quinta-feira, 27 de julho de 2023

1318 - Publicidade médica: aprovação da nova resolução

Após anos de intenso trabalho, o Conselho Federal de Medicina (CFM) aprovou, em reunião plenária, resolução que traz as novas regras com os limites éticos de uso da publicidade e da propaganda pelos médicos e estabelecimentos de saúde.
O presidente do CFM, José Hiran Gallo, assegurou, em mensagem de vídeo aos médicos, que a divulgação das novas regras acontecerá somente por meio do Diário Oficial da União, dentro das próximas semanas.
"Enquanto isso não ocorrer, faço um alerta: desconsiderem qualquer informação ou comentário relacionado ao tema divulgado pela imprensa, redes sociais ou grupos de discussão. Assim, notícias, mensagens ou vídeos que antecipem pontos da nova resolução devem ser ignorados, pois não são reconhecidos como válidos pelo CFM", explicou Gallo.
Veja a mensagem do presidente clicando na imagem a seguir.

quinta-feira, 20 de julho de 2023

1317 - Hepatoprotetor para um deus



Na mitologia grega, o deus Prometeu sub-repticiamente deu o dom do fogo à humanidade, despertando assim a civilização e perturbando seus companheiros deuses por alterar o diferencial de poder entre eles e nós, mortais inferiores. Como punição, ele foi acorrentado a uma rocha por toda a eternidade.
Uma águia comia seu fígado, que se regenerava continuamente, poupando-o da morte, mas não da agonia.
Os fabricantes franceses dessas pílulas hepáticas da década de 1930 sugerem que a Prometheus teria se beneficiado de seu produto.
https://www.neatorama.com/2023/05/29/Extreme-Ad-for-Liver-Pills-Shows-the-Torture-of-Prometheus/

O fogo era considerado na mitologia grega um elemento exclusivo dos deuses, e quem se atrevesse a dominá-lo sofreria punições severas. Foi o que aconteceu com Prometeu, que roubou o fogo dos deuses e o deu aos homens, a fim de garantir a superioridade humana sobre os outros animais. Como castigo, Zeus o condenou: ele seria acorrentado no alto do monte Cáucaso, onde, todos os dias, uma águia dilaceraria um pedaço do seu fígado. O castigo seria eterno, uma vez que o fígado é o órgão com maior poder de regeneração do corpo humano. Todo pedaço que a águia arrancasse estaria recuperado no dia seguinte, visto que o processo de regeneração do órgão é impressionante. Se removermos 70% do fígado de um camundongo, ele consegue se regenerar por completo em até três dias. Enquanto não recupera suas capacidades fisiológicas normais, o órgão não cessa de crescer (Michalopoulos e DeFrances, 1997).

quinta-feira, 13 de julho de 2023

1316 - A toxina do baiacu

Baiacu ou peixe-balão são designações populares para diversos peixes da ordem dos Tetraodontiformes, comuns nas faunas marítima e fluvial da América do Sul e, mais especificamente, do Brasil. O termo é utilizado, na linguagem corrente, para designar, especificamente, as espécies dessa ordem com a propriedade de inchar o corpo quando se sentem ameaçados por um predador ou outro fator.
Como o baiacu contém uma glândula de veneno, o consumo de sua carne exige a retirada prévia da glândula. Uma vez retirada a glândula, a carne do baiacu torna-se um tradicional ingrediente para o sashimi.
O veneno, a tetrodotoxina, é um bloqueador dos canais de sódio, que paralisa o músculos enquanto a vítima permanece totalmente consciente. Sob o efeito dessa neurotoxina, a vítima não consegue respirar, e eventualmente morre por asfixia. O tratamento padrão é o de suporte ao sistemas respiratório e circulatório, administração de carvão ativado e aguardar até que o veneno seja metabolizado e excretado pelo corpo da vítima. Toxicologistas ainda trabalham no desenvolvimento de um antídoto para a tetrodotoxina.
Ver também: Um ninho de amor

quinta-feira, 6 de julho de 2023

1315 - Acronimomania

No princípio era a palavra, e só muito mais tarde a sigla.
Até 1970, praticamente não havia, ou eram raras, siglas e abreviaturas para identificar ensaios clínicos. Mas em 1980 essa tendência decolou e, em 1995, o Dr. Tsung O. Cheng cunhou o fenômeno de "acronimomania". Somente no campo dos ensaios clínicos em cardiologia o uso de acrônimos saltou de 245 em 1992 para 4.100 em 2002, a ponto de os ensaios clínicos sem esse artifício linguístico se tornarem exceção.
Com a série de ensaios ISIS (International Study of Infarct Survival) iniciada em 1986, a homonímia com a deusa mãe dos egípcios (Ísis) inaugurou uma nova etapa: associar nomes de ensaios clínicos a figuras míticas, figuras históricas ou celebridades contemporâneas de diversos campos, seja para manifestar o seu prestígio simbólico ou seja para melhorar a sua visibilidade e memorização.
Fontes
Matías A. Loewy. MOZART, CHAPLIN e MESSI: quando o nome dos ensaios clínicos se tornam ‘pessoais’ - Medscape - 17 de Maio de 2023
Cheng O Tsung. Acronymania - Fam Pract. 1995 Apr;40(4):328. http://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/7699341
Christopher Labos. The Alphabet Soup of Clinical Trial Acronyms - Medscape - 01 de fevereiro de 2016