domingo, 28 de abril de 2013

491 - As (des)ordens de um flagelo

"A doença é zona noturna da vida, uma cidadania mais
onerosa. Todos que nascem têm dupla cidadania, no
reino dos sãos e no reino dos doentes. Apesar de todos
preferirmos só usar o passaporte bom, mais cedo ou
mais tarde nos vemos obrigados, pelo menos por um
período, a nos identificarmos como cidadãos desse 
outro lugar."
Susan Sontag
As (des)ordens de um flagelo: notas de leitura 
por Carlos Roberto da Silva, da  UNIPAM.
Mestre em Literaturas de Língua Portuguesa pela PUC Minas.
Resumo do artigo
Análise de obras de arte como pintura, peça de teatro e literatura, a partir da ideia de estetização da doença como metáfora da própria sociedade. Baseia-se, para isso, no pensamento de Susan Sontag, Adam e Herzlich e outros que, numa perspectiva sociológica, estudaram as relações entre o homem, a doença e a sociedade, mostrando que a doença é mais que um desarranjo do organismo biológico, pois afeta também o organismo social e, conseguintemente, o cultural.
In: Revista ALPHA, número 9

quinta-feira, 25 de abril de 2013

490 - Um caso raro de autodiagnóstico

Usando a língua para apalpar uma lesão no espaço pós-nasal
Uma senhora de 64 anos apresentou-se ao Departamento de Otorrinolaringologia com a história de obstrução nasal à esquerda e a informação de ter uma lesão no espaço pós-nasal, que fora apalpada pela língua.
Na figura abaixo, a paciente demonstra como ela, manobrando a ponta da língua para se encaixar no espaço pós-nasal, foi capaz de informar ter a lesão:
Orofaringe mostrando a língua flexionada por trás do palato mole para o espaço pós-nasal.
A fibroscopia nasal e a tomografia computadorizada confirmaram a presença de um pólipo grande (antrocoanal) em sua narina esquerda, estendendo-se para o espaço pós-nasal.
Ela se submeteu a uma cirurgia endoscópica funcional dos seios paranasais com polipectomia.
Pontos de aprendizagem
1. O médico nunca deve subestimar uma informação prestada pelo paciente para a formulação de um diagnóstico.
2. Aqui se mostrou um método incomum de autodiagnóstico de uma lesão no corpo humano.
Nora Haloob e Robert Nash, Using the tongue to palpate a lesion in the postnasal space: a unique case of self-diagnosis, BMJ Case Reports

segunda-feira, 22 de abril de 2013

489 - As 7 vantagens do leite materno

Numa prova de Biologia, a última questão era:
RELACIONAR 7 VANTAGENS DO LEITE MATERNO
Valia 70 pontos e era do tipo "tudo ou nada".
Um aluno, em particular, teve dificuldades para se lembrar das sete vantagens. No entanto, ele escreveu:
1) É a fórmula perfeita para a criança.
2) Ele fornece imunidade contra várias doenças.
3) Está sempre na temperatura certa.
4) É barato.
5) Reforça os laços afetivos da criança com a mãe, e vice-versa.
6) Está sempre disponível quando necessário.
Então, deu o branco...
Finalmente, em desespero, e com a campainha prestes a tocar indicando o fim do teste, o estudante escreveu:
7) Ele vem em duas embalagens atraentes, colocadas numa altura que o gato não pode alcançar.
Ganhou os 70 pontos.

sexta-feira, 19 de abril de 2013

488 - ENTREVISTA: Joan-Ramon Laporte

"Os medicamentos curam ou causam qualquer enfermidade."


