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terça-feira, 5 de maio de 2015

735 - Médicos usam impressoras 3D para salvar a vida de crianças

Em um novo marco na impressão em 3D, médicos estadunidenses foram capazes de salvar a vida de três crianças que sofrem de uma doença respiratória fatal.
Três bebês que estavam à beira da morte por uma traqueobroncomalácia, um transtorno incurável que provoca o colapso da traqueia, tiveram talas aplicadas que lhes permitiram recuperar e respirar normalmente - segundo o estudo publicado nesta quarta-feira na revista Science Translational Medicine.
Os pesquisadores usaram tomografias computadorizadas das vias respiratórias das crianças para criar talas de policaprolactona, um material concebido para expandir à medida que suas vias respiratórias fossem crescendo. Suturadas por fora da traquéia, passaram a dar sustentação ao tubo traqueal (como stents externos).
Embora a técnica ainda não tenha sido oficialmente aprovada nos Estados Unidos, esses dispositivos personalizados, criados por uma impressora 3D, receberam uma exceção médica de emergência para estes casos particulares e ainda são considerados de alto risco.
Kaiba Gionfriddo, o primeiro que recebeu o tratamento, tinha três meses de idade quando passou pela cirurgia. Agora, ele é uma criança saudável de três anos que vai à pré-escola, disseram os pesquisadores.
As outras duas crianças tinham cinco e 16 meses quando foram submetidas à operação. Eles passam bem e não sofreram complicações.
"Esta é a primeira cura para a doença", afirmou o principal autor do estudo, Glenn Green, professor de otorrinolaringologia pediátrica do Hospital Infantil C.S. Mott da Universidade de Michigan.
Cerca de uma em cada 2.000 crianças nasce com traqueobroncomalácia em todo o mundo, explicou Green.
Referências
Doctors use 3-D printing to help a baby breathe
Vídeo: 3D Technology for Surgery

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

684 - Para a alegria da vida

O mamilo do guitarrista
A fissura do mamilo, também conhecido como mamilo do corredor (foto), do ciclista, do surfista, do halterofilista, do guitarrista etc. é uma condição que pode ser causada pela fricção repetida de uma camisa (T-shirt) ou de outra roupa da parte superior do corpo (inclusive do interior de um emblema) contra os mamilos durante um período prolongado de exercício.
Resultam disso: dor, secura ou irritação, sangramento em um ou ambos os mamilos.
(A patologia também pode acontecer em mulheres que amamentam.)
Hoax
Em 1974, a médica britânica Elaine Murphy, leu uma carta no British Medical Journal (BMJ) sobre o "mamilo do guitarrista", e pensou que a correspondência fosse uma piada, Então, escreveu uma carta para o BMJ e enviou-a com a assinatura do marido.
Para sua surpresa, o jornal a publicou:
Sir,
Embora eu nunca tenha visto o mamilo do guitarrista, como relatado pelo Dr. P. Curtis (27 de abril, p 226), uma vez me deparei com um caso de cello scrotum (escroto de violoncelista) causado pela irritação do corpo do violoncelo. O paciente em questão era um músico profissional e tocava esse instrumento em práticas, ensaios e concertos durante várias horas por dia.
JM Murphy 
A condição foi referenciada em outras revistas médicas nos anos que se seguiram. Quando foi mencionada novamente no BMJ, em 2008, o casal Murphy admitiu a farsa.
"Qualquer pessoa que já assistiu a um violoncelo sendo tocado iria perceber a impossibilidade física de nosso comunicado", escreveu Murphy, à época um membro da Câmara dos Lordes.
"Podemos ter que solicitar agora uma retratação formal ou correção", disse um porta-voz da revista. "Uma vez que essas coisas entram na literatura científica, elas ficam lá para sempre. Mas tudo isto contribui para a alegria da vida".
Occupational hazards, Futility Closet

