sexta-feira, 29 de junho de 2012

391 - Agrotóxicos

Utilizados no combate às pragas, doenças e plantas invasoras, os defensivos agrícolas (agrotóxicos) podem causar danos a saúde e ao meio ambiente.
Os especialistas recomendam uma série de cuidados com esses produtos, o que vai desde a compra, passando pela utilização, até o descarte das embalagens vazias.
Na hora da compra, por exemplo, é preciso levar um receituário agronômico e o produto deve ter registro na agência estadual de defesa sanitária animal e vegetal. O transporte deve ser feito em um compartimento separado do motorista, já o armazenamento precisa seguir as normas da ABNT. Produtos com vazamentos, vencidos ou com embalagens deterioradas, devem ser devolvidos ao fabricante. O uso de equipamento de proteção individual (EPI) é obrigatório para quem vai diluir ou aplicar os defensivos, o que inclui calças, jalecos, botas, respiradores, bonés e luvas. As embalagens vazias não podem ser reaproveitadas. O destino são as unidades de recolhimento ou, em alguns casos, a devolução para o fabricante.

terça-feira, 26 de junho de 2012

390 - Risoterapia

http://chb.blogourt.fr/537090/Rigolotherapie/ 
legenda em português por PGCS

sábado, 23 de junho de 2012

389 - Atomic Energy Lab



Era o nome deste brinquedo da década de 1950. Com este kit a criança podia realizar "mais de 150 excitantes experiências" na área da energia atômica. Incluía: fontes emissoras de raios alfa, beta e gama, um contador Geiger, um guia sobre "como fazer prospecção de urânio" e outros apetrechos para brincar com a radiação.
Não incluía: qualquer proteção, nem qualquer advertência contra os possíveis perigos da radiação.

Não está mais no catálogo do fabricante.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

388 - Portal: Saúde Baseada em Evidências

Criado pelo Ministério da Saúde em parceria com a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes/MEC), o Portal Saúde Baseada em Evidências reitera o compromisso do governo brasileiro de aprimorar o exercício dos trabalhadores da saúde democratizando as condições de acesso, nas suas áreas de atuação, a conteúdos cientificamente fundamentados na perspectiva de melhor atender à população.
Objetivo Fornecer acesso rápido ao conhecimento científico por meio de publicações atuais e sistematicamente revisadas. As informações, providas de evidências científicas, são utilizadas para apoiar a prática clínica, como também a tomada de decisão para a gestão em saúde e qualificação do cuidado, auxiliando assim os profissionais da saúde.
Público-Alvo Os conteúdos estão disponíveis para os profissionais de saúde vinculados ao respectivo Conselho Profissional. Terão acesso à pesquisa os profissionais das áreas de Biologia, Biomedicina, Educação Física, Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia e Terapia Ocupacional, Fonoaudiologia, Medicina, Medicina Veterinária, Nutrição, Odontologia, Psicologia e Serviço Social.
Como acessar Os profissionais de saúde realizam a pesquisa por meio de qualquer computador conectado a internet. Para acessar o conteúdo disponível, é necessário digitar o endereço http://mbe.periodicos.capes.gov.br ou entrar em um dos sites habilitados - do conselho profissional ao qual está vinculado, da Capes, do Portal de Periódicos ou do Ministério da Saúde - e localizar o banner "Saúde Baseada em Evidências". Depois, basta escolher a base de dados para iniciar a pesquisa.
Suporte A equipe do Portal de Periódicos realiza o suporte aos usuários. Os profissionais podem solicitar informações pelo e-mail periodicos@capes.gov.br.

domingo, 17 de junho de 2012

387 - Placebo: agradarei

Placebo (da primeira pessoa do singular no futuro do indicativo do verbo latino placere, significando literalmente "agradarei") é um tratamento inerte, que pode ser na forma de um fármaco, e que apresenta efeitos terapêuticos devido aos efeitos fisiológicos da crença do paciente de que está sendo tratado. Medicamentos com princípios ativos também podem ter algum efeito placebo, apresentando efeitos terapêuticos diferentes do esperado.


144 - O placebo: agradando demais?
292 - O efeito placebo 2.0

quinta-feira, 14 de junho de 2012

386 - Um fumódromo no futuro

Uma concepção futurística do site My[confined]Space de como um dia poderão ser os locais reservados aos fumantes:

(se ainda houver fumantes no futuro)

segunda-feira, 11 de junho de 2012

385 - Por partes

Robert Bennett Bean (foto) dedicou grande parte de sua vida a medir e a pesar as vísceras das pessoas, correlacionando os resultados obtidos com as raças a que pertenciam. Publicou trabalhos sobre as características raciais do baço, do fígado, do coração, dos rins, do cérebro...

sexta-feira, 8 de junho de 2012

384 - As três palavras mais mortais do mundo

- É uma menina!
Na Índia, China e várias outras partes do mundo, as meninas são abortadas, mortas ou simplesmente abandonadas porque são meninas. As Nações Unidas estimam que atualmente cerca de 200 milhões de meninas estão em falta no mundo por causa deste chamado "generocídio". A guerra contra as meninas está enraizada numa tradição de séculos, sustentada por uma dinâmica cultural profundamente arraigada, que, em combinação com políticas governamentais perversas, contribuem para a eliminação das meninas. Rodado em locações na Índia e na China, o filme-documentário "It's a girl!" ("É uma menina!") apresenta essa questão. E pergunta por que isso está acontecendo e por que tão pouco está sendo feito para salvá-las.


Trailler do filme:
com a cena da mulher indiana que, incapaz de conter o riso, confessa ter matado oito filhas.
Comentário
Os esquimós usavam desse expediente cruel no caso do nascimento do primeiro filho. Justificavam a prática pela necessidade de o primogênito acompanhar o pai nas longas viagem para conseguir alimentos com a caça e pesca, já que as meninas não teriam condições de resistir às viagens exaustivas.
Roberto Marques, médico nefrologista

terça-feira, 5 de junho de 2012

383 - Saúde Não tem Preço

Iniciada distribuição gratuita de medicamentos para asma
Começou, ontem (dia 4), a oferta gratuita de medicamentos para o tratamento da asma nas farmácias populares da rede própria (administradas pelo governo federal) e nas unidades privadas conveniadas ao programa Aqui Tem Farmácia Popular. A decisão estabelece a inclusão de três medicamentos (brometo de ipratrópio, diproprionato de beclometasona e sulfato de salbutamol) na ação Saúde Não Tem Preço, juntamente com outros 11 medicamentos para hipertensão e diabetes, que já são distribuídos.
Para a retirada dos produtos, é preciso o usuário apresentar documento com foto, CPF e a receita médica dentro do prazo de sua validade. Se o usuário se deparar com uma unidade que ainda não adaptou o seu sistema de vendas à gratuidade, ele deve procurar outra unidade entre as mais de 20 mil existentes no país.
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, destaca a relevância desta inclusão de novos medicamentos no programa. “Estamos dando um passo importante para reduzir o número de internações e de óbitos por asma”, observa Padilha. A asma está entre as principais causas de internação nas crianças com idades abaixo de 6 anos. Em 2011, do total de 177,8 mil internações no Sistema Único de Saúde (SUS) em decorrência da doença, 77,1 mil foram crianças desta faixa etária. Além disso, cerca de 2,5 mil pessoas morrem por ano por causa da asma.
 Os medicamentos incorporados já fazem parte do elenco do programa Farmácia Popular, ou seja, são ofertados à população com até 90% de desconto nas unidades da rede própria e privada. Com a inclusão deles no Saúde Não Tem Preço, o valor de referência –estabelecido pelo Ministério da Saúde–será mantido e o governo assumirá a contrapartida que era paga pelo cidadão. A incorporação destes medicamentos ampliará o orçamento atual do Saúde Não Tem Preço em R$ 30 milhões por ano. O orçamento de 2012 do programa, sem contar os valores previstos para cobrir os custos com a inclusão dos medicamentos para asma, é R$ R$ 836 milhões.
 A gratuidade deve beneficiar até 800 mil pacientes por ano. Atualmente, o programa Farmácia Popular atende 200 mil pessoas que adquirem medicamentos para o tratamento de asma. A estimativa do Ministério da Saúde é a de que este número possa quadruplicar, como ocorreu com os medicamentos para hipertensão e diabetes após um ano de lançamento da gratuidade pelo programa Saúde Não Tem Preço, iniciado em fevereiro de 2011.

sábado, 2 de junho de 2012

382 - Por que reciclar?




