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quinta-feira, 14 de agosto de 2025

1426 - A tuberculose na História

John Green, em seu livro "Everything is Tuberculosis", sobre os assassinos adolescentes que mataram o arquiduque Francisco Ferdinando, o que deu início à Primeira Guerra Mundial: 
Eles estavam mais dispostos a morrer por sua causa, visto que já estavam morrendo de tuberculose? 
DeepSeek:
Os assassinos do arquiduque Francisco Ferdinando, cujo atentado em 28 de junho de 1914 desencadeou a Primeira Guerra Mundial, eram jovens nacionalistas sérvios ligados ao grupo "Mão Negra". O principal assassino foi Gavrilo Princip, que tinha 19 anos na época, e outros conspiradores envolvidos também eram jovens, como Nedeljko Čabrinović e Trifko Grabež.
A saúde de Gavrilo Princip e a disposição para morrer
Gavrilo Princip sofria de tuberculose, uma doença grave, sem tratamento eficaz e muitas vezes fatal na época. No entanto, não há evidências claras de que ele e seus companheiros estivessem ativamente morrendo no momento do atentado. A tuberculose era uma doença crônica que podia levar anos para se tornar fatal, e muitos dos conspiradores estavam doentes, mas não necessariamente à beira da morte.
Ainda assim, sua condição de saúde pode ter contribuído para sua disposição de arriscar a vida. Eles eram nacionalistas fanáticos, acreditando na libertação dos eslavos do sul do domínio austro-húngaro, e muitos estavam dispostos a se sacrificar pela causa. Quando presos, alguns tentaram suicídio, mas Princip não conseguiu porque sua cápsula de cianeto estava velha e só lhe causou vômitos.
O destino dos assassinos
Gavrilo Princip foi condenado a 20 anos de prisão (a pena de morte não podia ser aplicada a menores de 20 anos na Áustria-Hungria). Ele morreu de tuberculose na prisão em 1918, antes do fim da guerra.
Nedeljko Čabrinović também morreu na prisão, em 1916, de tuberculose.
Outros conspiradores foram executados ou morreram na prisão.
Conclusão
Embora a tuberculose tenha afetado sua saúde, não está claro que isso fosse o principal motivador de suas ações. Eles já eram extremamente comprometidos com a causa nacionalista sérvia e estavam dispostos a morrer por ela, independentemente de sua condição física. O atentado foi um ato de terrorismo político, não um "suicídio por doença", mas sua saúde debilitada pode ter reforçado sua disposição para o sacrifício.

quinta-feira, 17 de novembro de 2022

1282 - Anúncio do Hospital de Messejana na década de 1930


É uma propaganda ("reclame") do SANATÓRIO DE MESSEJANA, à época em que era dirigido pelos fundadores, os Drs. Otávio Lobo, Pedro Sampaio e Lineu Jucá. Inaugurado em 1.º de maio de 1933, no próximo ano essa importante instituição estará completando 90 anos. 
É hoje o HOSPITAL DE MESSEJANA DR. CARLOS ALBERTO STUDART GOMES.

quinta-feira, 25 de agosto de 2022

1270 - Do prontuário médico tradicional e sua evolução até o prontuário eletrônico do paciente

