sábado, 31 de janeiro de 2015

704 - A síndrome da vibração fantasma

Você está sentado à mesa, de pé na cozinha, assistindo a TV etc. De repente, o telefone celular vibra, informando que você tem uma nova mensagem de texto, chamada ou e-mail. Você leva a mão ao bolso em que costuma deixar o aparelho, apenas para descobrir que essa mensagem não existe ou que, talvez, o telefone móvel nem mesmo esteja naquele momento em seu bolso.
A vibração parecia tão real, mas talvez não o fosse. Independentemente disso, não foi causada pelo seu telefone celular.
Aquela  sensação de ter a bunda agarrada por um fantasma. E praticamente todo mundo já se sentiu acariciado por ele.
Se isso já aconteceu com você, tenha a certeza de que você não está sozinho.
Em 2010, uma equipe de pesquisadores do Baystate Medical Center, em Springfield, Massachusetts, pediu a 232 de seus colegas que respondessem um questionário sobre vibrações fantasmas de telefones celulares. Dos 176 que responderam o questionário, 115 (68%) afirmaram que já haviam experimentado os desconcertantes alertas falsos, como o que foi descrito acima. Conclusão: "A síndrome da vibração fantasma é comum entre aqueles que usam dispositivos eletrônicos." (1)
O que provoca isso?
Há um monte de teorias. Poderia ser porque os telefones celulares produzem sinais elétricos que transmitem a sensação de vibração diretamente para os nervos do portador da síndrome ou, simplesmente, por causa de alguma antecipação mental de alertas (vibranxiety). (2)
Este aspecto de antecipação não é muito diferente de qualquer outro tipo de condicionamento psicológico. "Estamos tão acostumados com a vibração de nossos telefones que o cérebro nos faz sentir que está a acontecer – quando ele "quer", e não quando ela realmente acontece. (3)
Há uma evidência mais recente que sugere que tudo se passa em nossas cabeças. Em julho de 2012, pesquisadores publicaram outro estudo sobre o fenômeno das vibrações fantasmas em estudantes de graduação. A grande maioria experimentava as tais vibrações. (4)
Mas é nos extrovertidas e nos neuróticos que isso acontece com mais freqüência. Os extrovertidos, como explica Slate, verificam muito seus telefones porque manter contato com os amigos é uma parte importante de suas vidas. Já os neuróticos, por sua vez, como se preocupam muito com o estado de suas relações, procuram obter o maior número possível de mensagens de texto para saber o que outras pessoas dizem deles. (5)
Em qualquer caso, acreditam os pesquisadores que essas vibrações falsas (apesar de chatas) são inofensivas e que poucas pesquisas (argh!) já foram feitas sobre elas.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

703 - Deu à luz um bebê uma hora após saber que estava grávida

Katherine Kropas, 23 anos, trabalha num serviço de buffet em Weymouth, Massachussets. Ela não se sentia bem. Seus tornozelos estavam inchados. Alguns dias depois, ela sentiu fortes dores no abdome. Então, Kropas foi levada por sua avó ao hospital. Os médicos descobriram a causa da dor: Kropas estava prestes a ter um bebê – e dos grandes!
O bebê, que é uma menina saudável, pesou 4,5 quilos ao nascer.
Katie com a filha Ellie
Ben Hamar, o médico do South Shore Hospital que fez o parto, disse que há uma série de situações que podem esconder a gravidez das mulheres. dentre as quais o tamanho do seu corpo e a menstruação irregular. De cada 3.500 nascimentos, que ele vê anualmente no South Shore Hospital, há pelo menos um caso em que a mãe descobre a gravidez semanas ou dias antes do nascimento da criança, acrescenta o médico.
No Acta
278 - Gravidez de alta duração |  651 - A gravidez em 6 segundos, segundo Vine
No EntreMentes
Mãe e filho poderiam nascer do mesmo útero |  O primeiro bebê nascido de um útero transplantado

domingo, 25 de janeiro de 2015

702 - Homeopatia: natural ou sobrenatural?

