quinta-feira, 27 de junho de 2013

511 - Nós somos realmente nós?

1 De acordo com o último censo realizado, há mais células bacterianas do que células humanas no corpo humano. Até dez vezes mais, segundo alguns estudos. Apesar de seu vasto número, essas bactérias só não ocupam um espaço proporcionalmente maior porque elas são menores do que as células humanas. No entanto, ainda que pareça algo assustador, a participação delas na economia humana deve ser vista como um fato salutar. LINK
2 O genoma humano contém cerca de 100.000 fragmentos de retrovírus endógenos, que compõem cerca de oito por cento de todo o nosso DNA. A evolução, que é um processo infinitamente criativo, pode transformar o que parece totalmente inútil em algo valioso. Desse modo, os detritos virais espalhados em nossos genomas acabam sendo matéria-prima para novos genes. E, de tempos em tempos, o DNA de origem retroviral tem sido aproveitado para nossos próprios fins. LINK

17/01/2016 - Atualizando ...
Por muito tempo, pensou-se que os corpos humanos contivessem 10 vezes mais bactérias do que células humanas. Masnovos cálculos sugerem que isso não é verdade. Um "homem normal" tem mais ou menos o mesmo número de bactérias e de células humanas em seu corpo. Ele seria formado por cerca de 40 trilhões de bactérias e 30 trilhões de células humanas. Isto é uma proporção de 1,3 bactérias para cada célula humana. LINK

segunda-feira, 24 de junho de 2013

510 - Respondedores excepcionais

O que acontece quando uma droga funciona - mas apenas para uma pessoa?
Realmente, é muito intrigante este artigo de Heidi Ledford, publicado em Nature News. É sobre uma classe de pacientes conhecidos por "respondedores excepcionais" (exceptional responders). Aqueles pacientes que recebem o benefício de um medicamento ou tratamento, que, de forma diversa, não acontece com os demais que participam de um ensaio clínico.
Quando se faz um ensaio clínico, observam-se os resultados nas médias dos grupos. Pretende-se saber, com isso, se uma droga apresenta um desempenho melhor do que o placebo, quando ela é administrada a muita gente. Às vezes, porém, as drogas, que não funcionam na maioria dos pacientes, parecem ter um efeito positivo sobre alguns felizardos.
Agora, os cientistas estão tentando descobrir por que isso acontece. O que torna essas pessoas especiais? E como isso pode mudar a forma de fazer pesquisas?

sexta-feira, 21 de junho de 2013

terça-feira, 18 de junho de 2013

508 - Hérnias estranguladas

Comunicado original
CINCO CASOS DE HÉRNIA ESTRANGULADA
TRATADA POR DISTENSÃO AÉREA DOS INTESTINOS
COM O PACIENTE SENDO SACUDIDO
NA POSIÇÃO INVERTIDA
por Richard Griffin
In: British Medical Journal, 22 de outubro de 1864

O bocal de um fole foi introduzido no ânus do paciente para inflar os intestinos, enquanto um assistente segurava bem o conjunto, de modo a evitar, tanto quanto possível, o escape do ar das entranhas. [...]

Alice Deger

sábado, 15 de junho de 2013

507 - Aviões de guerra e lentes intraoculares

Muitas descobertas e invenções científicas já ocorreram por obra do acaso ou por terem sido ajudadas por erro ou acidente.
O caso mais conhecido é o da descoberta da penicilina por Alexander Fleming, em 1928, quando um fungo (Penicillium notatum) contaminou acidentalmente placas de cultura de bactérias. Outro caso, em que o acidente aliou-se novamente ao estudo e ao conhecimento, foi o da invenção das lentes intraoculares.
A pessoa certa : o oftalmologista britânico Harold Lloyd Nicholas Ridley.
O timing: a Segunda Guerra Mundial.
O resultado: a concepção e o desenvolvimento das lentes intraoculares para a substituição do cristalino nas modernas operações de catarata.
Hoje, cerca de 6 milhões de pessoas em todo o mundo recebem anualmente os implantes dessas lentes intraoculares.
Ler este fascinante artigo de Guillermo - La curiosa relación entre el avión de guerra “Spitfire” y las lentes intraoculares - no NAUKAS, um site de ciência, ceticismo e humor.

quarta-feira, 12 de junho de 2013

506 - O Índio Cor-de-Rosa

Este ano comemora-se o centenário de nascimento do médico sanitarista e sertanista Noel Nutels (no centro da foto).
Judeu, nascido na distante Ucrânia, Noel Nutels (1913-1973) se definia, acima de tudo, como brasileiro. Não era à toa. Criado no Nordeste, ele dedicou grande parte de sua vida ao combate das doenças que assolavam o Brasil como a tuberculose, a malária e a varíola. Ele não poupou esforços ao sair do conforto do atendimento em consultório para o trabalho de campo. Foi assim que teve o primeiro contato com os índios, aderindo de forma pioneira à defesa destas populações, e consagrando-se, segundo Assunção Paiva, como um dos maiores indigenistas do país.
A história de sua vida foi contada em "Noel Nutels", publicação de sua autoria com diversos colaboradores, editada em 1975. Em 1978, Orígenes Lessa lançou "O Índio Cor-de-Rosa - Evocação de Noel Nutels". Sua biografia romanceada foi publicada em 1997, "A Majestade do Xingu", de Moacir Scliar.
Noel Nutels faleceu aos 60 anos, em 10 de fevereiro de 1973.

domingo, 9 de junho de 2013

505 - Um alfabeto epidemiológico

Vídeo (em inglês) escrito por Jennifer Gardy e animado por Tom Scott:


De repente, aquela vontade de lavar as mãos.

quinta-feira, 6 de junho de 2013

504 - Corpo humano e nucleossíntese estelar

De que o corpo humano é feito?
Noventa e nove por cento é feito por átomos de apenas seis elementos químicos: oxigênio, carbono, hidrogênio, nitrogênio, cálcio e fósforo, com o restante um por cento consistindo de elementos vestigiais como magnésio, enxofre e ferro.
Mas, de onde vêm esses elementos?
Esta pergunta representou, no início, um enigma para os cientistas. Pelo menos, até a publicação de um artigo científico, na metade do século XX, conforme explica o astrofísico Neil deGrasse Tyson:
"Houve um artigo seminal - um dos trabalhos de pesquisa mais importantes já publicados - que nos deu a descrição da origem dos elementos," responde Tyson num vídeo. "Esse documento é intitulado Synthesis of the Elements in Stars (Síntese dos Elementos nas Estrelas), mas é por vezes referido como o B2FH, após as iniciais dos autores. Foi publicado em Reviews of Modern Physics, em 1957. Antes de sua publicação, a teoria prevalente considerava que todos os elementos eram produtos do Big Bang, de 15 bilhões de anos atrás. Mas esta teoria explicava apenas a origem dos elementos leves, como hidrogênio e o hélio."
Então, de onde vêm os elementos pesados ​​encontrados na natureza?
O B2FH apontou que todos os elementos pesados ​​foram criados nas estrelas, através da fusão nuclear, em um processo conhecido como nucleossíntese estelar. Quando as estrelas "morrem", elas liberam os elementos pesados ​​para o espaço. Uma parte desse material é incorporado pelos planetas e, posteriormente, por nossos corpos.
Se este trabalho científico foi tão importante, por que tão poucos não-cientistas sabem sobre ele?
De acordo com Tyson, é porque o trabalho em sua origem não se encaixou nas noções convencionais de uma descoberta científica.
"Nós somos feitos da poeira das estrelas." Carl Sagan

domingo, 2 de junho de 2013

503 - Uma homenagem a Petri

Em 31/05/13, o Google fez uma homenagem ao bacteriologista Julius Richard Petri, criando uma animação (doodle) que faz referência à placa de Petri.
A invenção, usada até hoje em laboratórios do mundo inteiro, consiste no cultivo de microrganismos em recipientes de vidro ou plástico.
O doodle traz seis placas, representando as seis letras da palavra Google, cada uma correspondendo a uma cultura diferente de bactérias.
Petri nasceu no ano de 1853 em Barmen, na Alemanha e se formou em medicina em 1876. O bacteriologista desenvolveu a placa que recebe o seu nome, entre 1877 e 1879. enquanto trabalhava com Robert Koch, o cientista alemão que identificou o bacilo da tuberculose.