►Reduz a exploração dos recursos naturais.
►Diminui o consumo de energia.
►Melhora a qualidade de vida da população.
►Prolonga o tempo de utilização dos aterros sanitários.
►Cria empregos.
►Gera receita pela produção e comercialização dos recicláveis.
►Contribui para formar uma consciência ambiental.

quarta-feira, 30 de maio de 2012

381 - ♪Coca-Cola Douche♪

Esta música, criada na década de 1960 (gravada pelos Fugs), parece uma homenagem presciente aos vencedores do Ig Nobel de Química de 2008.


O prémio foi dado naquele ano a:
- Sharee A. Umpierre, da Universidade de Porto Rico, Joseph A. Hill, do Centro de Fertilidade da Nova Inglaterra (EUA), Deborah J. Anderson, da Boston University School of Medicine e da Harvard Medical School (EUA), por descobrirem que a Coca-Cola é um espermicida eficiente; (1)
- Chuang-Ye Hong, Shieh CC, Wu P. e BN Chiang (todos da Universidade Médica de Taipei, Taiwan) por descobrirem que não é. (2)
Referências
(1) Efeito da Coca-Cola sobre a motilidade dos espermatozóides
(2) A potência espermicida da Coca-Cola e da Pepsi-Cola

domingo, 27 de maio de 2012

380 - Lidando com a falta de médicos na Babilônia

Heródoto descreve o curioso expediente que os babilônios utilizavam para lidar com a falta de médicos no país. Quem adoecia era levado para a praça pública, onde dialogava com as pessoas que passavam pelo local, as quais tinham o dever de indagar do doente qual era o seu mal. Aqueles que já haviam contraído igual enfermidade, ou que conheciam alguém com o mesmo problema, auxiliavam o doente com exortações e conselhos, "prescrevendo" medidas idênticas às que haviam adotado, ou tinham visto outros enfermos empregarem em circunstância semelhante. Com isto, buscavam aumentar a chance do doente de alcançar a cura.
[...]
Ivan de Araújo Moura Fé, presidente do CREMEC 
In: Jornal do Conselho nº. 92 (março/abril de 2012)

Quem foi Heródoto
Um historiador grego que viveu no século V a.C. Ele foi o primeiro escritor em prosa e o primeiro historiador do mundo ocidental. Sua obra destaca-se pela narração simples e direta, intercalada de diálogos e relatos na primeira pessoa. Heródoto foi um grande e fidedigno repórter. Seu contato com tantos povos e costumes diferentes levou-o a desenvolver uma moral relativista. Em sua obra a religião deixa de ser uma certeza para transformar-se em possibilidade. O autor mantém-se na posição de observador curioso, porém passivo. Procura documentar os fatos, sem se preocupar em comentá-los. Sua objetividade valeu-lhe a antonomásia de Pai da História.
Enciclopédia Mirador Internacional, volume 11, 1980

quinta-feira, 24 de maio de 2012

379 - Reunião com a Rainha Charlotte


Instruções sobre o comportamento adequado em uma reunião com a rainha Charlotte, do Reino Unido:

Em primeiro lugar, você não deve tossir. Se você sentir cócegas na garganta, você deve evitar de fazer qualquer som; e, se você se sentir engasgada com a espera, você deve sufocar - mas não tossir.
Em segundo lugar, você não deve espirrar. Se você tem um resfriado comum não deve se preocupar, mas se a mucosa nasal estiver com uma grande irritação, você deve prender a respiração. Se um espirro, ainda assim, insiste em se manifestar, você deve resistir a ele, mantendo os dentes bem cerrados; e, se a violência dessa repulsa levar ao rompimento de algum vaso sanguíneo, você deve deixar que isso aconteça - mas não espirrar.
[...]
A partir de uma carta de Fanny Burney para sua irmã Esther, em 17 de dezembro de 1785.

Social Graces, Futility Closet

13/01/2019 - O que pode acontecer com você ao segurar um espirro

segunda-feira, 21 de maio de 2012

378 - Vivendo no passado

Você sabia que você vive no passado?
Vive cerca de 80 milésimos de segundo no passado, para ser preciso. Use uma mão para tocar seu nariz, e outra para tocar um de seus pés, exatamente ao mesmo tempo. Você vai senti-los como atos simultâneos. Mas é evidente que é preciso mais tempo para o sinal viajar dos pés até o cérebro do que para chegar a ele a partir do nariz.
Assim, tomar consciência de um acontecimento leva tempo, e o seu cérebro aguarda por todas as entradas relevantes antes de lhe passar a informação sobre o que é "agora".
Pesquisas mostram que entre uma coisa acontecer e a mesma ser vivida há uma defasagem de cerca de 80 milissegundos.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

377 - Beber café e não morrer...

Um estudo prospectivo foi publicado ontem (17/05/12), no New England Journal of Medicine, sobre a associação entre o consumo de café e a mortalidade total e por causa específica.
O estudo, com 5.148.760 pessoas-ano de seguimento, entre 1995 a 2008, após analisar um universo de 33.731 homens e 18.784 mulheres que morreram durante o período, mostrou que "o consumo de café está inversamente associado com a mortalidade total e por causa específica".
Em outras palavras, mostrou que existe uma relação entre beber café e não morrer. Mais ou menos.
Mas...
"Se isto foi um achado causal ou associativo não pode ser determinado a partir de nossos dados", concluiu o estudo.

terça-feira, 15 de maio de 2012

376 - Silêncio, Biblioteca


Este produto (acima) desenvolvido por cientistas japoneses não pertence ao mundo da fantasia. É uma arma que afeta a capacidade de falar das pessoas. Funciona a até 30 metros de distância.
O dispositivo inventado produz um áudio com um atraso de 0,2 segundos que dificulta a capacidade humana de gerar palavras e frases corretamente. A técnica que ele emprega, chamada de realimentação auditiva atrasada, não apresenta impacto físico que cause danos, além da frustração gerada pela incapacidade de se comunicar.
Não neutraliza gritos. Mas se prevê o emprego dessa ferramenta nos locais em que as pessoas devam permanecer em silêncio. Como nas bibliotecas.
SpeechJammer: A System Utilizing Artificial Speech Disturbance with Delayed Auditory Feedback

sábado, 12 de maio de 2012

375 - E se a Terra fosse um cubo?

Em 1884, um astrônomo suíço chamado Arndt fez manchetes com a "descoberta" de um planeta muito curioso numa órbita além de Netuno - um planeta surpreendentemente cúbico! É claro que, mesmo em 1884, todos sabiam que isso era bobagem. Ainda assim, "The New York Times" publicou um artigo intitulado "O Planeta Cúbico", em sua edição de 16 de novembro.
Se, por hipótese, a Terra fosse cúbica adviriam alguns problemas insolúveis:
À medida que você se deslocasse para uma das bordas se sentiria como se estivesse subindo numa rampa. E seria muito difícil manter-se ereto por causa da atração gravitacional exercida pelo centro do cubo, o qual não estaria diretamente abaixo de seus pés.
Quanto à atmosfera, que vai até 1.000 km acima da Terra - uma esfera que tem 6.400 de raio - e que, por conseguinte, vai até 7.400 km  do centro da Terra, o que aconteceria com ela? Se a Terra fosse um cubo - com o mesmo volume da Terra esférica - apresentaria lados de 10.000 km e cantos a 8.700 km de distância do centro! Estes últimos com certeza ficariam acima da atmosfera.
Etc.
Discovery News, What if Earth Were a Cube?