Um dos remédios mais utilizados em homeopatia é o Oscillococcinum, que é prescrito para o tratamento da gripe. Feito a partir de fígado de pato e diluído em 10 ou 100 partes de água, repetidamente, até atingir o número de 200 diluições (200C).
Só que, por volta da décima segunda diluição (12C), já não existe uma única molécula do produto dissolvido na água. A Constante de Avogadro prova isso, o que Hannemann ao fundar a homeopatia não sabia.
Praticantes de homeopatia não negam esse desacordo com a química. A homeopatia foi desenvolvida antes dos conceitos de átomos e moléculas surgirem.
Mesmo assim, as diluições prosseguem por mais 188 vezes. Em 200C a proporção é de uma parte do extrato de fígado de pato para 100 seguido de 400 zeros partes de água.
Como não há mais o extrato que foi diluído, os homeopatas tentam justificar a ação do remédio pela "memória da água". A existência dessa suposta memória é algo que dura fetossegundos.
Se isso fosse o caso, toda a água do planeta seria um tratamento homeopático para todo mal, porque alguma vez ela tocou em toda erva, mineral ou fígado de animal da prateleira homeopática.
Ler também
Guía completa para desmontar las mentiras sobre la homeopatia, Per Ardua ad Astra
Una bacteria inexistente, un pato inocente y unas amenazas insensatas, Naukas
Como agarrar um milionário
O milionário não é o pobre do pato cujo fígado vai já virar extrato. É o dono dele que, após preparar um remédio homeopático, o  Oscillococcinum 200C, terá produto suficiente para tratar as pessoas gripadas em todo o mundo nos próximos milhões de anos.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

701 - SICKO SOS Saúde

Rick cortava um pedaço de madeira numa serra circular de mesa. Quando um nó na madeira que ele segurava o fez perder a ponta de dois dedos. Seu primeiro pensamento? Não tenho plano de saúde. Quanto vai custar? Terei de pagar em dinheiro por isso. Serão, talvez, três mil dólares... ou mais. Foi quando o hospital lhe deu a decisão de escolher: repor o dedo médio por 60 mil dólares ou o dedo anular por 12 mil. Sendo um romântico inveterado, Rick escolheu repor o dedo anular. Pela bagatela de 12 mil. E a ponta do dedo médio de Rick agora desfruta de um novo lar: um aterro sanitário em Oregon.

SICKO SOS Saúde é um documentário de Michael Moore, o consagrado autor de "Fahrenheit 9/11" e "Tiros em Columbine". Neste vídeo, o cineasta destaca o sistema de saúde e as empresas de planos de saúde nos EUA que, em nome do lucro, negam assistência e tratamentos aos pacientes.


segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

700 - Dormindo com plantas

É perigoso dormir com plantas no quarto porque elas respiram oxigênio à noite?
A resposta a esta curiosa pergunta é muito simples:
Não é nada perigoso. É uma lenda urbana.
Durante o dia as plantas captam dióxido de carbono e liberam oxigênio. Mas esta é a fotossíntese, não é a forma como elas respiram, algo que as plantas fazem, tanto de dia quanto de noite, recolhendo o oxigênio do ar e produzindo o dióxido de carbono.
Se fosse perigoso ter uma planta no quarto porque, ao respirar, ela poderia nos roubar oxigênio, o problema se verificaria de dia e de noite. E, se isso fosse verdade, nós teríamos frequentes notícias nos jornais de pessoas  que teriam sido mortas (por não saberem do fato e arriscarem a vida convivendo com plantas).
Só para nos dar uma ideia: uma pequena planta (de cultivo doméstico) pode consumir cerca de 0,1 litro de oxigênio por hora, enquanto um ser humano precisa de 50 litros de oxigênio por hora. Significa que precisamos de 500 vezes mais de oxigênio.
De fato, se fosse perigoso dormir com uma planta, dormir com a esposa (ou com o esposo) e com outros membros da família no quarto seria simplesmente mortal.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