Grato a Maria Célia Ciarlini por ter enviado este slideshow.

terça-feira, 16 de abril de 2013

487 - Histórico da estratégia de vacinação contra a gripe no Brasil

1999 - Realizada, em abril, a 1ª. Campanha de Vacinação do Idoso (a partir dos 65 anos de idade) com a vacina contra influenza (gripe).
2000 - Mudança na faixa etária da Campanha de Vacinação do idoso (maiores de 60 anos de idade).
2009 - A Organização Mundial da Saúde informa, em 11 de junho, que a pandemia da influenza A (H1N1) 2009 passou à fase 6: disseminação da infecção entre humanos, no âmbito comunitário, ocorrendo em diferentes regiões do mundo e oficializando a pandemia de influenza com o vírus A.
2010 - No período de 8 de março a 2 de junho, realização da Estratégia de Vacinação Contra o Vírus Influenza Pandêmica A (H1N1) 2009, dirigida a crianças de seis meses a menores de cinco anos, trabalhadores de saúde, gestantes, indivíduos com co-morbidades, adultos saudáveis na faixa etária de 20 a 39 anos de idade, com mais de 89,6 milhões de brasileiros vacinados.
2011 - A vacinação contra a influenza foi ampliada para as crianças na faixa etária de seis meses a menores de dois anos, gestantes, trabalhadores de saúde das unidades básicas que fazem atendimento para a influenza e povos indígenas, além dos idosos com 60 anos e mais de idade.
2013 - Também recebem a vacina as mulheres no período de até 45 dias após o parto (em puerpério) e os doentes crônicos, que terão o acesso ampliado a todos os postos de saúde.

sábado, 13 de abril de 2013

486 - Uma crônica em autorretratos de uma doença

Denise Grady
Quando soube, em 1995, que tinha a doença de Alzheimer, William Utermohlen, um artista americano em Londres, respondeu de forma característica.
A partir daquele momento, ele começou a tentar compreender-se, pintando a si próprio", disse sua esposa, Patricia Utermohlen, professora de História da Arte.
As pinturas (acima: em 1967, sem a doença; abaixo: em 2000) revelam nitidamente a descida do artista em sua demência com o seu mundo vivencial a se desmoronar. Sua esposa e seus médicos disseram que ele parecia consciente de que, por vezes, falhas técnicas tinham invadido o seu trabalho, mas ele não conseguia descobrir como corrigi-los.
"O sentido espacial prosseguia falhando, e eu acho que ele sabia", disse Patricia. Um psicanalista escreveu que "as pinturas de Utermohlen representavam tristeza, ansiedade, resignação e sentimentos de fraqueza e vergonha".
Dr. Bruce Miller, um neurologista da Universidade da Califórnia , San Francisco, que estuda a criatividade artística em pessoas com doenças do cérebro, disse que "alguns pacientes podem ainda produzir um trabalho poderoso. Alzheimer afeta o lobo parietal direito, em particular, o que é importante para visualizar algo internamente e, em seguida, colocá-lo em uma tela. A arte se torna mais abstrata, as imagens, borradas e vagas, e mais surrealistas. Às vezes, há o uso de uma cor bonita e sutil."

quarta-feira, 10 de abril de 2013

485 - Os dentes de Waterloo

As primeiras próteses dentárias eram de madeira, porcelana e marfim. E os dentes que se incrustavam nelas eram de origem animal, de condenados à morte e, por vezes, obtidos da profanação de tumbas. Cumpriam, à sua maneira, uma função "estética". Esses dentes. porém, deixavam muito a desejar e eram difíceis de se conseguir. A grande “revolução” dos dentes postiços se produziu com a batalha de Waterloo (1815).
Napoleão saiu derrotado e no campo de batalha havia 50 mil soldados mortos de ambos os exércitos. Esses soldados eram jovens e sadios, sinônimo de... dentes perfeitos! Antes de serem enterrados, tiveram seus dentes extraídos, os quais, em sua totalidade, foram parar no "mercado inglês". A esse tipo de dentadura se denominou “Waterloo Teeth” (dentes de Waterloo) e, durante muitos anos, todas as dentaduras postiças fabricadas com dentes sãos continuaram sendo assim chamadas, independentemente de sua procedência.