Correspondência
Não há astros gigantes e quadrados (planetas ou estrelas) no universo porque a gravidade arrasta para o centro a massa dispersa do astro em formação. Podemos simular isto colocando limalha de ferro ao alcance de um imã. O resultado será sempre uma formação globular ao redor do polo magnético. Teoricamente, em um astro quadrado, a gravidade atrairia com menos força as massas que estivessem nos seus vértices porque estão mais longe do centro. Uma senhora pesaria 80 kilos em Paris e 50 kilos no Brasil.
Nelson Cunha, João Monlevade, MG

quarta-feira, 9 de maio de 2012

374 - Jakeitis

Seis irmãos da uma família Jackson, residente em Ardmore, Oklahoma, tinham os seguintes nomes: Tonsilitis, Meningitis, Appendicitis, Laringitis (Larry, para encurtar), Peritonitis e Jakeitis.
A propósito do nome Jakeitis, Elsdon Smith, em seu "Treasury of Name Lore" (New York: Harper and Row, 1967), escreveu sarcasticamente:
"O último nome deve ter significado o fim do conhecimento médico de seus pais."
Não poderia estar mais equivocado. Ao que parece, o conhecimento médico dos pais superava o de muitos especialistas da época.
Com o nome de Jakeitis se denominou uma estranhíssima enfermidade que, em 1930, afetou mais de 400 pessoas em diferentes partes dos EUA. A doença se devia ao consumo de um extrato de gengibre jamaicano de contrabando, vulgarmente conhecido como "Jake", muito procurado naquela época (Lei Seca) por causa de seu alto conteúdo de álcool. E esse extrato era tornado ainda mais tóxico por alguns fornecedores que lhe acrescentavam um plastificante industrial.
Os indivíduos afetados pela Jakeitis sofriam uma paralisia parcial, especialmente dos pés, que os impedia de caminhar normalmente.
É esta um pouco da história dos irmãos Jackson, de Ardmore, Oklahoma, cujos progenitores se destacaram pela "originalidade" com que escolheram os nomes dos filhos.

Por Guillermo, La Aldea Irreductible. Tradução de PGCS
Correspondência
This is very good and I will make sure that I will stay away from ginger based drinks.
Regards,
Hugo Mendonça, Florida, USA

domingo, 6 de maio de 2012

373 - O filme da confusão

Depois de comprar ingresso, pipocas e refrigerante, você percebe que aquela sala de cinema está passando um filme diferente do que você desejava assistir. Você fica confuso, pensa que talvez tenha adquirido o ingresso errado, fica com receio de perguntar a alguém do lado se é isso mesmo. E... de repente, você nota que a sala inteira apresenta a mesma perplexidade. Essa curiosa encenação, que fez parte da semana de conscientização sobre a Doença de Alzeimer, em Israel, queria reproduzir a sensação de confusão que os pacientes acometidos por essa doença sentem. Pela reação das pessoas no cinema, o objetivo foi atingido. Confira:


The Daily What, via Blue Bus

quinta-feira, 3 de maio de 2012

372 - Instruções para o paciente que realizará uma espirometria

A espirometria é um exame médico complementar, que tem como objetivo avaliar a função pulmonar, auxiliando na elaboração de diagnóstico, bem como no acompanhamento das doenças respiratórias. O exame é bastante simples e consiste na realização de manobras de inspiração e expiração que são registradas por um aparelho denominado espirômetro.
Algumas recomendações devem ser seguidas para que o exame seja o mais preciso possível:
  • O uso de medicamentos broncodilatadores deve ser interrompido antes do exame: 6 horas antes para os broncodilatadores de curta ação (aerolin, berotec, salbutamol, brycanil, terbutalina, atrovent, combivent); 12 horas antes para os broncodilatadores de longa duração, associados ou não a corticóide, (foradil, fluir, serevent, seretide, foraseq, symbicort, alenia); e 24 horas antes para o brometo de tiotrópio (spiriva).
  • A presença de infecções respiratórias pode prejudicar a realização do exame. Assim, caso você perceba a ocorrência de tal situação, comunique a seu médico.
  • Jejum não é necessário, porém refeição volumosa deve ser evitada antes do exame.
  • Cafeína (café, chá, guaraná, refrigerante "cola") e álcool não devem ser ingeridos nas 6 horas anteriores ao exame.
  • O cigarro também deve ser evitado por pelo menos duas horas antes da realização do exame. Se você fuma, quem sabe, não é essa a oportunidade para abandonar de vez o cigarro?
  • Você deve repousar por cerca de 15 minutos antes do início da espirometria.

segunda-feira, 30 de abril de 2012

371 - O "paradoxo hispânico"

Os pesquisadores chamam de "paradoxo hispânico".
Quando se trata de câncer de mama, câncer de próstata e doença cardíaca, os pacientes latinos nos EUA sobrevivem, após o diagnóstico da doença, por mais tempo do que os pacientes não-latinos brancos e negros, embora outros estudos mostrem que aqueles tendem a ter menos recursos e menos acesso a cuidados médicos do que estes.
O mesmo também acontece com o câncer de pulmão, afirmam cientistas da Escola Miller de Medicina da Universidade de Miami, num artigo publicado on-line na revista Cancer.
Os pesquisadores analisaram um vasto banco de dados de casos de câncer nos EUA, referente a 172.398 pacientes diagnosticados com câncer de não-pequenas células do pulmão, um subtipo do câncer pulmonar, no período de 1988-2007. Em geral, os pacientes latinos (n = 18.206) apresentaram, durante o estudo, um risco 15% menor de morrer do que os pacientes não-latinos brancos. E os pacientes negros eram ligeiramente mais propensos a morrer do que os não-latinos brancos.
Não houve diferenças significativas na mortalidade dos pacientes latinos que nasceram nos EUA com relação à mortalidade dos pacientes latinos que nasceram no estrangeiro, segundo o estudo. Pesquisadores da Universidade de Miami não sabem por que os pacientes latinos tendem a viver mais tempo, mas sugerem que seja porque eles fumam menos ou porque se beneficiam de algum fator genético.

Leitura recomendada
The 'hispanic paradox': latinos and lung cancer, Los Angeles Times
Lung Cancer, CDC

sexta-feira, 27 de abril de 2012

370 - Suas probabilidades de morrer de...


Varíola : 0
Colisão de asteróide: 1 em 960.000.000
Antraz: 1 em 55.052.999
Peste: 1 em 54.059.705
Picada venenosa: 1 em 54.049.600
(as 5 menores chances)

Lesões não intencionais: 1 em 2.941
Doenca respiratória crônica: 1 em 2.228
AVC: 1 em 1.658
Câncer: 1 em 499
Doença cardíaca: 1 em 388
(as 5 maiores chances)

Segundo Demon, que publicou no site My[confined]Space esta lista das chances de uma pessoa morrer, sem citar as fontes consultadas para essas probabilidades nem se reportar a questões de tempo e espaço.

sábado, 21 de abril de 2012

368 - Até tu, Listerine?

Na década de 1930, a Lambert Pharmaceutical Company, então fabricante do antisséptico bucal Listerine nos Estados Unidos, fabricou por algum tempo os Cigarros Listerine.
Eis a imagem de um maço do produto, de 1937 e ainda intacto, que foi leiloado recentemente pela e-Bay.
O enxaguante bucal Listerine, que tem mundialmente 131 anos de história, recebeu este nome em homenagem a Joseph Lister, o pioneiro da assepsia cirúrgica.
Uma curiosidade: o Listerine criou a expressão "halitose".
Em nosso país, esta marca pertence atualmente à Johnson e Johnson do Brasil.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

367 - Decifrado o código genético do gorila

Pesquisadores na Universidade de Cambridge, em um trabalho que envolveu mais de 70 cientistas de 20 laboratórios de 7 países, conseguiram decifrar o código genético do gorila, o último dos grandes macacos que ainda faltava ser sequenciado. Os resultados podem fornecer a chave sobre a condição humana.
Segundo o professor Richard Durbin, diretor de pesquisa:
"Gostaria de pensar que, nos próximos 20 ou 30 anos, teremos uma compreensão mais profunda do que aconteceu geneticamente na história evolutiva e de como os genes estruturaram o cérebro e outras propriedades que fazem de nós seres humanos modernos."
Para começar, o estudo indica que os chimpanzés, que compartilham com 99 por cento de nosso DNA, são nossos parentes vivos mais próximos. Em segundo lugar, os gorilas que compartilham 98 por cento. E os orangotangos estão em terceiro, com 97 por cento.
A comparação dos genomas sugere uma espécie humana separada da dos orangotangos há 14 milhões de anos; da dos gorilas há 10 milhões de anos e da dos chimpanzés, os mais próximos, há 6 milhões de anos.
A partir daqui, a grande pergunta que tentaremos responder é: o momento em que os genes, pela primeira vez, fizeram surgir o que agora é o homem com o pensamento abstrato. Uma questão que o estudo não se atreve ainda a fornecer pistas.

