A pneumocistose é uma infecção oportunista causada pelo fungo unicelular
Pneumocystis jirovecii (antes referido como
Pneumocystis carinii). Acomete, em geral, pessoas imunodeprimidas por AIDS, por alguns cânceres ou pessoas que estão sob algumas medicações que afetam o sistema imune.
Os sintomas da pneumocistose são febre, tosse seca (não produtiva, porque o escarro é muito viscoso para a tosse se tornar produtiva), dispneia, perda ponderal e suores noturnos. Além do pulmão, o fungo pode eventualmente invadir outros orgãos como o figado, o baço e os rins.
Suspeita-se da enfermidade na presença de febre e tosse seca em pacientes imunocomprometidos. Alterações pulmonares na radiografia de tórax, como infiltrados intersticiais difusos, uma desidrogenase lática aumentada no soro e uma hipoxemia mostrada pela gasometria arterial também reforçam a suspeita.
O diagnóstico é confirmado pela identificação do parasita (
imagem) no escarro, em lavado brônquico ou em biopsia do parênquima pulmonar.
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Pneumocystis jirovecii, formerly known as Pneumocystis carinii, is present in this lung impression smear, using Giemsa stain.Pneumocystis jirovecii, is found in the environment, as well as in the lungs of healthy humans and animals, causing disease in immunosuppressed individuals, and is arguably the most important cause of pneumonia in the immunocompromised host.
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O tratamento é realizado com medicamentos específicos que atuam contra o microorganismo, classicamente o co-trimoxazol (trimetoprim-sulfametoxazo). É comum a administração concomitante de corticoterapia para atenuar a reação inflamatória. Outras medicações usadas, quer isoladamente quer combinadas, são a pentamida, a dapsona, a primaquina, a clindamicina, entre outras. O tratamento tem geralmente a duração de 21 dias.
Mesmo com o tratamento a doença tem uma letalidade entre 10 e 30 por cento. Para prevenir a sua recorrência, os doentes com AIDS em que a pneumonia por Pneumocystis foi tratada com êxito usam profilaticamente o co-trimexazol ou a pentadimina em aerossol.
Carta do pneumologista Carlos Alberto de Castro Pereira ao editor do Jornal Brasileiro de Pneumologia
Senhor Editor:
A surpresa está na página 1475 da edição 2004 do Current Medical Diagnosis and Teatment: Pneumocystosis (Pneumocystis jiroveci Pneumonia). Nas considerações gerais o autor do capitulo diz que o Pneumocystis carinii é um fungo que foi encontrado nos pulmões de uma variedade de animais selvagens e domesticados e que o Pneumocystis jiroveci, a espécie que afeta os humanos, é distribuída mundialmente. A fonte citada destas afirmações é um artigo de Stringer Jr e col, publicado em 2002.
Senhor Editor:
P. carinii foi primeiramente descrito em 1909 por Carlos Chagas, que o confundiu com uma forma cística de Trypanosoma cruzi em um cobaio experimentalmente infectado com T. cruzi. Em 1910, o ítalo-brasileiro, Antonio Carini observou cistos semelhantes em ratos com tripanossomíase experimental, mas ele suspeitou que os cistos eram de um agente desconhecido. Ele enviou amostras a seu colega Laveran, do Instituto Pasteur, para exames. Em 1912, os estudantes de Laveran e Delanoe, encontram cistos semelhantes em ratos livres de Trypanossoma e chamaram o novo agente de P.carinii, em homenagem ao pesquisador brasileiro.
Senhor Editor:
P. carinii foi inicialmente associado com pneumonia clínica em humanos logo após a Segunda Guerra Mundial em órfãos europeus desnutridos e submetidos a aglomerações. Daquela época até os anos 80, a pneumonia por P. carinii era incomum, ocorrendo primeiramente em pacientes imunocomprometidos por terapia para o câncer ou deficiências imunológicas congênitas. Sua incidência então subiu acentuadamente, coincidindo com o surgimento da AIDS.
Senhor Editor:
Técnicas elaboradas de biologia molecular na última década, por análise de DNA, demonstraram que o Pneumocystis é um fungo, embora impar, não tendo ergosterol e sendo de difícil crescimento em cultura. Logo após a classificação apropriada do Pneumocystis, estudos adicionais de DNA mostraram que os Pneumocystis de diversas espécies são bastante diferentes, o que levou Frenkel em 1999 a propor o nome P.jiroveci, em homenagem ao parasitologista tcheco Otto Jirovec, a quem o autor credita a descrição do agente em humanos. O artigo de Stringer fortalece a sugestão de Frenkel, e o nome foi adotado por este popular livro de medicina.
Senhor Editor:
Em uma carta à revista onde Stringer e cols sugeriram a mudança de nome, Walter T. Hughes, do Tennesee, questiona esta sugestão, com base em duas afirmações: 1) O arrazoado para a escolha de jiroveci não é convincente. O código Internacional de Nomenclatura Botânica afirma que a nomenclatura de um grupo taxonômico é baseada na prioridade de publicação e; 2) a publicação de Jirovec em 1952 não foi a primeira a relatar a infecção por P.carinii em pulmões humanos, o que foi feito em 1942 por dois investigadores alemães.
Continuemos com Antonio Carini. Lembram da recente discussão Santos Dumont vs irmãos Whight?
CAC Pereira
Jornal Brasileiro de Pneumologia
Print version ISSN 1806-3713
J. bras. pneumol. vol.30 no.1 São Paulo Jan./Feb. 2004
http://dx.doi.org/10.1590/S1806-37132004000100017