quinta-feira, 25 de junho de 2020

1155 - Antecipando o papel da inteligência artificial na avaliação por imagem da DPOC

Para diagnosticar o enfisema (pulmonar) e classificar sua gravidade há mais arte que ciência.
"Todo mundo tem um limiar de gatilho diferente para o que eles chamariam de normal e o que chamariam de doença", diz o Dr. Joseph Schoepf, MD, diretor de imagens da MUSC Health e assistente de pesquisa clínica da Faculdade de Medicina da Universidade de Medicina da Carolina do Sul. "E, até recentemente, exames de pulmões danificados eram um ponto discutível".
No passado, se você perdia tecido pulmonar, era isso. O tecido pulmonar desaparecera e havia muito pouco que você poderia fazer em termos de terapia para ajudar os pacientes. "Mas, com os avanços no tratamento nos últimos anos, aumentou o interesse em classificar objetivamente a doença", afirma Schoepf. É aí que a inteligência artificial e a imagem podem entrar em cena.
Schoepf foi o principal pesquisador em um estudo que analisou os resultados do AI-Rad Companion da Siemens Healthineers em comparação com os testes tradicionais de função pulmonar.
O estudo, publicado on-line no American Journal of Roentgenology, em março, mostrou que o algoritmo do AI-Rad Companion, que examina a tomografia computadorizada do tórax, fornece resultados comparáveis ​​aos testes de função pulmonar, que medem com que força uma pessoa pode expirar. Mostrar que o software de inteligência artificial funciona é o primeiro passo para possivelmente usar exames de tórax para quantificar a gravidade da doença pulmonar e acompanhar os resultados do tratamento.
Philipp Hoelzer, gerente de engajamento de clientes da Siemens Healthineers, diz que uma medição objetiva pode ajudar a avaliar o valor de novos tratamentos ou medicamentos. A equipe da Siemens Healthineers vê o programa como uma maneira de a inteligência artificial trabalhar em conjunto com a experiência clínica dos radiologistas.
"Retirar tarefas manuais e repetitivas, como aquelas que exigem muita medição, é de grande benefício para um radiologista", diz ele. "Contudo, a interpretação das imagens e o pensamento abstrato que a acompanha permanecerão com o radiologista".
O programa também pode oferecer uma ajuda concreta aos médicos que tentam convencer os pacientes da necessidade de adotar mudanças. Ele pode criar um modelo 3D dos pulmões do paciente, mostrando os danos existentes. "Se você pudesse visualizá-lo e fornecer as informações em termos de imagem, poderia se comunicar melhor com o paciente e, com sorte, levar o paciente a parar de fumar ou mudar o estilo de vida", diz Hoelzer.
No estudo, os pesquisadores analisaram os exames de tórax e as funções pulmonares de 141 pessoas. Atualmente, os exames de tórax não fazem parte das diretrizes para o diagnóstico de doença pulmonar obstrutiva crônica, um termo genérico que inclui enfisema, bronquite crônica e outras doenças pulmonares, diz Schoepf, porque não havia um meio objetivo de avaliar os exames.
No entanto, ele antecipa um papel para as imagens, se for possível demonstrar que elas oferecem um benefício em termos de objetividade e quantificação.
Siga lendo:
http://www.news-medical.net/news/20200427/Artificial-intelligence-A-backup-and-excellent-benefit-for-radiologists.aspx
http://twitter.com/SwissCognitive

quinta-feira, 18 de junho de 2020

1154 - Portadores heterozigotos do gene da deficiência da alfa-1 antitripsina - Metanálise

Uma pesquisa por cientistas da Universidade de Bristol revelou que portadores saudáveis ​​de um gene que causa uma doença respiratória rara são mais altos do que a média e apresentam uma maior função pulmonar.
A doença, a deficiência de alfa1-antitripsina (DAAT), pode resultar em uma capacidade pulmonar severamente reduzida devido ao enfisema. É encontrada em cerca de 1 em 2000 pessoas e ocorre quando um indivíduo herda uma cópia defeituosa do gene de ambos os pais.
As descobertas do estudo da Universidade de Bristol ("A Sudy of Common Mendelian Disease Carriers across Ageing British Cohorts: Meta-Analyses Reveal Heterozygosity for Alpha 1-Antitrypsin Deficiency Increases Respiratory Capacity and Height"), publicado no Journal of Medical Genetics, podem ter implicações importantes no treinamento da aptidão física e no tratamento de distúrbios da função pulmonar e da baixa estatura.
Os pesquisadores estudaram o gene DAAT em relação às condições de saúde humana em cerca de 20.000 participantes. Eles descobriram que os portadores da cópia defeituosa do gene DAAT têm uma melhor capacidade respiratória de cerca de 10%. Além disso, em média, os portadores exibem uma altura significativamente maior (de 1,5 cm).
"Nos últimos milhares de anos, o gene da deficiência parece ter sido selecionado positivamente e é encontrado principalmente no norte da Europa, assim como outras variantes genéticas para a maior altura em geral", disse Ian Day, Ph.D., da Faculdade de Medicina Social e Comunitária e um dos autores do estudo. Essas observações em portadores identificam efeitos de vias que podem ser relevantes nos campos da aptidão física e em abordagens terapêuticas para modificar a função pulmonar ou a baixa estatura.
“Nosso estudo sugere que algum tratamento envolvendo a via da alfa1-antitripsina pode ser capaz de fazer importantes modificações de altura nos distúrbios do crescimento. Centenas de diferentes combinações genéticas comuns que influenciam a altura foram identificadas, o que é uma característica altamente hereditária. A mais notável dessas variantes genéticas comuns é o HMGA2, que exerce um efeito de cerca de 0,3 cm na altura. A variante AATD, presente em cerca de 4% da população, exerce um efeito na altura de 1,5 cm. Um tratamento medicamentoso direcionado a esse caminho pode ter um efeito muito maior.
A alfa1-antitripsina já é um agente terapêutico usado para terapia de reposição em indivíduos deficientes que sofrem de doenças respiratórias. Há um efeito oposto do gene da deficiência nos portadores (ou seja, função pulmonar aumentada) em comparação com a deficiência total (ou seja, função pulmonar severamente diminuída). Este efeito oposto pode potencialmente ser usado para aumentar a capacidade respiratória em contextos selecionados de doenças através da imitação terapêutica do status do portador.
https://www.genengnews.com/topics/omics/study-finds-healthy-respiratory-disease-gene-carriers-have-greater-breathing-capacity/

quinta-feira, 11 de junho de 2020

1153 - Alerta para o uso de máscaras em bebês


A Associação Pediátrica do Japão divulgou um panfleto onde explica que as crianças com menos de dois anos não devem usar máscaras. "É possível que as máscaras tornem a respiração de bebês mais difícil", escreve aquela associação médica, citada pela CNN.
Os pediatras explicam que as crianças menores têm vias nasais mais estreitas e as máscaras podem dificultar a respiração, acrescentando esforço para os pulmões. Alertam ainda para o risco de sufocamento se a criança vomitar atrás da máscara.
As crianças menores têm um risco relativamente pequeno de ficarem infectadas com o novo coronavírus, desaconselhando-se então o uso de máscaras.
Via

quinta-feira, 4 de junho de 2020

1152 - De médico a paciente, pela segunda vez!

O médico Daniel Takana, de Parintins-AM, já havia pegado o coronavírus, se curou, voltou para a linha de frente, mas se contaminou outra vez 
"Já supostamente imune ao vírus, após cumprido meu período de isolamento, voltei ao combate na linha de frente.
Confiante, fui fazer meu exame a fim de obter a detecção do IgG, que mostraria que meu organisno estaria recuperado.
Minha decepção ao saber que ainda tinha apenas o IgM positivo.
Ok. Vamos em frente. Não posso aguardar a positivação desse anticorpo em casa. Estava bem. A dor torácica havia passado. Meu pulmão estava 100%. Era hora de enfrentar todos os desafios, pois o Hospital estava lotando e mais e mais pacientes internavam com gravidade importante.
Muitas melhorias no serviço, aparelhos de laboratório novos, capsulas de Hood, gasometria, BIPAPs, protocolos de tratamento de ponta, alinhamento fantástico com a equipe médica, fisioterapia, enfermagem, nutrição, psicologia, administração. O Hospital em harmonia, numa batalha ferrenha para restaurar a saúde de doentes com 30, 50, 70, até 90% do pulmão comprometido. Que orgulho de poder fazer parte de tudo isso. Não tinha tempo para almoçar, dormir tranquilo já era exceção, muitas intubações, passagens de cateteres, pronação de paciente obeso… tudo com muito amor e dedicação.
Eis que dia 23 de maio, sábado, começei a me sentir muito fadigado, não conseguia sair da cama.
Mas obviamente não tinha escolha. Fui trabalhar. Sábado à noite, febre e calafrios. Coriza. No domingo, passei o dia mais difícil durante todo o enfrentamento. Uma série de problemas críticos a serem resolvidos. E um paciente de quase 200 kg para cuidar, estabilizar, para conseguir dar condições de voar até Manaus de Salvo Aéreo. Foi um sucesso. O paciente de 36 anos, que chegou saturando 46%; após intubação foi a 67%. E, após a pronação (colocar o paciente intubado de barriga pra baixo, um sufoco), a saturação foi subindo, e na hora do resgate aéreo, entregamos o paciente com saturação de 96%. Sai acabado do hospital, mas feliz.
Mais uma noite com febre. E, no outro dia, muita dor no peito. Nesse momento, um filme passou pela minha cabeça.
Eu, que havia me isolado de minha familia por 52 dias para protegê -la, poderia estar novamente com COVID? E, ainda fatalmente, a teria contaminado.
Fui realizar exames. Meu IgG teimou em não se mostrar positivo. O IgM mais forte do que nunca. E meu hemograma com leucócitos e plaquetas baixas. Seria uma outra infecção viral? Segunda à noite, mais um paciente grave para intubar. Só eu sei como estava lá, era mais alma do que físico para suportar.
Terça fui para tomografia. E para o meu desespero, lesões agudas compatíveis com COVID, em torno de 15%. Nesse momento não fui forte. Entrei no carro, e desabei. Chorei feito criança. De medo de ficar grave. De raiva, por ter tido tanto cuidado com minha familia e expô la ao vírus. Revolta, por ter que me afastar novamente da direção do hospital, e, principalmente, de ter que sair da linha de frente.
De médico à paciente pela segunda vez.
Conversei com alguns colegas em São Paulo, e me aconselharam a ir para minha cidade natal, para uma investigação mais minuciosa. Não é comum uma reativação como essa. E como fator de complicação, o excesso da minha exposição a altas cargas virais durante procedimentos com pacientes c COVID grave. Refleti. Pensei que se a minha esposa também adoecesse, não teríamos na cidade quem cuidasse de nossa filha. Decidimos dar um jeito de vir para São Paulo.
Me dirigi ao Hospital do Coração, onde fui atendido pela equipe da dra Lotaif, médica conhecida de nossa família. Realizei uma série de exames e, em nova tomografia, o acometimento das lesões no pulmão tinham avançado. Estando em torno de 30%. O exame RT PCR , que pesquisa diretamente o vírus na garganta e nariz deu fortemente POSITIVO. A equipe da infectologia optou então por me internar.
Para invesrigar a fundo o que esta acontecendo e, principalmente, para tentar brecar essa avanço rápido da doença em meus pulmões.
Ainda sinto muito desconforto no tórax, e hoje ainda tenho alguns exames e muitas medicações para tomar.
Eu agradeço todas as manifestações de carinho e apoio.
Saibam que confio muito no trabalho da minha equipe de enfrentamento. Estamos realmente fazendo um trabalho de excelência.
Estou recebendo aqui no H Cor exatamente o mesmo tratamento que fazemos aos nossos pacientes. E ainda temos a grande vantagem de uma equipe de fisioterapia que faz as ventilações não invasivas nas cápsulas de Hood, de maneira fantástica. Sempre protegidos, tanto que nenhum membro da fisioterapia se contaminou.
Deixo aqui meu relato, meu agradecimento ao prefeito Bi Garcia, incansável na luta e no apoio de sua equipe médica, e toda a equipe da SEMSA e dos Hospitais Jofre Cohen e Padre Colombo.
E um agradecimento especial à minha esposa por sempre estar ao meu lado. Em breve retornarei à batalha. Agora chegou a hora de me cuidar. Espero que meu próximo post seja sobre minha alta. Assim será!"
1.° caso no Brasil: médico da linha de frente recebe diagnóstico de reinfecção do coronavírus. Publicado em 30/05/2020 e acessado em 02/06/2020.

