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quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

1025 - O espirômetro de Hutchinson



A silhueta de J. Hutchinson (1811 - 1861) e seu espirômetro, ilustrando a posição correta para a medida da Capacidade Vital
- Th. Similowski y col. Rev Mal Respir 1997

Contribuições de J. Hutchinson
- Projeto do primeiro espirômetro moderno
- Conceito e nome da Capacidade Vital (CV)
- Impacto da CV nas enfermidades
- Relação da CV com a altura (não com o peso)
- Mais de 4 mil espirometrias realizadas
No Scribd 
HISTÓRIA DA ESPIROMETRIA
HISTÓRIAS DA HISTÓRIA DA ESPIROMETRIA

quinta-feira, 30 de março de 2017

965 - As principais dúvidas suscitadas pela postagem ALTURA x ENVERGADURA

Em 19 de fevereiro de 2009, publiquei a postagem altura x envergadura no blog EM que recebeu, até o momento, 156 comentários. Aqui republicada, em 27 de abril de 2010, como 87ª postagem do Acta, recebeu 5 comentários.
As muitas dúvidas dos leitores  podem ser classificadas em cinco tipos:
1
A relação que existe entre a altura e a envergadura de uma pessoa guardam uma proporção geralmente harmoniosa. A partir da envergadura, estima-se a altura dividindo o valor obtido para a envergadura por 1,06 (se homem) ou 1,03 (se mulher). A partir da altura, estima-se a envergadura multiplicando o valor obtido para a altura por 1,06 (se homem) ou 1,03 (se mulher). Esta fórmula é utilizada na espirometria para a obtenção da altura nas situações em que esta não pode ser obtida diretamente, como nos cadeirantes, por exemplo. No entanto, o ideal é que tanto a altura quanto a envergadura sejam medidas diretamente.
2
Em nenhuma hipótese esta fórmula pode ser utilizada por adolescentes com o propósito de saber a altura e/ou envergadura que terão quando adultos. Para prever a altura final, existe uma fórmula (sujeita a erros) que leva em consideração as alturas do pai e da mãe. As previsões podem ser mais acertadas, se combinadas com o estudo da idade óssea e outros exames orientados por endocrinologista ou pediatra.
3
O valor da relação altura x envergadura quando estas são obtidas diretamente pode ser diferente de 1,06 (se homem) e 1,03 (se mulher) sem que isso represente problema. A normalidade não é um número exato é uma faixa (curva normal). No caso da envergadura, os valores compatíveis com a normalidade são atualmente de difícil acesso. Constam de estudos feitos no exterior e no Brasil, na década de 1990, com a finalidade de obter os valores de referência para a espirometria.
4
Por vezes, leitores encaminham perguntas cujas respostas caberiam a eles mesmos com uma simples operação matemática de multiplicação ou divisão.
5
Um problema a ser lembrado é a inexperiência de leitores para medir em si próprios a altura e a envergadura. A altura deve ser tomada, se possível numa balança de consultório (antropométrica), com a pessoa descalça, bem ereta (em posição de sentido), com os calcanhares juntos e os olhos no plano horizontal. Quanto à medida da envergadura, é mais acurada quando se mede a semi-envergadura (distância que vai do manúbrio do esterno à ponta do dedo máximo) multiplicando-a por 2. Não se sentindo capaz é melhor recorrer a um professor de Educação Física ou a um médico.
Bônus
Recomendo assistir a este vídeo:

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

563 - ESPIROMETRIA. Que exame é esse?

Três slideshows e um informe técnico de minha autoria fazem parte da seção Que exame é esse?, do site da Sociedade Beneficente Clemente Ferreira. São eles:
– Que é espirometria? LINK
– Critérios para a espirometria de boa qualidade LINK
– Higiene e prevenção de infecção em espirometria LINK
– Indicações para espirometria LINK
A Sociedade Beneficente Clemente Ferreira é uma organização civil fundada em 31 de julho de 1956. Sem finalidades econômicas ou lucrativas, suas ações são de natureza beneficente, filantrópica e educacional, dando ênfase às doenças do aparelho respiratório. O combate à tuberculose, que esteve em sua origem, pela ameaça que esta doença ainda representa para a sociedade, permanece como um de seus principais focos de atuação, sob a forma de apoio às atividades do Instituto Clemente Ferreira.