699 - Pulmão lesionado. A regeneração do órgão por células-tronco de pulmão

Pesquisadores descobrem um mecanismo de regeneração pulmonar
Uma equipe de pesquisa dirigida pelos professores do Laboratório Jackson Frank McKeon, Ph.D., e Wa Xian, Ph.D., informa sobre a função de determinadas células-tronco de pulmão na regeneração de pulmões danificados por doença.
O estudo, publicado na revista Nature, esclarece o funcionamento interno do conceito ainda emergente da regeneração pulmonar e assinala possíveis estratégias terapêuticas que aproveitam estas células-tronco de pulmão.
«A ideia de que o pulmão pode se regenerar demorou em se consolidar entre os investigadores biomédicos", diz McKeon, «em parte devido à diminuição constante que se observa em pacientes com doenças pulmonares graves como a doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) e a fibrose pulmonar».
Não obstante, assinala, existem exemplos em seres humanos que apontam para a existência de um sistema robusto para a regeneração pulmonar. «Alguns sobreviventes da síndrome de sofrimento respiratório agudo, ou ARDS, por exemplo, podem recuperar uma função pulmonar quase normal depois de uma destruição importante do tecido pulmonar».[..]
A equipe de pesquisa demonstrou que, quando são isoladas células-tronco de pulmão e depois transplantadas em um pulmão lesionado, elas contribuem para a formação de novos alvéolos, o que ressalta sua capacidade para a regeneração.
Nos Estados Unidos, cerca de 200.000 pessoas sofrem ARDS, uma doença com uma taxa de mortalidade de 40%, e existem 12 milhões de pacientes com DPOC. «Estes pacientes têm poucas opções terapêuticas hoje em dia», diz Xian. «Esperamos que nossa pesquisa possa levar a novas formas de ajudá-los».
Referências:
McKeon F. et al, p63+Krt5+ distal airway stem cells are essential for lung regeneration. Nature, 11/12/14, DOI: 10.1038/nature13903.
Fonte: 
Medical News Today [http://www.medicalnewstoday.com/releases/285381.php]

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

698 - Implicações dos transplantes de cérebro

Entre as complexidades formidáveis ​​que estariam envolvidos nos transplantes de cérebro, se esconde uma pergunta enigmática: se fosse o seu, "você" iria com o seu cérebro? Tais questões foram examinadas pelo professor Fredrik Svenaeus, da Universidade Södertörn, em Huddinge, Suécia.
 "Se eu ganhar um novo cérebro, eu (pelo menos possivelmente) torna-me-ia em outra pessoa. Neste sentido, o cérebro é o único órgão que não pode ser doado. Se você oferece o seu cérebro para ser transplantado em outro corpo, você se torna um receptor e não um doador de órgãos."
Finalmente, o professor lembra que, só por volta de 2070 (quando ele prevê que o primeiro transplante de cérebro poderá ter lugar), é que poderemos ter respostas firmes:
"Nós simplesmente temos de esperar por esse evento, para vermos se o que vai acontecer será capaz de responder à questão da mudança de identidade."
"Eu não tenho estado comigo desde o transplante."

sábado, 10 de janeiro de 2015

697 - Teixobactina, o novo antibiótico sem resistência detectável

Elephtheria terrae
Um grupo de cientistas anunciou nesta semana a descoberta de uma molécula que representa a primeira de uma nova classe de antibióticos. Em testes com camundongos, a droga conseguiu debelar formas resistentes de tuberculose, sem que o micróbio causador da doença adquirisse resistência. Batizada de "teixobactina", a nova substância é produzida por uma bactéria (Elephtheria terrae) encontrada no solo.
A empresa start-up de biotecnologia NovoBiotic, de Cambridge, nos Estados Unidos, que descobriu a molécula, estima que deve conseguir levá-la a um teste em seres humanos dentro de dois anos.
Se tudo correr bem, a droga estaria disponível no mercado por volta do fim da década.
O fármaco foi encontrado após os cientistas analisarem mais de 10 mil amostras de micróbios usando um novo método, que permite o cultivo desses organismos em seu hábitat natural.
A descoberta, que foi publicada na revista científica "Nature" (v. resumo), surge como um alento em um momento difícil para a infectologia. No ano passado, a Organização Mundial de Saúde (OMS) elevou o problema das bactérias resistentes a antibióticos ao status de crise global.
Segundo Kim Lewis, um dos cientistas que participaram do trabalho, a teixobactina ainda requer algumas alterações químicas antes de seguir para testes clínicos. Esse aprimoramento, que leva certo tempo, torna a administração da molécula mais fácil quando a intenção é produzir uma pílula ou uma solução para injeção.
Resumo 
A resistência aos antibióticos está se espalhando mais rápido do que a introdução de novos compostos na prática clínica, causando uma grave crise de saúde pública. A maioria dos antibióticos foi produzida pela triagem dos microrganismos do solo, mas este recurso limitado a bactérias cultiváveis esgotou-se na década de 1960. As abordagens sintéticas para a produção de antibióticos têm sido incapazes de substituir esta plataforma. Bactérias incultiváveis compõem cerca de 99% de todas as espécies em ambientes externos, e são uma fonte inesgotável de novos antibióticos. Desenvolvemos, porém, vários métodos para fazer crescer esses microrganismos pelo cultivo in situ ou usando fatores de crescimento específicos. Aqui, nós relatamos um novo antibiótico, a teixobactina, descoberto em bactérias não cultiváveis. A teixobactina atua destruindo a parede celular das bactérias e dos fungos, ao ligar-se a duas substâncias precursoras de dois lipídios da parede celular, cujo fabrico não é comandado pelos genes desses microrganismos. Não obtivemos quaisquer mutantes de Staphylococcus aureus ou de Mycobacterium tuberculosis que fossem resistentes a teixobactina. As propriedades deste composto sugerem um caminho para o desenvolvimento de antibióticos que evitam o desenvolvimento de resistência.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