quinta-feira, 28 de maio de 2020

1151 - Joelho, tornozelo e pé

As pessoas muitas vezes confundem as posições do joelho e do tornozelo na maioria dos animais. Consciente disto, o ilustrador Satoshi Kawasaki imaginou o que aconteceria se os pés humanos tivessem seguido o projeto dos esqueletos de três outras espécies.
homem ---------- cão ---------- cavalo ---------- flamingo
http://twitter.com/satoshikawasaki/status/1018135264042971136

quinta-feira, 21 de maio de 2020

1150 - A vacina BCG e o acidente de Lübeck

A vacinação intradérmica com o BCG (Bacilo de Calmetti-Guérin) é uma medida importante no controle da tuberculose. Introduzida em 1921, esta vacina teve uma trajetória tortuosa e controvertida condicionada a diversos fatos, dos quais os mais importantes são:
  • O acidente de Lübeck (Alemanha), em 1930, quando, de 251 crianças vacinadas por via oral, 77 faleceram de tuberculose no primeiro ano e outras desenvolveram processos que se tornaram crónicos. Na verdade, após exaustivas investigações, ficou demonstrado que a vacina usada foi contaminada por germes da tuberculose e as crianças receberam, por engano, emulsões contendo um terço de BCG e dois terços de micobactérias causadoras da tuberculose.
  • Diversos estudos sobre a proteção da vacina, realizados nas décadas de 50 e 60, mostraram uma proteção diferente, variando entre 80 a 0%. A criteriosa análise destes estudos mostrou que as diferenças estavam relacionadas à potência das vacinas usadas (principalmente nas que deram baixa ou nenhuma proteção); a presença nas regiões estudadas de micobactérias não tuberculosas que estimulariam nas pessoas defesas cruzadas com a vacinação BCG; diferenças de técnicas de aplicação da vacina (o uso de injecções intradérmicas é superior ao de aplicações por multipuntura); e erros de metodologia do estudo.
  • Os resultados do estudo em Chingleput, na Índia, em que se comparou a vacina BCG contra "placebo", realizado exatamente para reavaliar as controvérsias anteriores, mostrou uma proteção nula no primeiro relatório, após 7 anos e meio. A última avaliação, entretanto, com 15 anos de observação, revelou fatos inesperados, com uma protecção média de 17%, sendo de 45% nos primeiros 5 anos e de 16% nos 5 anos seguintes entre os vacinados abaixo de 15 anos. A proteção para a população acima de 15 anos continuou a ser nula. A particularidade desta região, além da presença de micobactérias não tuberculosas, é de apresentar uma variedade do bacilo da tuberculose (variedade Sul-Índia), de baixa virulência, que provoca adoecimento tardio, portanto a proteção vacinal observada também deve ser tardia.
Com os estudos acumulados sobre a vacina BCG, podemos afirmar que ela protege o adoecimento imediatamente após a infecção tuberculosa (tuberculose de primo-infecção ou primária), sobretudo as formas graves observadas em crianças, como as formas trnsmitidas e as meningoencefálicas (tuberculose do sistema nervoso central e meninges) e formas extrapulmonares. Este fato fica bem claro quando se compara, no Brasil, os resultados da acentuada queda de notificação de meningite tuberculosa nos primeiros anos de vida nos estados que usavam a vacina logo após o nascimento contra a ocorrência desta forma da doença no Estado do Rio Grande do Sul, que só vacinava as crianças em idade de início da escola. Um recente trabalho retrospectivo realizado no país parece indicar que a vacinação BCG também oferece alguma protecção para os contatantes de tuberculose com bacilos multirresistentes.
O Brasil adota a vacinação BCG como uma das medidas de controle da tuberculose, prioritariamente indicada para as crianças da faixa etária de 0 a 4 anos, sendo obrigatória para os menores de um ano, como dispõe a portaria n.º. 452, de 06/12/76, do Ministério da Saúde (MS). O Ministério da Saúde recomenda vacinar os recém-nascidos, ainda na maternidade, com peso igual ou superior a 2 Kg e sem intercorrências clínicas. Para filhos de mães portadoras de HIV/AIDS, a vacinação deve ser aplicada, desde que não apresentem sintomas da doença e acompanhadas pelas unidade de referência para AIDS. É também recomendada para trabalhadores da saúde com prova tuberculínica negativa, que atendem habitualmente tuberculose e SIDA.
Em conclusão, a vacina BCG tem uma proteção específica e não para todas as formas da tuberculose, de tal sorte que uma pessoa vacinada pode adoecer de tuberculose. Principalmente das formas pós-primárias que aparecem tardiamente, depois da infecção tuberculosa e da própria vacinação, provocada por uma reativação dos bacilos hibernantes no organismo (reativação endógena) ou por uma nova infecção externa com uma carga de bacilos que superem a proteção imunológica da própria vacinação ou da primo-infecção sem adoecimento (reinfecção exógena).
Leitura recomendada
Do acidente de Lubeck ao advento do BCG recombinante com maior poder protetor e polivalente
Autor: José Rosenberg
Pulmão-RJ. Vol 4 - n.º 1; 29 a 46; 1994

quinta-feira, 14 de maio de 2020

1149 - A árvore da morte

Em 1999, a radiologista Nicola Strickland saiu de férias para a ilha caribenha de Tobago, um paraíso tropical com praias desertas e idílicas.
Em sua primeira manhã lá, ela procurou conchas e corais na areia branca, mas suas férias rapidamente deterioraram.
Espalhadas entre os cocos e mangas da praia, Strickland e sua amiga encontraram algumas frutas verdes com cheiro doce que pareciam pequenas maçãs-do-mato.
Ambas decidiram dar uma mordida. Em instantes, o sabor agradavelmente doce foi dominado por uma sensação ardente e um aperto excruciante na garganta que gradualmente ficou tão intenso que elas mal conseguiam deglutir.
Os frutos em questão pertenciam à árvore manchineel (Hippomane mancinella), algumas vezes referida como "maçã da praia" ou "goiaba venenosa". Esta planta é nativa do sul da América do Norte, bem como da América Central, do Caribe e de partes do norte da América do Sul. (*)
A planta tem outro nome em espanhol, arbol de la muerte, que significa "árvore da morte". (*) (*) Segundo o Guinness World Records, é de fato a árvore mais perigosa do mundo.
Conforme explicado pelo Instituto de Ciências Alimentares e Agrícolas da Flórida, todas as partes do manchineel são extremamente venenosas, e "a interação com qualquer parte desta árvore pode ser letal".
Isso ocorre porque a seiva contém uma variedade de toxinas; acredita-se que as reações mais sérias venham do forbol, um composto orgânico que pertence à família de ésteres diterpenos.
Como o forbol é altamente solúvel em água, você nem deve ficar embaixo de um manchineel quando estiver chovendo - as gotas de chuva que carregam a seiva diluída podem queimar gravemente sua pele.
No entanto, carpinteiros caribenhos usam a madeira do manchineel em móveis há séculos, depois de cortá-la cuidadosamente e secar ao sol para neutralizar a seiva venenosa. This Tree Is So Toxic, You Can't Even Stand Under It When It Rains, Science Alert
SIGNE DEAN (21 FEB 2020)
(*) Não ocorre no Brasil
(*) (*) Colombo descreveu seus frutos verdes como "maçãs da morte".

quinta-feira, 7 de maio de 2020

1148 - O que os cientistas aprenderam sobre a COVID-19 e o coronavírus usando dados de navios de cruzeiro?