A necessidade da existência de um documento no qual as informações relativas ao histórico de saúde do indivíduo fossem registradas não é recente. A palavra prontuário origina-se do latim promptuarium e significa "lugar onde são guardadas coisas de que se pode precisar a qualquer momento" ou "manual de informações úteis" ou, ainda, "ficha que contém os dados pertinentes de uma pessoa" (Houaiss, 2009).
Considera-se importante relatar um pouco da história do surgimento do prontuário médico tradicional (PMT) e sua evolução até os dias atuais com a criação do prontuário eletrônico do paciente (PEP).
O prontuário médico tradicional
A ideia de se ter um meio onde as informações fossem registradas para poderem auxiliar na continuidade do tratamento, da investigação da doença e no compartilhamento dessas informações, começou com Hipócrates no século V a.C. No século V a.C., Hipócrates estimulou médicos a fazerem registros escritos, dizendo que o prontuário tinha dois propósitos: (1) refletir de forma exata o curso da doença e (2) indicar as possíveis causas das doenças.
Massad, Marin e Azevedo (2003, apud Cristiane Rodrigues) explicam que o prontuário em suporte de papel já vinha sendo utilizado há muitos anos e revelam, ainda, que Florence Nightingale, precursora da Enfermagem Moderna, quando tratava feridos na Guerra da Crimeia (1853-1856), já relatava que a documentação das informações relativas aos doentes era de fundamental importância para a continuidade dos cuidados ao paciente, principalmente no que se refere à assistência de Enfermagem. 
É clássica a frase de Nightingale, quando observa a importância dos registros de saúde: "Na tentativa de chegar à verdade, eu tenho buscado em todos os locais, informações; mas, em raras ocasiões eu tenho obtido os registros hospitalares possíveis de serem usados para comparações. Estes registros poderiam nos mostrar como o dinheiro tem sido usado, o que de bom foi realmente feito com ele...". (Massad, Marin; Azevedo, 2003, p. 2).
O prontuário em suporte de papel, portanto, vem sendo utilizado há muito tempo. Até o início do século XIX, os médicos baseavam suas observações, e consequentemente suas anotações, no que ouviam, sentiam e viam e as observações eram registradas em ordem cronológica, estabelecendo assim o chamado prontuário orientado pelo tempo.
Massad, Marin; Azevedo (2003) relatam que William Mayo fundou em 1880, junto com um grupo de amigos, a Clínica Mayo em Minnesota nos Estados Unidos, onde foi observado com o passar dos anos, que a maioria dos médicos mantinha o registro de anotações das consultas de todos os pacientes em forma cronológica em um documento único - fato que dificultava o acesso às informações de um determinado paciente.
Detectada essa dificuldade, a Clínica Mayo adotou, em 1907, um registro individual das informações de cada paciente. As informações passaram a ser arquivadas separadamente e isso possibilitou uma melhor organização e arquivamento dos prontuários. Em 1920 a Clínica Mayo deu consideráveis passos no sentido de padronizar o conteúdo dos prontuários por meio do estabelecimento de um conjunto mínimo de dados a serem registrados.
O prontuário eletrônico do paciente
Os PEPs surgiram na década de 70, oriundos dos esforços em se estabelecer estruturas mínimas para os registros médicos ambulatoriais (Lovis et al., 2011).
O PEP surgiu não só para substituir o prontuário em papel, mas também para elevar a qualidade da assistência à saúde por meio de novos recursos e aplicações. Novaes (2003, p. 43) chama atenção para o fato de que, ao longo das últimas décadas, os prontuários deixaram de ser denominados "prontuários médicos" e passaram para "prontuários do paciente".
Os prontuários são instrumentos essenciais para o desenvolvimento das atividades de administração de qualquer unidade hospitalar, para os cuidados e atenção aos pacientes e ainda para subsidiar as pesquisas.
DOI: http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v10i9.18031 (Cristiane Rodrigues da Silva)
Links internos:

quinta-feira, 3 de setembro de 2020

1165 - Horace Wells, um pioneiro da anestesia

A história da anestesia começa com um desastre pessoal e um grande triunfo coletivo. Um dia, em 1844, Horace Wells, um jovem dentista de Connecticut (EUA), decidiu ir a um circo que passava por Boston. Uma parte do espetáculo era baseada no óxido nitroso, o gás do riso, explorando os efeitos jocosos de sua administração em voluntários.
Algo incomum aconteceu no dia exato em que Wells esteve lá: um dos participantes tropeçou enquanto corria no palco, e sofreu um corte profundo na perna. Foi então que ocorreu um evento fundamental: longe de parar ou gritar, ele continuou correndo e rindo como se nada lhe tivesse acontecido.
Obviamente, se a queda foi fundamental, não foi menos a atenção seletiva do dentista Wells. Esse gás poderia ser a solução para o sofrimento de seus pacientes. Ele conversou com Gardiner Colton, o químico do circo, e, depois de inalar uma dose do óxido, deixou que lhe extraíssem um dente. E não sentiu dor nenhuma.
É provável que a anestesia moderna tenha nascido ali, embora Wells mal a visse. Depois de testar com sucesso o óxido nitroso em outras pessoas, ele foi chamado para uma manifestação pública no Massachusetts General Hospital.
Mas algo deu errado. Assim que ele começou a extrair um dente de um voluntário, ele começou a se mexer, dando gritos desesperados. Não se sabe se houve um erro na dose ou no modo de administração do óxido. Três anos depois, humilhado, aposentado e bêbado, Wells cometeu suicídio. (*)
Assim, ele não pôde ver que seu colega e amigo William Morton continuaria a investigação, embora com éter no lugar de óxido nitroso. Morton também foi convidado pelo Massachustts e, ao contrário de Wells, foi bem-sucedido na demonstração. E Wells tampouco viu que, anos depois, o próprio Gardiner Colton, fazendo parceria com outro dentista, também demonstraria a eficácia do óxido nitroso.
Siga lendo ...
http://www.agenciasinc.es/Reportajes/El-funcionamiento-de-la-anestesia-continua-siendo-un-misterio
(*) É inegável ter sido Horace Wells um importante pioneiro da anestesia, pois foi o primeiro a reconhecer as propriedades do óxido nitroso (única droga anestésica do século XIX que ainda está em uso).

