Mostrando postagens com marcador placebo. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador placebo. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 11 de julho de 2019

1105 - Placebo: ter ou não ter, eis a questão

Resultados preliminares de um projeto randomizado.
RESUMO
Um experimento foi realizado para saber se a mera posse de um creme analgésico placebo afetaria a intensidade da dor percebida em um teste laboratorial de percepção da dor. Os participantes saudáveis ​​leram uma explicação médica da dor destinada a induzir o desejo de buscar alívio da dor e em seguida foram informados de que um creme placebo era um fármaco analgésico eficaz. Metade dos participantes foram aleatoriamente designados para receber o creme como um presente inesperado, enquanto a outra metade não recebeu o creme. Posteriormente, todos os participantes realizaram o teste pressor a frio. (*) Descobrimos que os participantes que receberam o creme, mas não o usaram, relataram níveis mais baixos de intensidade da dor durante o teste do que aqueles que não receberam o creme. Nossos achados constituem evidências iniciais de que a simples posse de um analgésico placebo pode reduzir a intensidade da dor. O estudo representa a primeira tentativa de investigar o papel da mera posse na compreensão da analgesia pelo placebo.
Wai-lanYeung, V., Geers, A. e Kam, SM Curr Psychol (2019) 38: 194. https://doi.org/10.1007/s12144-017-9601-0
(*) É um teste cardiovascular (em inglês, cold test pressor) realizado por imersão da mão em um recipiente de água gelada, geralmente por um minuto, e medindo as mudanças na pressão sanguínea e na frequência cardíaca.
Links internos
32 - Os bebedores de limão
144 - O placebo: agradando demais?
292 - O efeito placebo 2.0
387 - Placebo: agradarei
409 - Estudo duplo-cego
510 - Respondedores excepcionais
661 - A fortiori
708 - Placebo x placebo
769 - Paracetamol inibe a dor, mas também as emoções

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

708 - Placebo x placebo

Como converter uma simples solução salina em um tratamento útil para as pessoas com a doença de Parkinson? Diga-lhes que é um medicamento que custa 100 dólares por dose. E, se quiser torná-lo ainda mais eficaz, diga-lhes que custa 1.500 dólares.
Isso foi o que uma equipe de pesquisadores da Universidade de Cincinnati, nos EUA, confirmou em um estudo clínico incomum. Em vez de testar um placebo contra uma droga real, a pesquisa colocou em oposição dois placebos. A única diferença entre eles era o suposto preço.
A doença de Parkinson é um distúrbio neurológico que causa tremores, rigidez e problemas de equilíbrio nos portadores da enfermidade. Em 2008, uma metanálise constatou que placebos utilizados em ensaios clínicos de tratamento de Parkinson tinham seus sintomas melhorados em 16 por cento, em média.
A equipe da Universidade de Cincinnati tinha, portanto, o palpite de que os pacientes seriam mais sensíveis a uma droga falsa (que pensassem que fosse real), se ela viesse com uma etiqueta de preço mais alto. O preço mais elevado seria visto como um sinal de que o tratamento seria melhor, imaginaram eles.
Ambos os placebos melhoraram a função motora dos pacientes com relação à do teste basal. Mas, quando os pacientes receberam o placebo de 1.500 dólares, a sua melhora foi 9 pontos percentuais acima da melhora obtida com o placebo de US $ 100 por dose, relatam os pesquisadores.
Os resultados desses estudos, que foram também acompanhados por exames de ressonância magnética funcional, acabam de ser divulgados na revista "Neurology".
"As expectativas dos pacientes têm um papel importante na eficácia de terapias médicas", escrevem os pesquisadores. "Outra manifestação disso é a preferência que muitos pacientes têm pelos medicamentos de marca com relação aos genéricos".
N. do E.
O Prêmio Ig Nobel de Medicina de 2008 foi atribuído a Dan Ariely e colaboradores por terem demonstrado que medicamentos falsos caros são mais eficazes que medicamentos falsos baratos.
Referência: "Commercial Features of Placebo and Therapeutic Efficacy" Rebecca L. Waber; Baba Shiv; Ziv Carmon; Dan Ariely, Journal of the American Medical Association, March 5, 2008; 299: 1016-1017.

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

661 - A fortiori

A fortiori (pronuncia-se "a forcióri") é o início de uma expressão latina – a fortiori ratione – que significa "por causa de uma razão mais forte", ou seja, "com muito mais razão".
Poderá também gostar de ver
144 - O placebo: agradando de mais?
292 - O efeito placebo 2.0
387 - Placebo: agradarei
409 - Estudo duplo-cego
510 - Respondedores excepcionais

segunda-feira, 24 de junho de 2013

510 - Respondedores excepcionais

O que acontece quando uma droga funciona - mas apenas para uma pessoa?
Realmente, é muito intrigante este artigo de Heidi Ledford, publicado em Nature News. É sobre uma classe de pacientes conhecidos por "respondedores excepcionais" (exceptional responders). Aqueles pacientes que recebem o benefício de um medicamento ou tratamento, que, de forma diversa, não acontece com os demais que participam de um ensaio clínico.
Quando se faz um ensaio clínico, observam-se os resultados nas médias dos grupos. Pretende-se saber, com isso, se uma droga apresenta um desempenho melhor do que o placebo, quando ela é administrada a muita gente. Às vezes, porém, as drogas, que não funcionam na maioria dos pacientes, parecem ter um efeito positivo sobre alguns felizardos.
Agora, os cientistas estão tentando descobrir por que isso acontece. O que torna essas pessoas especiais? E como isso pode mudar a forma de fazer pesquisas?