696 - Os raios de Vênus

Durante o verão e o outono de 1896, o astrônomo Percival Lowell passou o seu tempo dedicado a estudar o planeta Vênus. Um dia, no final do outono, descobriu uma estranha mancha com raios finos na superfície do planeta, uma descoberta surpreendente que, curiosamente, só ele via.
Aglomeração de relâmpagos em Vênus?...
Como era de esperar, foi criticado pelos resultados. Em 1902, ainda que parcialmente, ele recuou, falando de um problema óptico, mas logo voltou a escrever com intolerante confiança a respeito de sua observação de Vênus.
Ele começou a especular sobre a ascensão de um funil de ar estagnado quente, criando um vazio parcial em que correntes de ar frio dariam lugar a um sistema de raios... Esse era o espírito de Percy.
Absolutamente ninguém podia ver o sistema de raios em atividade na superfície do planeta Vênus.
Tudo isso produziu uma notável falta de credibilidade que, supostamente, repercutiu em seus novos estudos, dessa vez sobre o planeta Marte. Anteriormente, fora ele que descrevera os canais marcianos, logo convertidos em uma suposição da existência de vida inteligente em Marte.
Mas... Por que só Percival Lowell podia ver raios em Vênus?... Seriam eles o produto da imaginação de um astrônomo?
O problema foi solucionado mais de cem anos depois, em 2003, em um artigo de William Sheehan e Thomas Dobbins, THE SPOKES OF VENUS: AN ILLUSION EXPLAINED (Os raios de Vênus: uma ilusão explicada). O artigo sustenta que Lowell tivesse deixado de forma intempestiva o telescópio e que, ao fazê-lo, o telescópio tivesse acidentalmente virado em uma espécie de oftalmoscópio, um instrumento utilizado para o exame dos olhos.
Em outras palavras, o que Percival Lowell observara na superfície de Vênus tinha sido a própria retina, sendo os raios os vasos sanguíneos da dita-cuja.
Percival Lowell y los rayos de Venus, El Baúl de Josete

domingo, 4 de janeiro de 2015

695 - O uso dos calçados na prevenção das doenças tropicais negligenciadas


REVISÃO SISTEMÁTICA E METANÁLISE 
Resumo
O uso consistente de calçados pode ajudar a prevenir ou retardar a progressão de muitas doenças tropicais negligenciadas (DTN).
Foi realizada uma revisão sistemática e metanálise para avaliar a associação entre o uso de calçados e o risco de adoecimento para aquelas DTN em que a via de transmissão ou de ocorrência se dão através dos pés.
Nós descobrimos que o uso de calçados reduz o risco de úlcera de Buruli, tungíase, ancilostomíase, estrongiloidíase, e leptospirose. Nenhuma associação significativa entre o uso de calçados e podoconiose foi encontrada e não havia dados disponíveis para micetoma, miíase ou picada de cobra.
Recomendamos que, ao lado das intervenções já existentes (água adequada, saneamento e higiene pessoal), o acesso aos calçados deve ser priorizado para acelerar o controle e a eliminação de várias DTN, e assim garantir uma redução das mesmas.
Referência
Association between Footwear Use and Neglected Tropical Diseases: A Systematic Review and Meta-Analysis
Autores: Sara Tomczyk, Kebede Deribel, Simon J. Brooker, Hannah Clark, Khizar Rafique, Stefanie Knopp, Jürg Utzinger, Gail Davey  | Publicação: 13/11/2014 | DOI: 10.1371/journal.pntd.0003285
Ilustração: Jeca Tatuzinho, por Belmonte
folheto do Biotônico Fontoura
Site recomendado
http://www.literaturaeshow.com.br/2010/08/jeca-tatuzinho-e-o-biotonico-fontoura.html

quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

694 - Letra de médico

"A vida é muito curta para ficar caprichando na letra."