quinta-feira, 27 de agosto de 2020

1164 - Principais pandemias da história

A pandemia é uma epidemia que atinge proporções maiores, podendo se espalhar por um ou mais continentes ou por todo o mundo.
1. Praga de Justiniano (541-542): 30-50 milhões de mortes.
2. Peste Antonina (165-180): 5 milhões de mortes
3. Epidemia de varíola japonesa (735-737): 1 milhão de mortes
4. Peste-negra (1347-1351): 200 milhões de mortes
5. Varíola (1520): 56 milhões de mortes
6. Grandes pestes do século XVII (1600): 3 milhões de mortes
7. Grandes pestes do século XVIII (1700): 600 mil mortes
8. A terceira peste (1855): 12 milhões de mortes
9. Cólera (1817-1923): 1 milhão de mortes
10. Gripe espanhola (1918-1919): 40-50 milhões de mortes
11. Gripe russa (1889-1890): 1 milhão de mortes
12. HIV/AIDS (1981-atualidade): 25-35 milhões de mortes
13. Febre Amarela (final dos anos 1800): 100 mil – 150 mil mortes
14. Ebola (2014-2016): 11 300 mortes
15. Gripe Suína (2009-2010): 200 mil mortes
16. Covid-19 (2019-atualidade): . . .
[http://blogdomarcelogurgel.blogspot.com/2020/04/diante-da-morte-todos-viramos-filosofos.html]
Durante a peste bubônica, uma das coisas mais marcantes foi o traje utilizado pelos médicos. Tratava-se de uma roupa que cobria da cabeça aos pés e uma máscara com um bico de pássaro. O motivo desses trajes é o desconhecimento científico acerca da doença. Na época, a teoria corrente para a disseminação de doenças infecciosas era a miasmática. Formulada por Thomas Sydenham, médico inglês e Giovani Maria Lancisi, italiano que defendia que as moléstias tinham origem nos miasmas. Esse era o conjunto de odores fétidos, que vinham de matéria orgânica em putrefação e da água contaminada.
Isso causaria então um desequilíbrio nos fluídos corporais do paciente. Além disso, acreditava-se que perfumes fortes poderiam proteger da peste. Sendo assim, a lógica das máscaras era essa: evitar que o miasma chegasse ao nariz dos médicos. O bico da máscara era preenchido com teriaga, uma combinação com mais de 55 ervas e outras especiarias. Essa combinação, desde a Grécia Antiga, era tida como antídoto para qualquer envenenamento. A ideia era de que a forma de bico proporcionasse tempo para purificar o ar.
Charles de Lorme foi o médico responsável pela criação da roupa durante a peste bubônica. Ele cuidou da realeza francesa durante o século 17, entre eles, do rei Luís XIII.
Além dessa máscara curiosa, o visual era composto por uma camisa por dentro das calças, que se conectavam à botas. Havia ainda um casaco coberto por cera perfumada, chapéu e luvas feitas de couro de carneiro. Para completar o traje usado pelos médicos, uma vara para afastar os doentes.

quinta-feira, 8 de agosto de 2019

1109 - Pesquisadores resgatam história da tuberculose no Cariri



Professores e acadêmicos da Universidade Regional do Cariri (Urca), iniciaram, neste semestre, um projeto de pesquisa cujo objetivo é desvendar como eram tratados os pacientes internados no antigo Hospital Manuel de Abreu (foto atual), em Crato, que funcionou por cerca de quatro décadas.
Ao todo, quatro professores e quatro estudantes das áreas de História, Enfermagem e Artes Visuais, pretendem produzir, até a metade do ano que vem, um livro e um documentário, que mostrem, principalmente, como era feito o tratamento dos pacientes tuberculosos na região do Cariri. Três visitas já foram feitas à antiga unidade de saúde, e a equipe encontrou documentos diversos abandonados que auxiliarão os trabalhos da pesquisa.