sexta-feira, 31 de maio de 2013

502 - Buck Duke

O homem que inventou a arma mais letal do século
por Edivaldo Dias de Oliveira, Portal Luis Nassif
Ele parece pequeno e inofensivo - branco e com apenas oito centímetros de tamanho. Mas o cigarro é visto como um dos grandes males da saúde pública e repudiado como poucos produtos.
Mas quem o inventou e como essa pessoa pode ser responsabilizada pelas inúmeras mortes provocadas pelo cigarro?
O cirurgião americano Alton Ochsner lembra que, quando ainda era estudante de medicina em 1919, sua turma foi chamada para assistir a uma autópsia de uma vítima de câncer de pulmão. Na época, a doença era tão rara que os estudantes acharam que não teriam outra chance de testemunhar algo parecido.
Quase um século depois, estima-se que 1,1 milhão de pessoas morram por ano da doença. Cerca de 85% dos casos são relacionados a apenas um fator: tabaco.
 "O cigarro é o artefato mais mortal da história da civilização humana", diz Robert Proctor, da Universidade de Stanford. "Ele matou cerca de 100 milhões de pessoas no século 20."
Fenômeno 
Jordan Goodman, autor do livro "Tabaco na História" disse que, como historiador, ele teve o cuidado de não apontar o dedo a nenhum indivíduo, "mas na história do tabaco eu me sinto confiante em dizer que James Buchanan Duke - conhecido como Buck Duke (foto)- foi responsável pelo fenômeno do século 20 conhecido como cigarro".
Em 1880, aos 24 anos, Duke entrou em um nicho da indústria do tabaco - os cigarros já enrolados. Uma equipe pequena de Durham, no Estado da Carolina do Norte, enrolava a mão os cigarros Duke of Durham.
Dois anos depois, Duke percebeu uma chance de ganhar dinheiro. Ele começou a trabalhar com um jovem mecânico chamado James Bonsack, que disse que poderia construir uma máquina para fabricar cigarros.
Duke estava convencido que as pessoas estariam dispostas a fumar os cigarros perfeitamente simétricos produzidos pela máquina.
O equipamento revolucionou a indústria do tabaco.
"Trata-se, essencialmente, de um cigarro de tamanho enorme, cortado em comprimentos apropriados, por lâminas rotativas", diz Robert Proctor. Mas, como as pontas ficavam abertas, o tabaco precisava ser umedecido, para ficar rígido, e não cair do cigarro. Isso era feito com ajuda de aditivos químicos, como glicerina, açúcar e melaço.
Mas esse não era o único desafio. Antigamente, as funcionárias enrolavam cerca de 200 cigarros por turno. A nova máquina produzia 120 mil cigarros por dia - um quinto do consumo de todos os Estados Unidos, na época. "O problema é que ele era capaz de produzir muito mais cigarros do que conseguia vender", diz Goodman. "Ele precisava entender como conquistar esse mercado."
Marketing e publicidade
A resposta estava na publicidade e no marketing. Duke patrocinou corridas, distribuiu cigarros gratuitamente em concursos de beleza e colocou anúncios nas revistas da época. Ele também percebeu que a inclusão de figurinhas colecionáveis nas carteiras de cigarro era tão importante quanto trabalhar na qualidade do produto. Em 1889, ele gastou US$ 800 mil em marketing (ou US$ 25 milhões, em valores de hoje em dia).
Bonsack ficou com a patente da máquina, mas, em gratidão ao apoio de Duke, deu 30% de desconto no seu aluguel ao industrial. A vantagem competitiva - aliada à promoção vigorosa - foi fundamental para o sucesso de Duke.
Como suspeitava, as pessoas gostavam dos cigarros feitos pela máquina. Eles tinham aparência mais moderna e higiênica. Uma das campanhas enfatizava o fato de que cigarros manuais eram feitos com contato da mão e da saliva de outras pessoas. Mas, apesar de o número de fumantes ter quadruplicado nos 15 anos até 1900, o mercado ainda era um nicho, já que a maioria das pessoas mascava tabaco ou fumava usando cachimbos ou charutos. Duke - que também era fumante - viu o potencial competitivo dos cigarros em relação aos demais produtos. Uma das vantagens era a facilidade para acendê-los, ao contrário dos cachimbos. "O cigarro, realmente, era usado de forma diferente", diz Proctor. "E uma das grandes ironias é que os cigarros eram considerados mais seguros do que os charutos porque eram vistos como apenas 'pequenos charutinhos'." 
Mas um elo direto com câncer de pulmão não foi encontrado até 1957 na Grã-Bretanha e 1964 nos Estados Unidos. Os cigarros chegaram a ser promovidos como benéficos à saúde. Eles eram listados nas enciclopédias farmacêuticas até 1906 e indicados por médicos para casos de tosse, resfriado e tuberculose - uma doença que é agravada pelo fumo.
Moralidade 
No começo dos anos 1900, houve um movimento antitabagismo, mas ele estava mais relacionado à moralidade do que à saúde. O crescimento no número de crianças e mulheres fumantes era parte de um debate sobre o declínio moral da sociedade. Os cigarros foram proibidos em 16 Estados americanos entre 1890 e 1927. A atenção de Duke voltou-se para o exterior. Em 1902, ele formou a empresa britânica British American Tobacco. As embalagens e o marketing foram ajustados para mercados consumidores diferentes, mas o produto era basicamente o mesmo. "Para ele, todos os cigarros eram iguais. Toda a globalização que hoje nos é familiar, com marcas como McDonalds e Starbucks - tudo isso foi antecipado por Duke e seus cigarros."
A indústria do cigarro continua em expansão até hoje. Apesar de ela estar em queda em determinados países desenvolvidos, no mundo emergente, a demanda por cigarros cresce 3,4% por ano. Em números globais, a indústria ainda está crescendo. A Organização Mundial da Saúde alerta que, caso não sejam adotadas medidas preventivas, 100 milhões de pessoas morrerão de doenças relacionadas ao tabaco nos próximos 30 anos - um número superior à soma de vítimas da Aids, tuberculose, acidentes de carros e suicídios.
Mas Buck Duke pode ser responsabilizado por isso? Afinal de contas, ninguém é obrigado a fumar. Em um ensaio recente para a revista Tobacco Control, Robert Proctor argumenta que todos na indústria tabagista têm sua parcela de culpa. "Nós temos que perceber que anúncios podem ser cancerígenos, junto com as lojas de conveniência e até farmácias que vendem cigarros. Os executivos que trabalham na indústria tabagista causam câncer, assim como os artistas que desenham as carteiras e as empresas de relações públicas e marketing que lidam com essas contas", diz Proctor.
Buck Duke morreu em 1925, antes da era dos grandes processos e da responsabilização do tabaco por doenças como câncer de pulmão. "Eu não o culparia pelo [crescimento do] consumo de cigarros", diz Bob Durden, que é biógrafo do industrial. Ele aponta que Duke também foi responsável por ações positivas, como doações de mais de US$ 100 milhões para o Trinity College, na Carolina do Norte, que foi rebatizado de Duke University, em sua homenagem. "Ele foi tanto um herói quanto um vilão ", diz Goodman. "Buck Duke é um herói em termos de sua compreensão do mercado e da psicologia humana, da formação de preço, da publicidade. Nesse sentido, ele não é vilão. Mas ele fez o mundo fumar cigarros. E os cigarros são o grande problema do século 20."
31 DE MAIO: DIA MUNDIAL SEM TABACO

terça-feira, 28 de maio de 2013

501 - O Museu das Possibilidades

Um museu é algo que as pessoas logo associam com a preservação e a exposição de coisas antigas. No entanto, o Museum of Possibilities, de Steven M. Johnson, destina-se ao porvir. Reúne ideias que os colaboradores lhe enviam, algumas delas até muito esquisitas, sobre objetos que (ainda) não existem. Mas um dia, quem sabe, poderão existir.
Como o "projeto" deste equipamento que pretende tornar mais confortáveis os momentos de um paciente no consultório de seu dentista.

