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terça-feira, 19 de janeiro de 2016

820 - Morte e internações de voluntários que participavam de um ensaio clínico na França

Hospital confirmou a morte do voluntário do teste da Biotrial que estava em morte cerebral. Outros cinco continuam internados em situação estável
A Biotrial, criada há 26 anos, explica que compensa os seus voluntários com montantes que variam entre 100 e 4500 euros, o limite anual imposto pela lei francesa para o pagamento deste tipo de voluntariado. É um salário livre de impostos, informa a Biotrial em sua página online.
Em outros países, como Portugal, as leis proíbem quaisquer incentivos ou benefícios financeiros, possibilitando apenas o pagamento do reembolso das pequenas despesas com a alimentação, a locomoção etc.
Em relação aos riscos, a Biotrial afirma que os efeitos secundários das substâncias testadas são muitas vezes conhecidos e referidos aos voluntários. "Se ocorrerem problemas, o teste é imediatamente interrompido", garante.
Não há motivos para suspender ensaios
A ministra da Saúde francesa, Marisol Touraine, afirmou hoje (18) não existir nenhuma razão para parar os ensaios clínicos da empresa farmacêutica na França, apesar da morte de um paciente e do internamento de outras cinco pessoas.
"Não é um grande problema, maciço, sem precedentes na França, precisamos de saber o que aconteceu, mas não há nenhuma razão para se interromper os ensaios clínicos", afirmou Marisol Touraine, questionada pela estação televisiva RTL, um dia após a morte de um voluntário que participou de um ensaio clínico num hospital em Rennes, oeste de França.
Na semana passada, seis voluntários, entre 28 e 49 anos, foram hospitalizados depois de terem participado do ensaio clínico de Fase 1 para a empresa farmacêutica, que testava uma nova molécula com atuação no sistema nervoso central.
Epílogo
"Teste clínico que deu errado prova por que testes clínicos são necessários." ~ André Carvalho

terça-feira, 15 de julho de 2014

637 - Uma nova abordagem ao tratamento das picadas de cobras

Havia uma serpente no Jardim do Éden. Como um símbolo da medicina, há uma cobra enrolada em torno do bastão de Asclépio, o deus grego associado com a cura. "Óleo de cobra" é uma poção sobre a qual se afirma (erroneamente) ter poderes de cura. Cleópatra morreu da picada de uma áspide.
Mas, apesar da notoriedade, as cobras não estão recebendo a atenção que merecem, especialmente quando mordem as pessoas, o que elas fazem com mais frequência do que se suspeita. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que entre 94 mil e 125 mil pessoas morrem a cada ano devido a picadas de cobra, para não falar de 400 mil amputações e de outras consequências graves para a saúde.
Você poderia pensar que, com esses números de vítimas, as picadas de cobra estariam no topo da lista dos problemas de saúde mundiais. Mas eles não estão. Nos EUA, menos de 10 pessoas morrem de mordidas de cobra por ano. Os grandes números estão em áreas rurais da Ásia, África e América do Sul e Central. A OMS considera a mordida de cobra "uma doença tropical negligenciada". Financia e distribui antivenenos, mas não recebe doações importantes e, como consequência, não há muitas pesquisas na área.
Matthew Lewin, um médico emergencista de San Francisco Bay - que mantém uma jiboia em sua casa - decidiu ir à luta. Ele escreveu um artigo no New York Times em que recordou como um pesquisador da Academia de Ciências da Califórnia, mordido por uma krait venenosa há mais de uma década atrás, quando trabalhava no Miammar, morrera por causa do veneno que paralisou sua respiração.
Lewin  acredita que uma das razões para que muitas pessoas morram devido a cobras venenosas é que as vítimas, logo depois da mordida, não conseguem chegar a um hospital, onde podem ser tratadas com antivenenos. Mas, no campo, essas pessoas poderiam ser salvas com uma droga barata chamada neostigmina, que neutraliza temporariamente as neurotoxinas existentes em venenos de cobras.
A neostigmina, facilmente disponível em ambiente hospitalar, é perigosa para ser injetada. Então, Lewin idealizou que essa droga poderia ser administrada, de forma segura e barata, através de um spray nasal.
Mas como testar a ideia?
Na Universidade da Califórnia, Lewin obteve a permissão oficial para experimentar a ideia em alguém. Esse alguém acabou por ser o próprio Lewin. Então, sob supervisão cuidadosa, ele foi injetado com uma substância curarizante, desenvolvendo os sintomas de uma picada neurotóxica de cobra: visão turva, dificuldade em engolir e paralisia muscular que poderia ter impedido sua respiração. Antes que ele fosse longe demais, um dos companheiros administrou a neostigmina, por spray nasal, e Lewin saiu do estupor com entusiasmo: "Funcionou", rugiu ele. Um dos colegas filmou todo o experimento para a divulgação.
Desde então, ele e outros têm publicado artigos que descrevem o spray nasal de neostigmina salvando vidas na selva, onde a morte é muito comum.
Outros pesquisadores, no entanto, dizem que apenas as mordidas de algumas espécies seriam protegidas pela droga, uma vez que muitas cobras injetam outros venenos – que causam sangramento e destruição de tecidos.
Em qualquer caso, Lewin prossegue com o seu projeto, mesmo sem o financiamento de alguma fundação como ele gostaria de obter. Assim, ele espera reduzir esse terrível número de mortes por picadas de cobras que pouco tem despertado interesse no mundo desenvolvido.
VÍDEO