Fontes: ALT1040 e Nature

domingo, 15 de abril de 2012

366 - Wiiite

Em junho de 2007, o médico espanhol Júlio Bonis escreveu para o editor do The New England Journal of Medicine:
Um médico residente, de 29 anos, acordou uma manhã de domingo com dor intensa no ombro direito. Negava trauma local e não tinha participado de qualquer esporte ou exercício físico recentemente. Ao consultar um colega da reumatologia, soube que estaria com uma tendinite aguda no tendão infraespinhoso direito (Teste de Patte positivo).
Após nova revisão de suas atividades nas últimas 24 horas, ele se lembrou de que havia comprado um Nintendo Wii e passado várias horas a "jogar tênis" no videogame. No Wii, o jogador  faz movimentos de braço como se fosse um jogo de tênis verdadeiro. E, se ele ficar muito absorto em sua diversão, pode "jogar tênis" por um tempo excessivo. Ao contrário do que acontece com o esporte real, força e resistência física não são fatores limitantes no Wii.


O diagnóstico final para a dor em seu ombro direito foi... "Nintendinite". No entanto, a variante que ele apresentava pode ser rotulada, mais especificamente, de "Wiiite". O tratamento consistiu de ibuprofeno, durante 1 semana, bem como a abstinência completa de jogar o videogame Wii. E o médico paciente se recuperou totalmente.
A "Nintendinite" foi descrita pela primeira vez em 1990, e tem havido muitos relatos de casos de lesões relacionadas ao uso intensivo dessas tecnologias de lazer, principalmente em crianças, na maioria das vezes decorrentes do uso intensivo do tendão extensor do polegar.
Com a utilização crescente deste novo tipo de videogame, o risco de alguém ser acometido pela variante "Wiiite" pode ser superior ao risco que é relatado na literatura médica para a "Nintendinite", especialmente entre os adultos.
Os jogos disponíveis para o sistema Wii já incluem golfe, boxe, beisebol e boliche. Videogames que, usados abusivamente, podem afetar outros grupos de músculos e tendões de seus praticantes. Daí a necessidade de estar o médico preparado para diagnosticar e tratar inesperadas apresentações de "Wiiite".

quinta-feira, 12 de abril de 2012

365 - Número de fumantes em queda no Brasil

Pela primeira vez, o percentual de fumantes está abaixo dos 15%
O número de fumantes permanece em queda no Brasil. É o que revela a pesquisa Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel 2011), realizado pelo Ministério da Saúde. Segundo a pesquisa, de 2006 a 2011, o percentual de fumantes passou de 16,2% para 14,8%. A incidência de homens fumantes no período 2006-2011 diminuiu a uma taxa média de 0,6 % ao ano, segundo o Vigitel 2011.
A frequência é menos da metade do índice de 1989, quando a Pesquisa Nacional de Saúde e Nutrição (PNSN), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontou 34,8% de fumantes na população. “Os dados mostram que nossas políticas públicas contribuíram efetivamente nessa redução. Hoje temos mais ex-fumantes do que fumantes no País, mas é preciso continuar reforçando a luta pelo tabagismo. Queremos reduzir essa proporção com as medidas restritivas, como a proibição de fumódromos em recintos coletivos fechados, a restrição dos aditivos de cigarro que alteram sabor e odor, que vão reduzir o tabagismo no grupo de jovens e de mulheres, a proibição de propaganda nos pontos de venda, e o aumento da tributação sobre cigarros”, explicou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

364 - Engolindo essa!

Uma categoria comemorou o seu dia (em 25 de fevereiro) fazendo aquilo que melhor sabe fazer: engolir espadas!
Dan Meyer, que preside a Sword Swallowers Association International (SSAI), explica os motivos por que agora os engolidores de espadas têm um dia mundial dedicado a eles.
"Nós, engolidores de espada, temos arriscado nossas vidas por mais de 4 mil anos. Muitas pessoas ou não acreditam que a nossa arte seja real ou pensam que ela acabou. Nós, então, estabelecemos o Dia Mundial do Engolidor de Espadas para promover esta antiga arte que ainda conta com algumas dezenas de praticantes em todo mundo. Com isso, aumentamos a conscientização sobre as nossas contribuições nos campos da medicina e da ciência, homenageamos os artistas veteranos e aumentamos os fundos para a pesquisa do câncer de esôfago e para o socorro aos engolidores de espadas feridos."

Curiosidades
  • Engolir espadas é uma arte que se originou na Índia por volta de 2.000 a.C.
  • Os engolidores de espada usam técnicas mentais para reprimir o reflexo do vômito desencadeado por essas lâminas de aço maciço, de 15-30 centímetros de comprimento.
  • Engolir espadas pode necessitar de 2 anos a 7 anos de aprendizado, mas há pessoas que, mesmo depois de muitos anos de prática, nunca aprendem a dominá-la.
  • No mundo, ocorrem anualmente 5 a 7 ferimentos relativos a essa prática que requerem hospitalização, além de dezenas de outros que não são notificados.
  • O tratamento das lesões relacionadas com o ato de engolir espadas pode custar de 50 a 80 mil dólares por lesão.

sábado, 7 de abril de 2012

363 - Absinto muito


O absinto foi inventado pelo médico francês Pierre Ordinaire como um tônico de saúde, em 1700. Esse produto, porém, não se popularizou até que houve uma praga nos vinhedos da França. As pessoas geralmente misturavam vinho com a água em um esforço para reduzir a enorme quantidade de bactérias na água potável. Quando a cultura da uva passou a ter problema, e os preços do vinho subiram, as pessoas buscaram outros apresentações de álcool para misturar na água. E o absinto, um álcool destilado da erva Artemisia absinthium e aromatizado com anis, era uma forma barata de purificar a água. Contudo, aqueles que o usavam muito notaram um efeito indesejável: alucinações.
Beber absinto floresceu durante La Belle Epoque, quando artistas, poetas e boêmios começavam e terminavam o dia consumindo grandes quantidades de absinto. Muitos deles inclusive se inspiravam nas visões trazidas pela "Fada Verde" (La Fée Verte) durante a apelidada "hora verde". Mas exatamente o quanto disso era ilusão é debatido até hoje. Havia produtores inescrupulosos, que acrescentavam ingredientes venenosos e, às vezes, com propriedades alucinógenas ao absinto. A tujona, um produto químico do absinto, é também causa de alucinações, por exemplo. Mas, na na maioria das vezes, não estava concentrada o suficiente para ter esse efeito sobre os bebedores.
Não, a razão mais provável pela qual o absinto provocava tanto comportamento estranho e visões absurdas era que tinha quase o dobro do teor de álcool do uísque. O absinto, por isso, era regularmente diluído antes de ser bebido. Como a diluição variava de acordo com o gosto do usuário e alguns bebedores de absinto não ligavam muito para isso... Oscar Wilde, supostamente, viu tulipas brotando do seu corpo enquanto caminhava em direção ao sol, após uma noite de bebedeira com absinto. É evidente que ele não diluiu bem a bebida.

Fontes: io9.com e WIKIPÉDIA
Comentários
Tinha que ser um ordinário mesmo, para inventar uma coisa dessas. Hofmann e Leary, que também eram chegados a um alucinógeno, pelo menos tinham nomes mais pomposos do que esse Pedro Ordinário.
Ordinário tinha de criar alguma coisa do gênero. Houvesse sido batizado de Extraordinário (e sendo francês) teria certamente inventado alguma bebida menos alucinante.
PG

quarta-feira, 4 de abril de 2012

362 - NAT KING COLE. Unforgettable

Aqueles que têm uma certa idade lembram-se dele. Entre os jovens, muitos certamente já ouviram falar de Nat King Cole, que faleceu há 45 anos.
Seu repertório é inesquecível. Unforgettable, como diz uma de suas canções.
O que são as coisas! Nat King Cole não gostava de sua "voz de veludo". Foi um fumante "pesado" e consumia cerca de três maços de cigarros por dia. Um consumo que ele aumentava antes de seus shows e gravações, por achar que o fumo melhorava a sua voz.
No final, o cantor adoeceu de câncer de pulmão e morreu no Hospital St. John, em Santa Monica, Califórnia, quando tinha apenas 45 anos.

sábado, 31 de março de 2012

361 - O peixe da sorte


Anemia ferropriva é um problema sério no Camboja. Chris Charles, um estudante da Universidade de Guelph, no Canadá, tentou persuadir as pessoas de uma aldeia a aumentar a quantidade de ferro na alimentação. Uma solução simples seria a de pôr pedaços de ferro dentro das panelas usadas no cozimento dos alimentos, mas Charles encontrou séria resistência a essa ideia. E a solução que, ao final, ganhou ampla aceitação foi a de moldar o ferro como um peixe que a população da aldeia considerava que trazia sorte.
"Nós projetamos que o peixe de ferro teria de 3 a 4 centímetros de comprimento. Assim, seria pequeno para ser mexido facilmente na panela, mas grande o suficiente para fornecer até cerca de 75 por cento das necessidades diárias de ferro por pessoa", disse Charles.
Um metalúrgico local produziu esses peixes de ferro por US$ 1,50 cada. Eles estão sendo utilizados há três anos com resultados animadores na prevenção e tratamento da anemia.
Uma lição de marketing social.

