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sábado, 4 de outubro de 2014

664 - A doença do chapeleiro maluco

A expressão "louco como um chapeleiro" é provavelmente uma referência ao envenenamento por mercúrio.
E a chamada "doença do chapeleiro maluco" já foi também comum entre os modistas. É que, nos séculos 18 e 19, estes profissionais inalavam fumos de compostos à base de mercúrio, durante a fabricação de chapéus de feltro, e adoeciam devido à toxicidade mercurial.
The Mad Hatter, personagem de "Alice no País das Maravilhas", foi, presume-se, inspirado em um excêntrico comerciante de móveis chamado Theophilus Carter. Mas Carter não foi vítima da "doença do chapeleiro maluco".
Embora Lewis Carroll, o consagrado autor de "Alice...", ao que tudo indica, estivesse familiarizado com a alta prevalência da demência entre os chapeleiros.
Lewis Carrol no Acta
267 - O uso do narguilé
Mercúrio no Acta
305 - Um ano com Mercúrio! | 561 - O uso do mercúrio contra a pediculose na Renascença | 569 - A guerra dos químicos
28/11/2014 - Atualizando...
Esta nota (664) foi publicada no LN Online, em 26/11/14, acrescida por 5 comentários.

sábado, 2 de agosto de 2014

643 - Cuspidores de fogo

Engolidores/cuspidores de fogo praticam uma atividade circense potencialmente perigosa.
Dentre os riscos dessa prática para a saúde, encontram-se as lesões inalatórias por hidrocarbonetos – que evoluem para as pneumonias químicas.
Depois de pesquisar materiais atóxicos e supostamente seguros, um destes profissionais apresenta a sua descoberta: amido de milho.
No Acta
23 - Pneumonias por produtos do petróleo
462 - Pneumonia química ameaça sobreviventes do incêndio

sexta-feira, 29 de junho de 2012

391 - Agrotóxicos

Utilizados no combate às pragas, doenças e plantas invasoras, os defensivos agrícolas (agrotóxicos) podem causar danos a saúde e ao meio ambiente.
Os especialistas recomendam uma série de cuidados com esses produtos, o que vai desde a compra, passando pela utilização, até o descarte das embalagens vazias.
Na hora da compra, por exemplo, é preciso levar um receituário agronômico e o produto deve ter registro na agência estadual de defesa sanitária animal e vegetal. O transporte deve ser feito em um compartimento separado do motorista, já o armazenamento precisa seguir as normas da ABNT. Produtos com vazamentos, vencidos ou com embalagens deterioradas, devem ser devolvidos ao fabricante. O uso de equipamento de proteção individual (EPI) é obrigatório para quem vai diluir ou aplicar os defensivos, o que inclui calças, jalecos, botas, respiradores, bonés e luvas. As embalagens vazias não podem ser reaproveitadas. O destino são as unidades de recolhimento ou, em alguns casos, a devolução para o fabricante.

sábado, 17 de março de 2012

357 - A bordadeira de ferro

Cal Lane, 39 anos, artista canadense transforma objetos rudes do cotidiano em maravilhosas obras de arte. Em suas mãos, um objeto de ferro grosseiro e pesado adquire um aspecto inesperado - de como se ele tivesse, por exemplo, delicadas rendas.
Fica-se impressionado com a beleza que ela "descobre" num trambolho de ferro.
Nesta imagem, retirada do blog Trapitos de Colores, Cal Lane aparece trabalhando sobre uma velha caldeira.


Die Lunge im Netz
Falha
Trabalhando sem proteção respiratória, atentar para isso, em uma ocupação considerada de risco para a siderose pulmonar!
A siderose pulmonar (imagem radiológica) pode acometer trabalhadores expostos a atividades extrativas de minério de ferro (hematita, magnetita, limonita), produção de pigmentos naturais contendo óxidos de ferro em tintas e pisos, metalurgia de aço, ferro e ligas, solda a arco elétrico e oxietileno, polimento de metais com óxidos de ferro em cutelaria de aço e prata e outras atividades afins.
Apesar de ser uma pneumopatia ocupacional "benigna", há sempre a possibilidade de que, além das partículas de ferro geradas pela ocupação, a pessoa exposta possa também inalar outras poeiras minerais, como a silica, o que pode então conferir gravidade à doença.
Espero que Cal Lane não trabalhe sempre desse modo.

RELATO DE CASO
Souza, MB, Garcia, GF e Maciel, R. Siderose pulmonar. J Pneumol 24(1) – jan-fev de 1998.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

91 - Soprando em si

Um jovem de 13 anos procurou um médico queixando-se de que, havia dois dias, surgira uma inchação facial à esquerda. A massagem aplicada sobre essa região, que correspondia à parótida esquerda, resultava na eliminação de uma secreção espumosa pelo orifício de seu duto na cavidade oral.
O jovem não apresentava outros sintomas e sinais clínicos.
A tomografia computadorizada da cabeça revelou a presença de ar (situação anormal) na glândula parótida esquerda e em seu duto. E os níveis sanguíneos de amilase (uma enzima produzida pelas glândulas salivares) foram três vezes superiores ao limite superior da normalidade (significando algum grau de dano glandular).
O caso recebeu o diagnóstico de pneumoparótida em tocador de tuba (o jovem era um aprendiz desse instrumento). Tratado com medidas conservadoras, aconteceu em poucos dias o completo desaparecimento do problema.
Conclui o artigo que a situação descrita pode acontecer em tocadores de instrumentos de sopro e sopradores de vidro, profissionais em que a ocorrência de pressões elevadas do ar na cavidade oral pode forçar a que este penetre nos dutos das parótidas.
Fonte: A Tuba Player with Air in the Parotid Gland, NEJM
Publicado em EntreMentes

segunda-feira, 1 de março de 2010

28 - Um câncer ocupacional


Foi Sir Percival Pott, um notável clínico londrino do século XVIII, quem primeiro estabeleceu a associação entre a ocupação de limpador de chaminés e o câncer de pele do escroto. Em Londres, assim como em outras cidades, o ofício de limpador de chaminés era exercido preferencialmente por rapazes e adolescentes de constituição esbelta, os quais trabalhavam apenas com a “roupa de baixo” (calções da época), onde se acumulavam resíduos da combustão da lenha. Depois de alguns anos dessa prática, era comum o aparecimento do câncer do saco escrotal, região que ficava em contato mais direto com aqueles resíduos. Pela primeira vez se assinalou um risco profissional por exposição a um agente cancerígeno, graças à Percival Pott, por sua observação de transcendência ao associar o câncer de escroto com a profissão de limpador de chaminés.

Trecho extraído de Breve Histórico do Câncer Ocupacional, um dos 33 capítulos do livro Observatório Médico: Crônicas e Ensaios do Cotidiano, de autoria de Marcelo Gurgel, médico do Instituto do Câncer do Ceará (ICC) e professor da Universidade Estadual do Ceará (UECE).

Serviço: marcelo@uece.br

Publicado em EntreMentes