07/08/2019

sábado, 25 de fevereiro de 2017

954 - A descoberta do oxigênio

"A sensação de que (o oxigênio puro) para os pulmões não foi sensivelmente diferente da do ar comum; Mas eu achava que meu peito se sentia particularmente leve e fácil por algum tempo depois. Quem pode dizer, mas que, com o tempo, este ar puro pode tornar-se um artigo de moda de luxo. Até agora, apenas dois ratos e eu tivemos o privilégio de respirar." ~ Joseph Priestley (1733-1804)
O laboratório no qual Priestley descobriu o oxigênio em Bowood House.
Em março de 1774, Joseph Priestley escreveu para várias pessoas o que diz respeito ao novo "ar" que tinha descoberto. Uma dessas cartas foi lida em voz alta para a Royal Society em um documento descrevendo o descobrimento, intitulado "An Account of Further Discoveries in Air" ("Uma Conta de Novos Descobrimentos no Ar", em português), que foi publicado na revista Philosophical Transactions of the Royal Society. Priestley chamou a nova substância de "ar deflogisticado", em que ele fez sua famosa experiência de focalizar os raios do sol sobre uma amostra de óxido de mercúrio. Ele foi o primeiro que testou em ratos, que surpreenderam-no sobrevivendo pelo bastante tempo numa armadilha cheia com o "ar", e depois sobre si mesmo, escrevendo que era "cinco ou seis vezes melhor do que ar comum para efeitos de respiração, inflamação e, creio, qualquer um outro uso para o ar atmosférico normal". Em 1778, o gás foi renomeado oxigênio (O2) por Lavoisier.
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30/09/2018 - Atualização ...
Em 1774, Carl Wilhelm Scheele enviou uma carta a Antoine Lavoisier anunciando a descoberta do oxigênio (O). Infelizmente a carta do químico sueco nunca foi reconhecida e Joseph Priestly publicou a descoberta primeiro. Scheele foi derrotado no anúncio de outras descobertas também, ele identificou o molibdênio, o tungstênio, o bário, o hidrogênio e o cloro antes de Humphry Davy, entre outros. Scheele também descobriu os ácidos orgânicos tartárico, oxálico, úrico, láctico e cítrico, bem como os ácidos fluorídrico, cianídrico e arsênico. Nada mal para um químico de que você nunca ouviu falar. Por esta razão, Isaac Asimov apelidou-o de "scheele de má sorte".
http://pballew.blogspot.com/2018/09/on-this-day-in-math-september-30.html#links

quarta-feira, 27 de maio de 2015

742 - Conheça Alice Ball

Esta é Alice Ball (foto), a química farmacêutica que, em 1919, desenvolveu um tratamento médico para a hanseníase e deu esperança a milhões de enfermos. Sua droga foi o principal tratamento para a hanseníase até a década de 1940 quando os antibióticos foram desenvolvidos. Antes de Alice, a lepra era considerada uma doença sem esperança. Portadores de hanseníase eram retirados à força de suas casas e detidos indefinidamente em colônias afastadas. O tratamento de Alice permitiu que centenas deles fossem colocados em liberdade condicional dos centros de detenção e retornassem para o convívio com suas famílias.
Nascida em 1892, Alice era neta do artista icônico JP Ball. Ela se formou em farmácia  pela Universidade de Washington e especializou-se em química farmacêutica pela Universidade do Havaí. Sua tese de mestrado foi intitulada "Os componentes químicos da Piper methysticum" e envolvia a extração de ingredientes ativos da raiz kava. Seu trabalho foi considerado tão impressionante que ela foi convocada pelo Diretor de Saúde Pública dos EUA, Dr Harry Hollmann, para trabalhar com o óleo de chaulmoogra (Taraktogenos kurzii).
Durante séculos, os profissionais de saúde indianos e chineses vinham utilizando o óleo de chaulmoogra (foto da árvore, ao lado) para o tratamento da hanseníase, porém com sucesso limitado. O óleo era aplicado topicamente, o que, na melhor das hipóteses, fornecia apenas algum alívio aos pacientes. Como o óleo não é solúvel em água, injetá-lo era extremamente difícil, quase impossível. E os pacientes descreviam as injeções do óleo como uma "queima com o fogo através da pele".
Este é o ponto em que Alice entra. Ela foi convocada para usar suas habilidades técnicas para extrair os ingredientes ativos de óleo de chaulmoogra. Ela isolou o ácido contido no óleo e criou o primeiro tratamento injetável, solúvel em água, para a hanseníase. Aos 24 anos de idade, ela conseguiu fazer algo que havia frustrado os pesquisadores durante anos.
Contudo, ela não viveu para vê-lo em uso. Durante o seu trabalho de laboratório, ela inalou o gás cloro e ficou gravemente doente. Após sua morte, o Dr. Arthur L Dean concluiu e publicou o trabalho de Alice Ball (sem lhe dar crédito), intitulando-o de "Método Dean". Felizmente, Dr. Harry Hollmann restabeleceu o crédito a ela:
"Depois de uma grande quantidade de trabalho experimental, a senhorita Ball resolveu o problema para mim .... [Esta preparação é conhecida como] ...... o Método Ball"
Alice foi a primeira pessoa negra a fazer um mestrado na Universidade do Havaí. Embora não fosse uma cura, o seu tratamento foi um grande feito na luta contra a hanseníase. Ela deu ânimo aos investigadores e esperança aos hansenianos para que cura fosse buscada. E a cura para a doença foi encontrada em 1940 a partir das sulfonas.
Este artigo traz agradecimentos a Stanley Ali e Kathryn Takara. Duas pessoas que vasculharam os arquivos para descobrir a verdade sobre essa mulher. Sem seu trabalho, ninguém saberia sobre Alice Ball (até mesmo na Universidade do Havaí não o sabiam). Em 2000, ela foi homenageada (in memoriam) com uma chaulmoogra plantada no campus, e o governador do Havaí declarou 29 de fevereiro como sendo o  Alice Ball Day.
Referências
http://womenrockscience.tumblr.com/post/68918185810/meet-alice-ball-the-pharmaceutical-chemist-who
http://io9.com/we-had-a-cure-for-leprosy-for-centuries-but-we-couldnt-1703005163
http://www.agencia.fiocruz.br/artigo-apresenta-enfoque-hist%C3%B3rico-sobre-o-tratamento-da-hansen%C3%ADase-e-o-uso-de-planta