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

407 - Medindo a umidade relativa do ar

O higrômetro é um instrumento que serve para medir a umidade presente nos gases, mais especificamente na atmosfera. É utilizado principalmente em estudos do clima, mas também em locais fechados onde a presença de umidade excessiva ou abaixo do normal poderia causar danos, por exemplo em peças de museus, documentos de bibliotecas e elementos de laboratórios.
Os higrômetros são compostos, em sua maioria, de substâncias com capacidade de absorver a umidade atmosférica. Entre elas estão o cabelo humano e os sais de lítio. No higrômetro construído com cabelo humano (primeira gravura), uma mecha de cabelo é colocada entre um ponto fixo e outro móvel e, segundo a umidade a que está submetida, ela varia de comprimento, arrastando o ponto móvel. (1) Esse movimento é transmitido a um ponteiro que se desloca sobre uma escala, na qual estão os valores da umidade relativa. Já o higrômetro de sais de lítio baseia-se na variação de condutividade desses sais, os quais apresentam uma resistência variável de acordo com a água absorvida. Um amperímetro com sua escala devidamente calibrada fornece os valores de umidade do ar.
Outra maneira de medir a umidade relativa é calcular a velocidade de evaporação da água por meio do psicrômetro (segunda gravura). Para isso, dois termômetros idênticos são expostos ao ar: um traz o bulbo descoberto; outro tem o bulbo coberto por gaze umedecida. A temperatura do segundo termômetro é, pelo arranjo, inferior à do primeiro, porque a água evaporada da gaze resfria o bulbo. Quanto menor a umidade do ar, tanto maior é o resfriamento da gaze. A partir da diferença de leitura entre os dois termômetros, e com a ajuda de uma tabela, pode ser encontrado o valor da umidade relativa. (2) WIKIPÉDIA
Notas
(1) Os fios de cabelo ficam esticados em dias secos e contraídos quando o tempo está úmido.
(2) Por seis anos, correspondentes ao período em que estive lotado no setor de Função Pulmonar do Hospital de Messejana, fiz medidas da umidade relativa do ar, um dado indispensável à calibração diária do espirômetro, usando para essa finalidade um psicrômetro. (Paulo Gurgel)
Reportagem
Vídeo globo.tv

quinta-feira, 3 de maio de 2012

372 - Instruções para o paciente que realizará uma espirometria

A espirometria é um exame médico complementar, que tem como objetivo avaliar a função pulmonar, auxiliando na elaboração de diagnóstico, bem como no acompanhamento das doenças respiratórias. O exame é bastante simples e consiste na realização de manobras de inspiração e expiração que são registradas por um aparelho denominado espirômetro.
Algumas recomendações devem ser seguidas para que o exame seja o mais preciso possível:
  • O uso de medicamentos broncodilatadores deve ser interrompido antes do exame: 6 horas antes para os broncodilatadores de curta ação (aerolin, berotec, salbutamol, brycanil, terbutalina, atrovent, combivent); 12 horas antes para os broncodilatadores de longa duração, associados ou não a corticóide, (foradil, fluir, serevent, seretide, foraseq, symbicort, alenia); e 24 horas antes para o brometo de tiotrópio (spiriva).
  • A presença de infecções respiratórias pode prejudicar a realização do exame. Assim, caso você perceba a ocorrência de tal situação, comunique a seu médico.
  • Jejum não é necessário, porém refeição volumosa deve ser evitada antes do exame.
  • Cafeína (café, chá, guaraná, refrigerante "cola") e álcool não devem ser ingeridos nas 6 horas anteriores ao exame.
  • O cigarro também deve ser evitado por pelo menos duas horas antes da realização do exame. Se você fuma, quem sabe, não é essa a oportunidade para abandonar de vez o cigarro?
  • Você deve repousar por cerca de 15 minutos antes do início da espirometria.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

