quinta-feira, 24 de setembro de 2020

1168 - Guia alimentar para a população brasileira

Publicado pelo Ministério da Saúde em 2014, o GUIA ALIMENTAR PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA, apresentou as primeiras diretrizes alimentares oficiais para a nossa população. Diante das transformações sociais vivenciadas pela sociedade brasileira, que impactaram sobre suas condições de saúde e nutrição, fez-se necessária a apresentação de novas recomendações. A segunda edição do guia passou por um processo de consulta pública, que permitiu o seu amplo debate por diversos setores da sociedade e orientou a construção da versão final, aqui apresentada.
Tendo por pressupostos os direitos à saúde e à alimentação adequada e saudável, o guia é um documento oficial que aborda os princípios e as recomendações de uma alimentação adequada e saudável para a população brasileira, configurando-se como instrumento de apoio às ações de educação alimentar e nutricional no SUS e também em outros setores. Considerando os múltiplos determinantes das práticas alimentares e, a complexidade e os desafios que envolvem a conformação dos sistemas nalimentares atuais, o guia alimentar reforça o compromisso do Ministério da Saúde de contribuir para o desenvolvimento de estratégias para a promoção e a realização do direito humano à alimentação adequada.
O que você encontra neste GUIA ALIMENTAR
O capítulo 1 descreve os princípios que nortearam sua elaboração. Estes princípios justificam, de início, o tratamento abrangente dado à relação entre alimentação e saúde, levando em conta nutrientes, alimentos, combinações de alimentos, refeições e dimensões culturais e sociais das práticas alimentares. A seguir, esses princípios fundamentam a proposição de recomendações que consideram o cenário da evolução da alimentação e da saúde no Brasil e a interdependência entre alimentação adequada e saudável e sustentabilidade do sistema alimentar. Por fim, apoiam o uso que este guia faz do conhecimento gerado por diferentes saberes e sustentam o seu compromisso com a ampliação da autonomia das pessoas nas escolhas alimentares e com a defesa do direito humano à alimentação adequada e saudável.
O capítulo 2 enuncia recomendações gerais sobre a escolha de alimentos. Estas recomendações, consistentes com os princípios orientadores deste guia, propõem que alimentos in natura ou minimamente processados, em grande variedade e predominantemente de origem vegetal, sejam a base da alimentação.
O capítulo 3 traz orientações sobre como combinar alimentos na forma de refeições. Essas orientações se baseiam em refeições consumidas por uma parcela substancial da população brasileira que ainda baseia sua alimentação em alimentos in natura ou minimamente processados e em preparações culinárias feitas com esses alimentos.
O capítulo 4 traz orientações sobre o ato de comer e a comensalidade, abordando as circunstâncias – tempo e foco, espaço e companhia – que influenciam o aproveitamento dos alimentos e o prazer proporcionado pela alimentação.
O capítulo 5 examina fatores que podem ser obstáculos para a adesão das pessoas às recomendações deste guia – informação, oferta, custo, habilidades culinárias, tempo e publicidade – e propõe para sua superação a combinação de ações no plano pessoal e familiar e no plano do exercício da cidadania.
As recomendações deste guia são oferecidas de forma sintetizada em "Dez Passos para uma Alimentação Adequada e Saudável".
Em uma seção final, são relacionadas sugestões de leituras adicionais, organizadas por capítulos, as quais aprofundam os temas abordados e discutidos neste material.
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Guia alimentar para a população brasileira / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – 2. ed., 1. reimpr. – Brasília : Ministério da Saúde, 2014. 156 p. : il. ISBN 978-85-334-2176-9

quinta-feira, 17 de setembro de 2020

1167 - Genoma completo da vacina brasileira contra tuberculose é desvendado

A variante da vacina BCG utilizada no Brasil para imunização contra tuberculose – a BCG Moreau RDJ – teve o seu código genético integralmente desvendado por especialistas do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz). O estudo publicado na edição de outubro do periódico Journal of Bacteriology foi liderado pela pesquisadora Leila Mendonça Lima, do Laboratório de Genômica Funcional e Bioinformática do IOC, e realizou a descrição do DNA completo da cepa vacinal. Esta é a terceira variante da BCG a ter seu genoma completamente sequenciado no mundo. Os dados obtidos são fundamentais para avanços futuros, como o aprimoramento da vacina e o desenvolvimento de novos imunizantes combinados. A sequencia genômica completa com anotação detalhada foi tornada pública no banco de dados EMBL/Genbank.
A identificação de todas as sequências de nucleotídeos e genes que formam o DNA da cepa de Mycobacterium bovis atenuada, utilizada na fabricação da vacina brasileira contra a tuberculose, representa um passo fundamental na luta contra a doença no país. "Foram necessários anos de trabalho minucioso e detalhado, quase artesanal, em que foi preciso estudar e descrever cada pequena e complexa região do genoma, além de comparar nossos resultados com a literatura, para predizer com exatidão os genes e as diferenças em relação a genomas de referência", descreve Leila. "A partir de agora, temos uma grande quantidade de informação sobre a cepa vacinal brasileira, com um alto grau de detalhamento, que poderá ser utilizada para fortalecer e diversificar as linhas de pesquisa desenvolvidas no Brasil e no mundo sobre a doença", comemora. O projeto, financiado pela Fundação Ataulpho de Paiva e pela Fiocruz, através do programa PDTIS, resultou também em ferramentas para a rastreabilidade da cepa vacinal.
Os resultados obtidos no IOC abrem caminho para o aprimoramento da própria vacina, a sua identificação clínica e microbiológica, e o desenvolvimento de novos imunizantes. "Podemos usar estas informações para estudos que visem melhorar a imunoproteção, reduzir os possíveis efeitos colaterais e melhorar o controle de qualidade da vacina brasileira, por exemplo", enumera a pesquisadora. "Também será possível pensar em vacinas recombinantes de DNA que imunizem contra tuberculose e outros agentes causadores de doenças, como protozoários, vírus e bactérias, promovendo alterações no DNA da BCG Moreau", cogita.
Leia a íntegra deste artigo de Marcelo Garcia em Comunicação - Instituto Oswaldo Cruz.
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Metrópoles, 10/09/2020 - Conhecida por oferecer uma resposta imunológica robusta, a vacina BCG – contra tuberculose – será testada no Brasil e em outros três países para avaliar o potencial na prevenção contra a Covid-19. A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) conduzirá um estudo clínico em território brasileiro com o recrutamento de 3 mil voluntários saudáveis, todos profissionais de saúde que atuam no enfrentamento ao novo coronavírus, no Rio de Janeiro e em Mato Grosso do Sul. Os pesquisadores acreditam que a vacina estimula a resposta inata do sistema imunológico contra a infecção por diversos patógenos. Outros estudos mostram que países com cobertura da BCG têm índices mais baixos de mortes pela Covid-19 por milhão de habitantes. Agora, eles querem verificar se a vacina tem potencial para proteger contra a infecção do novo coronavírus ou se pode atenuar a doença nos pacientes da Covid-19. A pesquisa, em parceria com o instituto australiano Murdoch Children’s Research Institute, está na fase 3 e acontece também na Austrália, Espanha e Reino Unido. Ela é financiada pela Fundação Gates e conta com o apoio da Organização Mundial da Saúde (OMS).