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

409 - Estudo duplo-cego

"Em terra de duplo-cego o método científico é rei." 
É uma técnica realizada em seres humanos onde nem o examinado (objeto de estudo) nem o examinador sabem o que está sendo utilizado como variável em um dado momento. É comumente usado como critério de validação de práticas experimentais quantitativas em ciência.
Como exemplo, se queremos testar a eficácia de um medicamento em uma determinada doença:
O pesquisador contrata médicos examinadores que irão entregar a pacientes voluntários que apresentam esta doença uma cápsula que pode ou não conter medicamento. Este medicamento foi feito por manipulação em dois tipos idênticos de cápsulas: uma com o pó do medicamento estudado e outro com farinha de trigo. O médico anota o número do medicamento sem saber se esta cápsula é o medicamento ou se é a farinha. Tampouco o paciente sabe a composição real da cápsula. Após o período que em que se espera que o medicamento faça efeito o mesmo médico examina o paciente e anota quantitativamente a melhora ou não das alterações esperadas na doença. Esta ficha é devolvida ao pesquisador que tabula os resultados tendo conhecimento do tipo de cápsula que foi ingerida pelo paciente. Assim, o pesquisador consegue excluir o efeito placebo (que existe em um medicamento inerte) e validar um medicamento que realmente faça efeito.
Poderá também gostar de ler
32 - Os bebedores de limão
144 - O placebo: agradando demais?
292 - O efeito placebo 2.0

domingo, 17 de junho de 2012

387 - Placebo: agradarei

Placebo (da primeira pessoa do singular no futuro do indicativo do verbo latino placere, significando literalmente "agradarei") é um tratamento inerte, que pode ser na forma de um fármaco, e que apresenta efeitos terapêuticos devido aos efeitos fisiológicos da crença do paciente de que está sendo tratado. Medicamentos com princípios ativos também podem ter algum efeito placebo, apresentando efeitos terapêuticos diferentes do esperado.


144 - O placebo: agradando demais?
292 - O efeito placebo 2.0

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

292 - O efeito placebo 2.0

Em muitos estudos médicos, pessoas que tomam falsos medicamentos, tais como pílulas de açúcar sem os ingredientes ativos, ainda assim podem se sentir melhor. Elas apresentam os resultados positivos do enigmático "efeito placebo". E isso levanta uma questão interessante do ponto de vista ético: se podem os médicos prescrever placebos justificadamente a seus pacientes?
A resposta padrão é não. Se o fizerem, os médicos podem prejudicar a confiança que recebem dos pacientes e violar os princípios do consentimento informado.
Muitos dos argumentos, porém, são baseados na idéia de que os efeitos de um placebo dependem da crença de que ele é um medicamento real. E de que, ao tomá-lo, as pessoas esperam que ele de fato vá funcionar, daí os possíveis benefícios do placebo. Mas, de acordo com Ted Kaptchuk, da Harvard Medical School, tal expectativa pode não ser necessária.
Em um ensaio clínico, ele descobriu que pacientes com síndrome do intestino irritável  melhoravam de seus sintomas, quando tomavam pílulas de placebo, em comparação com pacientes que não tomavam nada. Mesmo que eles fossem previamente informados de que os comprimidos não continham qualquer substância  ativa.

Referências
Evidence that placebos could work even if you tell people they are taking placebos.
Placebos without Deception: A Randomized Controlled Trial in Irritable Bowel Syndrome.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

144 - O placebo: agradando demais?

O número das novas drogas testadas em ensaios clínicos controlados e que não mostram a sua efetividade em seres humanos está a aumentar. E a culpa dessa tendência vem sendo atribuída ao efeito placebo, o qual parece ser atualmente mais forte do que já foi no passado.
Obviamente, se uma nova droga testada não alcança um resultado significativamente superior ao de uma pílula de açúcar, isto significa que ela não tem condições de ser lançada no mercado farmacêutico. Um problema que inclusive começa a se verificar com algumas antigas drogas, como a fluoxetina (Prozac), cuja efetividade já foi questionada em ensaios clínicos mais recentes.
Leitura adicional
Placebo (do latim placere, significando "agradarei") é como se denomina uma substância (ou procedimento) inerte, e que apresenta efeitos terapêuticos devido aos efeitos fisiológicos da crença do paciente de que está sendo tratado.
O efeito placebo é usado para testar a validade de medicamentos ou técnicas verdadeiras. Consiste, por exemplo, no uso de cápsulas desprovidas de substâncias com propriedades terapêuticas, isto é, contendo substâncias conhecidamente inertes e inócuas, que são administrados a grupos de pacientes (voluntários) para comparar o efeito da sugestão no tratamento de doenças, evitando-se assim atribuir possíveis resultados terapêuticos a tratamentos sem valor. O princípio subjacente é o de que, num ensaio controlado por placebo, parte do sucesso da substância ativa é devido não a esta, mas sim ao efeito placebo da mesma.


Publicado em EntreMentes