283 - Tendências e preditores de alterações na função pulmonar após tratamento para tuberculose pulmonar

Pacientes geralmente apresentam alterações da função pulmonar após o término do tratamento para tuberculose pulmonar. A evolução temporal para alterações da função pulmonar e os fatores de risco para a deterioração ainda não foram bem estudados.
No total, 115 pacientes com 162 resultados de função pulmonar foram analisados. Foram obtidos dados demográficos e clínicos, escores radiográficos, dados bacteriológicos e de função pulmonar. Um modelo aditivo generalizado com técnica de suavização de curva de dispersão ponderada foi utilizado para avaliar as tendências de alterações da função pulmonar. Um modelo de equação de estimativas generalizadas foi utilizado para determinar os fatores de risco associados à deterioração da função pulmonar.
A mediana do intervalo entre o término do tratamento anti-tuberculose e o teste de função pulmonar foi de 16 meses (variação: 0 a 112 meses). O nadir (ponto inferior das observações) da função pulmonar ocorreu aproximadamente 18 meses após o término do tratamento. Os fatores de risco associados à deterioração da função pulmonar incluíram doença com pesquisa de bacilos álcool-ácido resistentes positiva no escarro, acometimento pulmonar extenso antes do tratamento contra tuberculose, tratamento prolongado contra tuberculose e melhora radiográfica reduzida após o tratamento.
Os pesquisadores concluíram que, após o término do tratamento contra tuberculose, vários fatores de risco foram preditores de deterioração da função pulmonar. Para pacientes com sintomas respiratórios significativos e múltiplos fatores de risco, o teste de função pulmonar deve ser acompanhado para monitorar a progressão para prejuízo funcional, principalmente nos primeiros 18 meses após o término do tratamento contra tuberculose.

Uma resenha de CHUNG, Kuei-Pin and TAMI GROUP et al. Trends and predictors of changes in pulmonary function after treatment for pulmonary tuberculosis. Clinics [online]. 2011, vol.66, n.4, pp. 549-556. ISSN 1807-5932. doi:10.1590/S1807-59322011000400005.

domingo, 17 de outubro de 2010

218 - A espirometria na prática médica

"A avaliação da função pulmonar é indispensável à rotina assistencial em saúde, especializada ou não, sendo a espirometria o teste utilizado com maior frequência. Tem grande importância, principalmente, para a avaliação de pacientes com DPOC, asma, infiltrações pulmonares difusas e outras doenças respiratórias, de risco operatório e ocupacional. Portanto, a espirometria deve ser um exame sempre disponível, assim como os conhecimentos e treinamento deste setor aos interessados." Luiz Carlos Corrêa da Silva e colaboradores.

Link para este trabalho no Scribd, publicado anteriormente na revista AMRIGS em 2005.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

