quarta-feira, 14 de março de 2012

356 - Soins transmitem raiva e devem ser mantidos nas matas

Morre menino que foi mordido por soim, animal que deve viver na mata
Na manhã de 12 de março, o menino de 9 anos, do município de Jati, sul do Estado, que foi mordido por um soim (sagui) e internado com raiva num hospital de Barbalha, morreu. A letalidade da doença é próxima de 100%. No mundo inteiro, apenas dois pacientes, um dos Estados Unidos e outro em Pernambuco sobreviveram, mas com sequelas.
No dia 3 de fevereiro deste ano, o menino e outros quatro colegas se juntaram para caçar soim na mata. As crianças não sabiam que desobedeciam a lei e colocavam em risco a própria vida. Conseguiram pegar um soim e levaram para casa, onde um dos meninos foi mordido A mordida do soim deixou um corte profundo no polegar do menino, mas, pior do que o ferimento, transmitiu raiva. Vinte dias depois, os sintomas começaram a aparecer e, após passar pelo hospital de Jati e pelo Hospital Infantil de Brejo Santo, o menino foi internado no dia 29 de fevereiro no Hospital São Vicente, de Barbalha. O Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen) confirmou a doença.
O que diz a lei
A captura e a criação de soins são práticas que ainda resistem no interior do Ceará. Esses eram os propósitos do menino de Jati e seus amigos. Mas as razões para rejeitar essas práticas são persuasivas. Do ponto de vista ambiental, a legislação é terminante. “Os animais de quaisquer espécies, em qualquer fase do seu desenvolvimento e que vivem naturalmente fora do cativeiro, constituindo a fauna silvestre, bem como seus ninhos, abrigos e criadouros naturais são propriedade do Estado, sendo proibida a sua utilização, perseguição, destruição, caça ou apanha”, determina o artigo 1º da Lei de Proteção à Fauna. Do ponto de vista da saúde individual e coletiva, o contato com soins em cativeiro e a captura desses animais em seus ambientes naturais representa grande ameaça à vida das pessoas.
As agressões de animais silvestres a humanos são classificadas como acidentes graves pelo Ministério da Saúde. Ao ser agredido por animais, deve-se lavar imediatamente a ferida com água e sabão em abundância e imediatamente procurar assistência médica, pois somente o profissional de saúde poderá realizar a avaliação do paciente e se, necessário, indicar o tratamento profilático antirrábico humano. Em casos de agressão por animais silvestres, como morcegos, macacos, saguis, raposas, mesmo que ferimentos pequenos, o tratamento profilático antirrábico humano é imprescindível e deve ser buscado o mais rápido possível. Antes da manifestação dos sintomas, período que varia de alguns dias até um ano, é possível conter a doença com o tratamento adequado. Mas para evitar qualquer risco, o mais indicado ainda é deixar os animais silvestres em ambientes naturais e evitar o contato ou atraí-los para o convívio doméstico.
Nos últimos oito anos, desde 2005, foram confirmados cinco casos de raiva humana no Estado. Desse total, quatro tiveram transmissão através de soins em São Luís do Curu, Camocim, Ipu e Jati. Em Chaval, o caso de raiva foi transmitido por um cão.
Prevenção
A raiva é uma doença viral que pode ser transmitida ao homem por mordida, lambida ou arranhão de um animal infectado, principalmente cães, gatos, saguis e morcegos. A melhor maneira de evitar a raiva em humanos é a prevenção. Além da vacinação dos animais domésticos, as secretarias de saúde dos municípios devem ser acionadas para capturar os animais de rua que podem portar a doença. Nas cidades, a presença de morcegos deve ser notificada aos departamentos de zoonoses.

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