Dois novos estudos analisando casos da COVID-19 no navio Diamond Princess forneceram novas informações sobre como o vírus se espalha e os sintomas que muitas pessoas experimentam quando infectadas.
O navio foi o local de um dos primeiros grandes surtos do coronavírus SARS-CoV2 fora da China e ficou em quarentena no porto de Yokohama, no Japão, por mais de um mês. Mais de 700 passageiros e tripulantes dos 3.700 a bordo foram infectados depois que um único passageiro de um cruzeiro anterior deu positivo após desembarcar do navio no início de fevereiro. Das 712 pessoas infectadas a bordo, sabe-se que oito morreram até agora, segundo o rastreador de coronavírus da Johns Hopkins e especialistas têm criticado amplamente as abordagens de quarentena e contenção usadas pelo governo japonês.
A nave se tornou um laboratório flutuante para estudar a propagação do coronavírus em espaços confinados e, previsivelmente, os cientistas agora estão usando esses dados para tentar aprender como o vírus se espalha e afeta as pessoas no resto do mundo.
Como Bruce Y. Lee, colaborador da Forbes, explica aqui, os cientistas também foram capazes de estimar que 17,9% das pessoas infectadas no navio não apresentavam sintomas.
O segundo estudo analisou tomografias computadorizadas (TC) de 112 pessoas que haviam contraído a COVID-19 confirmada a bordo do Diamond Princess com idade média de 62 anos, embora as idades variassem de 25 a 93 anos. Das 112 pessoas estudadas, 73% delas não apresentavam sintomas clinicamente óbvios, mas metade delas apresentava alterações detectáveis ​​nos pulmões, indicando algum nível de pneumonia. Das 27% das pessoas que apresentaram sintomas de COVID-19, 4 de 5 pessoas apresentaram achados anormais na TC.
"Investigamos os achados da tomografia computadorizada do tórax em casos da COVID-19 confirmados em laboratório em uma coorte ambientalmente homogênea de passageiros e tripulantes de navios de cruzeiro, comparando as características tomográficas de casos assintomáticos e sintomáticos", disseram os autores do estudo em comunicado. "Notavelmente, encontramos alterações do parênquima pulmonar na TC em até 54% dos casos assintomáticos", acrescentaram.
Os estudos fornecem evidências adicionais de que as pessoas podem estar portando o vírus, mas na verdade não estão visivelmente doentes, um grande problema para conter o surto e mais uma razão para as pessoas praticarem o distanciamento social, mesmo quando não apresentam nenhum sintoma.
http://www.forbes.com/sites/victoriaforster/2020/03/22/what-have-scientists-learned-from-using-cruise-ship-data-to-learn-about-covid-19/#432e85bd406d
http://www.odiariocarioca.com/ultimas-noticias-ciencia-e-ambiente/cientista-israelense-depois-de-analisar-numeros-de-coronavirus-esta-desacelerando/9704632/2020/03/.html

quinta-feira, 30 de abril de 2020

1147 - A esperança

Davide Bonazzi é um ilustrador de Bolonha, Itália, que cria imagens interessantes sobre os problemas da atualidade, combinando mídia digital com as texturas de objetos reais para dar às imagens criadas uma aparência característica e única.
Abaixo, você vê uma de suas ilustrações.
The Alzheimer's Hope
Cliente: Tufts Medicine

quinta-feira, 23 de abril de 2020

1146 - Não há sinais de que o coronavírus foi criado em laboratório

"Ao comparar os dados disponíveis da sequência do genoma para cepas conhecidas de outros coronavírus, pudemos determinar firmemente que o SARS-CoV-2 se originou a partir de processos naturais." ~  Kristian Andersen [1]
A Organização Mundial da Saúde (OMS) voltou a afirmar que todas as evidências disponíveis sugerem que o novo coronavírus se originou em animais na China no final do ano passado e não foi manipulado ou produzido em laboratório. A declaração foi dada pela porta-voz da OMS Fadela Chaib, em entrevista coletiva em Genebra.
Na semana passada, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse que seu governo está investigando se o coronavírus teve origem em um laboratório na cidade chinesa de Wuhan, onde a pandemia começou, em dezembro de 2019. A declaração deu origem a uma onda de notícias falsas.
"Muitos pesquisadores conseguiram analisar as características genéticas do vírus e não encontraram indicações que apoiem a ideia de que o vírus foi fabricado em laboratório", explicou Chaib à agência de notícias Efe. "Estamos lutando todos os dias não apenas contra a pandemia, mas também contra a infodemia [epidemia de informações falsas]", acrescentou.
Mais uma vez, a OMS esclareceu que o reservatório natural do vírus Sars-Cov-2 era um morcego [2] e que, a partir de um hospedeiro intermediário, o vírus chegou aos humanos.
Ainda não está claro, porém, qual foi esse hospedeiro e como a barreira das espécies foi derrubada. Algumas hipóteses apontam que esse intermediário seria o pangolim, um mamífero fortemente traficado, mas os cientistas ainda não concluíram as investigações a esse respeito e ainda não há uma resposta conclusiva.

O pangolim (ao lado, imagem do animal em posição defensiva) chegou a ser o principal suspeito, mas não o único, de ter sido o hospedeiro intermediário na transmissão do vírus SARS-CoV-2 para humanos na província de Wuhan, China originando a pandemia do COVID-19.[3] A hipótese inicial perdeu "momentum" com a constatação de que o sequenciamento genético do vírus presente nos pangolins demonstrou uma similaridade de apenas 90.3% do DNA em comparação ao vírus observado em humanos, sendo essa porcentagem insuficiente (um valor de 99.8% é necessário para estabelecer um vínculo definitivo entre as mutações). 
WIKI

Questionada se o vírus pode ter escapado inadvertidamente de um laboratório, Chaib não respondeu. O Instituto de Virologia de Wuhan rejeitou os rumores de que sintetizou o vírus ou permitiu que ele escapasse.
Tudo começou em Wuhan
A China notificou a Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre uma misteriosa pneumonia em Wuhan, de cerca de 11 milhões de habitantes. Especialistas de todo o mundo começaram a tentar identificar o agente causador. Supõe-se que ele tenha se originado num mercado de frutos do mar na cidade, que logo foi fechado. Inicialmente foi comunicado que havia cerca de 40 pessoas infectadas. (31/12/2019)
[1] http://blogdopg.blogspot.com/2020/04/a-origem-proxima-do-novo-coronavirus.html
[2] http://blogdopg.blogspot.com/2020/01/cobras-morcegos-e-o-coronavirus-chines.html

quinta-feira, 16 de abril de 2020

1145 - A biodiversidade altera as estratégias de evolução bacteriana

O contexto é tudo
No parágrafo final de "Sobre a origem das espécies", Charles Darwin instou os leitores a "contemplar um banco emaranhado, vestido com muitas plantas de vários tipos, com pássaros cantando nos arbustos, com vários insetos voando e com vermes rastejando pela terra úmida".
"Essas plantas, pássaros, insetos e vermes, continuou ele, evoluíram como evoluíram devido à complexa rede de fatores ecológicos em que foram incorporados. Se a temperatura estivesse mais quente, a água mais ácida ou uma certa espécie de grama ausente, um “banco emaranhado” muito diferente poderia ter evoluído.
Os pesquisadores geralmente tentam provocar os efeitos evolutivos dos fatores ambientais, um por um. Mas a biodiversidade total de um ambiente - a totalidade do próprio banco emaranhado - também pode ser uma influência crucial na evolução de uma espécie.
Recentemente, um artigo publicado na Nature descobriu que, quando uma espécie bacteriana reside em uma comunidade ecológica muito simples - que inclui apenas alguns outros tipos de micróbios -, ela desenvolve estratégias de defesa muito diferentes contra um vírus bacteriófago predatório do que quando é deixada sozinha com o fago. A pesquisa "está expandindo essas idéias para o contexto do microbioma, onde as bactérias existem ao lado de muitas outras espécies", disse Michael Brockhurst , biólogo evolucionário da Universidade de Sheffield, na Inglaterra, que não participou do estudo.
A descoberta não apenas eleva o valor da biodiversidade como um fator evolutivo por si só, mas sugere que algumas conclusões anteriores sobre os comportamentos e capacidades dos microrganismos, extraídas de estudos de laboratório de espécies isoladas, podem ser seriamente incompletas. Também soa como uma nota de cautela sobre algumas estratégias contempladas para vencer a resistência a drogas em bactérias.
Um vírus bacteriófago (laranja) na superfície de uma célula bacteriana.
Momentos antes, o vírus injetou seu DNA na bactéria para infectá-la.
Continue lendo este artigo de Jordana Cepelwicz, publicado em 06/01/2020 na Quanta magazine.

NEW POST
O banco emaranhado de Darwin em verso
https://blogs.plos.org/biologue/2012/12/05/darwins-tangled-bank-in-verse/

quinta-feira, 9 de abril de 2020

1144 - Escalpelamento pelo kart




No dia 11 de agosto de 2019, Débora, 19, foi com seu namorado, Eduardo Tumajan, a sogra e a enteada andar de kart em uma pista que fica no estacionamento do supermercado Walmart, na região de Boa Viagem, no Recife. Era a primeira vez para eles, que seguiram os procedimentos de segurança e, animados, tiraram fotos dos preparativos.
 Débora e Eduardo, numa foto tirada poucos minutos antes do acidente no carro.
Mas o passeio terminou em tragédia quando o cabelo de Débora se soltou da touca que usava por baixo do capacete, prendeu na corrente do motor e foi puxado, levando junto seu couro cabeludo . Seu crânio ficou exposto das sobrancelhas até quase a nuca.
Nessa situação é de se esperar que as consequências também sejam graves. Débora já passou por mais de 20 cirurgias e vai enfrentar mais incontáveis procedimentos cirúrgicos, pelos próximos dois a seis anos. Seu cabelo nunca mais vai crescer.
Fonte: Último Segundo - iG @ https://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/2019-12-05/a-fome-me-preparou-para-a-dor-diz-jovem-que-perdeu-couro-cabeludo-em-kart.html
208 - Escalpelamentos na Amazônia
541 - Campanha Nacional de Combate ao Escalpelamento

quinta-feira, 2 de abril de 2020

1143 - No oculista





- e agora?
- melhorou
- e agora?
- piorou
- e agora?
- mesma coisa
- e agora?
- melhorou
- mas eu nem mexi em nada

arquivo
196 - Piada de oculista
896 - Precisando de oculista

quinta-feira, 26 de março de 2020

1142 - Relevância comparativa entre aptidão física e adiposidade na expectativa de vida