217 - Dia Mundial da Espirometria

As enfermidades respiratórias
Pode-se predizer que, no ano de 2030, haverá 74 milhões de mortes no mundo e que, de acordo com essa estimativa, 12,5 milhões de pessoas (17%) morrerão por doenças respiratórias.
As enfermidades respiratórias, por conta das necessidades assistenciais e dos dias de afastamento do trabalho, apresentam um alto impacto socioeconômico e constituem um problema de Saúde Pública de primeira grandeza em todo o mundo. E esta situação é particularmente preocupante nas regiões mais pobres do planeta, nas quais as enfermidades respiratórias são muito mais frequentes. Por exemplo, em extensas zonas da América Latina, onde a exposição à fumaça de lenha em ambientes fechados, para cozinhar e para fazer a calefação, é uma das causas de doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC).
No entanto, é o tabagismo a principal causa de enfermidades respiratórias, pois responde por 90% dos casos de DPOC e por 85% dos casos de câncer de pulmão.
Doença pulmonar obstrutiva crónica
Cerca de 210 milhões de pessoas no mundo apresentam DPOC. Na realidade, os portadores desta doença devem se encontrar em maior número porque há muitos casos não diagnosticados. As informações disponíveis sobre a DPOC na América Latina são provenientes de dois estudos: o PREPOCOL (na Colômbia) e o PLATINO (em cinco cidades: São Paulo, Cidade do México, Montevidéu, Caracas e Santiago do Chile).
Estes dois estudos mostraram que quase 90% dos indivíduos com DPOC ignoravam ter esse diagnóstico e que a enfermidade ocorria entre 7 e 19,7% em indivíduos acima dos 40 anos.
Por ano, a DPOC é responsável pela morte de 3 milhões de pessoas (é hoje a quarta causa de morte no mundo) e se prevê um crescimento de 30% em sua morbidade para 2030. A doença atualmente predomina nos homens, mas vem aumentando consideravelmente nas mulheres, nas quais ocorre após um menor consumo de tabaco.
Os portadores de DPOC têm com maior frequência enfermidades associadas. Ainda que todos os fumantes deixassem de fumar, a partir de agora, teríamos de aguardar décadas pela diminuição do número de casos de DPOC.
A espirometria é o padrão ouro para medir a função pulmonar
Assim como a medida da pressão arterial é útil no rastreamento (screening) das doenças cardiovasculares, a espirometria é de utilidade no diagnóstico das enfermidades respiratorias quando os sintomas são pouco reconhecidos e quando a doença ainda não se manifestou plenamente.
Recomenda-se realizar a espirometria nos fumantes e ex-fumantes com mais de 40 anos de idade. Um estudo recente demonstrou que os fumantes com espirometria anormal apresentam maiores riscos para o câncer de pulmão.
A medida da função pulmonar pela espirometria, em etapas precoces e de forma repetida ao longo do tempo, particularmente nas pessoas sob risco de desenvolver a enfermidade, permitirá realizar um diagnóstico adequado (antes que ocorram danos pulmonares importantes) e, com isso, retardar a progressão da doença.
Neste 14 de outubro de 2010, em todo o mundo, o pessoal de saúde realizará uma jornada dirigida à população, baseada na realização gratuita de ESPIROMETRIAS, para avaliar a saúde respiratoria e identificar riscos para a enfermidade.
O Día Mundial da Espirometria é um evento marcante do “2010 - Ano do Pulmão”. É patrocinado pelo Fórum das Sociedades Respiratórias, o qual integra a Associação Latinoamericana de Tórax (ALAT).
O seu objetivo é alertar, agir e educar sobre a importância das enfermidades respiratórias com os fins de melhorar a prevenção, o diagnóstico e o tratamento das mesmas. PGCS

Versão feita por mim de um documento em espanhol divulgado pela ALAT. 

quinta-feira, 29 de abril de 2010

87 - Altura x envergadura

O comprimento total dos braços humanos abertos corresponde à altura da pessoa (Wikipédia).

Comentário
Aproximadamente. Medida a envergadura, isto é, o comprimento total dos braços abertos, há necessidade de dividir o número obtido por outros números para se ter, com precisão, a altura da pessoa: por 1,06, se homem, e por 1,03, se mulher.
Em espirometria, medimos a envergadura e realizamos esses pequenos cálculos quando a altura:
1) não pode ser medida (o paciente é cadeirante, por exemplo);
2) sofre influência significativa de alguma deformidade da coluna (cifoscoliose).
PGCS


Publicado em EntreMentes

domingo, 28 de março de 2010

55 - Técnico em função pulmonar

Um dos fatores importantes para a boa qualidade de um laboratório de função pulmonar é o trabalho do técnico. Apenas um técnico competente e treinado pode conseguir a cooperação necessária do paciente e operar corretamente o equipamento de modo a assegurar resultados confiáveis para os exames relativos à função pulmonar.
Estas habilidades e conhecimentos são obtidos através de educação apropriada (que inclui conhecimentos básicos de fisiologia respiratória, matemática e informática), treinamento e supervisão. No setor da espirometria, que é um dos métodos de avaliação da função pulmonar, como exemplo, o tempo de treinamento de um novo técnico deve ser de pelo menos 80 horas, com a realização e análise de pelo menos 200 exames.
Conforme as Diretrizes para Testes de Função Pulmonar - 2002, da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), estão na responsabilidade do técnico de função pulmonar:
1) Preparação e calibração do equipamento.
2) Preparação e instrução dos pacientes.
3) Realização dos testes.
4) Verificação dos critérios de aceitação e reprodutibilidade das curvas obtidas.
5) Obtenção e cálculos dos dados finais e preparação dos relatórios para interpretação.
6) Realização dos procedimentos para controle de qualidade periódicos.
7) Limpeza e antissepsia do equipamento e seus acessórios.