domingo, 17 de agosto de 2014

648 - O mel como arma

65 a.C. – Os soldados de Pompeu, o Grande, estavam exaustos. As legiões romanas haviam marchado em torno da margem sul do Mar Negro e lutado contra Mitrídates VI, o governante do Ponto. Então, algo mágico aconteceu: As tropas romanas descobriram estoques de favos de mel espalhados pelo caminho e se lançaram sobre essas guloseimas pegajosas como ursos famintos.
Dentro de pouco tempo, as tropas começaram a cambalear às cegas e a cair no chão. E os partidários de Mitrídates, que haviam plantado os favos de mel ao longo da rota dos soldados, prontamente apareceram e massacraram seus inimigos incapacitados.
Pompeu perdeu três esquadrões nas escaramuças, uma derrota que ele poderia ter evitado se tivesse estudado a história militar da região. Num livro publicado quase 400 anos antes, o general grego Xenofonte relatou que os seus homens, depois de banquetearem-se com o mel silvestre da região, "acabaram todos nocauteados".
Somente em 1891, é que os cientistas descobriram a causa do "mel louco": rododendros (ao lado, a imagem de uma das espécies). As abelhas que frequentam as flores dessas plantas sugam, não só o néctar, como também a graianotoxina, um veneno que perturba o funcionamento das células nervosas.
Os sintomas da ingestão da toxina pelo ser humano são: náuseas, dor de cabeça, tonturas, perda do controle muscular, e inconsciência, podendo assemelhar-se a uma intoxicação pelo álcool.
Mas Mitrídates não precisava saber disso para usar o mel como arma. Seus soldados venceram a batalha, atrasando (embora não impedindo) a transformação do reino do Ponto em uma província romana.
Quanto aos romanos, nunca mais cometeriam esse erro em particular. Décadas mais tarde, o escritor Plínio, o Velho, ainda advertia das "qualidades perniciosas do mel dourado do Mar Negro".
Extraído de 4 Toxic Moments in History, Neatorama

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

586 - Gigantes de Potsdam

Durante o reinado de Frederico Guilherme I existiu na Prússia um regimento de infantaria composto de soldados muito altos. Conhecidos como os "Gigantes de Potsdam", a população do país logo os apelidou de "Lange Kerls" ("Longos Caras").
A altura mínima exigida para ser recrutado para a unidade era 1,88 m, bem acima da média de altura para a época, e muitos deles tinham mais de 2 metros.
Frederico pagou somas consideráveis ​​de dinheiro para pais com filhos altos, e a estatura tornou-se uma qualidade valiosa e uma forma de obter privilégios.
Apesar dos altos soldos nem todo mundo na Prússia estava feliz. Sua obsessão com o aumento de estatura no regimento levou Frederico a recorrer ao recrutamento forçado e sequestros, bem como aos casamentos forçados entre mulheres altas e soldados do regimento com o objetivo de procriar filhos também altos.
Paradoxalmente, o rei nunca arriscou seus "Lange Kerls" numa batalha. Aliás, muitos soldados eram impróprios para as batalhas por causa da acromegalia. Na verdade, eles tornaram-se uma perfeita ilustração de que a estatura elevada não é necessariamente uma boa qualidade e pode custar muito dinheiro.