sábado, 25 de maio de 2013

500 - O romantismo na tuberculose

por Ana Margarida Furtado Arruda Rosemberg,
médica pneumologista e historiadora
A tuberculose povoou o imaginário social nos séculos XIX e XX. Por ser doença crônica, de evolução arrastada, cheia de episódios dramáticos de hemoptise e sombras de morte, inspirou a criatividade humana, sendo força criadora de obras consagradas na literatura, artes plásticas, música, teatro e cinema. A tuberculose foi integrada ao romantismo por ter ferido prostitutas, escritores, pintores, músicos, literatos e poetas das altas classes sociais. Byron, Musset, Henry Murger e Alexandre Dumas Filho exerceram influência no romantismo francês da tuberculose. Murger, escritor tuberculoso, apaixonou-se por Cristina Roux (Mimi), tuberculosa, e fez dela a personagem de seu livro “Cenas da vida boêmia”. Puccine o transformou na famosa ópera “La Bohème”. Alexandre Dumas Filho escreveu o celebérrimo livro “A Dama das Camélias” para contar a história da prostituta Alphonsine Duplessis, que morreu tuberculosa aos 23 anos. Verdi aproveitou o tema para a famosa ópera “La traviata”. A tísica, como era conhecida a tuberculose, reinou soberana nos hagiológios, nos palcos, entre os músicos, nos ateliês de pintura e escultura, nos laboratórios, nos tronos, entre os reformadores religiosos e no meio político. Entre os letrados a colheita foi farta e quase todos os poetas tísicos sofreram as agruras das febres vespertinas, suores noturnos, consunção, hemoptises, tosse e morte prematura. Na poesia lírica a febre foi cantada, a tosse versejada, a inapetência e o emagrecimento exaltados e a hemoptise poetizada. A tuberculose impregnou toda a poética no Brasil até o final de 1950. Passa de 40 o número dos poetas que acalentaram em seus pulmões o bacilo de Koch. Noel Rosa, Castro Alves, Álvares de Azevedo, Manuel Bandeira, Casimiro de Abreu, Augusto dos Anjos foram consumidos pelo bacilo. Na literatura de ficção temos: “A Montanha Mágica”, de Thomas Mann, “Florada na Serra” de Dinah Silveira de Queiroz. Nas artes plásticas a tuberculose foi uma das doenças mais retratadas. Cristóbal Rojas (1858-1890), que morreu tuberculoso, pintou personagens lúgubres, melancólicos e tísicos. A tuberculose moldou a maneira de Edvard Munch (1863-1944) ver o mundo e influenciou sua arte. Sua irmã Sophie morreu tuberculosa, em 1877, com apenas 15 anos. Sua mãe foi vítima do bacilo, quando ele tinha 5 anos. Suas obras: "A Criança Doente", "Melancolia" e "O Leito da Morte" retratam a tuberculose. A tela "O Grito", evidencia toda a sua angustia diante de uma vida marcada pela doença. Fidélio Ponce de León (1895-1949) morreu tísico. Sua obra, "Tuberculose", reflete sua experiência de sofrimento diante da devastadora enfermidade. Alice Neel (1900-1984), ícone do feminismo, que se destacou por suas obras expressionistas de grande intensidade psicológica e emocional, foi tuberculosa. Sua pintura, "TB Harlem", retrata Carlos Negrom, um jovem com fácies típicas de um tísico crônico. Em “Alegoria à Primavera” de Botticelli, a tuberculose está retratada, pois Simoneta Vesputti, a modelo do artista, morreu tuberculosa aos 23 anos. Segundo Rosemberg, a primavera da erradicação da tuberculose um dia chegará, pois a humanidade já enfrentou e venceu outros terríveis invernos.
Publicado in:
Revista Jornal do Médico, Ano VIII / Edição nº48, Janeiro/Fevereiro, 2013
Blog MEMÓRIAS, 24 de março de 2013

quarta-feira, 22 de maio de 2013

499 - Cursos Abertos Einstein

Os Cursos Abertos Einstein são cursos on-line gratuitos disponibilizados a todos aqueles quem têm acesso à internet.
Essa iniciativa faz parte de um movimento mundial, o open learning, conceito que está revolucionando o ensino: a qualquer hora, de qualquer lugar, uma pessoa pode saber mais sobre temas de seu interesse.
A proposta do Hospital Israelita Albert Einstein é compartilhar o conteúdo utilizado em seus treinamentos institucionais (31 cursos) com profissionais de saúde de todo o Brasil.


Dica do colaborador Nelson José Cunha

domingo, 19 de maio de 2013

498 - Influ-Venn-Za

Quem pode pegar gripe de quem?
Porcos, aves, cavalos, focas, morcegos e seres humanos relacionam-se-se entre si neste interessante Diagrama de Venn da Influenza.

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Clique AQUI para ampliar.

quinta-feira, 16 de maio de 2013

497 - Comparando estratégias de baciloscopias do escarro no diagnóstico da tuberculose pulmonar

Acurácia diagnóstica da baciloscopia no mesmo dia contra BAAR padrão para tuberculose pulmonar: uma revisão sistemática e meta-análise
A pesquisa de bactérias ácido-álcool resistentes no escarro (BAAR), é o exame mais amplamente disponível para tuberculose pulmonar em países com alta carga da doença. Melhorar a sua precisão é crucial para a realização das metas de detecção de casos estabelecidas pelos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. Infelizmente, muitos pacientes são incapazes de apresentar todos os espécimes necessários para o exame ou de voltar para o tratamento devido a resultados negativos, e relatórios requerem várias visitas à clínica.
Para informar recomendações de política para um Grupo de Especialistas convocado pela OMS, pesquisadores publicaram, recentemente, no Lancet Infectious Diseases, um estudo que avaliou a acurácia do exame de escarro, comparando as estratégias para a obtenção de escarro em 1 dia com as estratégias para a obtenção de escarro em mais de 2 dias.
Os pesquisadores conduziram uma revisão sistemática e meta-análise de artigos de pesquisa comparando a acurácia da microscopia de amostra preparada anteriormente ou no mesmo dia e do exame de BAAR padrão para o diagnóstico da tuberculose pulmonar confirmada por cultura. Eles pesquisaram nas bases Medline, Embase, Biosis e Web of Science, para artigos publicados entre 1 de janeiro de 2005 e 14 de fevereiro, 2012. Dois investigadores identificaram artigos elegíveis e dados extraídos de locais de estudo individuais. Eles geraram estimativas de síntese de dados agrupados (intervalos de confiança de 95%) para a sensibilidade e especificidade, usando meta-análise de efeitos aleatórios, quando quatro ou mais estudos estavam disponíveis.
Foram identificados oito estudos relevantes a partir de cinco artigos registrando 7.771 pacientes com suspeita de tuberculose nos países de baixa renda. Comparado com o método padrão de análise de dois esfregaços com microscopia de luz de Ziehl-Neelsen em 2 dias, o exame de dois esfregaços tomadas no mesmo dia, tinham a mesma sensibilidade (64% [IC95% 60 a 69], para microscopia padrão contra 63 % [58-68] para microscopia no mesmo dia) e especificidade (98% [97 a 99] contra 98% [97 a 99]). Observaram-se resultados semelhantes para os estudos de microscopia de fluorescência empregando diodo emissor de luz e para estudos examinando três lâminas, se estes foram comparados com estratégias de 2 esfregaços ou um com o outro.
Os pesquisadores concluíram que a baciloscopia no mesmo dia é tão precisa quanto o exame de BAAR padrão. Mais dados são necessários para documentar as mudanças necessárias no sistema de saúde para implementar com sucesso a estratégia e avaliar seus efeitos.
Autores: J Lucian Davis MD; Adithya Cattamanchi MD; Prof Luis E Cuevas MD; Prof Philip C Hopewell MD; Karen R Steingart MD.
Uma resenha a cargo de Medical Services de:
Diagnostic accuracy of same-day microscopy versus standard microscopy for pulmonary tuberculosis: a systematic review and meta-analysis - The Lancet Infectious Diseases; Vol 13, Issue 2, Pags 147-154, Feb 2013

segunda-feira, 13 de maio de 2013

sexta-feira, 10 de maio de 2013

495 - O trono do conhecimento

João VI de Portugal sofria da audição. Ele tinha um trono especialmente construído cujos braços "leoninos" (imagem) capturavam os sons mais próximos, sendo estes conduzidos por um tubo até um dos ouvidos do rei. "Exigir de uma pessoa que deseja falar com você que se ajoelhe e fale através da boca de um leão esculpido pode até ser divertido em certas horas", observa o neurocientista Jan Schnupp, "mas poucos indivíduos psicologicamente equilibrados escolheriam manter as suas conversas dessa maneira".
Ele ressalta que João VI morreu de envenenamento por arsênico, o que sugere que as mandíbulas dos leões não conseguiram pegar todas as fofocas importantes da corte."