Publicado em EntreMentes

terça-feira, 9 de março de 2010

36 - Realização da espirometria

Espirometria é a medida do ar que entra e sai dos pulmões (volumes) e da velocidade com que isto acontece (fluxos). Para a realização destes exames, usam-se equipamentos chamados espirômetros ou espirógrafos, que são em geral eletrônicos e computadorizados.
Estes aparelhos são classificados em dois tipos básicos:
1) espirômetros de volume
2) espirômetros de fluxo.
Os primeiros medem primariamente os volumes pulmonares, destes obtendo os fluxos.
---------------Volume / Tempo = Fluxo
Os segundos medem primariamente os fluxos pulmonares, a partir destes sendo obtidos os volumes.
---------------Fluxo x Tempo = Volume
Para a realização de um exame adequado, o espirômetro tem de ser exato, preciso e, se possível, validado por um laboratório independente. Além disso, deve ser o aparelho calibrado antes de cada turno de exames. Outros cuidados incluem as medidas de biossegurança, necessárias para que seja evitada a transmissão de infecções entre pacientes.
O profissional que conduz a espirometria (especialista ou técnico supervisionado) deve conhecer, além do manuseio do espirômetro, as manobras respiratórias padronizadas a serem executadas, e deve saber como explicá-las, pois terá de ensiná-las ao paciente. E, da parte deste, exigem-se compreensão, cooperação e coordenação, condições essenciais para a realização do exame.
A espirometria é feita com o paciente sentado (preferível) ou em pé, usando a boca para inspirar e expirar na peça bucal acoplada ao aparelho. Durante a realização das manobras, permanece com as narinas fechadas por um clipe nasal para evitar escapes de ar. É um procedimento perfeitamente tolerável.
Em cerca de um quinto dos casos (dado da experiência pessoal), apesar de exaustivamente tentado, não se consegue realizar o exame. Isto porque os testes, caso obtidos a partir de manobras mal entendidas e/ou mal executadas, não geram resultados aceitáveis e reprodutíveis. E estes critérios técnicos são indispensáveis para o profissional selecionar, dentre os valores e gráficos obtidos, os melhores resultados para os diversos parâmetros do exame.
Selecionados estes resultados, devem ser comparados com os valores previstos, também chamados valores de referência, que sejam apropriados para a população a que o paciente pertença. Quando os resultados escolhidos se situam abaixo dos limites inferiores da normalidade, que existem para os valores de referência, fica então evidenciada uma disfunção respiratória.
Qualificar e quantificar esta disfunção são o escopo principal da interpretação do exame. Para isto existem algoritmos (Diretrizes para Testes de Função Pulmonar - SBPT, 2002) que facilitam a tarefa de interpretação, a qual deve sempre ser feita à luz de dados clínicos e epidemiológicos. Recomendável que o laudo esteja sempre sob a responsabilidade de um especialista.
Fazendo parte do exame, também costuma ser realizada a prova broncodilatadora, que consiste na repetição dos testes, após haver sido ministrado ao paciente, por via inalatória, uma droga que dilata os brônquios. Emprega-se a prova para avaliar, diante de uma disfunção obstrutiva que foi constatada, qual é o seu grau de reversibilidade.