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

543 - Seus antepassados não dormiam como você


Seus avós provavelmente dormiam como você. E talvez seus bisavós. Mas uma vez que você volte a antes de 1800, o sono começa a ser descrito de uma forma diferente. Seus antepassados ​​dormiam de uma maneira que você acharia bizarro: dormiam à noite em dois períodos.
A existência desse tipo de sono foi descoberta por Roger Ekirch, professor de História da Universidade de Virginia. Sua pesquisa mostrou que não se dormia ao longo de oito horas corridas, como estamos habituados a dormir. Dormia-se em cerca de doze horas: iniciando-se com um sono de três a quatro horas, a seguir, uma vigília de duas a três horas, e, finalmente, voltando-se a dormir até a manhã seguinte.
As referências estão espalhadas por toda a literatura, documentos judiciais, papéis pessoais, e outras fontes antigas. O que é surpreendente não é que as pessoas dormissem em duas sessões, mas que o conceito fosse tão incrivelmente aceito.
"Não é apenas o número de referências - é a forma como eles se referem a ele, como se fosse de aceitação comum", diz Ekirch.
Um médico inglês escreveu, por exemplo, que o tempo ideal para o estudo e a contemplação situava-se entre "o primeiro sono" e "o segundo sono". Em "Contos de Canterbury", Chaucer fala de um personagem que vai deitar-se para o seu primeiro sono.
O livro de Ekirch, At Day’s Close: Night in Times Past, está repleto de exemplos.
Mas o que as pessoas faziam durante essas horas intermediárias?
A maioria delas ficava em suas camas e quartos, às vezes, lendo, e, outras vezes, usando o tempo para orar. Manuais religiosos incluíam orações especiais para serem rezadas nessas horas. Também fumavam, conversavam ou tinham relações sexuais. Um médico do século 16 relatou que essas relações sexuais após o primeiro sono era a explicação por que a classe operária tinha muitos filhos.
Como sabemos, essa forma de dormir praticamente desapareceu. Ekirch atribui o desaparecimento à iluminação nas ruas e no interior das casas com o advento da eletricidade, bem como à popularidade das casas de café. A partir dessas mudanças, gastar o tempo dormindo em duas sessões passou a ser considerada uma forma de desperdício.
Your Ancestors Didn't Sleep Like You, Slumber Wise