terça-feira, 7 de maio de 2013

494 - Uma vitória contra o amianto

Justiça decide a favor da vida e do meio ambiente
por Conceição Lemes
publicado em 1º. de maio de 2013, no site VIOMUNDO
A fazenda de São Félix, com 700 hectares, fica no município de Bom Jesus da Serra, no sudoeste da Bahia, a 410 km de Salvador.
O turista desavisado logo se encanta com este canyon com lago de águas esverdeadas, circundado por imensos paredões. Dá vontade de conhecê-lo melhor de barco, talvez até mergulhar; os apaixonados por pesca logo se perguntarão sobre os peixes que vivem aí.
Só que quem vê paisagem, não vê o seu coração.
Além de uma galeria subterrânea de 200 km de extensão, esse grande canyon é – acreditem! — o que restou da exploração da primeira mina de amianto no Brasil, a de São Felix, em Bom Jesus da Serra.
Até a década de 1930, o Brasil importava tudo o que consumia desse mineral. Em 1937, esse quadro começou a mudar com a fundação da Sama (Sociedade Anônima Mineração de Amianto) e a descoberta da mina de amianto de São Felix. Em 1939, começava aí a exploração do amianto no País. Em 1967, a mina foi fechada.
Durante esse período, a Sama, inicialmente explorada pelos franceses da Saint-Gobain/Brasilit, e mesmo depois (o sucessor em interesse atualmente é a empresa nacional Eternit S/A), não se preocupou com as condições de vida dos trabalhadores e habitantes do entorno da jazida. Tampouco adotou medidas para reduzir os prejuízos causados pela mineração e evitar a contaminação da água e do ar.
Em 2009, então, o Ministério Público Federal e o Ministério Público do Estado da Bahia entraram com uma ação civil pública contra a Sama (atualmente, chama-se S/A Minerações Associadas, que pertence ao grupo Eternit), por conta dos danos ambientais.
Em liminar, a Justiça Federal em Vitória da Conquista, Bahia, determinou à Sama a realização de uma série de medidas em defesa do meio ambiente e da segurança da população.
A Sama tentou anular a decisão no Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1). Porém, por unanimidade, o TRF-1 ( processo nº 0031223-88.2009.4.01.0000), manteve a decisão de primeira instância.
A mineradora terá de realizar estudos técnicos para a elaboração do Plano de Recuperação de Área Degradada (PRAD).
Para isso, informa o Portal Poções, a Sama terá de presentar projeto ambiental pormenorizado, firmado por profissional habilitado e aprovado por técnicos do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Bahia (Inema) e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), com cronograma de execução e implantação.
[...]
Atualmente, o Brasil é um dos maiores produtores (3º.) e exportadores (2º.) de amianto do mundo. A extração, antes feita em Poções foi transferida para Minaçu, interior de Goiás, na divisa com o Tocantins. Aí fica a mina de Cana Brava, a única em exploração no Brasil.
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280 - Vítimas de amianto na Itália
296 - A toalha de mesa de Carlos Magno
355 - Amianto: a polêmica do óbvio

sexta-feira, 3 de maio de 2013

493 - HM 80 anos

Com 80 anos de história, o Hospital de Messejana oferece serviços exclusivos na rede SUS
Neste mês de maio, o HM Dr. Carlos Alberto Studart Gomes completa 80 anos de história. Inaugurado em 1933, como instituição de caráter privado, atendia, na época, apenas os portadores de tuberculose. Hoje, é referência no país nas áreas da cardiologia e pneumologia e oferece aos pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) tratamentos de ponta e procedimentos de alta complexidade, ainda não disponíveis no Norte e Nordeste e até em outras regiões do Brasil.
 O Transplante de Pulmão e o Projeto Coração Artificial, por exemplo, só são encontrados nas regiões Norte e Nordeste no Hospital de Messejana. Já o Sistema de Mapeamento Eletroanatômico Tridimensional, que realiza o mapeamento de arritmias complexas, é exclusividade do HM na rede SUS, em todo o país. Na área de ensino e pesquisa, o Hospital também parte na frente sendo o primeiro do Norte, Nordeste e Centro-Oeste do Brasil a ter o Doutorado em Cardiologia.
Saiba mais...
Informações
Assessoria de Comunicação do Hospital de Messejana
Stella Magalhães (Mtb 01714 jp)
Tel.: (85) 9998-7464 (85) 3101-4092
Ver também:
49 - Uma história que foi contada

quarta-feira, 1 de maio de 2013

492 - Sem a roupa espacial

Os filmes de ficção científica costumam mostrar as coisas terríveis que acontecem a alguém que é defenestrado de uma nave sem o traje espacial. Mas é principalmente ficção. Haveria algum desconforto como a expansão do ar em seu corpo, mas nada de ocorrer uma explosão (como Hollywood adora mostrar). Apesar de líquidos ferverem no vácuo, o seu sangue será mantido sob pressão pelo sistema circulatório e se sairia muito bem. E, embora o espaço seja muito frio, você não iria perder calor tão rapidamente. Como as garrafas térmicas demonstram, um vácuo é um ótimo isolante. Na prática, a única coisa que, em curto tempo, poderia matá-lo no espaço é simplesmente a falta de ar.
Em 1965, durante um teste na Nasa, ocorreu o vazamento de uma roupa espacial numa câmara de vácuo. A vítima, que sobreviveu, permaneceu consciente durante cerca de 14 segundos. O limite exato de sobrevivência nessas situações não é conhecido, mas, provavelmente, deve ser de um a dois minutos.

domingo, 28 de abril de 2013

491 - As (des)ordens de um flagelo

"A doença é zona noturna da vida, uma cidadania mais
onerosa. Todos que nascem têm dupla cidadania, no
reino dos sãos e no reino dos doentes. Apesar de todos
preferirmos só usar o passaporte bom, mais cedo ou
mais tarde nos vemos obrigados, pelo menos por um
período, a nos identificarmos como cidadãos desse 
outro lugar."
Susan Sontag
As (des)ordens de um flagelo: notas de leitura 
por Carlos Roberto da Silva, da  UNIPAM.
Mestre em Literaturas de Língua Portuguesa pela PUC Minas.
Resumo do artigo
Análise de obras de arte como pintura, peça de teatro e literatura, a partir da ideia de estetização da doença como metáfora da própria sociedade. Baseia-se, para isso, no pensamento de Susan Sontag, Adam e Herzlich e outros que, numa perspectiva sociológica, estudaram as relações entre o homem, a doença e a sociedade, mostrando que a doença é mais que um desarranjo do organismo biológico, pois afeta também o organismo social e, conseguintemente, o cultural.
In: Revista ALPHA, número 9

quinta-feira, 25 de abril de 2013

490 - Um caso raro de autodiagnóstico

Usando a língua para apalpar uma lesão no espaço pós-nasal
Uma senhora de 64 anos apresentou-se ao Departamento de Otorrinolaringologia com a história de obstrução nasal à esquerda e a informação de ter uma lesão no espaço pós-nasal, que fora apalpada pela língua.
Na figura abaixo, a paciente demonstra como ela, manobrando a ponta da língua para se encaixar no espaço pós-nasal, foi capaz de informar ter a lesão:
Orofaringe mostrando a língua flexionada por trás do palato mole para o espaço pós-nasal.
A fibroscopia nasal e a tomografia computadorizada confirmaram a presença de um pólipo grande (antrocoanal) em sua narina esquerda, estendendo-se para o espaço pós-nasal.
Ela se submeteu a uma cirurgia endoscópica funcional dos seios paranasais com polipectomia.
Pontos de aprendizagem
1. O médico nunca deve subestimar uma informação prestada pelo paciente para a formulação de um diagnóstico.
2. Aqui se mostrou um método incomum de autodiagnóstico de uma lesão no corpo humano.
Nora Haloob e Robert Nash, Using the tongue to palpate a lesion in the postnasal space: a unique case of self-diagnosis, BMJ Case Reports

segunda-feira, 22 de abril de 2013

489 - As 7 vantagens do leite materno

Numa prova de Biologia, a última questão era:
RELACIONAR 7 VANTAGENS DO LEITE MATERNO
Valia 70 pontos e era do tipo "tudo ou nada".
Um aluno, em particular, teve dificuldades para se lembrar das sete vantagens. No entanto, ele escreveu:
1) É a fórmula perfeita para a criança.
2) Ele fornece imunidade contra várias doenças.
3) Está sempre na temperatura certa.
4) É barato.
5) Reforça os laços afetivos da criança com a mãe, e vice-versa.
6) Está sempre disponível quando necessário.
Então, deu o branco...
Finalmente, em desespero, e com a campainha prestes a tocar indicando o fim do teste, o estudante escreveu:
7) Ele vem em duas embalagens atraentes, colocadas numa altura que o gato não pode alcançar.
Ganhou os 70 pontos.

sexta-feira, 19 de abril de 2013

488 - ENTREVISTA: Joan-Ramon Laporte

"Os medicamentos curam ou causam qualquer enfermidade."