Um estudo observacional do Biobank do Reino Unido
Francesco Zaccardi, MD, PhD;  Melanie J. Davies, MD; Kamlesh Khunti, MD, PhD; Tom Yates, PhD
DOI: https://doi.org/10.1016/j.mayocp.2018.10.029
RESUMO
Objetivo
Investigar até que ponto duas medidas de condicionamento físico - ritmo de caminhada e força de preensão manual - estão associadas à expectativa de vida em diferentes níveis de adiposidade, pois ainda é debatida a importância relativa do condicionamento físico e adiposidade nos resultados de saúde.
Pacientes e métodos
Ritmo habitual de caminhada (auto-definido como lento, constante / médio, acelerado), força de preensão manual avaliada pelo dinamômetro, índice de massa corporal (IMC), circunferência da cintura e percentual de gordura corporal determinados na linha de base no estudo prospectivo de coorte do Biobank do Reino Unido (março 13 de junho de 2006 a 31 de janeiro de 2016). A expectativa de vida foi estimada aos 45 anos de idade.
Resultados
A idade mediana e o IMC dos 474.919 participantes incluídos nesta análise foram 58,2 anos e 26,7 kg / m2 , respectivamente; durante um acompanhamento médio de 6,97 anos, ocorreram 12.823 mortes. Os participantes que relataram ritmo acelerado de caminhada tiveram maiores expectativas de vida em todos os níveis de IMC, variando de 86,7 a 87,8 anos em mulheres e 85,2 a 86,8 anos em homens. Por outro lado, os indivíduos que relataram ritmo lento de caminhada tiveram menor expectativa de vida, sendo o menor observado em caminhantes lentos com IMC menor que 20 kg / m2 (mulheres: 72,4 anos; homens: 64,8 anos). Diferenças menores e menos consistentes na expectativa de vida foram observadas entre os participantes com alta e baixa força de preensão manual, principalmente em mulheres. O mesmo padrão de resultados foi observado para a circunferência da cintura ou o percentual de gordura corporal.
Conclusão
Verificou-se que os caminhantes acelerados tinham uma expectativa de vida mais longa, constante em diferentes níveis e índices de adiposidade. Esses achados podem ajudar a esclarecer a importância relativa da aptidão física e da adiposidade na mortalidade.
Abreviações e Acrônimos:
IMC (índice de massa corporal), IC (intervalo de confiança), FC (razão de risco), IQR (intervalo interquartil), NHS (Serviço Nacional de Saúde)
"Em outras palavras, os resultados sugerem que, talvez, a aptidão física seja um indicador melhor da expectativa de vida do que o índice de massa corporal (IMC), e que incentivar as pessoas a caminhar com mais vigor possa adicionar anos às suas vidas." (Tom Yates)

quinta-feira, 19 de março de 2020

1141 - O desafio das autoridades sanitárias diante da pandemia de Covid-19

"Uma doença não precisa ser a pior de todos os tempos para produzir o pior cenário de todos os tempos. Basta impor ônus adicionais aos recursos de saúde superiores à capacidade desses recursos." ~ David von Drehle, colunista do Washington Post
Dias atrás, o biólogo Carl Bergstrom tuitou elogios enfáticos a um gráfico. Publicado pela jornalista visual Rosamund Pearce na revista The Economist, depois modificado pelo especialista em saúde pública Drew Harris com base em recomendações de 2017 dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDCs) para a epidemia de gripe, ele traduz com perfeição o desafio das autoridades sanitárias diante da pandemia de Covid-19, a doença provocada pelo novo coronavírus. Explica, numa imagem simples e de fácil compreensão, o sentido da expressão mais importante para enfrentá-lo: "achatar a curva".
O erro mais frequente cometido por quem desdenha a pandemia é chamar a atenção para a proporção aparentemente baixa de mortos (3,5% do infectados), para a alta quantidade de casos leves (mais de 80%) e para a gravidade reduzida, a não ser em grupos de risco específicos (como idosos, diabéticos e doentes do coração). O crucial não é a gravidade da doença em si, mas a capacidade de dar atenção a todos os infectados no momento em que eles precisam. Quanto mais as infecções são adiadas, quanto mais se "achata" a curva de contágio ao longo do tempo, menor a pressão sobre o sistema de saúde, maior a probabilidade de que ele dê conta da epidemia no pico. Quando o vírus se espalha rápido, não há leitos, máscaras, tomógrafos, respiradores e outros equipamentos para quem precisa.
A resposta pode ser resumida em duas palavras: testes e isolamento. Cientistas desenvolveram um método que afirmam levar apenas 10 minutos para fornecer o resultado. Assim que um paciente com o vírus é descoberto, passa imediatamente a ficar confinado. Cada indivíduo também deve fazer sua parte: lavar as mãos, evitar aglomerações e contatos desnecessários, só sair de casa quando essencial. Não porque pegar a doença seja necessariamente grave, mas porque, assim, evitará se transformar numa fonte de contágio para aqueles que realmente correm risco maior.
Fonte: G1
Principais medidas, segundo o epidemiologista Abraar Karan:
  1. ampliar a capacidade de teste para identificar os infectados;
  2. usar hospitais apenas para tratar os casos mais graves, mantendo os demais isolados noutras instalações;
  3. rastrear todos os contatos dos infectados;
  4. proibir aglomerações;
  5. restringir movimentos apenas quando o vírus se disseminou por uma região.
Notas relacionadas:
Cobras, morcegos e o coronavírus chinês (blog EM)
1134 - Alerta Coronavírus
1139 - COVID-19 faz diminuir a poluição atmosférica na China

quinta-feira, 5 de março de 2020

1139 - COVID-19 faz diminuir a poluição atmosférica na China

De acordo com o Observatório da Terra da NASA e a Estação Espacial Internacional (ISS, em inglês), os níveis de dióxido de nitrogênio (NO₂) diminuíram drasticamente nas últimas semanas, coincidindo com o fechamento de fábricas devido ao coronavírus (COVID-19). Além das fábricas que geralmente operam com combustíveis fósseis, em muitas cidades como Wuhan o tráfego também foi suspenso.
Apenas um efeito semelhante a este é conhecido: quando a crise econômica de 2008 começou, embora nesse caso tenha sido mais gradual e não tão repentina quanto agora.

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020

1138 - O direito do paciente hospitalar a ter acompanhante

Uma compilação das leis e portaria no Brasil sobre o direito dos pacientes internados a terem acompanhantes:
Estatuto da Criança e do Adolescente
LEI Nº 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990
Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade.
Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se excepcionalmente este Estatuto às pessoas entre dezoito e vinte e um anos de idade.
Art. 8 É assegurado a todas as mulheres o acesso aos programas e às políticas de saúde da mulher e de planejamento reprodutivo e, às gestantes, nutrição adequada, atenção humanizada à gravidez, ao parto e ao puerpério e atendimento pré-natal, perinatal e pós-natal integral no âmbito do Sistema Único de Saúde.
§ 6º A gestante e a parturiente têm direito a 1 (um) acompanhante de sua preferência durante o período do pré-natal, do trabalho de parto e do pós-parto imediato. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
Art. 12. Os estabelecimentos de atendimento à saúde, inclusive as unidades neonatais, de terapia intensiva e de cuidados intermediários, deverão proporcionar condições para a permanência em tempo integral de um dos pais ou responsável, nos casos de internação de criança ou adolescente.
Estatuto do Idoso
LEI No 10.741, DE 1º DE OUTUBRO DE 2003
Art. 1º É instituído o Estatuto do Idoso, destinado a regular os direitos assegurados às pessoas com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos.
Art. 16. Ao idoso internado ou em observação é assegurado o direito a acompanhante, devendo o órgão de saúde proporcionar as condições adequadas para a sua permanência em tempo integral, segundo o critério médico.
Parágrafo único. Caberá ao profissional de saúde responsável pelo tratamento conceder autorização para o acompanhamento do idoso ou, no caso de impossibilidade, justificá-la por escrito.
Lei para garantir às parturientes a presença de acompanhante
LEI Nº 11.108, DE 7 DE ABRIL DE 2005
Art. 19-J. Os serviços de saúde do Sistema Único de Saúde - SUS, da rede própria ou conveniada, ficam obrigados a permitir a presença, junto à parturiente, de 1 (um) acompanhante durante todo o período de trabalho de parto, parto e pós-parto imediato.
 § 1º O acompanhante de que trata o caput deste artigo será indicado pela parturiente.
 § 2º As ações destinadas a viabilizar o pleno exercício dos direitos de que trata este artigo constarão do regulamento da lei, a ser elaborado pelo órgão competente do Poder Executivo.
Estatuto da Pessoa com Deficiência
LEI Nº 13.146, DE 6 DE JULHO DE 2015
Art. 22. À pessoa com deficiência internada ou em observação é assegurado o direito a acompanhante ou a atendente pessoal, devendo o órgão ou a instituição de saúde proporcionar condições adequadas para sua permanência em tempo integral.
§ 1º Na impossibilidade de permanência do acompanhante ou do atendente pessoal junto à pessoa com deficiência, cabe ao profissional de saúde responsável pelo tratamento justificá-la por escrito.
§ 2º Na ocorrência da impossibilidade prevista no § 1º deste artigo, o órgão ou a instituição de saúde deve adotar as providências cabíveis para suprir a ausência do acompanhante ou do atendente pessoal.
Sobre os direitos e deveres dos usuários da saúde
PORTARIA nº1.820, DE 13 DE AGOSTO DE 2009
Art. 4º Toda pessoa tem direito ao atendimento humanizado e acolhedor, realizado por profissionais qualificados, em ambiente limpo, confortável e acessível a todos.
Parágrafo único. É direito da pessoa, na rede de serviços de saúde, ter atendimento humanizado, acolhedor, livre de qualquer discriminação, restrição ou negação em virtude de idade, raça, cor, etnia, religião, orientação sexual, identidade de gênero, condições econômicas ou sociais, estado de saúde, de anomalia, patologia ou deficiência, garantindo-lhe:
VI - o direito a acompanhante, nos casos de internação, nos casos previstos em lei, assim como naqueles em que a autonomia da pessoa estiver comprometida.