Lucky Iron Fish Saves Lives in Cambodia por John Farrier. In: Neatorama

quarta-feira, 28 de março de 2012

360 - Por que temos medo dos robôs?

"Se a cultura popular nos ensinou alguma coisa é que a humanidade deve um dia enfrentar e destruir a ameaça crescente dos robôs".



De Terminator (Exterminador do Futuro) a Blade Runner e de Transformers a Star Trek, os robôs estão chegando e o Apocalipse está quase a chegar.
Pelo menos é o que Hollywood quer que acreditemos. E parques temáticos ao redor do mundo estão gastando milhões de dólares na esperança de que a emoção por robôs possa atrair turistas.
"O problema com essas ferramentas - o que os robôs são de fato - é que nos tornamos dependentes delas", diz Wilson, cujo novo livro de ficção científica, Robopocalypse, está dando origem a um filme dirigido por Steven Spielberg.
"Isso é assustador: contemplar os cenários de desastres que poderiam vir de nossa excessiva dependência dessas ferramentas. É verdade - elas podem falhar algum dia - mas isso não significa que os robôs sejam maléficos ou imorais, ou tenham um viés ético."
Ler o artigo completo em BBC News

O vale misterioso
  • É uma representação gráfica do sentimento de repulsa dos seres humanos e começa quando algo parece conosco mas não é exatamente como nós.
  • Usada pela primeira vez pelo professor de robótica Masahiro Mori, representa a hipótese de que quanto mais um robô parece humano mais empatia teremos com relação a ele.
  • Quando a aparência torna-se "quase-humana", a atração muda para repulsa por causa da estranheza sentida quando algo é muito familiar e mesmo assim alienígena.
  • À medida que o robô se move no sentido de uma aparência ainda mais humana, a empatia por ele retorna e cresce até parecer indistinguível daquela que se tem por um ser humano.

www.androidscience.com

sábado, 24 de março de 2012

359 - Água na boca

Apesar de amplamente percebida, não há um mecanismo fisiológico claro para a sensação conhecida como "água na boca '", dizem os pesquisadores Yovaan Ilangakoon e Guy Carpenter, nas páginas do Journal of Texture Studies (volume 42, número 3, páginas 212-216, junho de 2011).
A equipe, com base na Unidade de Pesquisa Salivar do Kings College London Dental Institute, realizou um conjunto de estudos experimentais em que cinco participantes não só manusearam e mastigaram alimentos como também olharam para fotos de pizza, cachorro-quente, curry, morangos, bolo, limão, carne assada, doces, frango assado e outras iguarias. Enquanto isso, eles tiveram as produções de saliva cuidadosamente recolhidas e quantificadas.
Os resultados desses estudos mostraram que, "ao contrário dos animais, e dos cães de Pavlov em particular, os seres humanos são não capazes de salivar apenas pensando em alimentos", o que pode parecer contra-intuitivo e até mesmo desanimador para gourmets, chefs e profissionais das agências de publicidade.

Museu Pavlov, Rússia.
Um dos cães usados por Pavlov em suas experiências.
Note-se que o recipiente utilizado para o armazenamento de saliva
está cirurgicamente implantado no maxilar do animal. WIKIPÉDIA

Bônus
Avalie-se se você é capaz, ou não, de salivar ao ver comestíveis e bebíveis, assistando a este vídeo que mostra a preparação de uma caipirinha brasileira:

quarta-feira, 21 de março de 2012

358 - Colonterapia

Acta Pulmonale, em três notas anteriores (112 - Uma obsessão por enemas, 118 - A fumigação em seres humanos e 152 - Um monumento ao enema) já se referiu, ainda que de forma superficial, à preocupação das pessoas com o problema da constipação intestinal. É justificável que elas recorram a enemas para resolvê-lo?
Leia-se a opinião do renomado proctologista Dr. P. H. Saraiva Leão, no artigo Colonterapia, o qual foi publicado em 21/07/2010, no Jornal "O Povo":
(trecho final)
"Modernamente, à luz da ciência, reconhece-se a imprecisão dessas verdades nocionais (hipotéticas). Está comprovado que a “estase intestinal crônica” não traz autointoxicação. Normalmente, a maioria dos constipados crônicos, “enfezados”, precisa menos de lavagens do que – principalmente – de dieta apropriada, baseada em fibras (frutas e verduras), para o exercício satisfatório de suas funções alvíneas (ligadas à evacuação). E na inércia crônica total dos cólons, justifica-se a operação para sua retirada parcial.
Tais considerações me ocorrem a propósito de notícias do sudeste do país, onde lavagens intestinais estão sendo realizadas periodicamente (ao preço mínimo de R$ 120 por sessão) em consultórios biomédicos e SPAs. Indicam-nas como analgésico (inclusive dores reumáticas), enxaqueca, “raivas antigas”(!) e até, pasme o leitor, contra depressão. Sobre revalidar crenças há muito ultrapassadas, a aludida técnica, como todo procedimento invasivo, tem contraindicações e riscos próprios, como perda acentuada de minerais, assim afetando a musculatura, inclusive o músculo cardíaco; outro risco é a perfuração do intestino pelo excesso de líquido introduzido. Este perigo é maior nos portadores de divertículos, os quais – prevalentes entre a terceira e a quinta décadas – tornam-se frequentes nos mais idosos. Fica, assim, um aviso aos pacientes incautos, amantes dos modismos e “novidades”, ainda e sempre vigente entre os desavisados.
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Prezado Paulo,
Concordo com o colega Pedro Henrique na contra-indicação de tal procedimento.
Para constipação ou prisão de ventre, além do uso de novos medicamentos, a dieta, o tratamento comportamental e a fisiocinesioterapia, através da massoterapia abdominal com estímulo das zonas de hipersensibilidade de Vougler, são os novos horizontes para a melhora deste distúrbio funcional, que sempre é associado a outras disfunções do assoalho pélvico ou do próprio intestino.
Roberto Misici, médico coloproctologista

sábado, 17 de março de 2012

357 - A bordadeira de ferro

Cal Lane, 39 anos, artista canadense transforma objetos rudes do cotidiano em maravilhosas obras de arte. Em suas mãos, um objeto de ferro grosseiro e pesado adquire um aspecto inesperado - de como se ele tivesse, por exemplo, delicadas rendas.
Fica-se impressionado com a beleza que ela "descobre" num trambolho de ferro.
Nesta imagem, retirada do blog Trapitos de Colores, Cal Lane aparece trabalhando sobre uma velha caldeira.


Die Lunge im Netz
Falha
Trabalhando sem proteção respiratória, atentar para isso, em uma ocupação considerada de risco para a siderose pulmonar!
A siderose pulmonar (imagem radiológica) pode acometer trabalhadores expostos a atividades extrativas de minério de ferro (hematita, magnetita, limonita), produção de pigmentos naturais contendo óxidos de ferro em tintas e pisos, metalurgia de aço, ferro e ligas, solda a arco elétrico e oxietileno, polimento de metais com óxidos de ferro em cutelaria de aço e prata e outras atividades afins.
Apesar de ser uma pneumopatia ocupacional "benigna", há sempre a possibilidade de que, além das partículas de ferro geradas pela ocupação, a pessoa exposta possa também inalar outras poeiras minerais, como a silica, o que pode então conferir gravidade à doença.
Espero que Cal Lane não trabalhe sempre desse modo.