sexta-feira, 31 de maio de 2013

502 - Buck Duke

O homem que inventou a arma mais letal do século
por Edivaldo Dias de Oliveira, Portal Luis Nassif
Ele parece pequeno e inofensivo - branco e com apenas oito centímetros de tamanho. Mas o cigarro é visto como um dos grandes males da saúde pública e repudiado como poucos produtos.
Mas quem o inventou e como essa pessoa pode ser responsabilizada pelas inúmeras mortes provocadas pelo cigarro?
O cirurgião americano Alton Ochsner lembra que, quando ainda era estudante de medicina em 1919, sua turma foi chamada para assistir a uma autópsia de uma vítima de câncer de pulmão. Na época, a doença era tão rara que os estudantes acharam que não teriam outra chance de testemunhar algo parecido.
Quase um século depois, estima-se que 1,1 milhão de pessoas morram por ano da doença. Cerca de 85% dos casos são relacionados a apenas um fator: tabaco.
 "O cigarro é o artefato mais mortal da história da civilização humana", diz Robert Proctor, da Universidade de Stanford. "Ele matou cerca de 100 milhões de pessoas no século 20."
Fenômeno 
Jordan Goodman, autor do livro "Tabaco na História" disse que, como historiador, ele teve o cuidado de não apontar o dedo a nenhum indivíduo, "mas na história do tabaco eu me sinto confiante em dizer que James Buchanan Duke - conhecido como Buck Duke (foto)- foi responsável pelo fenômeno do século 20 conhecido como cigarro".
Em 1880, aos 24 anos, Duke entrou em um nicho da indústria do tabaco - os cigarros já enrolados. Uma equipe pequena de Durham, no Estado da Carolina do Norte, enrolava a mão os cigarros Duke of Durham.
Dois anos depois, Duke percebeu uma chance de ganhar dinheiro. Ele começou a trabalhar com um jovem mecânico chamado James Bonsack, que disse que poderia construir uma máquina para fabricar cigarros.
Duke estava convencido que as pessoas estariam dispostas a fumar os cigarros perfeitamente simétricos produzidos pela máquina.
O equipamento revolucionou a indústria do tabaco.
"Trata-se, essencialmente, de um cigarro de tamanho enorme, cortado em comprimentos apropriados, por lâminas rotativas", diz Robert Proctor. Mas, como as pontas ficavam abertas, o tabaco precisava ser umedecido, para ficar rígido, e não cair do cigarro. Isso era feito com ajuda de aditivos químicos, como glicerina, açúcar e melaço.
Mas esse não era o único desafio. Antigamente, as funcionárias enrolavam cerca de 200 cigarros por turno. A nova máquina produzia 120 mil cigarros por dia - um quinto do consumo de todos os Estados Unidos, na época. "O problema é que ele era capaz de produzir muito mais cigarros do que conseguia vender", diz Goodman. "Ele precisava entender como conquistar esse mercado."
Marketing e publicidade
A resposta estava na publicidade e no marketing. Duke patrocinou corridas, distribuiu cigarros gratuitamente em concursos de beleza e colocou anúncios nas revistas da época. Ele também percebeu que a inclusão de figurinhas colecionáveis nas carteiras de cigarro era tão importante quanto trabalhar na qualidade do produto. Em 1889, ele gastou US$ 800 mil em marketing (ou US$ 25 milhões, em valores de hoje em dia).
Bonsack ficou com a patente da máquina, mas, em gratidão ao apoio de Duke, deu 30% de desconto no seu aluguel ao industrial. A vantagem competitiva - aliada à promoção vigorosa - foi fundamental para o sucesso de Duke.
Como suspeitava, as pessoas gostavam dos cigarros feitos pela máquina. Eles tinham aparência mais moderna e higiênica. Uma das campanhas enfatizava o fato de que cigarros manuais eram feitos com contato da mão e da saliva de outras pessoas. Mas, apesar de o número de fumantes ter quadruplicado nos 15 anos até 1900, o mercado ainda era um nicho, já que a maioria das pessoas mascava tabaco ou fumava usando cachimbos ou charutos. Duke - que também era fumante - viu o potencial competitivo dos cigarros em relação aos demais produtos. Uma das vantagens era a facilidade para acendê-los, ao contrário dos cachimbos. "O cigarro, realmente, era usado de forma diferente", diz Proctor. "E uma das grandes ironias é que os cigarros eram considerados mais seguros do que os charutos porque eram vistos como apenas 'pequenos charutinhos'." 
Mas um elo direto com câncer de pulmão não foi encontrado até 1957 na Grã-Bretanha e 1964 nos Estados Unidos. Os cigarros chegaram a ser promovidos como benéficos à saúde. Eles eram listados nas enciclopédias farmacêuticas até 1906 e indicados por médicos para casos de tosse, resfriado e tuberculose - uma doença que é agravada pelo fumo.
Moralidade 
No começo dos anos 1900, houve um movimento antitabagismo, mas ele estava mais relacionado à moralidade do que à saúde. O crescimento no número de crianças e mulheres fumantes era parte de um debate sobre o declínio moral da sociedade. Os cigarros foram proibidos em 16 Estados americanos entre 1890 e 1927. A atenção de Duke voltou-se para o exterior. Em 1902, ele formou a empresa britânica British American Tobacco. As embalagens e o marketing foram ajustados para mercados consumidores diferentes, mas o produto era basicamente o mesmo. "Para ele, todos os cigarros eram iguais. Toda a globalização que hoje nos é familiar, com marcas como McDonalds e Starbucks - tudo isso foi antecipado por Duke e seus cigarros."
A indústria do cigarro continua em expansão até hoje. Apesar de ela estar em queda em determinados países desenvolvidos, no mundo emergente, a demanda por cigarros cresce 3,4% por ano. Em números globais, a indústria ainda está crescendo. A Organização Mundial da Saúde alerta que, caso não sejam adotadas medidas preventivas, 100 milhões de pessoas morrerão de doenças relacionadas ao tabaco nos próximos 30 anos - um número superior à soma de vítimas da Aids, tuberculose, acidentes de carros e suicídios.
Mas Buck Duke pode ser responsabilizado por isso? Afinal de contas, ninguém é obrigado a fumar. Em um ensaio recente para a revista Tobacco Control, Robert Proctor argumenta que todos na indústria tabagista têm sua parcela de culpa. "Nós temos que perceber que anúncios podem ser cancerígenos, junto com as lojas de conveniência e até farmácias que vendem cigarros. Os executivos que trabalham na indústria tabagista causam câncer, assim como os artistas que desenham as carteiras e as empresas de relações públicas e marketing que lidam com essas contas", diz Proctor.
Buck Duke morreu em 1925, antes da era dos grandes processos e da responsabilização do tabaco por doenças como câncer de pulmão. "Eu não o culparia pelo [crescimento do] consumo de cigarros", diz Bob Durden, que é biógrafo do industrial. Ele aponta que Duke também foi responsável por ações positivas, como doações de mais de US$ 100 milhões para o Trinity College, na Carolina do Norte, que foi rebatizado de Duke University, em sua homenagem. "Ele foi tanto um herói quanto um vilão ", diz Goodman. "Buck Duke é um herói em termos de sua compreensão do mercado e da psicologia humana, da formação de preço, da publicidade. Nesse sentido, ele não é vilão. Mas ele fez o mundo fumar cigarros. E os cigarros são o grande problema do século 20."
31 DE MAIO: DIA MUNDIAL SEM TABACO