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

1137 - O entulho do empirismo

Trinta anos atrás, uma senhora que sofria de reumatismo me contou ter sido tratada com óleo de rícino(*). Duas vezes por semana, ela ia ao consultório, e o médico perguntava: "Hoje a senhora prefere o vermelho ou o alaranjado?". Vermelha era a cor no pote que continha óleo de rícino com groselha; no outro, o óleo vinha misturado com essência de laranja, para disfarçar o gosto insuportável do purgativo.
Até aí, nenhuma novidade; em tantos anos de profissão, já vi os tratamentos mais estapafúrdios prescritos tanto por médicos tradicionais como pela autodenominada medicina alternativa; o curioso, nesse caso, é que a receita vinha de um renomado professor universitário, autor de um tratado de clínica médica adotado em várias faculdades. E, mais desconcertante: a senhora estava convencida de que, graças à ação do famigerado óleo, as dores entravam em períodos de acalmia.
Óleo de rícino é dotado de atividade antirreumática? É muito pouco provável que seja, mas a medicina daquele tempo oferecia poucos recursos e não era baseada em evidências experimentais. Os médicos adotavam condutas e receitavam remédios com base em teorias jamais comprovadas cientificamente ou de acordo com ideias pré-concebidas e experiências pessoais.
Parte expressiva desse entulho do empirismo ainda se acotovela nas prateleiras das farmácias sob o rótulo de protetores do fígado, fortificantes, revitalizadores, complexos vitamínicos e de mirabolantes associações de panaceias que apregoam, no rádio e na TV, curar males tão diversos quanto falta de memória, fraqueza, irregularidades menstruais, gripes e doenças do fígado.
Extraído do artigo Óleo de rícino, do Dr. Drauzio Varella
(*) Este óleo vem das sementes da mamona. Uma única semente, pela ricina que contém, pode matar um homem adulto. O processo de extração remove esta substância tóxica.

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020

1136 - Sangria – usando aves de rapina


A sangria terapêutica foi uma das práticas médicas mais comuns realizadas por cirurgiões da antiguidade até o final do século 19 – isto é, por mais de 2.000 anos. Na ausência de outros tratamentos para hipertensão, a sangria era um método popular para acalmar temporariamente os pacientes e fazer com que se sentissem melhor.
A primeira sangria registrada em um tsar foi realizada em Mikhaíl Fiodorovitch (1596-1645), o primeiro Romanov. Seu filho, Aleksêi da Rússia (1629-1676) era um ávido caçador com falcões, tanto é que a ave foi usada para realizar a sangria: um falcão foi colocado no braço do tsar e "abriu a corrente sanguínea" com uma bicada.
Aleksêi exigia que seus boiardos passassem por sangria junto com ele. O viajante alemão Augustin Meyerberg descreveu quando, certa vez, o nobre Rodion Strechnev (já velho e fraco) tentou recusar o procedimento. Aleksêi deu então um tapa na cara dele e chutou seu traseiro, gritando: "Escravo sem valor, está tomando seu soberano por nada? Será que seu sangue é mais digno do que o meu?".
Depois dessa, Strechnev estendeu o braço.
Arquivo
🔻 441 - Febre amarela e sangrias 🔻 532 - O barbeiro-cirurgião 🔻 596 - As bases galênicas das sangrias 🔻 597 - Métodos de sangria 🔻 598 - As coletoras de sanguessugas 🔻 952 - Depósito de bichas

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2020

1135 - Síndrome metabólica

O termo síndrome metabólica descreve um conjunto de fatores de risco que se manifestam num indivíduo e aumentam as chances de desenvolver doenças cardíacas, derrames e diabetes. A síndrome metabólica tem como base a resistência à ação da insulina (hormônio responsável pelo metabolismo da glicose), daí também ser conhecida como síndrome de resistência à insulina. Isto é: a insulina age menos nos tecidos, obrigando o pâncreas a produzir mais insulina e elevando o seu nível no sangue. Alguns fatores contribuem para o seu aparecimento: os genéticos, excesso de peso (principalmente na região abdominal) e a ausência de atividade física.
A síndrome metabólica é uma doença da civilização moderna, associada à obesidade, como resultado da alimentação inadequada e do sedentarismo.
Fatores de risco:
  • grande quantidade de gordura abdominal: em homens, cintura com mais de 102 cm e nas mulheres, maior que 88 cm;
  • baixo HDL ("bom colesterol"): em homens, menos que 40mg/dl e nas mulheres menos do que 50mg/dl;
  • triglicerídeos elevados (nível de gordura no sangue): 150mg/dl ou superior;
  • pressão sanguínea alta: 135/85 mmHg ou superior ou se está utilizando algum medicamento para reduzir a pressão;
  • glicose elevada: 110mg/dl ou superior.
Ter três ou mais dos fatores acima é um sinal da presença da resistência insulínica. Esta resistência significa que mais insulina do que a quantidade normal está sendo necessária para manter o organismo funcionando e a glicose em níveis normais.
A maioria das pessoas que tem a síndrome metabólica sente-se bem e não tem sintomas. Entretanto, elas estão na faixa de risco para o desenvolvimento de doenças graves, como as cardiovasculares e o diabetes.
Tratamento:
O aumento da atividade física e a perda de peso são as melhores formas de tratamento, mas pode ser necessário o uso de medicamentos para tratar os fatores de risco. Entre eles estão os chamados "sensibilizadores da insulina", que ajudam a baixar a açúcar no sangue, os medicamentos para pressão alta e os para baixar a gordura no sangue.
Se você identificou em seu organismo alguns dos fatores, descritos acima, procure um profissional. O endocrinologista é o especialista em hormônios e metabolismo, que pode fazer o diagnóstico, o tratamento e o acompanhamento mais adequado se você tiver a síndrome.
Prevenção:
Perder peso e praticar alguma atividade física são as melhores formas de prevenir e tratar a síndrome metabólica. Detectar o problema pode reduzir o aparecimento de futuras doenças cardíacas. Além disso, você terá tempo de mudar seu estilo de vida, evitando o desenvolvimento de diversas complicações.
BSV/MS
==============================================================================================================================
Adoçantes naturais
Frutose: é extraído de frutas e do mel, é mais doce que o açúcar e é altamente calórico. Não é indicado para pacientes com diabetes porque eleva os níveis de açúcar no sangue e ainda pode refletir em aumento de peso.
Sorbitol: extraído de algas marinhas e de algumas frutas, como ameixa e maçã, ele é bastante utilizado na produção de biscoitos e chicletes. Possui valor calórico, uma pessoa diabética deveria evitar esse tipo de adoçante.
Adoçantes artificiais
Sacarina: é produzida a partir do ácido toluenossulfônico, que é derivado do petróleo. Apesar de deixar um sabor amargo e metálico, ela não possui calorias e pode ser usada por diabéticos. É contraindicada para pacientes hipertensos por conta do sódio na composição.
Ciclamato de sódio: é sintetizada a partir de outro derivado do petróleo, o hexano sulfâmico, não possui calorias e é indicado para diabéticos. Também por conta do sódio, como a sacarina, é contraindicado para hipertensos. É usado ainda na produção de refrigerantes zero, além de adoçantes. Estudos apontam que essa substância pode causar câncer e tumores. Por conta disso, seu consumo é proibido em alguns países, como Japão, França e EUA.
Sucralose: é extraído da cana de açúcar e modificado para não ser absorvido pelo nosso organismo. O seu sabor é bem parecido com o do açúcar, não contém calorias, não altera a glicemia e, portanto, seu uso é indicado para diabéticos.
http://pt.quora.com/A-sucralose-aumenta-a-insulina
Aspartame: seu poder adoçante é 200 vezes maior que do açúcar, não possui calorias, sendo permitido para diabéticos.
Stevia: Stevia é um adoçante natural composto por glicosídeo de esteviol, não possui calorias e adoça 300 vezes mais que o açúcar comum. Pode ser facilmente encontrado em mercados e lojas de produtos naturais em gotas ou pó. Esse tipo de adoçante auxilia no emagrecimento e ajuda no controle da diabetes.
Xilitol: Esse tipo de doçante é derivado da xilose, um monossacarídeo encontrado em frutas e legumes. O xilitol comercializado é extraído de milho ou casa da bétula, sendo 40% menos calórico que o açúcar comum, é uma ótima opção para quem procura um adoçante pouco calórico. Diabéticos podem utilizar o xilitol sob orientação médica.

quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

1134 - Alerta Coronavírus


Tenha em conta o seguinte:
  • Se você esteve em países ou zonas em que foram detectado casos 
  • Ou teve contato com pessoas que apresentem estes sintomas

Comunique às autoridades de saúde.