domingo, 2 de novembro de 2014

674 - O pulmão de aço

Inventado nos Estados Unidos em 1928, o pulmão de aço estava entre as primeiras máquinas do suporte à vida. Consiste basicamente de uma câmara hermética conectada a uma bomba de ar.
A máquina foi originalmente concebida para ajudar as vítimas da inalação de gases. Mais tarde, os pulmões de aço se tornariam famosos por manter vivos os pacientes de poliomielite. Em casos graves, quando a doença paralisava os músculos respiratórios, o pulmão de aço assegurava a respiração dos pacientes.
O pulmão de aço ajuda o paciente a respirar por meio de pressões negativas. As quais sugam o ar para fora fora da câmara da máquina, fazendo com que os pulmões do paciente expandam, e este possa respirar.
Muitos pacientes de pólio se recuperavam depois de passar algum período no pulmão de aço. Outros, porém, passavam o resto de suas vidas na máquina. Para estes pacientes, a máquina salvava a vida, mas a um preço elevado do ponto de vista da qualidade de vida.
Ainda hoje, há pacientes que usam pulmões de aço para respirar. São casos pouco frequentes. Graças às vacinas, que praticamente eliminaram os casos de pólio, e aos atuais aparelhos de ventilação mecânica cujas vantagens operacionais e de resultados são inegáveis.
Website recomendado:
http://www.sciencemuseum.org.uk/broughttolife/themes/treatments/iron_lung.aspx
19/12/2014 - Atualizando...
Esta nota (674) foi republicada em 18/12/2014 no Jornal GGN.
10/02/2016 - Atualizando...
Martha Mason, a mulher que passou mais de 6O anos imobilizada em um pulmão de aço

sábado, 4 de outubro de 2014

664 - A doença do chapeleiro maluco

A expressão "louco como um chapeleiro" é provavelmente uma referência ao envenenamento por mercúrio.
E a chamada "doença do chapeleiro maluco" já foi também comum entre os modistas. É que, nos séculos 18 e 19, estes profissionais inalavam fumos de compostos à base de mercúrio, durante a fabricação de chapéus de feltro, e adoeciam devido à toxicidade mercurial.
The Mad Hatter, personagem de "Alice no País das Maravilhas", foi, presume-se, inspirado em um excêntrico comerciante de móveis chamado Theophilus Carter. Mas Carter não foi vítima da "doença do chapeleiro maluco".
Embora Lewis Carroll, o consagrado autor de "Alice...", ao que tudo indica, estivesse familiarizado com a alta prevalência da demência entre os chapeleiros.
Lewis Carrol no Acta
267 - O uso do narguilé
Mercúrio no Acta
305 - Um ano com Mercúrio! | 561 - O uso do mercúrio contra a pediculose na Renascença | 569 - A guerra dos químicos
28/11/2014 - Atualizando...
Esta nota (664) foi publicada no LN Online, em 26/11/14, acrescida por 5 comentários.

domingo, 28 de abril de 2013

491 - As (des)ordens de um flagelo

"A doença é zona noturna da vida, uma cidadania mais
onerosa. Todos que nascem têm dupla cidadania, no
reino dos sãos e no reino dos doentes. Apesar de todos
preferirmos só usar o passaporte bom, mais cedo ou
mais tarde nos vemos obrigados, pelo menos por um
período, a nos identificarmos como cidadãos desse 
outro lugar."
Susan Sontag
As (des)ordens de um flagelo: notas de leitura 
por Carlos Roberto da Silva, da  UNIPAM.
Mestre em Literaturas de Língua Portuguesa pela PUC Minas.
Resumo do artigo
Análise de obras de arte como pintura, peça de teatro e literatura, a partir da ideia de estetização da doença como metáfora da própria sociedade. Baseia-se, para isso, no pensamento de Susan Sontag, Adam e Herzlich e outros que, numa perspectiva sociológica, estudaram as relações entre o homem, a doença e a sociedade, mostrando que a doença é mais que um desarranjo do organismo biológico, pois afeta também o organismo social e, conseguintemente, o cultural.
In: Revista ALPHA, número 9

sábado, 13 de abril de 2013

486 - Uma crônica em autorretratos de uma doença

Denise Grady
Quando soube, em 1995, que tinha a doença de Alzheimer, William Utermohlen, um artista americano em Londres, respondeu de forma característica.
A partir daquele momento, ele começou a tentar compreender-se, pintando a si próprio", disse sua esposa, Patricia Utermohlen, professora de História da Arte.
As pinturas (acima: em 1967, sem a doença; abaixo: em 2000) revelam nitidamente a descida do artista em sua demência com o seu mundo vivencial a se desmoronar. Sua esposa e seus médicos disseram que ele parecia consciente de que, por vezes, falhas técnicas tinham invadido o seu trabalho, mas ele não conseguia descobrir como corrigi-los.
"O sentido espacial prosseguia falhando, e eu acho que ele sabia", disse Patricia. Um psicanalista escreveu que "as pinturas de Utermohlen representavam tristeza, ansiedade, resignação e sentimentos de fraqueza e vergonha".
Dr. Bruce Miller, um neurologista da Universidade da Califórnia , San Francisco, que estuda a criatividade artística em pessoas com doenças do cérebro, disse que "alguns pacientes podem ainda produzir um trabalho poderoso. Alzheimer afeta o lobo parietal direito, em particular, o que é importante para visualizar algo internamente e, em seguida, colocá-lo em uma tela. A arte se torna mais abstrata, as imagens, borradas e vagas, e mais surrealistas. Às vezes, há o uso de uma cor bonita e sutil."

