m. tolerância ou resistência a um veneno pela ingestão de doses cada vez maiores, porém não letais, da substância tóxica; resiliência toxicológica. [derivado do antropônimo Mitridates, esp. de Mitridates VI, que teria adquirido tal imunidade desta maneira] 


Mitrídates VI
(132 a.C. – 63 a.C.), também chamado de Mitrídates Magno, foi rei do Ponto (região correspondente ao norte da Turquia) de 120 a.C. até sua morte. Considerado um inimigo de Roma, seus inimigos tramaram por diversas vezes envenená-lo. Ciente dessa possibilidade, Mitrídates começou a ingerir venenos em pequenas doses repetidas, depois de testá-los previamente em prisioneiros e escravos, garantindo assim as doses que seriam seguras para ingerir.
Em sua busca por antídotos, ele também testou os efeitos destes sobre os presos, administrando-os antes de lhes dar o veneno ou logo após envenená-los. Desta forma, acredita-se que ele também descobriu vários antídotos contra substâncias tóxicas. Mas o que o tornou famoso foi o Mithridacum, uma poção complexa produzida por seu médico de câmara, composta por 54 ingredientes que o rei chegou a tomar diariamente e que foi considerado por décadas como um antídoto universal.
Conforme a lenda, após ser derrotado por Pompeu, Mitrídates tentou o suicídio por envenenamento - sem efeito devido a sua resistência. Teria, então, forçado um de seus servos a matá-lo com a espada. Esta história é contada na peça "Mitrídates" (1673), de Jean Racine, e na ópera "Mitridate, re di Ponto" (1770), de Mozart.
O processo do mitridatismo é utilizado na produção do soro antiofídico, entre outras aplicações práticas.

quinta-feira, 13 de agosto de 2020

1162 - Quem é doutor?