Leia: Cobras, morcegos e o coronavírus chinês

quinta-feira, 23 de janeiro de 2020

1133 - Doença pulmonar associada ao uso de cigarros eletrônicos

Médicos devem notificar suspeita desta doença 
Uma doença pulmonar grave e misteriosa, que já provocou pelo menos 26 mortes e acometeu quase 1,3 mil pessoas nos Estados Unidos, está chamando a atenção também no Brasil para os riscos do cigarro eletrônico. Apesar da comercialização, importação e propaganda de todos os dispositivos eletrônicos para fumar (DEFs) serem proibidas no País, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que monitora o uso irregular do dispositivo, aponta o seu uso como provável causa desses óbitos norte-americanos já confirmados.
Preocupada em prevenir uma crise de saúde, como a que vem ocorrendo nos Estados Unidos, a Anvisa solicitou o apoio do Conselho Federal de Medicina (CFM) para emissão de um alerta aos médicos. A Agência quer que estejam atentos e relatem quaisquer suspeitas de problemas relacionados ao uso de cigarros eletrônicos. O pedido foi enviado também a 252 instituições que compõem a chamada Rede Sentinela e que notificam problemas e eventos adversos relacionados à saúde.
CONFIRA AQUI o alerta da Anvisa sobre cigarros eletrônicos.
A Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT) também emitiu alerta direcionado aos pneumologistas sobre a Doença Pulmonar Severa relacionada ao uso de DEFs. A orientação é para que os médicos, ao atenderem pacientes com sintomas de doenças pulmonares com etiologia desconhecida, promovam “investigação de uma possível correlação com o uso de cigarros eletrônicos, obtendo-se o maior número possível de informações sobre o produto, frequência e forma de uso”.
Além da identificação e tratamento imediato do paciente, os casos suspeitos devem ser notificados à Anvisa através do site http://portal.anvisa.gov.br/tabaco/cigarro-eletronico/notificacoes
Desafio brasileiro – Embora o combate ao tabagismo no Brasil tenha conquistas expressivas ao longo das últimas décadas, os cigarros eletrônicos têm se apresentado como um dos novos desafios neste contexto. Foi com essa preocupação que o CFM promoveu o Fórum sobre Tabagismo, em setembro. Na oportunidade, um dos principais pesquisadores e ativistas do movimento mundial pelo controle do tabaco, Stanton Glantz, afirmou que os cigarros eletrônicos são tão perigosos quanto os cigarros normais.
O norte-americano esclareceu que os cigarros eletrônicos têm um perfil de risco diferente, devido à forma como o aerossol entrega ou administra a nicotina nos usuários, mas todas as indicações dizem que paradas cardíacas, infartos do miocárdio e problemas pulmonares são até mais perigosos que os causados pelo cigarro tradicional.
CONFIRA AQUI a entrevista completa com Stanton Glantz.
Proibido no Brasil – Criado em 2003 na China, o cigarro eletrônico (e-cigarro) é proibido no Brasil pela Agência Nacional de Vigilância em Saúde (Anvisa), desde 2009. Seus dispositivos mais comuns utilizam desde um cartucho que contém nicotina, aromatizantes ou extrato de tabaco a uma mistura líquida com variáveis concentrações de nicotina que é injetada no dispositivo.
Após ligar o dispositivo, o fumante de e-cigarro ao aspirar ao fluxo de ar gerado aciona um sensor provocando o aquecimento do líquido do refil, liberando-se a nicotina e outras substâncias presentes na solução, por meio de um aerossol. Além da semelhança entre o dispositivo e um cigarro convencional, até o vapor tem ingredientes para simular a tradicional “fumaça”.
Segundo o presidente do CFM, Mauro Ribeiro, ao longo dos últimos 60 anos inúmeros estudos e análises estatísticas regionais e internacionais vêm fornecendo evidências consistentes sobre fumar e seus malefícios à saúde. “A indústria do tabaco, no entanto, te, tentado repetir estratégias fracassadas, de décadas passadas, ao introduzir produtos com promessa de menor dano ou até inofensivos para a saúde”, pontuou.
352v- A moda do cigarro eletrônico
632 - As conclusões da AHA sobreos cigarros eletrônicos

quinta-feira, 16 de janeiro de 2020

1132 - A rede imunossensorial-imunológica

  • Células que "provam" o perigo desencadeiam respostas imunológicas.
  • Receptores de paladar e olfato em órgãos inesperados monitoram o estado da saúde microbiana natural do corpo e disparam um alarme contra parasitas invasores.
  • Células com receptores gustativos se desenvolvem em pulmões de animais infectados com influenza. Ao "provar" a presença de certos patógenos, essas células podem atuar como sentinelas do sistema imunológico.
Quando o imunologista De'Broski Herbert, da Universidade da Pensilvânia, examinou profundamente os pulmões de ratos infectados com influenza, ele pensou que estava vendo coisas. Ele encontrou uma célula de aparência estranha que estava repleta de receptores para o sabor. Ele lembrou que parecia uma célula de tufo - um tipo de célula mais frequentemente associado ao revestimento do intestino. Mas o que uma célula coberta com receptores gustativos estaria fazendo nos pulmões? E por que ela aparecia apenas em resposta a um ataque severo de influenza?
Herbert não estava sozinho em sua perplexidade com esse misterioso e pouco estudado grupo de células que apareciam em lugares inesperados, desde o timo (uma pequena glândula no peito onde as células T que combatem patógenos amadurecem) até o pâncreas. Os cientistas estão apenas começando a entendê-las, mas está gradualmente se tornando claro que as células de tufos são um importante centro para as defesas do corpo, precisamente porque elas podem se comunicar com o sistema imunológico e outros conjuntos de tecidos e porque seus receptores gustativos permitem identificar ameaças que ainda são invisíveis para outras células imunológicas.
Pesquisadores de todo o mundo estão traçando as raízes evolutivas antigas que os receptores olfativos e palatáveis ​​(coletivamente chamados receptores quimiossensoriais) compartilham com o sistema imunológico. Uma enxurrada de trabalho nos últimos anos mostra que seus caminhos se cruzam com muito mais frequência do que se previa e que essa rede imunossensorial-imunológica desempenha um papel não apenas na infecção, mas também no câncer e em outras doenças.
Esse sistema, diz Richard Locksley, imunologista da Universidade da Califórnia, em San Francisco, ajuda a direcionar uma resposta sistemática a possíveis perigos em todo o corpo. Uma pesquisa focada nas interações da célula de tufo poderia oferecer um vislumbre de como os sistemas orgânicos funcionam juntos. Ele descreve as perspectivas do que poderia vir dos estudos desses receptores e células como "empolgantes", mas alerta que "ainda estamos nos primeiros dias" para descobrir isso.
Ler o texto completo em: Cells That "Taste" Danger Set Off Immune Responses, em Quanta Magazine

quinta-feira, 9 de janeiro de 2020

1131 - Kane Tanaka e os supercentenários




05/01/2020
Terra - Kane Tanaka ampliou seu recorde como a pessoa mais velha do mundo ao comemorar seu aniversário de 117 anos em um lar de idosos em Fukuoka, no sul do Japão. Ela é a 1.ª da lista atual das cem pessoas mais velhas do mundo (95 mulheres e 5 homens) que foram verificadas como vivas pela Wikipédia.
A Wikipedia lista 100 "supercentenários verificados", ou seja, pessoas que vivem há pelo menos 110 anos. A grande maioria das quais, nascidas no início do século 20. O Brasil tem dois nomes na relação. E a lista não inclui pessoas que afirmam ter a idade de 110 anos ou mais, porém que não apresentam provas documentadas.
Para ser considerado um "supercentenário verificado", este deve ter a idade validada por um organismo internacional que trata especificamente da pesquisa de longevidade, como o Gerontology Research Group. A verificação geralmente requer que pelo menos três documentos contenham a mesma data de nascimento.

quinta-feira, 2 de janeiro de 2020

1130 - O coito visto por ressonância magnética

"Sexo em uma ressonância magnética: o artigo mais visto no BMJ", após 20 anos
19 de dezembro de 2019
Um editor do British Medical Journal (BMJ) nos disse, há alguns anos, que um artigo específico do BMJ, publicado em 1999, tem - desde o momento em que o artigo recebeu um prêmio Ig Nobel no ano 2000 - atraído consistentemente mais visitantes da web - muitos, muito mais - do que tudo - qualquer coisa - publicado na história do BMJ.
Tudo publicado no BMJ, desde 1840, está acessível no site do BMJ.
E o 20.º aniversário da publicação desse trabalho está sendo comemorado em todo o mundo, assim como no próprio BMJ:
Este Natal marca o 20º aniversário da publicação "Ressonância magnética dos órgãos genitais masculinos e femininos durante o coito e a excitação sexual feminina". Por que se tornou um dos artigos do BMJ mais baixados de todos os tempos?
O BMJ recebeu o prêmio, em 2000, com um ensaio que começa:
O BMJ colheu novos louros na semana passada, quando seu artigo sobre imagens de órgãos genitais masculinos e femininos durante o coito, publicado na edição de Natal do ano passado, ganhou o prêmio de medicina na premiação anual Ig Nobel, na Harvard University (BMJ 1999; 319: 1596 -600).
Autores: Willibrord Weijmar Schultz, professor associado de ginecologia, Pek van Andel, fisiologista, Ida Sabelis, antropóloga, Eduard Mooyaart, radiologista
P.S.
O jornalista médico francês Marc Gozlan lembra também que "o artigo mais visto na história do British Medical Journal" levou à criação do que se tornou "O vídeo médico mais visto no mundo".

sexta-feira, 27 de dezembro de 2019

1129 - O Homem com o Braço de Ouro

James Christopher Harrison, nascido em 27 de dezembro de 1936, também conhecido como "The Man with the Golden Arm" (O Homem com o Braço de Ouro), é um doador de plasma sanguíneo da Austrália, cuja composição incomum de plasma foi usada para tratar a doença de Rhesus.
Aos 14 anos, ele foi submetido a uma grande cirurgia torácica em que necessitou de muitas transfusões de sangue. Após a cirurgia, ele ficou no hospital por três meses. Percebendo que o sangue salvara sua vida, ele prometeu que começaria a doar sangue assim que completasse 18 anos, a idade então permitida para isso.
Harrison começou a doar em 1954 e, após as primeiras doações, descobriu-se que seu sangue continha anticorpos invulgarmente fortes e persistentes contra o antígeno RhD. A descoberta desses anticorpos levou ao desenvolvimento de produtos à base de imunoglobulina para prevenir a doença hemolítica do recém-nascido (DHRN). Esses produtos, que contêm um alto nível de anticorpos anti-D, são administrados a mães RhD negativas de bebês com RhD positivo ou desconhecido, durante e após a gravidez, para impedir a criação de anticorpos contra o sangue de crianças com RhD positivo. Essa sensibilização ao antígeno e o subsequente fenômeno de incompatibilidade causam a doença de Rhesus, a forma mais comum de DHRN.
Como o plasma sanguíneo, em contraste com o sangue, pode ser doado uma vez a cada 2 semanas, ele conseguiu atingir sua 1.000.ª doação em maio de 2011. Isso resultou em uma média de uma doação a cada três semanas durante 57 anos. Comentando seu feito, ele disse: "Eu poderia dizer que é um registro que eu espero ser quebrado, porque se o fizerem, eles doaram mil doações".
imagem: http://twitter.com/Rainmaker1973/status/1203721129682182145
Em 11 de maio de 2018, ele fez sua 1.173.ª doação de plasma - a última, pois a política de saúde australiana proíbe as doações daqueles com 81 anos. Através de suas doações de plasma, Harrison ajudou a impedir que milhares de crianças morressem de DHRN. Essa singularidade foi considerada tão importante, que sua vida foi segurada por um milhão de dólares, e a pesquisa a seguir, com base em suas doações, criou a imunoglobulina anti-D comercialmente conhecida como RhoGAM.
Estima-se que suas doações ajudaram a salvar mais de 2,4 milhões de bebês, incluindo sua própria filha Tracey, por meio das mulheres grávidas que foram tratadas com seus anticorpos. WIKI