Grato a Maria Célia Ciarlini por ter enviado este slideshow.

terça-feira, 16 de abril de 2013

487 - Histórico da estratégia de vacinação contra a gripe no Brasil

1999 - Realizada, em abril, a 1ª. Campanha de Vacinação do Idoso (a partir dos 65 anos de idade) com a vacina contra influenza (gripe).
2000 - Mudança na faixa etária da Campanha de Vacinação do idoso (maiores de 60 anos de idade).
2009 - A Organização Mundial da Saúde informa, em 11 de junho, que a pandemia da influenza A (H1N1) 2009 passou à fase 6: disseminação da infecção entre humanos, no âmbito comunitário, ocorrendo em diferentes regiões do mundo e oficializando a pandemia de influenza com o vírus A.
2010 - No período de 8 de março a 2 de junho, realização da Estratégia de Vacinação Contra o Vírus Influenza Pandêmica A (H1N1) 2009, dirigida a crianças de seis meses a menores de cinco anos, trabalhadores de saúde, gestantes, indivíduos com co-morbidades, adultos saudáveis na faixa etária de 20 a 39 anos de idade, com mais de 89,6 milhões de brasileiros vacinados.
2011 - A vacinação contra a influenza foi ampliada para as crianças na faixa etária de seis meses a menores de dois anos, gestantes, trabalhadores de saúde das unidades básicas que fazem atendimento para a influenza e povos indígenas, além dos idosos com 60 anos e mais de idade.
2013 - Também recebem a vacina as mulheres no período de até 45 dias após o parto (em puerpério) e os doentes crônicos, que terão o acesso ampliado a todos os postos de saúde.

sábado, 13 de abril de 2013

486 - Uma crônica em autorretratos de uma doença

Denise Grady
Quando soube, em 1995, que tinha a doença de Alzheimer, William Utermohlen, um artista americano em Londres, respondeu de forma característica.
A partir daquele momento, ele começou a tentar compreender-se, pintando a si próprio", disse sua esposa, Patricia Utermohlen, professora de História da Arte.
As pinturas (acima: em 1967, sem a doença; abaixo: em 2000) revelam nitidamente a descida do artista em sua demência com o seu mundo vivencial a se desmoronar. Sua esposa e seus médicos disseram que ele parecia consciente de que, por vezes, falhas técnicas tinham invadido o seu trabalho, mas ele não conseguia descobrir como corrigi-los.
"O sentido espacial prosseguia falhando, e eu acho que ele sabia", disse Patricia. Um psicanalista escreveu que "as pinturas de Utermohlen representavam tristeza, ansiedade, resignação e sentimentos de fraqueza e vergonha".
Dr. Bruce Miller, um neurologista da Universidade da Califórnia , San Francisco, que estuda a criatividade artística em pessoas com doenças do cérebro, disse que "alguns pacientes podem ainda produzir um trabalho poderoso. Alzheimer afeta o lobo parietal direito, em particular, o que é importante para visualizar algo internamente e, em seguida, colocá-lo em uma tela. A arte se torna mais abstrata, as imagens, borradas e vagas, e mais surrealistas. Às vezes, há o uso de uma cor bonita e sutil."

quarta-feira, 10 de abril de 2013

485 - Os dentes de Waterloo

As primeiras próteses dentárias eram de madeira, porcelana e marfim. E os dentes que se incrustavam nelas eram de origem animal, de condenados à morte e, por vezes, obtidos da profanação de tumbas. Cumpriam, à sua maneira, uma função "estética". Esses dentes. porém, deixavam muito a desejar e eram difíceis de se conseguir. A grande “revolução” dos dentes postiços se produziu com a batalha de Waterloo (1815).
Napoleão saiu derrotado e no campo de batalha havia 50 mil soldados mortos de ambos os exércitos. Esses soldados eram jovens e sadios, sinônimo de... dentes perfeitos! Antes de serem enterrados, tiveram seus dentes extraídos, os quais, em sua totalidade, foram parar no "mercado inglês". A esse tipo de dentadura se denominou “Waterloo Teeth” (dentes de Waterloo) e, durante muitos anos, todas as dentaduras postiças fabricadas com dentes sãos continuaram sendo assim chamadas, independentemente de sua procedência.

Batalha de Waterloo
In: Historias de la Historia.

domingo, 7 de abril de 2013

484 - A declaração pessoal de Iain Banks

Triste notícia: Iain Banks, 59, autor de romances de ficção e thrillers, tem um câncer terminal de vesícula biliar que se espalhou pelo fígado, pâncreas e nódulos linfáticos, e é improvável que ele possa viver por mais de um ano (e ele pode viver por menos tempo). Ele postou esta notícia recentemente, em uma declaração que é corajosa e com humor negro, como convém a seu trabalho e a sua reputação:
[...]
"Como resultado, eu cancelei todos os compromissos públicos planejados e perguntei à minha parceira, Adele, se ela vai me dar a honra de ser a minha viúva (desculpe - mas nós achamos que o humor macabro ajuda). No momento em que esta nota está saindo, estamos casados e saindo em uma curta lua-de-mel. Temos a intenção de passar um tempo de qualidade com a família, os amigos e os lugares que significam muito para nós. Enquanto isso, meus heroicos editores estão fazendo todos os esforços para a publicação do meu último romance, em até quatro meses, dando-me a chance de estar por perto quando a obra estiver nas prateleiras. Existe uma possibilidade de que possa valer a pena passar por um ciclo de quimioterapia para estender o meu tempo disponível. No entanto, isto é algo que estamos pesando os prós e os contras, sendo por ora fora de questão, pelo menos enquanto minha icterícia estiver se reduzindo significativamente."
[...]
Banksophilia: Friends of Iain Banks

10/06/2013 - Atualizando...
Morre Iain Banks, Microsiervos

quinta-feira, 4 de abril de 2013

483 - Lunático

Lunático agora está fora da lei
Numa votação por 398 a 1, a Câmara dos EUA aprovou a lei que retira a palavra lunatic (lunático) de todas as leis do país. O único voto "não" veio do deputado selenita Louie Gohmert (R-Texas).
O termo lunático
Deriva da palavra latina para Lua. Antes da era moderna, foi usado para descrever uma pessoa que sofria de doença mental por se acreditar que os ciclos lunares tinham impacto sobre o funcionamento do cérebro. Com a evolução dos conhecimentos médicos, a sociedade passou a compreender que tal influência não existe.
TOUR A LIVING MONUMENT
Welcome to the Trans-Allegheny Lunatic Asylum located in Weston, WV. Formerly known as the Weston State Hospital, this West Virginia facility served as a sanctuary for the mentally ill in the mid-1800’s. 
A influência da Lua na poesia brasileira
Círculo Vicioso, Ismália e, last but not the leastMicropoemas do infortúnio - 10

segunda-feira, 1 de abril de 2013

482 - Qual é o propósito evolutivo das cócegas?

Você provavelmente sabe que não pode fazer cócegas em si mesmo. E, embora você possa ser capaz de de fazê-las para agradar um desconhecido, o seu cérebro desaconselha a praticar algo tão socialmente desajeitado.
 Estes fatos oferecem uma visão do propósito evolutivo das cócegas, segundo Robert R. Provine, neurocientista da Universidade de Maryland, em Baltimore, e autor do livro Laughter: A Scientific Investigation. Cócegas, diz ele, ajudam a estabelecer relações entre amigos, companheiros íntimos e membros de uma  família.
Reprodução de um óleo sobre tela de José Malhoa, 1904 
Museu Nacional de Belas Artes - Brasil
Alguns cientistas afirmam que elas não só inspiram a ligação social como podem ajudar a aprimorar reflexos e habilidades de autodefesa. Em 1984, o psiquiatra Donald Black, da Universidade de Iowa, observou que as partes mais delicadas do corpo, como o pescoço e as costelas, são também as mais vulneráveis ​​em combate. E que as crianças aprendem a proteger essas partes durante as "lutas de cócegas", uma atividade lúdica e bem segura.

Tradução resumida de What Is the Evolutionary Purpose of Tickling?, POPSCI

quinta-feira, 28 de março de 2013

481 - Na boca de um rapper

O que se passa dentro da boca de um rapper durante uma sessão de beatbox?
 A Ciência quer saber!
Shrinkanth Narayanan, um engenheiro de áudio da Universidade do Sul da Califórnia, usando a ressonância magnética fez registros em tempo real de um beatboxer em ação:
"Ficamos espantados com a elegância complexa dos movimentos vocais e dos sons criados no beatboxing, que em si denotam uma espantosa exibição artística", disse Narayanan. "Este instrumento incrível que é a voz e seus muitos recursos continuam a nos surpreender, da intrincada coreografia da língua à sua aerodinâmica complexa, as quais, trabalhando em conjunto, criam uma rica tapeçaria de sons que codificam não só o significado como também uma ampla gama de emoções."