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

451 - Crédito à cama


Nós nunca somos tão virtuosos como quando estamos doentes. Algum homem doente já foi tentado pela cobiça ou luxúria? Ele não é um escravo de suas paixões nem de suas ambições com a profissão; ele não se importa com a riqueza e se contenta com o pouco que tem, sabendo ainda que pode perdê-lo. É, então, que ele se lembra dos deuses e percebe que é mortal: ele não sente nenhuma inveja, admiração, nem desprezo de qualquer homem: nem mesmo uma conversa insultuosa pode prender a sua atenção ou dar-lhe estímulo para o pensamento, e seus sonhos são todos de banhos e primaveras amenas. Estes são sua única preocupação, o objeto de todas as suas orações, enquanto ele resolve que, se tiver a sorte de se recuperar, vai levar uma vida sóbria e simples no futuro, isto é, uma vida de inocência feliz.
Então, aqui para a nossa orientação, é a regra aquilo que os filósofos buscam expressar em palavras e textos intermináveis: na saúde, devemos continuar a ser os homens que prometemos nos tornar quando a doença levou as nossas palavras.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

441 - Febre amarela e sangrias

A febre amarela é conhecida por trazer uma coloração amarela característica (icterícia) para a pele e os olhos e por causar "vômitos pretos" relacionados com sangramentos no estômago.
O vírus causal é transmitido por mosquitos infectados, porém, por muito tempo, se acreditou ser uma doença miasmática originária da matéria vegetal em decomposição e das putrefações em geral.


"Nunca antes experimentei tão sublime satisfação como a que eu sinto agora, contemplando o sucesso dos meus tratamentos (sangrias). Graças a Deus, de uma centena de pacientes que eu visitei ou prescrevi no dia de hoje, não perdi nenhum." 

Benjamin Rush

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

420 - Doença

Link para um curta-metragem de animação de Couse Candace.
O corpo humano é uma máquina maravilhosa. Mas, às vezes, agentes subversivos perturbam sua harmonia interior. Usando a técnica de quadro a quadro, o cineasta dá vida a estruturas corporais sob a ameaça de um agente agressor - tudo em tricô.
Malade, Titam
Pensamento
"... as doenças, nos grandes homens, servem muitas vezes de dínamos criadores, enquanto nos homens comuns não passam de decadência sem glória."

quarta-feira, 9 de maio de 2012

374 - Jakeitis

Seis irmãos da uma família Jackson, residente em Ardmore, Oklahoma, tinham os seguintes nomes: Tonsilitis, Meningitis, Appendicitis, Laringitis (Larry, para encurtar), Peritonitis e Jakeitis.
A propósito do nome Jakeitis, Elsdon Smith, em seu "Treasury of Name Lore" (New York: Harper and Row, 1967), escreveu sarcasticamente:
"O último nome deve ter significado o fim do conhecimento médico de seus pais."
Não poderia estar mais equivocado. Ao que parece, o conhecimento médico dos pais superava o de muitos especialistas da época.
Com o nome de Jakeitis se denominou uma estranhíssima enfermidade que, em 1930, afetou mais de 400 pessoas em diferentes partes dos EUA. A doença se devia ao consumo de um extrato de gengibre jamaicano de contrabando, vulgarmente conhecido como "Jake", muito procurado naquela época (Lei Seca) por causa de seu alto conteúdo de álcool. E esse extrato era tornado ainda mais tóxico por alguns fornecedores que lhe acrescentavam um plastificante industrial.
Os indivíduos afetados pela Jakeitis sofriam uma paralisia parcial, especialmente dos pés, que os impedia de caminhar normalmente.
É esta um pouco da história dos irmãos Jackson, de Ardmore, Oklahoma, cujos progenitores se destacaram pela "originalidade" com que escolheram os nomes dos filhos.

