quinta-feira, 28 de maio de 2020

1151 - Joelho, tornozelo e pé

As pessoas muitas vezes confundem as posições do joelho e do tornozelo na maioria dos animais. Consciente disto, o ilustrador Satoshi Kawasaki imaginou o que aconteceria se os pés humanos tivessem seguido o projeto dos esqueletos de três outras espécies.
homem ---------- cão ---------- cavalo ---------- flamingo
http://twitter.com/satoshikawasaki/status/1018135264042971136

quinta-feira, 21 de maio de 2020

1150 - A vacina BCG e o acidente de Lübeck

A vacinação intradérmica com o BCG (Bacilo de Calmetti-Guérin) é uma medida importante no controle da tuberculose. Introduzida em 1921, esta vacina teve uma trajetória tortuosa e controvertida condicionada a diversos fatos, dos quais os mais importantes são:
  • O acidente de Lübeck (Alemanha), em 1930, quando, de 251 crianças vacinadas por via oral, 77 faleceram de tuberculose no primeiro ano e outras desenvolveram processos que se tornaram crónicos. Na verdade, após exaustivas investigações, ficou demonstrado que a vacina usada foi contaminada por germes da tuberculose e as crianças receberam, por engano, emulsões contendo um terço de BCG e dois terços de micobactérias causadoras da tuberculose.
  • Diversos estudos sobre a proteção da vacina, realizados nas décadas de 50 e 60, mostraram uma proteção diferente, variando entre 80 a 0%. A criteriosa análise destes estudos mostrou que as diferenças estavam relacionadas à potência das vacinas usadas (principalmente nas que deram baixa ou nenhuma proteção); a presença nas regiões estudadas de micobactérias não tuberculosas que estimulariam nas pessoas defesas cruzadas com a vacinação BCG; diferenças de técnicas de aplicação da vacina (o uso de injecções intradérmicas é superior ao de aplicações por multipuntura); e erros de metodologia do estudo.
  • Os resultados do estudo em Chingleput, na Índia, em que se comparou a vacina BCG contra "placebo", realizado exatamente para reavaliar as controvérsias anteriores, mostrou uma proteção nula no primeiro relatório, após 7 anos e meio. A última avaliação, entretanto, com 15 anos de observação, revelou fatos inesperados, com uma protecção média de 17%, sendo de 45% nos primeiros 5 anos e de 16% nos 5 anos seguintes entre os vacinados abaixo de 15 anos. A proteção para a população acima de 15 anos continuou a ser nula. A particularidade desta região, além da presença de micobactérias não tuberculosas, é de apresentar uma variedade do bacilo da tuberculose (variedade Sul-Índia), de baixa virulência, que provoca adoecimento tardio, portanto a proteção vacinal observada também deve ser tardia.
Com os estudos acumulados sobre a vacina BCG, podemos afirmar que ela protege o adoecimento imediatamente após a infecção tuberculosa (tuberculose de primo-infecção ou primária), sobretudo as formas graves observadas em crianças, como as formas trnsmitidas e as meningoencefálicas (tuberculose do sistema nervoso central e meninges) e formas extrapulmonares. Este fato fica bem claro quando se compara, no Brasil, os resultados da acentuada queda de notificação de meningite tuberculosa nos primeiros anos de vida nos estados que usavam a vacina logo após o nascimento contra a ocorrência desta forma da doença no Estado do Rio Grande do Sul, que só vacinava as crianças em idade de início da escola. Um recente trabalho retrospectivo realizado no país parece indicar que a vacinação BCG também oferece alguma protecção para os contatantes de tuberculose com bacilos multirresistentes.
O Brasil adota a vacinação BCG como uma das medidas de controle da tuberculose, prioritariamente indicada para as crianças da faixa etária de 0 a 4 anos, sendo obrigatória para os menores de um ano, como dispõe a portaria n.º. 452, de 06/12/76, do Ministério da Saúde (MS). O Ministério da Saúde recomenda vacinar os recém-nascidos, ainda na maternidade, com peso igual ou superior a 2 Kg e sem intercorrências clínicas. Para filhos de mães portadoras de HIV/AIDS, a vacinação deve ser aplicada, desde que não apresentem sintomas da doença e acompanhadas pelas unidade de referência para AIDS. É também recomendada para trabalhadores da saúde com prova tuberculínica negativa, que atendem habitualmente tuberculose e SIDA.
Em conclusão, a vacina BCG tem uma proteção específica e não para todas as formas da tuberculose, de tal sorte que uma pessoa vacinada pode adoecer de tuberculose. Principalmente das formas pós-primárias que aparecem tardiamente, depois da infecção tuberculosa e da própria vacinação, provocada por uma reativação dos bacilos hibernantes no organismo (reativação endógena) ou por uma nova infecção externa com uma carga de bacilos que superem a proteção imunológica da própria vacinação ou da primo-infecção sem adoecimento (reinfecção exógena).
Leitura recomendada
Do acidente de Lubeck ao advento do BCG recombinante com maior poder protetor e polivalente
Autor: José Rosenberg
Pulmão-RJ. Vol 4 - n.º 1; 29 a 46; 1994