RELATO DE CASO
Souza, MB, Garcia, GF e Maciel, R. Siderose pulmonar. J Pneumol 24(1) – jan-fev de 1998.

quarta-feira, 14 de março de 2012

356 - Soins transmitem raiva e devem ser mantidos nas matas

Morre menino que foi mordido por soim, animal que deve viver na mata
Na manhã de 12 de março, o menino de 9 anos, do município de Jati, sul do Estado, que foi mordido por um soim (sagui) e internado com raiva num hospital de Barbalha, morreu. A letalidade da doença é próxima de 100%. No mundo inteiro, apenas dois pacientes, um dos Estados Unidos e outro em Pernambuco sobreviveram, mas com sequelas.
No dia 3 de fevereiro deste ano, o menino e outros quatro colegas se juntaram para caçar soim na mata. As crianças não sabiam que desobedeciam a lei e colocavam em risco a própria vida. Conseguiram pegar um soim e levaram para casa, onde um dos meninos foi mordido A mordida do soim deixou um corte profundo no polegar do menino, mas, pior do que o ferimento, transmitiu raiva. Vinte dias depois, os sintomas começaram a aparecer e, após passar pelo hospital de Jati e pelo Hospital Infantil de Brejo Santo, o menino foi internado no dia 29 de fevereiro no Hospital São Vicente, de Barbalha. O Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen) confirmou a doença.
O que diz a lei
A captura e a criação de soins são práticas que ainda resistem no interior do Ceará. Esses eram os propósitos do menino de Jati e seus amigos. Mas as razões para rejeitar essas práticas são persuasivas. Do ponto de vista ambiental, a legislação é terminante. “Os animais de quaisquer espécies, em qualquer fase do seu desenvolvimento e que vivem naturalmente fora do cativeiro, constituindo a fauna silvestre, bem como seus ninhos, abrigos e criadouros naturais são propriedade do Estado, sendo proibida a sua utilização, perseguição, destruição, caça ou apanha”, determina o artigo 1º da Lei de Proteção à Fauna. Do ponto de vista da saúde individual e coletiva, o contato com soins em cativeiro e a captura desses animais em seus ambientes naturais representa grande ameaça à vida das pessoas.
As agressões de animais silvestres a humanos são classificadas como acidentes graves pelo Ministério da Saúde. Ao ser agredido por animais, deve-se lavar imediatamente a ferida com água e sabão em abundância e imediatamente procurar assistência médica, pois somente o profissional de saúde poderá realizar a avaliação do paciente e se, necessário, indicar o tratamento profilático antirrábico humano. Em casos de agressão por animais silvestres, como morcegos, macacos, saguis, raposas, mesmo que ferimentos pequenos, o tratamento profilático antirrábico humano é imprescindível e deve ser buscado o mais rápido possível. Antes da manifestação dos sintomas, período que varia de alguns dias até um ano, é possível conter a doença com o tratamento adequado. Mas para evitar qualquer risco, o mais indicado ainda é deixar os animais silvestres em ambientes naturais e evitar o contato ou atraí-los para o convívio doméstico.
Nos últimos oito anos, desde 2005, foram confirmados cinco casos de raiva humana no Estado. Desse total, quatro tiveram transmissão através de soins em São Luís do Curu, Camocim, Ipu e Jati. Em Chaval, o caso de raiva foi transmitido por um cão.
Prevenção
A raiva é uma doença viral que pode ser transmitida ao homem por mordida, lambida ou arranhão de um animal infectado, principalmente cães, gatos, saguis e morcegos. A melhor maneira de evitar a raiva em humanos é a prevenção. Além da vacinação dos animais domésticos, as secretarias de saúde dos municípios devem ser acionadas para capturar os animais de rua que podem portar a doença. Nas cidades, a presença de morcegos deve ser notificada aos departamentos de zoonoses.

domingo, 11 de março de 2012

355 - Amianto: a polêmica do óbvio

Nas últimas semanas, o tema Amianto voltou a ganhar espaço na mídia nacional e internacional. No Brasil, em consequência à interpelação judicial, promovida pelo Instituto Brasileiro do Crisotila, contra o Dr. Hermano de Castro Albuquerque, pesquisador do Centro de Estudos do Trabalho e Ecologia Humana, FIOCRUZ, relacionada a achados de pesquisa sobre o mesotelioma, publicado em um periódico científico, e por suas declarações na mídia sobre riscos para a saúde associados à exposição ao amianto.
Essa repercussão foi potencializada pelo julgamento criminal ocorrido em Turim, Itália, condenando dois ex-proprietários de ramos do Grupo Eternit por omissão de informações sobre os problemas de saúde associados à manipulação do amianto, e quase 3 mil mortes que ocorreram entre ex-trabalhadores e habitantes do entorno de uma de suas empresas em Casale Monferrato.
Há duas décadas, profissionais brasileiros de renome na área do trabalho, médica e ambiental vem, de público, advertindo sobre as desastrosas consequências da manutenção da utilização do amianto no Brasil. Infelizmente, o Estado Brasileiro se esquivou, repetidamente, do problema, não respeitando o valor constitucional de proteger seus cidadãos. Nos últimos anos, perderam-se diversas oportunidades de proibir seu uso no território nacional. Perdeu-se também, a oportunidade de evitar que o risco continue a se estender a populações de outros países importadores do asbesto brasileiro (praticamente, todos com condições sanitárias tão ruins ou piores que a nossa).
Estima-se que mais de sete milhões de pessoas morram de câncer anualmente, em todo o mundo (Jemal A, et al. CA CANCER J CLIN 2011). Hábitos pessoais e condições de ambiente são responsáveis por 40% dos casos de câncer, o que significa que cerca de 3 milhões de óbitos anuais poderiam ser prevenidos.
O ambiente de trabalho é responsável por 4 a 20% de todos os casos de câncer na população. Dentre estes, o amianto, isoladamente, é responsável por 1/3 dos casos e, restringindo-se apenas ao câncer de pulmão de origem ocupacional, a parcela do amianto chega a 50% dos casos. Percentual ainda maior ocorre em relação ao mesotelioma, um câncer raro da membrana que envolve os pulmões, de péssimo prognóstico, no qual o amianto é o agente causal de mais de 80% dos casos. Dados do Sistema de Informações de Mortalidade do Ministério da Saúde mostram uma curva francamente ascendente de mortes por mesotelioma em São Paulo.
Atualmente, o Brasil é o terceiro maior produtor mundial de amianto. Entre 1975 e 2005, o mercado brasileiro consumiu 5 milhões de toneladas, traduzido em produção, transformação (produtos de cimento-amianto e outras centenas), instalação, remoção e descarte. Entre 2008 e 2010 a produção aumentou, assim como a importação e o consumo interno. Em 2010, o consumo estimado foi de 0,9 Kg/brasileiro. Estes produtos estão espalhados pelo ambiente.
Não é necessário esforço para entender que o problema extrapola o ambiente de trabalho. A chance de um cidadão se expor ao amianto, assim como a outros cancerígenos reconhecidos, aumenta na proporção do seu uso.
A nocividade do amianto crisotila é inconteste, classificado desde 1987 dentro do Grupo 1 das substâncias carcinogênicas pela Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC), organismo da Organização Mundial da Saúde (OMS). Isto significa que há suficientes evidências experimentais e epidemiológicas que permitem classificá-lo como cancerígeno para humanos.
A OMS e a Organização Internacional do Trabalho (OIT) entendem que a única forma de se prevenir as doenças associadas ao amianto é através da cessação da sua utilização (http://www.who.int/occupational_health/publications/asbestosrelateddiseases.pdf, http://www.ilo.org/public/english/standards/relm/ilc/ilc95/pdf/pr-20.pdf). Em adição ao câncer de pulmão e do mesotelioma, o amianto é, também, causalmente associado ao câncer de laringe e câncer de ovário (www.thelancet.com/oncology, Vol. 10 Maio 2009).
Sob o conceito de “fato relevante”, a Eternit no Brasil encaminhou matéria paga a veículos de grande circulação, em que tenta se distanciar da gravidade da questão, reduzindo um grave problema de Saúde Pública a uma suposta querela comercial e de disputa de mercado. Apega-se, de má-fé, à Lei Federal no. 9.055/95, cuja flagrante inconstitucionalidade já tem parecer favorável do Ministério Público Federal e do Ministro Relator do STF, e ainda, tenta desqualificar a inteligência e a sensibilidade dos legisladores dos estados onde o amianto já foi proibido, reduzindo o clamor de milhares de vítimas das doenças do amianto crisotila, à suposta pressão de concorrentes da Eternit.
A “utilização segura” e o “uso controlado” do amianto, no seu ciclo de vida e ao longo da cadeia produtiva, são conceitos enganosos e inviáveis. Quem controla a sua “utilização segura” na construção civil? Quem controla a sua “utilização segura” em manutenção de máquinas, equipamentos e instalações que o contenham? Quem controla a sua “utilização segura” em reformas e demolições? Quem controla a contaminação de locais previamente utilizados para armazenamento e/ou a produção de produtos contendo amianto? Quem controla o descarte de materiais contendo amianto após o seu uso?
Qual é a necessidade de se manter a sua produção e uso? Há substitutos seguros para todas as utilizações conhecidas do asbesto. Nenhuma fibra substituta faz parte da lista de cancerígenos da IARC. Em adição, há estudos que demonstram a viabilidade técnica e econômica de sua substituição.
Como cidadãos e profissionais ligados à Saúde, registramos a indignação pela manutenção da produção, transporte, consumo, descarte, exportação e importação do amianto, e conclamamos o Poder Legislativo, o Poder Judiciário e o Poder Executivo Federal que se unam para acelerar as iniciativas pelo banimento total do amianto crisotila no Brasil, imediatamente.
Que o Brasil não faça vexame na Conferência Rio + 20, de junho, e consiga mostrar – a nós e ao mundo – que suas políticas públicas não são definidas pelos lobbies de uma empresa, e sim, são comprometidas com a defesa da saúde e do ambiente, como reza a Constituição Federal.

