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quinta-feira, 9 de setembro de 2021

1220 - O excesso de óbitos no Brasil durante a atual pandemia

- O excesso de óbitos busca identificar o diferencial do número de óbitos por causas naturais durante a pandemia em comparação com os óbitos esperados para o mesmo período. O acompanhamento deste instrumento complementa a análise da mortalidade nas regiões, permitindo verificar os efeitos de causas diretas e indiretas da Covid-19, bem como apontar indícios de diferenciais de subnotificação dos óbitos por Covid-19 entre as localidades.

- A análise isolada da taxa de mortalidade por Covid-19 se mostra incompleta, por não incorporar os efeitos diretos e indiretos da pandemia, bem como desconsiderar as diferentes capacidades de identificação de óbitos por Covid-19 entre as localidades. O cálculo do Excesso de Óbitos, ao comparar o total de óbitos por causas naturais com o que seria esperado para determinada localidade, leva em consideração as diferenças populacionais de gênero e pirâmide etária, bem como suplanta o problema da subnotificação.

- A metodologia de excesso de óbitos consiste em subtrair de um total de óbitos observado uma quantidade de óbitos estimada para obter uma quantidade de óbitos além do esperado para um período específico. Esta quantidade de óbitos que supera o que seria esperado é denominada de excesso de óbitos.

- Ao se relacionar a quantidade de óbitos em excesso com o total de óbitos esperados tem-se o excesso proporcional de óbitos, uma medida do percentual de óbitos que superou o que já seria esperado.

- Para produzir essa estimativa de óbitos, a Vital Strategies projeta, a partir dos dados do SIM (Sistema de Informação sobre Mortalidade do DATASUS) de 2015 a 2019, um total de óbitos esperados para 2020 e 2021. Os óbitos destes ano têm como fonte os dados do Portal da Transparência do Registro Civil.

- De posse desse número, calcula-se o excesso de óbitos por semana epidemiológica, levando-se em consideração gênero, idade e localidade de óbito:

Excesso de Óbitos = Óbitos observados – Óbitos esperados

Datas consideradas nesta atualização:
- Excesso de Óbitos: 15 de Março de 2020 a 31 de Julho de 2021 (Fonte: Vital Strategies)
- Taxas de Mortalidade: 23 de Agosto de 2021 (Fonte: Ministério da Saúde)

No Brasil
Taxa de Mortalidade por Covid-19 (por 100 mil hab.): 274
Óbitos esperados: 1.688.945
Excesso de Óbitos: 664.543
Óbitos por Covid-19: 556.370
Excesso Proporcional de Óbitos - Acumulado: 39,3%
Excesso Proporcional de Óbitos acumulado por período (2020): 25%
Excesso Proporcional de Óbitos acumulado por período (2021): 60%

Fontes
http://admin-planejamento.rs.gov.br/upload/arquivos/202108/25181623-excesso-de-obitos-rs-2021-08-25.pdf
http://www.conass.org.br/indicadores-de-obitos-por-causas-naturais/

quinta-feira, 31 de agosto de 2017

1007 - A poluição do ar mata 40 mil pessoas por ano no Reino Unido?

Os riscos para a saúde pública decorrentes da má qualidade do ar são considerados semelhantes aos da obesidade no Reino Unido, mas aumentar a conscientização pública sobre esse problema invisível tem sido difícil. Ninguém tem "morte por poluição do ar" registrada na declaração de óbito, dificultando a previsão do número de mortes por ano atribuíveis ao NO2 (dióxido de nitrogênio). Um relatório do Royal College of Physicians sugere que poderia ser em torno de 40 mil óbitos, uma estimativa sujeita a grandes margens de erro (discutidas com mais detalhes pelo estatístico Sir David Spiegelhalter, do WinstonCentre). O cálculo de um número exato não é essencial, pois esses casos extremos provavelmente serão a ponta do iceberg em termos de impactos na saúde e grupos vulneráveis, como crianças ou asmáticos, estão em maior risco.
Os efeitos da exposição a longo prazo a uma má qualidade do ar são notoriamente difíceis de provar e os impactos da exposição cumulativa ou a co-exposição a poluentes múltiplos do ar são amplamente desconhecidos. Os danos de quantificação com base em medidas de exposição podem ser problemáticos, com complicações adicionais decorrentes de diferentes exposições entre regiões, e até mesmo entre indivíduos na mesma rua. No entanto, um workshop realizado na Royal Society reuniu especialistas no campo da qualidade do ar, onde o consenso apoiou que, apesar da incerteza, a evidência existente era suficiente para tomar medidas para reduzir os efeitos negativos da má qualidade do ar.