quinta-feira, 19 de dezembro de 2019

1128 - Obsessão por batom e urina vermelha

Estudo de caso
Uma mulher de 28 anos apresentou-se à clínica de nefrologia com uma história de 5 dias de eliminação de urina de cor vermelha (Figura 1a) sem dor no flanco, disuria, rigidez ou calafrios. Ela negou qualquer história de exposição recente a medicamentos, ingestão de beterraba ou agentes corantes em alimentos. No exame, a única característica notável foi seu batom vermelho brilhante (Figura 1b). Seu hemograma, creatinina sérica, função hepática e exames de urina eram normais. Sua cultura de urina era estéril. Em outro interrogatório clínico, ela revelou que aplicava o batom 20 a 25 vezes por dia e estava achando difícil superar essa obsessão.
💄Felizmente, a paciente se recuperou completamente - depois de se abster do uso (excessivo) de batom.
Veja: Lipstick obsession and red urine, in Kidney International (o jornal oficial da sociedade internacional de nefrologia), julho de 2018, volume 94, número 1, página 223.
https://doi.org/10.1016/j.kint.2017.11.030

quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

1127 - O último sopro de vida

Leitor! Faça seu tempo enquanto pode 
Mas caminhe para sua eternidade. 
Aos 36 anos, Paul Kalanithi foi diagnosticado com um câncer incurável. Neurocirurgião brilhante, de repente se viu diante de uma cruel inversão de papéis: num dia era o médico tratando de pacientes com problemas graves, no outro era o paciente lutando pela própria sobrevivência. "O último sopro de vida" narra a trajetória de Paul ao longo do tratamento - a descoberta da doença, a esperança de uma possível remissão, a incerteza quanto ao futuro, a decisão de se tornar pai, a consciência do fim, a angústia de se despedir da vida antes da hora. Sua narrativa é honesta, pungente. Mas, ao mesmo tempo, poética e delicada. Amante da literatura e da filosofia, Paul desde sempre buscou entender a relação entre a vida e a morte, a identidade e a consciência, a ética e a virtude. Seus questionamentos profundos encontram eco em nossas próprias reflexões: afinal, o que faz a vida valer a pena? Paul morreu em março de 2015. Deixou como legado uma filha de oito meses e o manuscrito inacabado deste livro. Quem escreveu as páginas finais e encaminhou o texto para publicação foi sua esposa, Lucy, atendendo ao último desejo do marido.

quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

1126 - Imprecisões cirúrgicas

1
– Relaxe-se. É só uma pequena cirurgia. Não entre em pânico, Davi.
– Mas, doutor, meu nome nome não é esse.
– Sei. Davi sou eu.
2
– Doutor, entendo que vocês médicos se vistam de branco. Mas por que essa luz tão forte?
– Meu filho, eu sou São Pedro.

quinta-feira, 28 de novembro de 2019

1125 - Vírus Ebola: de 90% de mortalidade a 90% de cura

Recentemente, tive a oportunidade de visitar o Micropia, o único museu do mundo - pelo menos, segundo eles - dedicado a micróbios. Uma de suas seções é dedicada a algumas das doenças que eles causam. E um dos microorganismos incluídos nesta seção é o vírus Ebola, que causa uma terrível febre hemorrágica.
O texto, que acompanha a escultura em vidro de Luke Jerram que o representa, diz (os negritos são meus):
O Ebola é uma doença viral aterrorizante para a qual ainda não há cura. Em cerca de 90% dos casos, o Ebola tem um resultado fatal. Embora a doença seja muito contagiosa, as vítimas morrem tão rapidamente que, geralmente, há pouco tempo para infectar muitas outras. É por isso que a propagação do vírus é limitada. 
A Micropia foi inaugurada em 30 de setembro de 2014, tendo sido o texto preparado um pouco antes. Mas, quando visitei o museu - menos de cinco anos após sua inauguração - o texto havia se tornado obsoleto. Porque novos tratamentos com anticorpos monoclonais já obtêm até 90% de cura se forem aplicados a tempo.
Extraído de: Virus del ébola: de un 90% de mortalidad a un 90% de curaciones, por @Wicho. In: Microsiervos

quinta-feira, 21 de novembro de 2019

1124 - II Fórum de Bioética

Evento destinado a médicos e estudantes de Medicina.
Organização: CREMEC e Cátedra de Bioética da UNESCO em Fortaleza
22 de novembro de 2019

quinta-feira, 14 de novembro de 2019

1123 - Nenhum menino nasceu nesta vila polonesa por 10 anos

Craig Anderson (*)
A pequena vila polonesa de Miejsce Odrzanskie se tornou a fonte improvável de atenção da mídia internacional nas últimas quinzenas, como resultado do que o New York Times chamou de "uma estranha anomalia populacional".
Já faz quase uma década desde que o último garoto nasceu neste local, com os 12 bebês mais recentes sendo todos meninas. O prefeito da região é citado no artigo dizendo que houve "interesse científico" - presumivelmente de geneticistas - em explorar o que levou a essa sequência incomum.
Ele também discute alguns conselhos flagrantemente não científicos que a cidade recebeu sobre como conceber meninos, desde a mudança na dieta das mães até a "manutenção de um machado embaixo da cama conjugal".
Mas a sugestão mais prosaica mencionada no artigo também é de longe a mais provável - que é apenas uma coincidência estatística.
Então, como isso pode ser possível? Assim como um sorteio, um nascimento tem dois resultados igualmente prováveis ​​- e, portanto, a probabilidade de um bebê ser menina é ½.
Também podemos assumir que cada nascimento individual pode ser considerado independente do anterior - a primeira mãe que tem uma filha não torna mais ou menos provável que a segunda mãe tenha uma menina.
Portanto, a probabilidade de ter duas meninas seguidas é ½ x ½ = (½). 2 = ¼. Por extensão, podemos ver que a probabilidade de 12 meninas consecutivas nascerem em Miejsce Odrzanskie é (½).12 = 1/4096.
Isoladamente, isso parece extremamente improvável - se você soubesse que havia uma chance em 4.000 de chover amanhã, provavelmente não se importaria com o seu guarda-chuva.
No entanto, é importante lembrar que essas probabilidades estão relacionadas à pergunta muito específica: "Qual é a probabilidade de haver 12 meninas consecutivas nascidas em Miejsce Odrzanskie?".
Não há nada de especial nesta cidade na Polônia - ainda haveria notícias internacionais se a mesma coisa tivesse acontecido em uma vila na Lituânia ou na Hungria. Da mesma forma, ainda seria digno de nota se fossem 12 meninos consecutivos em vez de meninas.
Se mudarmos a pergunta para: "Qual é a probabilidade dos últimos 12 filhos nascidos em alguma cidade em algum lugar do mundo serem do mesmo sexo?" então vemos uma história completamente diferente.
O banco de dados GeoNames é um banco de dados on-line que contém detalhes de todas as cidades do mundo, com uma população de mais de 500 pessoas, e sugere que existem pouco menos de 200.000 dessas cidades em todo o planeta.
Com base nisso, esperávamos aproximadamente 50 cidades do mundo com 12 meninas consecutivas (1/4096 x 200.000) e outras 50 com 12 meninos consecutivos. Portanto, embora essa série de garotas pareça um evento estranho e único para o povo de Miejsce Odrzanskie, na verdade existem provavelmente cerca de 99 outros lugares no mundo onde algo semelhante está acontecendo agora.
Parte da razão pela qual o caso Miejsce Odrzanskie pode ter capturado tanta atenção está na escala de tempo envolvida.
É uma vila muito pequena, com apenas 272 pessoas, com uma taxa de natalidade de pouco mais de uma por ano. Isso significa que essa série de 12 meninas se estende por quase uma década, o que atraiu tanta atenção.
Em comparação, havia 6.852 bebês nascidos aqui em Glasgow em 2017 , o que corresponde a cerca de 19 por dia.
Se tivéssemos 12 meninas nascidas em uma fileira aqui, é improvável que alguém notasse, já que na verdade haveria vários meninos nascidos no mesmo dia, assim como no dia anterior e no dia seguinte.
(*) Craig Anderson é professor de Estatística na Universidade de Glasgow. Esta nota foi extraída do artigo No Boys Have Been Born in This Polish Village For 10 Years. Here's What's Going On, publicado em ScienceAlert .

quinta-feira, 7 de novembro de 2019

1122 - Criptosporidiose: a propagação é evitável

Recentemente, o Centers for Disease Control and Prevention (CDC) publicou um relatório sobre as tendências dos últimos surtos causados pelo Crypto, mais conhecido formalmente como Cryptosporidium. Durante o período 2009-2017, foram notificados 444 surtos desse parasita nos Estados Unidos, resultando em 7.465 casos de criptosporidiose, dos quais 285 exigiram hospitalização e 1 terminou em morte. A cada ano, o aumento de surtos é de cerca de 13%.
 Assim como muitos outros agentes infecciosos que atacam o sistema digestivo, o Crypto causa diarréia aquosa que pode durar até três semanas, além de cólicas estomacais, vômitos e desidratação. Enquanto a maioria das pessoas supera a experiência desagradável sem grandes consequências e até mesmo algumas não percebem seus sintomas, a doença pode ser fatal naqueles indivíduos com o sistema imunológico enfraquecido.
O Cryptosporidium é um dos patógenos entéricos muito comuns no mundo. Pode ser adquirido através do manuseio de gado, em hospitais, viveiros ou através do contato direto com pessoas infectadas. Mas, de acordo com o CDC, a principal fonte de infecção, que cobre 35% do total de surtos, são piscinas públicas.
Você pode atribuir os surtos a essas piscinas com manutenção deficiente, mas o Crypto pode resistir a ambientes tratados com cloro por vários dias. E apenas um germe é suficiente para alguém acabar doente. Mas neste caso, como em muitos outros, o verdadeiro culpado não é esse germe, é o ser humano.
Dito isto, é muito provável que tenha havido casos de criptosporidiose e outras doenças causadas por banhistas adultos, que deveriam saber que nunca se deve entrar em uma piscina enquanto estiver com diarreia. Então, se você ou seus filhos tiverem diarréia, não entrem na piscina . Aguardem pelo menos duas semanas após a última evacuação diarréica para fazê-lo.
A propósito, não faz mal fazer esta última recomendação: tente não engolir água da piscina.
Fontes:
Cryptosporidiosis Outbreaks — United States, 2009–2017, CDC
Grandes Medíos