quinta-feira, 10 de setembro de 2020

1166 - Fatos imprecisos

Em "A origem do homem", Charles Darwin escreveu uma frase que deveria ser gravada em bronze na entrada de todas as faculdades de ciências:
Fatos imprecisos são altamente prejudiciais para o progresso da ciência, pois levam muito tempo para desaparecer; mas opiniões imprecisas, se baseadas em evidências, não causam grandes perturbações, pois todos sentem prazer especial em provar sua falsidade [...].
Ilustração do livro de Vesalius




A velha raposa escreveu sabiamente: substitua "fatos imprecisos" por "fatos falsos" e você saberá que ele estava se referindo a uma má influência que afeta a ciência desde o início: a mitologia religiosa.
Não deveria surpreender a importância que um único osso tem na genealogia humana da perspectiva das três religiões abraâmicas. Segundo Gênesis (23/2), Eva surgiu da costela de Adão. Esse relato deu origem a um dogma absurdo imposto por séculos: como Eva fora criada ao extrair uma costela de Adão, todos os homens tinham 23 costelas, uma a menos que as mulheres.
O impulso de explicar cientificamente a natureza das coisas foi o que levou Andreas Vesalius a desafiar a Inquisição. Desde o tempo do Galeno grego, a dissecção anatômica era realizada com animais, mas a Igreja Católica permitiu que Vesalius dissecasse os corpos dos executados porque, segundo os teólogos, não havia risco de que suas almas retornassem do inferno. Vesalius contou as costelas e desfez o mito em seu De Humani Corporis Fabrica (1543). Sua alta posição social como médico pessoal de Carlos V e Felipe II o livrou de terminar nas masmorras.
Manuel Peinado Lorca
Extraído de: ¿Por qué el parto humano es tan doloroso? GRANDES MEDIOS

quinta-feira, 3 de setembro de 2020

1165 - Horace Wells, um pioneiro da anestesia

A história da anestesia começa com um desastre pessoal e um grande triunfo coletivo. Um dia, em 1844, Horace Wells, um jovem dentista de Connecticut (EUA), decidiu ir a um circo que passava por Boston. Uma parte do espetáculo era baseada no óxido nitroso, o gás do riso, explorando os efeitos jocosos de sua administração em voluntários.
Algo incomum aconteceu no dia exato em que Wells esteve lá: um dos participantes tropeçou enquanto corria no palco, e sofreu um corte profundo na perna. Foi então que ocorreu um evento fundamental: longe de parar ou gritar, ele continuou correndo e rindo como se nada lhe tivesse acontecido.
Obviamente, se a queda foi fundamental, não foi menos a atenção seletiva do dentista Wells. Esse gás poderia ser a solução para o sofrimento de seus pacientes. Ele conversou com Gardiner Colton, o químico do circo, e, depois de inalar uma dose do óxido, deixou que lhe extraíssem um dente. E não sentiu dor nenhuma.
É provável que a anestesia moderna tenha nascido ali, embora Wells mal a visse. Depois de testar com sucesso o óxido nitroso em outras pessoas, ele foi chamado para uma manifestação pública no Massachusetts General Hospital.
Mas algo deu errado. Assim que ele começou a extrair um dente de um voluntário, ele começou a se mexer, dando gritos desesperados. Não se sabe se houve um erro na dose ou no modo de administração do óxido. Três anos depois, humilhado, aposentado e bêbado, Wells cometeu suicídio. (*)
Assim, ele não pôde ver que seu colega e amigo William Morton continuaria a investigação, embora com éter no lugar de óxido nitroso. Morton também foi convidado pelo Massachustts e, ao contrário de Wells, foi bem-sucedido na demonstração. E Wells tampouco viu que, anos depois, o próprio Gardiner Colton, fazendo parceria com outro dentista, também demonstraria a eficácia do óxido nitroso.
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http://www.agenciasinc.es/Reportajes/El-funcionamiento-de-la-anestesia-continua-siendo-un-misterio
(*) É inegável ter sido Horace Wells um importante pioneiro da anestesia, pois foi o primeiro a reconhecer as propriedades do óxido nitroso (única droga anestésica do século XIX que ainda está em uso).