Subscrevem o documento 12 instituições/organizações e 41 profissionais. Seus nomes constam da nota Amianto: Entidades e profissionais querem banimento já, publicada em 10/03/2012, no sítio eletrônico VI O MUNDO (acessada em 11/03/2012).

quinta-feira, 8 de março de 2012

354 - Há risco de adquirir silicose na Lua?

Astronauta da missão Apollo 17.
poeira lunar cobre o terço inferior
de seu traje espacial. 
Se o plano de criar uma base na lua se tornar uma realidade, os cientistas terão antes de encontrar uma maneira de lidar com um inimigo pequeno, mas onipresente: a poeira lunar.
A poeira lunar é extremamente abrasiva, como os astronautas logo aprenderam nas missões Apollo dos anos 1960 e 70. Poucas horas depois da chegada à Lua, a poeira já cobria significativamente seus trajes espaciais e equipamentos.
Felizmente para os astronautas, o contato com a poeira lunar era curto.Mas os exploradores - que terão de viver em uma base lunar por semanas ou mesmo meses - sofrerão uma exposição prolongada que, em caso de falhas nos trajes espaciais e/ou nas câmaras pressurizadas, poderá lhes causar problemas pulmonares.
A poeira lunar é muito mais irregular do que a poeira da Terra, porque não há água ou vento na Lua para alisar suas bordas. É criada quando os meteoritos, raios cósmicos e ventos solares batem na Lua, transformando suas rochas em pó. Além disso, a poeira está repleta de cacos de vidro e minerais, numa mistura conhecida como aglutina, formada no calor do impacto dos meteoritos. Essa aglutina não é encontrada na Terra, e os cientistas temem que o corpo humano não seja capaz de eliminá-la de forma eficiente quando inalada.
Portanto, a poeira é o problema ambiental número 1 da Lua. Contendo sílica e apresentando-se na forma de pequenas partículas, com diâmetros de poucos micra, teme-se que eventualmente possa causar silicose nos operadores de uma base lunar.

What a Little Moon Dust Can Do. In: www.wired.com


quarta-feira, 7 de março de 2012

sexta-feira, 2 de março de 2012

352 - A moda do cigarro eletrônico

Dispositivo que reproduz um cigarro comum, mas sem tabaco, conquista personalidades no exterior. Seus efeitos ainda são desconhecidos, por isso, no Brasil, ele está proibido.
Paula Rocha, ISTOÉ
De longe ele parece um cigarro comum. Quando tragado, fica vermelho na ponta e libera fumaça. Ao chegar mais perto, porém, é possível perceber que a brasa não passa de uma luz de LED e a fumaça – para a felicidade de muitos fumantes e não fumantes – não possui cheiro algum. Conhecidos como cigarros eletrônicos ou e-cigarettes, esses dispositivos patenteados na China em 2003 ganharam força recentemente entre celebridades internacionais e personalidades brasileiras. Famosos como a modelo Kate Moss, os atores Mel Gibson, Leonardo DiCaprio e Charlie Sheen e a cantora Britney Spears trocaram seus cigarros de tabaco convencionais pela versão eletrônica, com a promessa de que os novos aparelhos são menos nocivos do que o cigarro tradicional. A falta de estudos conclusivos sobre os e-cigarettes, porém, ainda mantém as desvantagens e implicações do uso desses dispositivos envoltas em fumaça, e por isso sua importação, comercialização e propaganda estão proibidas no Brasil desde 2009.
Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o cigarro eletrônico nunca teve registro no País devido ao “princípio da precaução”, uma vez que falta comprovação científica sobre a segurança e eficácia do produto. Nos Estados Unidos, a FDA (Food and Drug Administration) tentou, em 2010, banir os e-cigarettes. Porém, a associação dos produtores de cigarros eletrônicos – que conta com mais de 100 afiliados – processou o órgão americano e venceu em 2011. Hoje, esses cigarros podem ser comprados legalmente nos Estados Unidos em bares, lojas de conveniência ou pela internet, e seu uso é tolerado em locais onde seria impensável acender um cigarro comum, como aeroportos e até mesmo hospitais. A facilidade para comprar e usufruir os dispositivos para fumar fizeram aumentar o número de usuários dessa nova tecnologia. De acordo com dados do U.S. Centers for Disease Control and Prevention (centros americanos para prevenção e controle de doenças), o número de americanos que haviam fumado um cigarro eletrônico aumentou mais de quatro vezes em apenas um ano, passando de 0,6% da população, em 2009, para 2,7% em 2010, o que equivale a mais de oito milhões de pessoas.
Aqui no Brasil não há levantamentos sobre o total de adeptos dos cigarros eletrônicos. O uso do produto em si não é proibido e, segundo a Anvisa, quem for flagrado utilizando ou trazendo um desses aparelhos do Exterior para consumo próprio não pode sofrer nenhuma sanção. Já quem comercializa os e-cigarettes está cometendo um ato ilegal. No entanto, mesmo com a venda proibida, muitos sites nacionais oferecem versões importadas do produto, com preços que variam entre R$ 79 e R$ 299, incluindo acessórios como carregadores de bateria e refis – líquidos que podem conter ou não nicotina e sabores, como banana, bacon e até peixe, e são acoplados à estrutura de plástico do cigarro na forma de cartuchos. Dentro do aparelho, um aquecedor transforma os líquidos em vapor de água, que é inalado como a fumaça do cigarro tradicional (leia quadro) e, na presença de nicotina, provoca a mesma sensação de prazer obtida com o tabaco.
[...]

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

351 - Sem impressões digitais

O sequenciamento do DNA de uma das quatro famílias conhecidas no mundo como tendo adermatoglifia, uma rara condição médica que deixa seus portadores sem impressões digitais, identificou a mutação genética que causa a doença. De acordo com a pesquisa do grupo de Janna Nousbeck, do Tel-Aviv Sourasky Medical Center, publicada no American Journal of Human Genetics, nove dos 16 membros dessa família não tinham impressões digitais e todos apresentavam alterações de um gene chamado SMARCAD1.
Além disso, os nove indivíduos com a anomalia eram também criminosos de carreira. Brincadeira.
A adermatoglifia não vem com outros efeitos secundários além de uma pequena redução na capacidade de produzir suor. E é também chamada de "doença da imigração demorada", pois a falta de impressões digitais dificulta que essas pessoas atravessem as fronteiras internacionais.