Publicado em EntreMentes

sábado, 27 de fevereiro de 2010

26 - Espirometria e obstrução alta

Dados clínicos
Paciente AFMM, sexo masculino, 51 anos, cabeleireiro, residente em Fortaleza, internado no Hospital de Messejana.
Tabagismo: 56 anos-maço, abstinente há 9 anos.
1ª internação: 04/08/05 => 29/08/05
Queixa principal: dispnéia há 2 meses.
Admitido com parada cardiorrespiratória na Emergência do HM.
Diagnósticos: pneumonia aspirativa + insuficiência cardíaca congestiva + hipertensão arterial + insuficiência renal crônica + hipotiroidismo + ...
Houve intubação prolongada para ventilação mecânica no período em que esteve na UTI.
2ª internação: 26/09/05 => 24/10/05
Queixas: dispnéia, tosse e estridor.
Tomografia computadorizada de alta resolução do tórax: normal.
Primeira Espirometria (05/10/05, por Dra. Inês Gurgel)


Comentário: as duas alças das curvas de fluxo-volume, antes e após o broncodilatador, se sobrepõem e apresentam um aspecto achatado – em box – o que é sugestivo da ocorrência de uma obstrução aérea alta, de natureza fixa.
Após serem conhecidas estas alterações funcionais, o paciente se submeteu a uma endoscopia que mostrou: estenose traqueal concêntrica, cicatricial, madura, 4 cm abaixo das cordas vocais. Foi realizada uma dilatação traqueal.
3ª internação: 19/11/05 => 05/12/05
Repetida a endoscopia para a realização de uma segunda dilatação traqueal.
4ª internação: 21/02/06 => 27/02/06
O paciente se submeteu a uma traqueoplastia. Acesso cirúrgico pelo 2º anel traqueal, seguido da ressecção do segmento estenosado (por Dr. Newton e equipe).
Alta hospitalar para acompanhamento ambulatorial.
Segunda Espirometria (16/11/06, por Dra. Inês Gurgel)


Comentário: as duas alças das curvas de fluxo-volume, antes e após o broncodilatador, se sobrepõem, porém não dão mais o aspecto de box ao espirograma.
Modificações quantitativas ocorridas da primeira para a segunda espirometria:
CVF (litros): de 3,48 para 4,14 (+19%)
VEF1 (litros): de 0,98 para 2,57 (+162%)
Índice de Tiffeneau: de 0,28 para 0,62 (normal = ou > 0,70)
FEF25-75%/CVF: de 0,23 para 0,52 (normal = ou > 0,60)
PFE (litros/seg): de 1,06 para 3,50 (+230%)
O distúrbio ventilatório obstrutivo passa do grau acentuado para o grau leve.

Obstruções aéreas altas - Quando suspeitar para realizar espirometria:
• História de cirurgia de cabeça e/ou pescoço
Intubação prolongada ou de repetição
• Disfonia
Estridor
Dispnéia refratária a broncodilatador
• Apnéia obstrutiva do sono
Neste caso que apresentei, em 22/05/07 (ontem), na sessão do Serviço de Pneumologia do Hospital de Messejana, estavam presentes três indicações (em negrito) para a realização das espirometrias.
Na primeira das espirometrias, o exame se mostrou importante para o diagnóstico; na segunda, após as dilatações traqueais e a traqueoplastia realizadas, o exame possibilitou avaliar, de forma objetiva, os resultados alcançados com esses tratamentos.

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quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