quinta-feira, 14 de maio de 2020

1149 - A árvore da morte

Em 1999, a radiologista Nicola Strickland saiu de férias para a ilha caribenha de Tobago, um paraíso tropical com praias desertas e idílicas.
Em sua primeira manhã lá, ela procurou conchas e corais na areia branca, mas suas férias rapidamente deterioraram.
Espalhadas entre os cocos e mangas da praia, Strickland e sua amiga encontraram algumas frutas verdes com cheiro doce que pareciam pequenas maçãs-do-mato.
Ambas decidiram dar uma mordida. Em instantes, o sabor agradavelmente doce foi dominado por uma sensação ardente e um aperto excruciante na garganta que gradualmente ficou tão intenso que elas mal conseguiam deglutir.
Os frutos em questão pertenciam à árvore manchineel (Hippomane mancinella), algumas vezes referida como "maçã da praia" ou "goiaba venenosa". Esta planta é nativa do sul da América do Norte, bem como da América Central, do Caribe e de partes do norte da América do Sul. (*)
A planta tem outro nome em espanhol, arbol de la muerte, que significa "árvore da morte". (*) (*) Segundo o Guinness World Records, é de fato a árvore mais perigosa do mundo.
Conforme explicado pelo Instituto de Ciências Alimentares e Agrícolas da Flórida, todas as partes do manchineel são extremamente venenosas, e "a interação com qualquer parte desta árvore pode ser letal".
Isso ocorre porque a seiva contém uma variedade de toxinas; acredita-se que as reações mais sérias venham do forbol, um composto orgânico que pertence à família de ésteres diterpenos.
Como o forbol é altamente solúvel em água, você nem deve ficar embaixo de um manchineel quando estiver chovendo - as gotas de chuva que carregam a seiva diluída podem queimar gravemente sua pele.
No entanto, carpinteiros caribenhos usam a madeira do manchineel em móveis há séculos, depois de cortá-la cuidadosamente e secar ao sol para neutralizar a seiva venenosa. This Tree Is So Toxic, You Can't Even Stand Under It When It Rains, Science Alert
SIGNE DEAN (21 FEB 2020)
(*) Não ocorre no Brasil
(*) (*) Colombo descreveu seus frutos verdes como "maçãs da morte".

quinta-feira, 7 de maio de 2020

1148 - O que os cientistas aprenderam sobre a COVID-19 e o coronavírus usando dados de navios de cruzeiro?

Dois novos estudos analisando casos da COVID-19 no navio Diamond Princess forneceram novas informações sobre como o vírus se espalha e os sintomas que muitas pessoas experimentam quando infectadas.
O navio foi o local de um dos primeiros grandes surtos do coronavírus SARS-CoV2 fora da China e ficou em quarentena no porto de Yokohama, no Japão, por mais de um mês. Mais de 700 passageiros e tripulantes dos 3.700 a bordo foram infectados depois que um único passageiro de um cruzeiro anterior deu positivo após desembarcar do navio no início de fevereiro. Das 712 pessoas infectadas a bordo, sabe-se que oito morreram até agora, segundo o rastreador de coronavírus da Johns Hopkins e especialistas têm criticado amplamente as abordagens de quarentena e contenção usadas pelo governo japonês.
A nave se tornou um laboratório flutuante para estudar a propagação do coronavírus em espaços confinados e, previsivelmente, os cientistas agora estão usando esses dados para tentar aprender como o vírus se espalha e afeta as pessoas no resto do mundo.
Como Bruce Y. Lee, colaborador da Forbes, explica aqui, os cientistas também foram capazes de estimar que 17,9% das pessoas infectadas no navio não apresentavam sintomas.
O segundo estudo analisou tomografias computadorizadas (TC) de 112 pessoas que haviam contraído a COVID-19 confirmada a bordo do Diamond Princess com idade média de 62 anos, embora as idades variassem de 25 a 93 anos. Das 112 pessoas estudadas, 73% delas não apresentavam sintomas clinicamente óbvios, mas metade delas apresentava alterações detectáveis ​​nos pulmões, indicando algum nível de pneumonia. Das 27% das pessoas que apresentaram sintomas de COVID-19, 4 de 5 pessoas apresentaram achados anormais na TC.
"Investigamos os achados da tomografia computadorizada do tórax em casos da COVID-19 confirmados em laboratório em uma coorte ambientalmente homogênea de passageiros e tripulantes de navios de cruzeiro, comparando as características tomográficas de casos assintomáticos e sintomáticos", disseram os autores do estudo em comunicado. "Notavelmente, encontramos alterações do parênquima pulmonar na TC em até 54% dos casos assintomáticos", acrescentaram.
Os estudos fornecem evidências adicionais de que as pessoas podem estar portando o vírus, mas na verdade não estão visivelmente doentes, um grande problema para conter o surto e mais uma razão para as pessoas praticarem o distanciamento social, mesmo quando não apresentam nenhum sintoma.
http://www.forbes.com/sites/victoriaforster/2020/03/22/what-have-scientists-learned-from-using-cruise-ship-data-to-learn-about-covid-19/#432e85bd406d
http://www.odiariocarioca.com/ultimas-noticias-ciencia-e-ambiente/cientista-israelense-depois-de-analisar-numeros-de-coronavirus-esta-desacelerando/9704632/2020/03/.html