Por Guillermo, La Aldea Irreductible. Tradução de PGCS
Correspondência
This is very good and I will make sure that I will stay away from ginger based drinks.
Regards,
Hugo Mendonça, Florida, USA

domingo, 6 de maio de 2012

373 - O filme da confusão

Depois de comprar ingresso, pipocas e refrigerante, você percebe que aquela sala de cinema está passando um filme diferente do que você desejava assistir. Você fica confuso, pensa que talvez tenha adquirido o ingresso errado, fica com receio de perguntar a alguém do lado se é isso mesmo. E... de repente, você nota que a sala inteira apresenta a mesma perplexidade. Essa curiosa encenação, que fez parte da semana de conscientização sobre a Doença de Alzeimer, em Israel, queria reproduzir a sensação de confusão que os pacientes acometidos por essa doença sentem. Pela reação das pessoas no cinema, o objetivo foi atingido. Confira:


The Daily What, via Blue Bus

sexta-feira, 27 de maio de 2011

264 - Uma história através de URLs

Aqui você acompanha a história de uma paciente contada através de URLs (Uniform Resource Locator, os localizadores dos sites na internet).
Tudo começa no endereço this-is-the-story-of-a-woman.com. A seguir, é só ir clicando em "next" para ver a continuação.
A história fala de uma mulher que sofre de CCSVI (Chronic Cerebrospinal Venous Insufficiency), um problema relacionado à esclerose múltipla que, por dificultar a circulação venosa cerebral, afeta a movimentação do corpo.
A campanha é uma criação da Lowe Pirella Fronzoni, saiu no AdFreak e foi divulgada por Debora Schach no Blue Bus. Destina-se a angariar fundos para a pesquisa de uma forma de tratamento experimental (ainda sob muitas controvérsias).

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

229 - A melioidose no Ceará

Em fevereiro de 2003, na zona rural do município de Tejuçuoca, Estado do Ceará, ocorreu um surto de formas graves de uma doença desconhecida em quatro adolescentes de uma mesma família. Três foram a óbito no início de março. O quadro clínico, segundo os infectologistas que assistiram aos pacientes, foi de pneumonia fulminante com septicemia.
Extensas investigações epidemiológica, clínica, laboratorial e ambiental foram realizadas, resultando no diagnóstico conclusivo de melioidose, a partir do isolamento da bactéria Burkholderia pseudomallei em hemoculturas.
Em 2004, novo caso da doença foi diagnosticado no município de Banabuiu - CE, em uma paciente de 39 anos com quadro clínico de abscesso em região genital e septicemia. O agente etiológico da meliodose foi também identificado em hemocultura dessa paciente.
A Burkholderia pseudomallei é um microrganismo de vida livre, saprófita em alguns tipos de solo, e que também sobrevive em águas superficiais por períodos prolongados. Pessoas e animais podem adquirir a infecção em contato com o solo e a água onde a bactéria está presente. É levantada a hipótese de que a sua inalação por hospedeiros suscetíveis é que responde pelas formas graves (pulmonares e sistêmicas) da enfermidade.
A meliodose é um problema de saúde pública em alguns países do mundo (os quais estão principalmente situados nas regiões tropical e subtropical), sendo endêmica no Sudeste da Ásia, no Norte da Austrália e no subcontinente indiano. No Brasil, até o surto de Tejuçuoca, não havia registros da ocorrência dessa doença.

Fonte: Secretaria da Saúde do Estado do Ceará. Manual de Coleta de Amostras Ambientais da Burkholderia pseudomallei, Agente Etiológico da Melioidose, 2006.

Notas
(1) A pequena cidade de Tejuçuoca, distante 140 km da capital Fortaleza, é conhecida como a capital cearense do bode. Anualmente, a cidade realiza a Tejubode, feira de ovinos e caprinos que atrai cerca de 100 mil pessoas a este município de menos de 15 mil habitantes. Fonte: Blog do Guto Mota.
(2) Em 2005 e anos subsequentes, outros casos da doença têm sido informados. Oriundos dos municípios de Aracoiaba e Granja e do litoral cearense (este último, um turista holandês que veio a falecer em seu país). Fonte: internet (diversas).
(3) Ceftazidima (antibiótico que existe apenas na forma injetável) é a droga de primeira escolha para o tratamento da melioidose. Fonte: 2010 - Current Medical Diagnosis and Treatment, de Stephen J. McPhee e Maxine A. Papadakis.