quinta-feira, 31 de outubro de 2019

1121 - Talco e preocupações com asbesto

A Johnson &Johnson anunciou um recall nos Estados Unidos de seu popular Johnson's Baby Powder devido a baixos níveis de contaminação por asbesto (amianto). O recall, que é limitado a um lote do talco comercializado nos Estados Unidos, vem em resposta a um teste da Food and Drug Administration dos EUA que encontrou níveis de contaminação por amianto crisotila em uma amostra.
A empresa observou que os níveis encontrados não eram superiores a 0,00002% e que, nesta fase inicial de sua investigação sobre o assunto, não pode confirmar se ocorreu contaminação cruzada ou se o o produto testado é autêntico. A J&J "iniciou imediatamente uma investigação rigorosa e completa sobre esse assunto e está trabalhando com a FDA para determinar a integridade da amostra testada e a validade dos resultados dos testes".
A empresa "possui um rigoroso padrão de testes para garantir que o talco seja seguro e anos de testes, incluindo os testes do próprio FDA em ocasiões anteriores - e recentemente no mês passado - não encontraram asbesto. Milhares de testes nos últimos anos 40 anos confirmam repetidamente que nossos produtos de talco para consumo não contêm amianto".
O talco e o amianto são minerais naturais que podem ser encontrados em locais próximos. Ao contrário do talco, o amianto é um agente cancerígeno conhecido. Existe o potencial de contaminação do talco com o asbesto e, portanto, é importante selecionar o talco a ser utilizado.
Um relatório da Reuters, publicado no ano passado, disse que a empresa está ciente há décadas da presença de amianto em seu talco para bebês, mas não divulgou essa informação.
Processos foram movidos contra a empresa nos Estados Unidos, alegando que o amianto no pó de talco causa câncer. Alguns desses casos obtiveram sentenças contra a J&J com indenizações multimilionárias para os demandantes.

quinta-feira, 24 de outubro de 2019

1120 - Origens e desafios dos profissionais de saúde do século XXI

Reunião da Academia Cearense de Medicina
Conferencista: Dr. Marcelo Alcântara Holanda
Fortaleza-CE, 09/10/2019
Vídeo 1
YouTuber: Dra. Ana Margarida Arruda Rosemberg
Vídeo 2
YouTuber: Dra. Ana Margarida Arruda Rosemberg
Marcelo Alcântara é Superintendente da Escola de Saúde Pública Paulo Marcelo Martins Rodrigues Sobrinho e Professor Associado de Medicina Intensiva e Pneumologia da Universidade Federal do Ceará

sexta-feira, 18 de outubro de 2019

1119 - Doutores Saratudo e House

"Ah, viesse aquele tempo em que tempo não há
Para nos levar do nosso para os tempos de lá." 
Paul Fleming, médico e poeta

Ambulância do Dr. Saratudo (Blog EM)


Feliz Dia para Todos!
(inclusive para o senhor, Dr. House)

quinta-feira, 3 de outubro de 2019

1117 - A Seção de Documentação Científica do Hospital de Messejana

Período 1965-1977
No início de 1965, em uma sala situada no pavimento térreo do recentemente reformado Pavilhão Central, foi instalada a Seção de Documentação Científica (SDC), para dar continuidade aos trabalhos do Serviço de Arquivo Médico e Estatística (SAME) do então Sanatório de Messejana.
Chefes da SDC:
Dr. Abner Cavalcante Brasil
Dr. Francisco Sampaio de Oliveira
Dr. Amaury Teófilo Brasil
Dr. Abner Cavalcante Brasil (2.ª vez)
Depois dos trabalhos realizados pelo Dr. Pope Figueiredo, no Sanatório Santa Maria, da Prefeitura do Rio de Janeiro, e publicados em revistas especializadas, o Sanatório de Messejana passou a usar um sistema de fichas de dados exclusivamente direcionados à tuberculose. Essas fichas eram chamadas de cartões McBee.[link]
Na última gestão deste período, uma parte dos prontuários foi transformada em slides pelo fotógrafo Milton Nascimento, ao tempo que se planejou uma futura microfilmagem.
Fonte: "Sanatório de Messejana: uma história a ser contada", do tisiopneumologista Dr. Carlos Alberto Studart Gomes que, por 39 anos, dirigiu esta instituição. [link]
Período 1978-1994
Chefe da SDC: Dr. Paulo Gurgel Carlos da Silva
Em 1977, quando cheguei ao Hospital de Messejana, então dirigido pelo Dr. Carlos Alberto Studart Gomes, a SDC ocupava a casa que, no período dessa instituição como Sanatório, fora o local de repouso dos médicos plantonistas.
Designado pelo Dr. Carlos Studart para auxiliar o Dr. Abner Brasil na SDC, com o afastamento do colega Abner para exercer o cargo de Secretário de Saúde do Piauí, em 1998, assumi a chefia da Seção.
Como estava previsto, iniciou-se, através da firma Gustavo Silva, a execução da microfilmagem de alguns lotes de prontuários do Hospital de Messejana. Contando com a anuência do Dr. Carlos Studart, decidi que, inicialmente, seriam microfilmados os prontuários: 1) de pacientes falecidos; 2) de antigos pacientes que não tinham retornado para atendimento no Hospital de Messejana, nos últimos cinco anos. Máquinas leitoras foram instaladas em vários pontos do Hospital de Messejana e uma máquina copiadora permaneceu à disposição dos interessados na SDC.
A experiência com a microfilmagem de prontuários e radiografias, que não vinha alcançando bons resultados, foi encerrada alguns anos após por falta de recursos financeiros com esta destinação.
Crescendo o problema da falta de espaço para o arquivamento da documentação médica, optei por implantar o prontuário de ambulatório, o qual tinha a vantagem de apresentar dimensões reduzidas. Este modelo de prontuário era exclusivamente utilizado no atendimento de pacientes externos que não haviam passado por alguma internação no Hospital de Messejana.
Adiante, houve a necessidade de construir uma SDC mais ampla. Durante a administração do Dr. Jorge Matos, que sucedeu a Dr. Carlos Studart, um  novo prédio foi construído, em comunicação com as Unidades de Pacientes Externos e de Emergência. Tivemos alguma dificuldade para torná-lo aceitável pelos funcionários do setor, pois a climatização não constava do projeto.
Por determinação da Administração Central do INPS, passamos a usar na SDC, em substituição aos cartões McBee, as fichas de Médico Assistente, Diagnóstico, Operação e Óbito para coletar os dados dos pacientes que recebiam alta hospitalar.
Finalmente, entramos na era de processamento de dados. Havia um computador CP 500, que se encontrava ocioso no Centro Cirúrgico, e para o qual o anestesiologista Henrique Torres, a nosso pedido montou o programa CID para receber os dados da Classificação Internacional de Doenças..
Foi pela Documentação Científica que, de fato, o processamento de dados entrou no Hospital de Messejana. Com a chegada do funcionário Haroldo de Castro Araújo, em 1989, quando a SDC já reunia uma estrutura mais adequada na área da informática, diversos programas foram implantados.
Ressalte-se que alguns deles, trinta anos depois, ainda continuam sendo operacionais.
A partir de 1990, quando esta instituição passou a integrar a rede de hospitais da Secretaria de Saúde do Ceará, a SDC, em parceria com o setor de Contas Médicas e a assessoria da firma Hospidados, foram responsáveis pela implantação no Hospital de Messejana da AIH - Autorização de Internação Hospitalar.
Em 1992, a SDC teve o nome mudado para Centro de Arquivo Médico e Estatística (CAME) pela SESA-CE.
Período 1995-2019
Chefes da SDC:
Dr. Abelardo Soares de Aguiar  [link]
Dr. Leandro Cruz Demétrio de Souza
Dra. Ana Lúcia Araújo Nocrato
Em 20/09/2019, atendendo a um convite da colega Ana Lúcia Araújo Nocrato, visitei a Unidade de Documentação Científica (UNDOC, nome atual da SDC). Uma oportunidade para rever antigos funcionários do setor, como o Marcos Aurélio, o João Soares e o José Marcelo, e conhecer os novos funcionários. Haroldo Araújo, que atualmente é o chefe das Contas Médicas, foi lá para me abraçar. E fui conduzido para uma sessão de fotos próximo a uma placa lisonjeira.
Foto: vejo-me, entre Marcos Aurélio e Ana Nocrato, coordenadores administrativo e médico da UNDOC - Unidade de Documentação Científica
Percorrendo as instalações pude observar algumas mudanças: a abertura de uma saída de emergência (indispensável em situação de incêndio) com a porta dando para uma rampa; modernas estantes com seções móveis para os prontuários, em substituição às fixas que antes existiam, e a criação de um jardim (de onde veio o capim santo para o chá que me foi servido com sequilhos).
Fui informado de que o arquivamento de uma grande parte dos prontuários encontra-se terceirizado (fora do Hospital). Numa prova de que um arquivo de documentos hospitalares está sempre a enfrentar o problema da falta de espaço para o cumprimento de sua missão.
Auxiliares (que trabalharam comigo):
Eronita, Leda, Antônio Medeiros, Antônio Serpa, Tarcísio, Erialdo, Clécio, Helena, Francisco Tertulino (Chiquinho), Fco. José (MS), Ana, Malveira, Haroldo de Castro Araújo (programador, chefe das Contas), Lúcia de Fátima (Farm.), Pedro, Dilma Bastos (Enf.ª, nora de Zivaldo) [link], Regina Cleide Ximenes (Enf.ª), Evandro (analista de sistema), João Soares, Marcos Aurélio, Eduardina (Dudu), Leônia Solon. Fizeram o curso superior enquanto trabalhavam na SDC: Lúcia (Farmácia), Dilma (Enfermagem) e Regina (Enfermagem).