sexta-feira, 18 de abril de 2014

608 - Morte súbita ao fumar maconha

Relato de casos
Resumo
A toxicidade aguda dos canabinóides é dita ser baixa e há pouca consciência pública sobre os efeitos cardiovasculares potencialmente perigosos da Cannabis sativa (maconha) como, por exemplo, o aumento da frequência cardíaca e/ou da pressão arterial supina. Descrevemos os casos de dois homens jovens saudáveis, que morreram inesperadamente sob a influência aguda dos canabinóides. Para o nosso conhecimento, estes são os primeiros casos de suspeita de intoxicações fatais por maconha, nos quais as investigações post mortem foram completamente conduzidas, incluindo-se a realização de autópsias e de exames toxicológicos, histológicos, imunohistoquímicos e genéticos. Os resultados dos exames são apresentados neste trabalho. Após a exclusão de outras causas de morte, assumimos que os jovens experimentaram complicações cardiovasculares fatais provocadas pelo ato de fumar maconha.
Artigo: Sudden unexpected death under acute influence of cannabis
Revista: Forensic Science International Journal http://www.fsijournal.org/article/S0379-0738(14)00054-1/abstract
Autores: Benno Hartung, Silke Kauferstein, Stefanie Ritz-Timme, Thomas Daldrup

terça-feira, 2 de março de 2010

29 - Poluição atmosférica urbana

A degradação do ar pela poluição influi, de forma negativa, na qualidade de vida dos habitantes das cidades. Em ocasiões, quando principalmente se associa a condições climáticas críticas, pode inclusive assumir aspectos dramáticos. Por aumentar o adoecimento e a mortalidade relacionadas com enfermidades cardiorrespiratórias, naqueles que estão expostos à poluição atmosférica urbana.
Eis os exemplos mais conhecidos:
Em dezembro de 1930, no Vale do Meuse, uma região da Bélgica, onde havia uma grande concentração de indústrias que utilizavam fornos de carvão e gasogênio, em um período de cinco dias sob condições climáticas desfavoráveis para a dispersão dos poluentes atmosféricos, aconteceu um grande aumento de doenças e mortes por patologias respiratórias. Estas últimas se situaram num patamar dez vezes maior em relação ao dos anos anteriores.
Em janeiro de 1931, em Manchester, Inglaterra, durante nove dias de condições climáticas desfavoráveis, morreram 592 pessoas. Um número também muito superior ao da média histórica da cidade.
Em 1948, em Donora, EUA, uma pequena cidade com grande número de siderúrgicas e fábricas de produtos químicos, uma inversão térmica que produziu uma alta concentração de poluentes sobre a cidade, ocasionou sintomas de doenças cardiorrespiratórias na metade da população local. Registraram-se também 20 mortes, durante os seis dias em que aconteceu esse fenômeno de inversão térmica.
Em dezembro de 1952, em Londres, Inglaterra, ocorreu o mais grave episódio de efeitos nocivos da poluição aérea. A queima de grande quantidade de carvão nos lares londrinos, para enfrentar uma onda de frio de cinco dias, associada a uma inversão térmica, produziu localmente uma densa névoa de material particulado e enxofre. E isso ocasionou um aumento de quatro mil mortes, com relação à média de óbitos em períodos semelhantes, sendo a maioria delas em portadores de bronquite crônica, enfisema pulmonar e doença cardíaca.



Publicado em EntreMentes