Bônus
How Can Human Mouths Produce This?
Em algum lugar do universo, deve haver uma espécie alienígena que ficou ofendida com tudo o que ele disse.

domingo, 24 de março de 2013

480 - A tuberculose na América Latina

Embora progressos significativos tenham acontecido na prevenção e no controle da tuberculose nas Américas, a doença continua a ser um grande problema de saúde pública. Na América Latina e no Caribe, a tuberculose é a principal causa infecciosa de morte depois da que está relacionada ao vírus HIV/AIDS. Em 2011, cerca de 268.000 novos casos e 30.000 mortes foram notificados nas Américas. No entanto, especialistas acreditam que, no mesmo período, cerca de 60.000 casos novos de tuberculose não tenham sido diagnosticados, a maioria deles em áreas urbanas. O fardo representado pela tuberculose é maior nestas áreas, devido às condições desfavoráveis de vida, incluindo-se a superpopulação, a desigualdade, o desemprego etc. Nas cidades latino-americanas, uma em cada quatro pessoas vivem na pobreza. Através de alianças sociais e políticas e de estratégias multissetoriais que enfatizem a educação, o acesso aos serviços de saúde e a melhoria das condições de vida, o controle da tuberculose na América Latina pode ser implementado, sobretudo em suas áreas marginais.
A relevância da tuberculose no mundo
Em 2011, o número de casos novos no mundo foi 8.700.00. Destes, 13 por cento estavam coinfectados pelo HIV. 84 países notificaram 310.000 casos da forma multirresistente da doença. 1.400.000 pessoas morreram por tuberculose no mundo.
Dados da ALAT
24 de março, o dia da descoberta do bacilo de Koch.

sábado, 23 de março de 2013

479 - Agnotologia

É o estudo da ignorância ou da construção da ignorância.
Em 1927, o fisiologista húngaro Albert Szent-Györgyi isolou uma substância em limões e laranjas que parecia prevenir o escorbuto.
Ele não conseguia identificá-la quimicamente, então a chamou de "ignose", que significa "eu não sei".
Quando os editores do Biochemical Journal reivindicaram um nome diferente, Szent-Györgyi sugeriu "godnose". Finalmente, chegaram a um acordo sobre o nome da substância: "ácido hexurônico".
Acabou sendo ácido ascórbico, vulgo vitamina C.

Poderá também gostar de:
32 - Os bebedores de limão

quarta-feira, 20 de março de 2013

478 - Gráfico. Mortes por diarreia no México

Este é um gráfico do que aconteceu quando a vacina contra o rotavírus - uma das principais causas de diarreia infantil - foi introduzida no México.
Vê essa "cordilheira"? São os picos das mortes por diarreia em crianças mexicanas, na faixa etária de 0 a 11 meses, durante as temporadas do rotavírus.
Após a introdução da vacina, esses grandes picos desapareceram. Porque, em um curto período de tempo, muitas crianças deixaram de morrer como resultado da utilização da vacina.
Para mim, é um gráfico que prova plenamente o poder da tecnologia biomédica para, nas circunstâncias certas, melhorar a vida das pessoas.

The New England Journal of Medicine

domingo, 17 de março de 2013

477 - Nicotina - Droga Universal

"A nicotina é um alcaloide (substância orgânica nitrogenada existente nas plantas e em alguns fungos), encontrado nas folhas do tabaco (Nicotiana tabacum), planta originária das Américas. Absorvida por via oral ou pulmonar, chega ao cérebro em segundos e depois, dissolvida no sangue, vai sendo excretada rapidamente. Quando os neurônios percebem que ela está escapando dos receptores, provocam um grau de ansiedade que só quem foi fumante sabe o que representa. É a crise de abstinência. Entre as mais de 4.700 substâncias nocivas presentes no cigarro, a nicotina é a responsável pela dependência, que é maior do que a de drogas como a cocaína e a heroína. As primeiras tragadas que o indivíduo dá na vida, em geral, são acompanhadas de tontura, enjoo, mal-estar. Depois, trazem sensação de prazer fugidio e, a seguir, alterações de humor causadas pela privação da droga. Assim, cigarro após cigarro, o organismo do fumante e também o do não fumante que convive no mesmo ambiente vai sendo minado e a saúde dos dois acaba seriamente comprometida."
LINK para o blog MEMÓRIAS, da pneumologista e historiadora Ana Margarida Arruda, onde se pode ler a entrevista que o Prof. José Rosemberg (1909 - 2005) concedeu a Drauzio Varella sobre a Nicotina.

quinta-feira, 14 de março de 2013

476 - Quando se tratava a tuberculose com a respiração das vacas

Em 1793, o cientista britânico Thomas Beddoes estava com a ideia fixa de que a inalação de diferentes gases, como o oxigênio, o dióxido de carbono e o hidrogênio, curaria a tuberculose e uma série de outras doenças, como a asma, a escrófula, o diabetes, a paralisia e o tifo. Ele estava convencido de que a sua terapia revolucionária transformaria a vida humana e que, mais cedo ou mais tarde, cada residência teria um pequeno dispositivo para a produção desses gases necessários e benéficos para a saúde.
Em seus estudos, Beddoes encontrou que os açougueiros eram menos propensos à tuberculose, e concluiu que isso deveria ter algo a ver com as vacas, assim como com os vapores e os gases que existiam nos estábulos e matadouros.
Sua ideia era clara: Seria benéfico para os pacientes com tuberculose pulmonar as emanações de um estábulo.
Dito e feito. Transferiu vários pacientes de sua clínica em Bristol para um prédio ao lado de um estábulo, onde as vacas metiam as cabeças através de uma cortina nos quartos dos doentes, para que estes pudessem recebessem o alento delas. Beddoes estava tão entusiasmado com o seu projeto, que o reforçou com a ideia de que, além de tudo, as vacas proporcionavam um maravilhoso e benéfico aquecimento central para as "enfermarias".
Nem é preciso dizer que os resultados não foram os esperados, e que o nosso excêntrico cientista virou alvo de todos os tipos de chacotas.

Extraído de Cuando se trataba la tuberculosis con el aliento de las vacas (1793), por Guillermo. In: La Aldea Irreductible

segunda-feira, 11 de março de 2013

475 - Rãs no leite


Quando uma rã pula dentro de um balde de leite fresco, de acordo com um antigo conto russo, o leite não vai azedar. Tolice? Talvez não. Uma nova pesquisa, que acaba de ser publicada no American Chemical Society Journal of Proteome Research, dá sustentação ao ensinamento dessa história.
Uma equipe liderada pelo químico orgânico EM Lebedev, da Universidade de Moscou, revisou pesquisas anteriores sobre a rã marrom russa, que identificavam 21 diferentes peptídeos antibióticos nas secreções da pele do anfíbio. Aplicando recentes técnicas de laboratório, de maior sensibilidade, mais 76 compostos foram descobertos.
Obviamente, as rãs não estavam produzindo antibióticos para ajudar os homens a manter o leite de vaca fresco. Anfíbios têm pele fina, úmida e porosa que, normalmente, seria muito suscetível a infecções bacterianas. Contudo, as rãs têm evoluído a capacidade de combater as bactérias invasoras através da produção e secreção de compostos naturais com propriedades antibióticas.
Não é difícil imaginar que, no passado, rãs que acidentalmente saltaram em baldes abertos de leite evitaram que o leite se estragasse. E que esse efeito tenha animado a população rural a colocar os dois juntos.
Esses peptídios da pele da rã, suspeitam os cientistas da Universidade de Moscou, seriam potencialmente úteis para a produção de antibióticos que combatam as superbactérias.
Fontes
Don't Cry Over Spoiled Milk, Just Add Frogs!
Composition and Antimicrobial Activity of the Skin Peptidome of Russian Brown Frog Rana temporaria

sexta-feira, 8 de março de 2013

474 - Rita Lobato (1866-1954)

Rita Lobato Velho Lopes
Primeira mulher brasileira e segunda latino-americana a obter diploma de medicina, a sul-riograndense Rita Lobato (fotografia) passou pelas faculdades de medicina da Bahia e do Rio de Janeiro, onde se formou com distinção, em 1887, defendendo a tese "A operação cesariana". Aos 70 anos, depois de abandonar a prática médica, foi eleita vereadora pela cidade de Rio Pardo - RS.

Hoje (08/03): Dia Internacional da Mulher

Comentário
A primeira mulher brasileira a obter o diploma de medicina foi Maria Augusta Generoso Estrela, que se formou no New York Medical College and Hospital for Women, em março de 1881, seis anos antes de Lobato. Este fato, entretanto, não tira a grandeza de Rita Lobato. Foram duas mulheres que honram nosso País.
Mais informações: aqui.