24 - Aplicações da espirometria. Texto de apoio

Investigação de sintomas e sinais clínicos e de outras alterações
Sintomas – dispnéia e tosse crônica
Sinais – alterações da parede torácica (hiperinsuflação no enfisema pulmonar, cifoscoliose), cianose, baqueteamento digital, obesidade mórbida, alterações na ausculta pulmonar (murmúrio vesicular diminuído, sibilos, crepitantes), hipertensão arterial pulmonar e cor pulmonale crônico
Outras alterações – hemograma (eritrocitose), gases arteriais (hipoxemia, hipercapnia), RX e/ou TC de tórax (diversas)
Detecção precoce de doença
Quando ocorre exposição prolongada a fatores de risco.
Exemplos: tabagismo e queima de biomassa para DPOC / poeiras, isocianato e outros para pneumopatias ocupacionais
Diagnóstico
DPOC – constitui o padrão-ouro para este diagnóstico
Hiperreatividade brônquica (HRB) / asma – inclui o teste de broncoprovocação
Qualificação e quantificação de disfunção respiratória
Qualificação – conforme os algoritmos I a V nas Diretrizes da SBPT, 2002
Quantificação – leve, moderada, severa
Verificação de grau de reversibilidade
Conforme os algoritmos I e II da prova broncodilatadora nas Diretrizes da SBPT, 2002
Monitoração e prognóstico
Importante - após os 35 anos de idade existe uma redução fisiológica de VEF1: 28mL/ano no homem e 21mL/ano na mulher
Fumantes: 15 por cento apresentam redução anual acima do limite superior da normalidade (50mL/ano), sendo considerados de risco especial para DPOC
Usuários de insulina inalável: espirometrias inicial (de referência) e a cada seis meses
Resposta a tratamento e reabilitação
Exemplos: asma crônica e DPOC com componente reversível
Protocolo: espirometria basal => prednisona via oral 0,5mg/kg/dia x 2 semanas => se ganho de VEF1 = 0,3L ou 10% VEF1 previsto => corticóide inalado
Avaliação de incapacidade
Por anormalidade variável: asma
Por anormalidade estável: DPOC, pneumoconiose e outras
Quadro clínico + radiografia de tórax + espirometria constituem o nível básico da avaliação
Avaliação pré-operatória
Risco de complicação pulmonar pós-operatória
Reserva funcional para cirurgia de ressecção pulmonar (mais importante)
Envolvimento pulmonar em outras doenças
Em colagenoses, doenças neuromusculares, insuficiência cardíaca congestiva etc
Suspeição de obstruções respiratórias altas
Pelo aspecto da curva fluxo-volume e pela relação FEF50% / FIF50%
Saúde esportiva
Nesta aplicação é preferível o teste de exercício cardiopulmonar

(aula ministrada aos alunos do 5º semestre do Curso de Fisioterapia da Fanor, em 10 de maio de 2007, atendendo a convite do fisioterapeuta Dr. Osvaldo Alves)

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

5 - DPOC e espirometria

A doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), que apresenta uma prevalência de 10 por cento na população brasileira acima de 40 anos, é também responsável por cerca de 200 mil internações anuais em nosso Sistema Único de Saúde. No entanto, apesar destes números preocupantes e que dimensionam o problema, é uma enfermidade que pode ser prevenida. A partir do afastamento dos indivíduos sob risco para a DPOC (tabagismo, inalação de poeiras com sílica e de fumaças por queima de biomassa etc) dos respectivos fatores causais.
A conduta de aguardar o aparecimento dos sintomas e sinais da doença (tosse, catarro, falta de ar etc), ainda que acompanhada periodicamente por exames radiológicos dos pulmões, não constitui a estratégia ideal para o diagnóstico da DPOC. É preferível, na população de risco para a doença, a utilização de um recurso diagnóstico de maior acurácia – a espirometria. A qual também apresenta baixo custo e completa segurança para os examinados.
Sendo a DPOC, por definição, uma obstrução crônica ao fluxo aéreo apenas parcialmente reversível, indubitavelmente é a espirometria, como uma técnica que mede fluxos e volumes pulmonares, o padrão-ouro para o diagnóstico desta doença. Da sua fase mais precoce, quando os sintomas inexistem e as intervenções educativas e terapêuticas ainda poderão modificar favoravelmente o curso da DPOC, até o seu estágio mais avançado em que já ocorre a insuficiência respiratória crônica.
Portanto, é o emprego da espirometria que pode estabelecer, com alta precisão, o diagnóstico da DPOC. Além de fornecer, nos portadores da doença, valiosas informações sobre o grau da disfunção pulmonar, sobre as respostas aos tratamentos instituídos e, até mesmo, estimar prognósticos.
E, nos programas de controle do tabagismo, acrescente-se ainda o papel da espirometria nas estratégias de convencimento aos fumantes para que deixem de fumar.

Publicado em EntreMentes