07/11/2012 - Atualizando...
Francisco Fernando Pimenta Lima e colaboradores publicaram o relato de um caso de melioidose na Revista Científica do Instituto Dr. José Frota, nº. 15, de maio de 2011, sob o título de ABSCESSO ESPLÊNICO CAUSADO POR MELIOIDOSE.
Paciente FLR, 48, masculino, natural e procedente de Fortaleza/CE, portador de doença falciforme. Apresentava febre baixa, hipodinamia e dor no hipocôndrio esquerdo. TC mostrou baço aumentado com abscesso no órgão. Inicialmente medicado com ampicilina-sulbactam. A seguir, o paciente se submeteu a uma laparotomia exploradora. Realizada  esplenectomia e coletados 2.000 mL de secreção purulenta. Nesta secreção, isolou-se a Burkholderia pseudomallei. Instituído meropenem 6g/dia EV por 14 dias. O paciente recebeu alta hospitalar, clinicamente estável.
Esta revista é indexada no site http://geodados.pg.utfpr.edu.br

quinta-feira, 10 de junho de 2010

129 - Espinhela caída

A espinhela é a denominação vulgar do apêndice xifóide, um prolongamento cartilaginoso que fica na porção inferior do osso esterno. E a espinhela caída, segundo a crença popular, seria o relamento dessa estrutura de modo a causar, no portador da anormalidade, um debilitamento acompanhado de dores vagas propagantes do tórax ao abdome e vice-versa.
É uma moléstia vaga, talvez imaginária, e para a qual os compêndios médicos não dedicam sequer um verbete.
E só muita reza para curar o que a gente nem sabe se existe.

Arte sobre foto de Catherine Krulik

Publicado em EntreMentes

segunda-feira, 3 de maio de 2010

91 - Soprando em si

Um jovem de 13 anos procurou um médico queixando-se de que, havia dois dias, surgira uma inchação facial à esquerda. A massagem aplicada sobre essa região, que correspondia à parótida esquerda, resultava na eliminação de uma secreção espumosa pelo orifício de seu duto na cavidade oral.
O jovem não apresentava outros sintomas e sinais clínicos.
A tomografia computadorizada da cabeça revelou a presença de ar (situação anormal) na glândula parótida esquerda e em seu duto. E os níveis sanguíneos de amilase (uma enzima produzida pelas glândulas salivares) foram três vezes superiores ao limite superior da normalidade (significando algum grau de dano glandular).
O caso recebeu o diagnóstico de pneumoparótida em tocador de tuba (o jovem era um aprendiz desse instrumento). Tratado com medidas conservadoras, aconteceu em poucos dias o completo desaparecimento do problema.
Conclui o artigo que a situação descrita pode acontecer em tocadores de instrumentos de sopro e sopradores de vidro, profissionais em que a ocorrência de pressões elevadas do ar na cavidade oral pode forçar a que este penetre nos dutos das parótidas.
Fonte: A Tuba Player with Air in the Parotid Gland, NEJM
Publicado em EntreMentes

segunda-feira, 1 de março de 2010

28 - Um câncer ocupacional


Foi Sir Percival Pott, um notável clínico londrino do século XVIII, quem primeiro estabeleceu a associação entre a ocupação de limpador de chaminés e o câncer de pele do escroto. Em Londres, assim como em outras cidades, o ofício de limpador de chaminés era exercido preferencialmente por rapazes e adolescentes de constituição esbelta, os quais trabalhavam apenas com a “roupa de baixo” (calções da época), onde se acumulavam resíduos da combustão da lenha. Depois de alguns anos dessa prática, era comum o aparecimento do câncer do saco escrotal, região que ficava em contato mais direto com aqueles resíduos. Pela primeira vez se assinalou um risco profissional por exposição a um agente cancerígeno, graças à Percival Pott, por sua observação de transcendência ao associar o câncer de escroto com a profissão de limpador de chaminés.

Trecho extraído de Breve Histórico do Câncer Ocupacional, um dos 33 capítulos do livro Observatório Médico: Crônicas e Ensaios do Cotidiano, de autoria de Marcelo Gurgel, médico do Instituto do Câncer do Ceará (ICC) e professor da Universidade Estadual do Ceará (UECE).

Serviço: marcelo@uece.br

Publicado em EntreMentes