terça-feira, 16 de abril de 2013

487 - Histórico da estratégia de vacinação contra a gripe no Brasil

1999 - Realizada, em abril, a 1ª. Campanha de Vacinação do Idoso (a partir dos 65 anos de idade) com a vacina contra influenza (gripe).
2000 - Mudança na faixa etária da Campanha de Vacinação do idoso (maiores de 60 anos de idade).
2009 - A Organização Mundial da Saúde informa, em 11 de junho, que a pandemia da influenza A (H1N1) 2009 passou à fase 6: disseminação da infecção entre humanos, no âmbito comunitário, ocorrendo em diferentes regiões do mundo e oficializando a pandemia de influenza com o vírus A.
2010 - No período de 8 de março a 2 de junho, realização da Estratégia de Vacinação Contra o Vírus Influenza Pandêmica A (H1N1) 2009, dirigida a crianças de seis meses a menores de cinco anos, trabalhadores de saúde, gestantes, indivíduos com co-morbidades, adultos saudáveis na faixa etária de 20 a 39 anos de idade, com mais de 89,6 milhões de brasileiros vacinados.
2011 - A vacinação contra a influenza foi ampliada para as crianças na faixa etária de seis meses a menores de dois anos, gestantes, trabalhadores de saúde das unidades básicas que fazem atendimento para a influenza e povos indígenas, além dos idosos com 60 anos e mais de idade.
2013 - Também recebem a vacina as mulheres no período de até 45 dias após o parto (em puerpério) e os doentes crônicos, que terão o acesso ampliado a todos os postos de saúde.

domingo, 11 de setembro de 2011

296 - A toalha de mesa de Carlos Magno

Talvez o mais famoso usuário de amianto tenha sido o imperador Carlos Magno. Ele possuía uma toalha de mesa feita com esse material e gostava de usá-la quando recebia convidados para comes e bebes. Então, ao final da noite, quando a toalha precisava ser limpa, ele a jogava ao fogo. O que acontecia com a toalha deixava os seus convidados impressionados.
Diz-se que Carlos Magno usava do truque para convencê-los de que tinha poderes sobrenaturais.
Outras culturas chegaram a ter roupas feitas de amianto. Eram consideradas práticas, pois podiam ser limpas através do fogo. Colocando-as nas chamas, as pessoas conseguiam retirar suas manchas. Algumas dessas roupas à prova de fogo foram mostradas ao viajante Marco Polo (com a "revelação" de que eram feitas a partir da lã de uma salamandra).
Mas ele era menos crédulo do que os convidados de Carlos Magno.
Nota
Amianto é literalmente tão velho quanto as montanhas. Plínio, o Velho, descrevia-o como sendo um material inextinguível. Daí ter como sinônimo a palavra asbesto (de asbestinon, o que nunca se apaga). Devido a esta e a  outras propriedades físicas tornou-se um mineral muito utilizado em todo o mundo. No entanto, está na gênese de algumas doenças graves como a asbestose, o câncer de pulmão e o mesotelioma maligno. PGCS
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19/09/11 - Post Scriptum
Publicada em seguida no Luís Nassif Online, esta postagem recebeu lá 5 comentários. Dou destaque ao comentário do leitor Ivan Moraes:
"Minha casa tem amianto do teto às paredes. É um problema sério quando um pedacinho quebra e eu tenho que consertar. Devido às leis americanas, você tem que ter roupa de astronauta para lidar com o amianto. Aqui, porque está nas paredes está ótimo - minha casa é quentíssima no inverno - mas é canceroso quando está no ar. Portanto, não dá para trocar paredes de lugar nessas casas mais velhas, é caro demais e requer trabalhadores especializados.
O amianto em fibra (cujo nome não sei) era misturado ao reboco das casas, antigamente. Até o WTC tinha amianto como isolante - um dos melhores e mais conhecidos isolantes térmicos do mundo. Só não pode sair de lá. É tão 'grilante' que até para colocar um parafuso na parede eu tomo varias precauções, e limpo toda e qualquer sombra de pozinho, imediatamente.
Uma curiosidade: nunca conheci casos de ourives em BH que tiveram câncer de pulmão, embora eles (antigamente) trabalhassem com um pedaço de amianto, bem na frente do rosto, por anos a fio - usado igualmente como isolante térmico - quando soldavam peças em anel ou pulseira.
Leiam o artigo original em inglês: ele menciona ourivesaria e asbestos, com direito a foto de joia de Faberge, com um uso que eu não conhecia até hoje, e menciona também os freios de carros feitos de amianto." IM