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quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020

1136 - Sangria – usando aves de rapina


A sangria terapêutica foi uma das práticas médicas mais comuns realizadas por cirurgiões da antiguidade até o final do século 19 – isto é, por mais de 2.000 anos. Na ausência de outros tratamentos para hipertensão, a sangria era um método popular para acalmar temporariamente os pacientes e fazer com que se sentissem melhor.
A primeira sangria registrada em um tsar foi realizada em Mikhaíl Fiodorovitch (1596-1645), o primeiro Romanov. Seu filho, Aleksêi da Rússia (1629-1676) era um ávido caçador com falcões, tanto é que a ave foi usada para realizar a sangria: um falcão foi colocado no braço do tsar e "abriu a corrente sanguínea" com uma bicada.
Aleksêi exigia que seus boiardos passassem por sangria junto com ele. O viajante alemão Augustin Meyerberg descreveu quando, certa vez, o nobre Rodion Strechnev (já velho e fraco) tentou recusar o procedimento. Aleksêi deu então um tapa na cara dele e chutou seu traseiro, gritando: "Escravo sem valor, está tomando seu soberano por nada? Será que seu sangue é mais digno do que o meu?".
Depois dessa, Strechnev estendeu o braço.
Arquivo
🔻 441 - Febre amarela e sangrias 🔻 532 - O barbeiro-cirurgião 🔻 596 - As bases galênicas das sangrias 🔻 597 - Métodos de sangria 🔻 598 - As coletoras de sanguessugas 🔻 952 - Depósito de bichas

domingo, 16 de março de 2014

597 - Métodos de sangria

Cirurgiões e barbeiros usavam diversos métodos para sangrar os pacientes. Mais comumente, eles realizavam a venossecção (imagem 1), que consistia em cortar a veia de uma pessoa, usando uma faca de dois gumes chamada lanceta. Também sangravam cortando as artérias (arteriotomia). No entanto, este segundo método era mais perigoso e exigia muito cuidado e habilidade por parte do praticante.
Um cirurgião ou barbeiro também podia utilizar copos aquecidos (ventosas) e um instrumento conhecido como escarificador para sangrar um paciente. Sobre os cortes produzidos na pele pelo escarificador, um aparelho multilâmina, o profissional aplicava as ventosas para que fizessem a sucção de sangue nos ferimentos infligidos. Apesar de dolorosa esta abordagem, como os cortes eram mais superficiais, este procedimento levava menos risco do que venossecção.
Um terceiro método comum de sangria envolvia o uso de sanguessugas.
Extraído de: Bloodletting Practices in Early Modern England, The Chirurgeon' Apprentice
No início da década de 1970, quando trabalhava como médico do Hospital Central do Exército, eu conheci estes instrumentos: o escarificador (imagem 2) e as ventosas. O tenente-coronel médico Antônio Marques, à época chefe do Pavilhão de Isolamento do HCEx, fez questão de me mostrá-los. No passado, eles chegaram a ser usados no tratamento de pneumonias. Mas estavam, desde há muito tempo, apenas guardados em um armário do pavilhão com outros antigos instrumentos médicos – como se estivessem esperando um museu para eles. O escarificador, ao ser disparado, provocava múltiplos cortes na pele, enquanto as ventosas, em consequência de um processo de combustão de álcool que originavam pressões negativas sobre a pele, faziam sangrar os cortes. Foi o que eu entendi. PGCS
(a continuar em: As coletoras de sanguessugas)

quinta-feira, 13 de março de 2014

596 - As bases galênicas das sangrias

As práticas de sangrias eram onipresentes na Inglaterra dos séculos 18 e 19. As pessoas saudáveis ​​e doentes deixavam-se sangrar por indicações medicinais e outras motivações. Para muitos médicos, era o tratamento preferido para inúmeras doenças.
Um médico declarou sobre a sangria
"Limpa a mente, fortalece a memória, limpa o estômago, aquece a medula, aguça a audição, seca as lágrimas, incentiva o raciocínio, desenvolve os sentidos, promove a digestão, produz uma voz musical, dissipa o torpor, afasta a ansiedade, alimenta o sangue e livra-o da matéria venenosa, e traz vida longa ".

A prática em si baseava-se na visão de Galeno sobre o corpo humoral. Galeno postulava que o sangue contendo os quatro humores era produto dos alimentos. Quando consumida, a comida era liquefeita no estômago e ia para o fígado, onde era subsequentemente transformada em sangue. Ocasionalmente, o corpo produzia um excesso de sangue, o que, de acordo com os praticantes galênicos, provocava febres, dores de cabeça e até mesmo apoplexia. Alternativamente, humores nocivos no sangue podiam levar a distúrbios localizados como tumores e inflamações. (1)
Em muitos casos, a sangria era usada para "livrar o corpo do paciente do sangue corrupto". Os médicos, muitas vezes, chamavam os cirurgiões e cirurgiões-barbeiros (2) para fazer sangrias em seus pacientes, pois consideravam a "arte do cortador" como inferior à prática da medicina.
O polo ou rolo de barbeiro, com os trapos ensanguentados amarrados em torno dele, era uma espécie de anúncio de que ali existia um expertise em procedimentos de sangue.
Extraído de: Bloodletting Practices in Early Modern England, The Chirurgeon's Apprentice
Ler também: A History of Barber's Pole, The Chirurgeon's Apprentice 
(a continuar em: Métodos de sangrias)

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

441 - Febre amarela e sangrias

A febre amarela é conhecida por trazer uma coloração amarela característica (icterícia) para a pele e os olhos e por causar "vômitos pretos" relacionados com sangramentos no estômago.
O vírus causal é transmitido por mosquitos infectados, porém, por muito tempo, se acreditou ser uma doença miasmática originária da matéria vegetal em decomposição e das putrefações em geral.


"Nunca antes experimentei tão sublime satisfação como a que eu sinto agora, contemplando o sucesso dos meus tratamentos (sangrias). Graças a Deus, de uma centena de pacientes que eu visitei ou prescrevi no dia de hoje, não perdi nenhum." 

Benjamin Rush