por Elcio Luiz Bonamigo
O termo doutor é um título ou forma de tratamento cuja utilização desperta dúvidas tanto nos meios sociais como acadêmicos. A origem do termo encontra-se na palavra latina doctor, que significa mestre ou professor, pertencente à família do verbo docere, cuja tradução é ensinar. Um doutor, considerando-se do ponto de vista estritamente etimológico da palavra, é aquele que ensina. O uso e o tempo acrescentaram outros significados para doutor que se somaram àquele original. Segundo os nossos atuais dicionários Aurélio, Houaiss e Michaelis, doutor, em suma, significa:
1º) aquele que cursou o doutorado; 2º) o médico; 3º) o advogado; 4º) o delegado de polícia; 5º) o juiz; 6º) uma pessoa considerada muito culta, importante; 7º) por cortesia, todo o indivíduo formado em curso superior; 8º) o portador do título "Doctor honoris causa".
Aquele que cursou o grau acadêmico de doutorado é considerado doutor no sentido etimológico da palavra, ou seja, de um professor dedicado ao ensino. No entanto, já existem alguns destes doutores que preferem não compartilhar o título com outros, de menor grandeza, por lhes parecer um tanto desvirtuado. Isto é: preferem ser simplesmente mestres ou professores que doutores. Portugal, nosso país descobridor, resolveu parcialmente este problema denominando doutor, por extenso, àquele que possui o doutorado e dr., abreviado, aos demais mortais. Desta forma, pelo tamanho do doutor que precede o nome pode deduzir-se a importância do seu portador.
Diz a léxica nacional, bem como a internacional, que o termo doutor aplica-se especialmente aos advogados e médicos. Esta significação tem origem, quiçá, nas antigas universidades de Bolonha e Montpellier que tinham a tradição de conferir tais títulos especialmente a estas duas categorias. Conta-se que aqui mesmo no Brasil teria havido uma legislação similar a corroborar com esta observação.
A prevenção, o diagnóstico e o tratamento de doenças, características tradicionais da Medicina, ajudaram a correlacionar este profissional com alguém que explica e, consequentemente, ensina, ou seja, com um doutor (doctor). Desta forma, o doutor médico passou a compartilhar do título atribuído tradicionalmente ao doutor professor.
Segundo os dicionários supracitados, juízes e delegados também são especificamente denominados doutores. No entanto, pessoas muito sábias ou importantes, mesmo não portadoras de título universitário ou doutorado, também são consideradas doutores perante a população, principalmente em países com maior desigualdade social como o Brasil.
Doutor também se aplica, por cortesia, a todos os demais formados em cursos superiores. Isto mesmo: a todos, por cortesia, segundo o dicionário Houaiss. Neste sentido, o título de doutor, afirma textualmente o gramático Celso Cunha: "Recebem-no não só os médicos e os que defenderam tese de doutoramento, mas, indiscriminadamente, todos os diplomados por escolas superiores".
Algumas categorias profissionais não costumam utilizar o título doutor como forma de tratamento mútuo, tais como os contadores, entre outras. Em situação diferente está a Odontologia, antiga especialidade da Medicina que foi declarada profissão independente há três séculos pelo médico Pierre Fauchard, cujos profissionais são usual e naturalmente denominados doutores pela população, mesmo que isto não seja por eles exigido, mas curiosamente não está previsto de forma explícita nos três principais dicionários nacionais, e deveria estar. Em outra posição encontram-se os enfermeiros e fisioterapeutas os quais estimulam, através de Resoluções dos seus Conselhos Profissionais, o uso do título de doutor entre os seus membros por ser uma forma de tratamento gramaticalmente possível aos diplomados universitários. Os italianos, que inventaram tantas coisas boas, menos o macarrão que foi façanha dos laboriosos chineses, utilizam dottore para aqueles que fizeram doutorado e também para médicos e advogados, segundo afirmam os dicionários Garzanti e Zingarelli. Esta língua, que foi a primeira flor do Lácio, nascida e desenvolvida em berço toscano para reinar em toda a Itália por ser culta e bela, qualifica os seus cidadãos com sua respectiva profissão precedendo o nome. Trata-se de uma forma especial de tratamento, considerada elegante e respeitosa para distinguir os seus vários profissionais. No entanto, o médico é especialmente denominado dottore.
Existe também o título acadêmico "Doctor honoris causa", que é conferido por uma universidade a alguém com méritos, como forma de homenagem, independente de submissão a cursos ou exames. Nesta categoria encontra-se o doutor Lula, excelentíssimo presidente do Brasil, primeiramente consagrado um doutor de fato pelo seu povo, através das eleições, e posteriormente tornado um doutor de direito por Universidades do Brasil e do exterior. Vamos omitir propositadamente a análise dos títulos "Doutor da Lei" e "Doutor da Igreja" por precederem esta nova safra doutoral que passou a ser cultivada somente a partir da alta idade média.
Os médicos, portanto, não estão sós nesta plêiade doutoral, mas constituem uma constelação de primeira grandeza, posicionada em local que não permite o ofuscamento por outras, também brilhantes, e nem pode confundir-se com as bruxuleantes. A duração e intensidade do seu brilho, porém, vai depender da própria organização interna, da renovação constante de seus conhecimentos e da luta incessante pelo reconhecimento da sua inquestionável e insubstituível importância perante e para a sociedade. Tudo isto sem prejuízo do brilho e da importância de outras categorias que terão todo o espaço possível para cintilar conjunta e sinergicamente. Para tanto, a categoria médica conta com muitos líderes de primeira grandeza que lutam incansavelmente pelo êxito da sua gigantesca missão. Ao seu lado somam-se aqueles que com as suas exemplares condutas, profissionais e sociais, espantam a apatia de alguns e robustecem as próprias bases para vencer honrosamente os crescentes e cada vez mais insistentes desafios. E todos juntos, sem declinarmos de nenhum ato, mas atuando sinergicamente, os doutores médicos continuaremos cumprindo as missões que nos foram especialmente confiadas há alguns milênios tanto pelo Deus como pelo Pai da Medicina, em nome e para o bem da própria humanidade.
In: http://portal.cfm.org.br. Publicado em 29/11/1999. Acessado em 21/07/2020

quinta-feira, 6 de agosto de 2020

1161 - Radium Girls

Nos Estados Unidos, no início do século XX, tornaram-se comuns o uso de relógios que brilhavam no escuro.
Para fazer com que os relógios brilhassem, os fabricantes usavam um material à base de rádio em pó, goma arábica e água. Em três diferentes fábricas da Radium Corporation, mulheres encarregavam-se de pintar os mostradores desses relógios.
Os pincéis eram feitos de pelos de camelo. Quando as pontas desses instrumentos começavam a ficar rombas, as operárias eram recomendadas que "afinassem" as pontas com a boca. Por diversão, muitas trabalhadoras também pintavam suas unhas, rosto e dentes com a tinta radioluminescente.
(Enquanto isso, familiarizados com os efeitos prejudiciais do rádio, proprietários e químicos evitavam cuidadosamente qualquer exposição a ele.)
As consequências vocês podem imaginar. Expostas a um elemento radioativo, muitas trabalhadoras passaram a apresentar anemia, fraturas ósseas e necrose da mandíbula, uma condição que é conhecida como mandíbula de rádio. E, ao ingressaram na justiça com processos por indenizações trabalhistas, ficaram conhecidas como Radium Girls.