25/10/2014 - Atualizando...
Link para o artigo "Mulheres Médicas", de Celina Côrte Pinheiro, publicado no BLOG DA SOBRAMES-CE.

segunda-feira, 4 de março de 2013

473 - Estômago de avestruz

Nadando no Nilo aos 10 anos, Hadji Ali (1888 - 1937) descobriu que poderia ingerir e vomitar grandes quantidades de água sem sofrer consequências. E aproveitou esse talento em uma carreira no circuito vaudeville ao redor do mundo, exibindo-se até mesmo para o czar Nicolau II no Palácio de Inverno, em 1914.
Seus atos de regurgitação eram recebido com tolerância surpreendente pelo público da época. Para Judy Garland, o egípcio era o seu artista de espetáculo favorito.
Aqui, Hadji Ali aparece, numa versão em língua espanhola (Politiquerias), do show de Laurel e Hardy, em 1931:


As habilidades gástricas de Ali fascinavam as autoridades médicas de seu tempo. Depois que ele morreu, o corpo foi oferecido para estudo à Johns Hopkins University, contudo a oferta foi recusada pela universidade.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

472 - Sobre doenças raras

  • Uma doença é considerada rara quando afeta menos de 1 em 2 mil indivíduos. 
  • Há cerca de 7 mil doenças raras. 
  • Estima-se que 250 milhões de pessoas em todo o mundo sofram de uma doença rara. 
  • São frequentemente crônicas, progressivas, degenerativas e com riscos à vida. 
  • São incapacitantes: a qualidade de vida dos pacientes é frequentemente comprometida pela perda de autonomia. 
  • Os pacientes e suas famílias são alvos de muita dor e sofrimento. 
  • 75 por cento das doenças raras afetam as crianças. 
  • 30 por cento dos pacientes com doenças raras morrem antes dos 5 anos. 
  • 80 por cento das doenças raras têm origem genética identificável. 
  • Não existe tratamento eficaz para a maioria das doenças raras.
29/02 (entre ontem, 28, e hoje, 1.º) - Dia das Doenças Raras

Postagem relacionada: 69 - Doenças raras

domingo, 24 de fevereiro de 2013

471 - O Teste de Sentar e Levantar

A habilidade de sentar e levantar-se do chão está intimamente relacionada com todas as causas de risco de mortalidade 
Em 2002, mais de 2 mil pessoas entre as idades de 51 e 80 foram solicitadas a sentar e levantar-se sem recorrer ao uso de suas mãos ou joelhos. Os resultados desse Teste de Sentar e Levantar (TSL) foram registrados. Até o final de outubro de 2011, 159 das pessoas morreram. Acontece que a maioria das pessoas que morreram foram as que precisaram de mais apoio durante a realização da tarefa. Apenas duas das 159 pessoas que morreram tinham sido capazes de sentar e levantar-se sem apoio. Essas diferenças persistiram quando os resultados foram controlados por idade, sexo e índice de massa corporal, sugerindo que o resultado do teste é um preditor significativo de todas as as causas de mortalidade.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

470 - A enfermaria do futuro

Neste infográfico você vê uma enfermaria do futuro em que avanços da ciência e da tecnologia estarão a seu dispor para uma assistência médica melhor e mais confortável:

Hospital Room of the Future
From: HOSPITAL ROOM OF TOMORROW
(clique sobre o link para ampliar a imagem)

domingo, 17 de fevereiro de 2013

469 - Hipopotomonstrossesquipedalofobia

Imagem: veio daqui
É uma palavra inventada como uma brincadeira que, por ter se tornado relativamente conhecida e divulgada, acabou sendo tomada como séria por muitas pessoas que não conhecem sua origem.
A hipopotomonstrossesquipedalofobia seria um distúrbio que se caracteriza pelo medo irracional (ou fobia) de pronunciar palavras grandes ou complicadas. Caracteriza-se pela aversão ou nervosismo em momentos nos quais o indivíduo deve empregar palavras longas ou de uso pouco comum (discussões técnicas, médicas, científicas etc), assim como evitar ou não mencionar palavras estranhas ao vocabulário coloquial.
Esta fobia pode ser causada pelo medo de pronunciar incorretamente a palavra, já que isto representa uma possibilidade de que a pessoa fique em desvantagem e seja visto como alguém de cultura inferior ou pouco inteligente perante seus iguais. Muitas vezes, esta fobia vem acompanhada de timidez social e medo de ser ridicularizado.
A própria palavra hipopotomonstrossesquipedalofobia representa certa ironia, haja vista que, além de ser longa e estranha, indica uma fobia às palavras semelhantes.
Linguisticamente falando, o termo correto para "fobia de palavras longas" é megalologofobia (usando-se os prefixos gregos megalo e logos) ou sesquipedalofobia (usando-se o prefixo latino sesquipedalis). WIKIPÉDIA

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

468 - Custos da saúde nos EUA

Jaime Rosenthal, professor sênior da Universidade de Washington, St. Louis, ligou para 122 hospitais, de todos os estados (EUA), em busca de avaliar custos para uma cirurgia de substituição de prótese de quadril, em sua avó de 62 anos de idade, que estava sem seguro mas tinha meios de pagar a operação.
As informações que obteve podem surpreender até mesmo os mais empedernidos economistas que se debruçam sobre a questão dos custos no opaco sistema de saúde norte-americano.
Resultados - Apenas cerca da metade dos hospitais, incluindo centros do topo do ranking ortopédico e hospitais comunitários, poderiam fornecer estimativas de custos para a citada operação, apesar dos repetidos apelos de Rosenthal. E, no grupo em que as informações foram obtidas, estas variaram por um fator acima de 10 - de 11.100 dólares a 125.798 dólares.
A avó do professor era uma personagem fictícia, criada para um projeto de pesquisa sobre os custos com os cuidados de saúde no país. Mas os resultados, que formam a base de um documento, divulgado pelo JAMA (Journal of American Medical Association), certamente vão atiçar o debate sobre o crescimento insustentável dos custos da saúde nos Estados Unidos.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

467 - Que é um bom médico?

por Cristiane Segatto,  ÉPOCA
Em seu primeiro dia como residente da Universidade Harvard, o cirurgião americano Martin Makary ouviu uma frase que o marcaria para sempre.
“Esse paciente é do Hodad”, disse um dos residentes.
O jovem Makary, encantado por receber treinamento num dos centros médicos mais respeitados do mundo, mal podia esperar o momento de avistar o astro e, se tudo corresse bem, ser aceito como discípulo.
Mais tarde, envergonhado, confessou ao colega que nunca tinha ouvido falar no cirurgião Hodad. O amigo respondeu:
“Dr. Westchester é Hodad. É assim que nós, os residentes, o chamamos. H-O-D-A-D significa Hands of Death and Destruction (mãos de morte e destruição)”.
O médico era um perigo ambulante. O excesso de autoconfiança o levava a cometer sucessivos erros cirúrgicos. Hodad se achava bom em tudo. Arriscava-se e colocava os doentes em risco ao realizar operações que não eram sua especialidade.
Os pacientes nem desconfiavam. Agradeciam pelo tratamento recebido e o recomendavam aos amigos. O jovem Makary não entendia como os pacientes podiam ter uma percepção tão equivocada de um cirurgião que, sob o julgamento técnico dos colegas, era ruim. Conseguiu entender quando passou a acompanhar o médico mais velho nas visitas aos pacientes. Hodad era simpático, divertido, caloroso, bom de conversa. Os pacientes o adoravam. Até quando uma complicação ocorria, o que não era raro, Hodad era capaz de arranjar uma desculpa. Os doentes iam para casa convencidos de que ele não errara e felizes por terem estado em boas mãos.
Do ponto de vista técnico, Hodad era uma fraude. Do ponto de vista de popularidade, era um espetáculo.
No mesmo hospital, trabalhava outro cirurgião. Um grandalhão, de cara amarrada e péssimos modos. Grosseiro, na maior parte das vezes. Sempre pronto a humilhar as enfermeiras e outros funcionários.
Os alunos o chamavam de Raptor. Tinham medo dele. Os pacientes também. Raptor acumulava queixas de maus modos no departamento de atendimento ao cliente. Muitos pediam para ser operados por Hodad, o picareta com fama de excelente médico.
Os observadores bem informados ficavam intrigados com a ironia da situação. Apesar de seu comportamento terrível, Raptor tinha qualidade técnica muito acima da média. A incrível precisão cirúrgica e a insistência de se aproximar da perfeição a cada procedimento fizeram dele o cirurgião de melhor reputação entre os colegas. Até os que odiavam seus modos eram capazes de reconhecer sua superioridade técnica. Ao longo da carreira, Makary viu chefes de Estado, celebridades, e outros poderosos caírem nas mãos de gente como Hodad, sem ter a menor ideia do risco que corriam. Viu também moradores de rua operados por brilhantes Raptors, sem desconfiar de que eles eram a elite da profissão.
Essa é uma história universal. Quase todo hospital tem um Hodad e um Raptor. E profissionais de todo tipo entre esses dois perfis extremos. No Brasil, é exatamente assim – sobretudo naqueles que são considerados os melhores hospitais.
Se até os poderosos estão sujeitos aos Hodads, como o cidadão comum pode saber se o profissional e o hospital escolhido é bom mesmo?
Podemos escolher hotéis e restaurantes a partir de critérios técnicos, mas somos impedidos de comparar as diferentes instituições de saúde a partir de parâmetros objetivos.
Qual é o índice de infecção do hospital A? E as taxas de complicação do B? Qual é a sobrevida de quem faz uma cirurgia cardíaca ou um transplante aqui ou ali? Esses dados existem. Pelo menos no grupo de 21 hospitais brasileiros que dispõem de um selo de qualidade emitido por uma entidade chamada Joint Commission International.
Por enquanto, porém, essas informações são guardadas a sete chaves. Ainda que um hospital divulgue um ou outro parâmetro (em geral, o que lhe é favorável), não podemos comparar as diferentes instituições.
SIGA LENDO