Poderá também gostar de ver: O pesadelo do datiloscopista.

sábado, 25 de fevereiro de 2012

350 - O lago assassino

Situado no noroeste de Camarões, o Lago Nyos encontra-se-se no flanco do Monte Oku, um vulcão inativo. Uma barragem natural, formada por rocha vulcânica, mantém o lago. A desgasificação dos materiais vulcânicos subjacentes faz com as águas do lago sejam extremamente ricas em dióxido de carbono (CO2), o qual, quando liberado em grandes quantidades para a atmosfera pode causar a asfixia dos seres vivos nas zonas vizinhas.
Esse fenômeno ocorreu em 1986, causando a morte de mais de 1.800 pessoas.
Para um lago vulcânico armazenar o gás CO2 como o Nyos, deve haver pelo menos duas condições:
1) o lago ser profundo (ter pelo menos 50 metros de profundidade).
2) O clima predominante da região ser quente (equatorial).
Atualmente, para impedir que o CO2 acumulado no Nyos cause outra tragédia (como a que aconteceu em 1986), foi instalado um grande dispersor de gás no centro do lago (imagem de uma webcam).
WIKIPÉDIA

Vídeo
O gás carbônico é invisível. Apesar de não ser venenoso, ele mata os seres vivos ao ocupar o lugar do oxigênio na atmosfera. Por ser mais denso do que o ar, ele tende a acumular-se próximo ao solo.
Isso pode ser demonstrado pelo experimento abaixo em que o gás carbônico, produzido pela reação do ácido acético (vinagre) com o bicarbonato de sódio, apaga a chama de uma vela (o princípio dos extintores de incêndio à base de CO2).


Comentário de Dr.José Mayo
Interessante também é o sistema de "desgasificação" em si mesmo...
O esquema é este:

O método consiste em um tubo vertical, entre o fundo do lago e a superfície, onde uma pequena bomba eleva a água do fundo, supersaturada de gás, por dentro do tubo. Quando a água aspirada do fundo chega a uma certa altura, e a pressão hidrostática sobre a mistura supersaturada diminui e o gás começa a se separar da água e formar microbolhas (como no champanhe). Estas vão se juntando, ficando cada vez maiores e começam a empurrar a coluna de água para cima, por arraste de empuxo, até que chegam à superfície e se libera o gás.
O que se esperava, é que uma vez iniciado o levantamento da coluna difásica pelas bolhas de gás, a bomba já não fosse necessária, já que, teoricamente, o processo se "auto-alimentaria"; sendo um sistema fechado (dentro do tubo), a água supersatura arrastada para cima, pelas bolhas, criaria um vácuo que arrastaria mais água supersaturada, do fundo do lago, para dentro do tubo, enquanto houvesse suficiente gás dissolvido na água, para realimentar o sistema.
Pelo "jato de champanhe" que você nos mostra na foto, parece que funcionou...
Saudações,

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

349 - Humor. O estatuto do médico

É direito de todo médico...
Participar de uma reunião social sem ser interrompido por consultas.
Adoecer sem que as pessoas perguntem: "Como é que é, médico fica doente?"
Trabalhar apenas dois turnos de oito horas diariamente, reservando o resto do tempo para os sobreavisos.
Realizar trabalhos de gestão e administração sem ser discriminado pelos colegas.
Não ser cobrado por colegas pelas consultas de seus familiares. (Sem reciprocidade.)
Lutar por mais verbas para a pesquisa da cura da "esmeraldite".
Aposentar-se aos 60 anos com base na "Lei dos Sexagenários", promulgada em 1885.
Lutar pela fusão das associações médicas e de especialidades que tenham anuidades em uma unica e grande "Ordem dos Médicos do Brasil".
Aprender com os farmacêuticos a ler a letra dos outros médicos.
Ser dispensado de prescrever medicamentos com nomes extensos e confusos.
PGCS

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

348 - Sobre o nervo laríngeo

Este nervo é uma das ramificações de um nervo craniano que provém diretamente do cérebro, o vago. Em ambos os lados do pescoço, um dos ramos do nervo laríngeo dirige-se à laringe, seguindo um percurso direto tal como seria escolhido por um projetista. O outro, no entanto, dirige-se à laringe, mas realiza um desvio surpreendente. Mergulha no tórax, circunda uma das principais artérias que sai do coração (1) e depois regressa ao pescoço para terminar a viagem. (2)
Como resultado de um projeto este nervo (recorrente) seria um disparate. Do ponto de vista de evolutivo faz todo o sentido. Para compreender isto temos de recuar ao tempo em que os nossos antepassados eram peixes. Os embriões humanos com cinco semanas assemelham-se a peixes com brânquias.
Num embrião humano com vinte e seis dias veremos que o abastecimento sanguíneo às "brânquias" se assemelha fortemente ao abastecimento sanguíneo às brânquias de um peixe. Estas ramificações procuram os seus órgãos-alvo, as brânquias, pelo caminho mais direto e lógico. Durante a evolução dos mamíferos, contudo, o pescoço cresceu (os peixes não o têm) e as brânquias desapareceram, transformando-se em tiróide, paratiróide e laringe. Estes órgãos herdaram o abastecimento que outrora servia às brânquias.
Durante a evolução dos mamíferos os nervos e vasos sanguíneos foram puxados e esticados em direções diversas. No tubarão, esse nervo laríngeo não apresenta desvio, já na girafa (que melhor exemplo se poderia arranjar para esta situação?!), este nervo tem um desvio de 4,5 metros. (3) Em sua jornada descendente, o nervo passa perto da laringe, que é o seu destino final. Todavia continua para baixo, percorrendo todo o pescoço antes de inverter o sentido e fazer o caminho de volta até esta. Isto exemplifica à perfeição como os seres vivos estão longe de terem sido bem projetados e refuta consistentemente a ideia de um "projeto inteligente".

Fonte: "O espectáculo da vida", Richard Dawkins. Via Biogeonorte
Notas do Editor
(1) O laríngeo esquerdo passa por baixo da crossa da aorta; o direito circunda a subclávia direita.
(2) A lesão deste nervo por uma patologia endotorácica (tumor, aneurisma etc.) no ser humano, ou por uma cirurgia para removê-la, causa a paralisia da corda vocal correspondente. Se for bilateral, causa asfixia.
(3) Mais de quatro metros para chegar a um local a poucos centímetros da origem do nervo. Um engenheiro que projetasse algo assim seria despedido por justa causa!

Vídeo. Richard Dawkins na necropsia de uma girafa


21/12/2012 - Atualizando...
Neuronas gigantescas, Antonio Orbe, ALT1040

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

347 - Capsaicina

Supostamente, os seres humanos foram feitos para evitar a pimenta. A fruta contém uma substância irritante chamado capsaicina. É tão ativa que um miligrama da substância, colocada na palma de uma mão, queima como um cigarro aceso, causando uma dor que dura horas.

capsaicina
A planta evoluiu esse mecanismo de defesa porque as suas sementes são destruídas no aparelho digestivo dos mamíferos. E a capsaicina foi a forma que a planta encontrou para afastá-los.
No entanto, as sementes da pimenta Chili sobrevivem ao serem comidas pelas aves, que não têm receptores para sentir a capsaicina. É como se a planta "desejasse" que suas frutas fossem comidas pelas aves, as quais são excelentes veículos para sua propagação.
Diferentemente da maioria dos mamíferos, os seres humanos desfrutam da ardência da capsaicina em sua alimentação.
Agora, há outra razão para apreciá-la além de sua forte emoção culinária: a capsaicina consegue neutralizar localmente os neurônios que enviam sinais de dor ao cérebro.
Este princípio está sendo explorado na fabricação de patches (adesivos transdérmicos) para o tratamento da dor de origem neuropática (*).


(*) Exemplos: nevralgia pós-herpética, polineuropatia pelo HIV, neuropatia diabética, lesão traumática de nervo etc.

N. do E.
1 - No Brasil, a capsaicina é comercializada sob as formas de cremes e loção.
2 - Nenhum organismo rearquiteta a si próprio. Evolui através de alguma mutação AO ACASO que é passada a seus descendentes. Se esta mutação traz alguma vantagem, com relação aos demais da espécie, estes descendentes tenderão a predominar no meio competitivo em que vivem.
Isso acontece em todo momento: no mundo dos microrganismos, por exemplo. Cepas resistentes de bactérias a antibióticos passam a ocupar cada vez mais o espaço das cepas sensíveis. Vírus aviários e suínos sofrem mutações, tornando-se infectantes ao hospedeiro humano a ponto de provocar pandemias.
No presente caso: sementes destruídas em tudo digestivo de mamíferos "não interessam" a plantas que produzem capsaicina; sementes preservadas em tubo digestivo de aves (melhores veículos de propagação, por sinal) "interessam".
"Interessam" e "não interessam" - aqui escritos entre aspas - por serem modelos que não dependem da volição das plantas. PGCS