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

466 - Boa noite, Cinderela

O gama-hidroxibutírico (GHB) surgiu no início da década de 1990. Foi sintetizado como um análogo do ácido gama-aminobutírico (GABA), com o objetivo de se obter uma substância similar, capaz de atravessar a barreira hemato-encefálica. Investigado como agente anestésico, devido a seus efeitos colaterais (contrações musculares involuntárias e delírio), o GHB foi abandonado. Posteriormente, foi usado como estimulador do crescimento muscular, efeito que não foi comprovado cientificamente. Por causar diminuição do nível de consciência, depressão respiratória e convulsões, foi banido dos EUA pela Food and Drug Administration (FDA).
No Brasil, o GHB tem o seu uso legal restrito a raros casos de distúrbios do sono e de epilepsia, sendo a importação do medicamento regulamentada pela ANVISA. Obtido ilicitamente, o GHB tem sido usado para a prática de crimes de estupro e furtos. Casos de morte pelo consumo desta droga também já foram descritos.
O GHB é inodoro e incolor, mas agora é possível detectá-lo. Há materiais que mudam de cor quando entram em contato com a substância. (1) Fabricados com esses materiais, há copos que podem livrá-lo de uma boa enrascada. (2) Como não são encontrados nos points que você frequenta, leve o que vai usar a esses locais.
smartcups
(1) Idem para a ketamina e o Rohypnol.
(2) Há também em canudinhos.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

465 - Secções anatômicas de papeis dobrados

Inspirada em imagens disponíveis no The Visible Human Project®, e usando folhas de amoreira dobradas, Lisa Nilsson habilmente recriou imagens de partes do corpo humano.
Aqui vemos um de seus trabalhos:
Tórax (seção transversal), Tissue Series
Em duas palavras: im pressionante.

domingo, 3 de fevereiro de 2013

464 - Werner Forssmann (1904-1979)

Em 1929, no porão do Hospital Eberswaled, na Alemanha, o médico residente de cirurgia Werner Forssmann inseriu um cateter ureteral em si próprio, na região do cotovelo, fazendo-o ir por uma veia até o coração.
Ele usou um espelho como seu assistente, já que a enfermeira que o acompanhava (acreditando que o procedimento seria realizado nela) mantinha-se em uma mesa de operação. Concluído o ato, ele  tirou um raio-x do tórax (à esquerda) para determinar se o cateter havia de fato chegado ao átrio direito.
Em vez de elogios, Forssmann foi recebido com uma condenação. Essa rejeição levou-o a trocar a cardiologia pela urologia (fez sentido),
Posteriormente, ele foi recompensado com o Prêmio Nobel de Medicina em 1956.

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

463 - Cegos e surdos

Já pensaram sobre isso?
Tudo que podemos ver e ouvir situa-se na estreita e fina faixa colorida do diagrama abaixo:


Aproveitemos, pois, a beleza que nossos olhos e ouvidos nos mostram. Sabendo que há muito mais que não nos é permitido experimentar.
No grande esquema das coisas do Universo somos todos praticamente cegos e surdos.

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

462 - Pneumonia química ameaça sobreviventes do incêndio

A tragédia em Santa Maria (RS) ainda pode levar a novas internações médicas. São pessoas que tragaram a fumaça do incêndio na boate e não desenvolveram imediatamente sintomas de intoxicação respiratória. Especialistas explicam que a chamada pneumonia química pode se manifestar até três dias depois da inalação. No domingo, 24 pessoas suspeitas de estarem com o problema foram atendidas no pronto-socorro do município. Ontem, houve mais dois casos.
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, já havia alertado para o risco de casos assim, no domingo à tarde. Tosse, falta de ar e até mesmo catarro frequente, que pode, ou não, estar acompanhado de restos de fuligem, caracterizam as reações do corpo ao desenvolvimento da moléstia, que, se não for tratada, pode levar à morte.
O cirurgião Luiz Philipe Molina, do Centro de Referência em Trauma do Hospital 9 de Julho, em São Paulo, compara a pneumonia química à formação de bolhas nas mãos após queimaduras em panelas ao fogo. "Nesses casos, a pele fica vermelha na hora. Um tempo depois, começam a surgir bolhas que, após uns dias, estouram. Nas mucosas respiratórias, o processo é parecido."
Segundo ele, os tecidos internos lesionados pelo contato com o ar quente do incêndio podem descamar. "As células que foram atingidas acabam sendo eliminadas, impedindo o bom funcionamento dos pulmões." Isso dificulta a transmissão de oxigênio dos alvéolos pulmonares para a corrente sanguínea. A descamação favorece infecções secundárias. Outro sintoma decorrente desse problema são dor de cabeça e tonturas.
A desidratação dos tecidos também pode ocorrer, segundo Ubiratan de Paula Santos, diretor da Sociedade Paulista de Pneumologia e pneumologista do Instituto do Coração. "Deve-se notar que, nessas circunstâncias, a pessoa respira gases e material particulado em alta temperatura, o que provoca uma agressão térmica ao revestimento de traqueia, laringe e brônquios."

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

461 - Simetria

Invertendo a palavra holandesa para rim, NIER, dá a palavra francesa para rim, REIN.

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

460 - A principal função da circulação é a respiração

Há tempo venho me convencendo de que a grande função do aparelho circulatório é assegurar a respiração celular.
A ideia de que o aparelho circulatório serve, eminentemente, a uma função respiratória não é do agrado dos cardiologistas. Segundo tenho verificado, para eles, a função maior do aparelho circulatório é fazer o sangue circular. O que, em princípio, está certo. Mas dentro da hierarquia das coisas que circulam com o sangue, não me sobram dúvidas de que são as exigências do transporte das matérias primas da respiração que determinam a bioengenharia do aparelho circulatório.
A proposição de que o aparelho circulatório serve mesmo é para respirar, aumenta o meu débito para com os cardiologistas. Débito que se iniciou, há alguns anos, com uma outra proposição que lhes submeti à apreciação: a de que a sede anatômica do amor não é o coração mas, muito mais provavelmente, o pulmão.
Esta proposição inquietou duplamente os especialistas do coração: pelo fato em si e por suas repercussões econômicas. Uma das justificativas para a consulta dos cardiologistas ser um pouco mais cara do que as dos demais especialistas da Medicina Interna, deve-se ao fato de terem eles sob sua responsabilidade, além do centro da circulação, o centro do amor.
Os argumentos que apresentei, no entanto, abalaram os meus companheiros de especialidade:
"O que pode o amor fazer ao coração?" perguntava-lhes eu. "Acelerar a freqüência de seus batimentos?". " Vejam em contraste, a riqueza das manifestações afetivas do pulmão: é com o pulmão que rimos, é com o pulmão que choramos, é com o pulmão que suspiramos; é do pulmão que saem todas as interjeições afetivas; e todos os ais de amor". E, completava: "O que pode uma discreta taquicardia sinusal, quando comparada à respiração arfante de uma mulher apaixonada?". 
Não obstante o desassossego que causa, a proposição de que a circulação serve primariamente para respirar é, também, irretorquível.
Se nós pararmos o aparelho circulatório, morreremos em quatro minutos, por falta de oxigênio. Se por um passe de mágica, com o aparelho circulatório parado, conseguirmos oferecer oxigênio a todas as células do organismo, morreremos em onze minutos, por excesso de CO2. Falta de oxigênio e excesso de CO2 são marcas registradas de insuficiência respiratória. Se num segundo lance de mágica, com a circulação parada, removermos o CO2, em excesso, morreremos em três semanas, por acúmulo de catabolitos. Uma demonstração eloquente da primazia dada pelo aparelho circulatório às suas funções respiratórias.
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Referência: Os seis corações do homem: Um ensaio, Publicações SBC