Batalha de Waterloo
In: Historias de la Historia.

domingo, 7 de abril de 2013

484 - A declaração pessoal de Iain Banks

Triste notícia: Iain Banks, 59, autor de romances de ficção e thrillers, tem um câncer terminal de vesícula biliar que se espalhou pelo fígado, pâncreas e nódulos linfáticos, e é improvável que ele possa viver por mais de um ano (e ele pode viver por menos tempo). Ele postou esta notícia recentemente, em uma declaração que é corajosa e com humor negro, como convém a seu trabalho e a sua reputação:
[...]
"Como resultado, eu cancelei todos os compromissos públicos planejados e perguntei à minha parceira, Adele, se ela vai me dar a honra de ser a minha viúva (desculpe - mas nós achamos que o humor macabro ajuda). No momento em que esta nota está saindo, estamos casados e saindo em uma curta lua-de-mel. Temos a intenção de passar um tempo de qualidade com a família, os amigos e os lugares que significam muito para nós. Enquanto isso, meus heroicos editores estão fazendo todos os esforços para a publicação do meu último romance, em até quatro meses, dando-me a chance de estar por perto quando a obra estiver nas prateleiras. Existe uma possibilidade de que possa valer a pena passar por um ciclo de quimioterapia para estender o meu tempo disponível. No entanto, isto é algo que estamos pesando os prós e os contras, sendo por ora fora de questão, pelo menos enquanto minha icterícia estiver se reduzindo significativamente."
[...]
Banksophilia: Friends of Iain Banks

10/06/2013 - Atualizando...
Morre Iain Banks, Microsiervos

quinta-feira, 4 de abril de 2013

483 - Lunático

Lunático agora está fora da lei
Numa votação por 398 a 1, a Câmara dos EUA aprovou a lei que retira a palavra lunatic (lunático) de todas as leis do país. O único voto "não" veio do deputado selenita Louie Gohmert (R-Texas).
O termo lunático
Deriva da palavra latina para Lua. Antes da era moderna, foi usado para descrever uma pessoa que sofria de doença mental por se acreditar que os ciclos lunares tinham impacto sobre o funcionamento do cérebro. Com a evolução dos conhecimentos médicos, a sociedade passou a compreender que tal influência não existe.
TOUR A LIVING MONUMENT
Welcome to the Trans-Allegheny Lunatic Asylum located in Weston, WV. Formerly known as the Weston State Hospital, this West Virginia facility served as a sanctuary for the mentally ill in the mid-1800’s. 
A influência da Lua na poesia brasileira
Círculo Vicioso, Ismália e, last but not the leastMicropoemas do infortúnio - 10

segunda-feira, 1 de abril de 2013

482 - Qual é o propósito evolutivo das cócegas?

Você provavelmente sabe que não pode fazer cócegas em si mesmo. E, embora você possa ser capaz de de fazê-las para agradar um desconhecido, o seu cérebro desaconselha a praticar algo tão socialmente desajeitado.
 Estes fatos oferecem uma visão do propósito evolutivo das cócegas, segundo Robert R. Provine, neurocientista da Universidade de Maryland, em Baltimore, e autor do livro Laughter: A Scientific Investigation. Cócegas, diz ele, ajudam a estabelecer relações entre amigos, companheiros íntimos e membros de uma  família.
Reprodução de um óleo sobre tela de José Malhoa, 1904 
Museu Nacional de Belas Artes - Brasil
Alguns cientistas afirmam que elas não só inspiram a ligação social como podem ajudar a aprimorar reflexos e habilidades de autodefesa. Em 1984, o psiquiatra Donald Black, da Universidade de Iowa, observou que as partes mais delicadas do corpo, como o pescoço e as costelas, são também as mais vulneráveis ​​em combate. E que as crianças aprendem a proteger essas partes durante as "lutas de cócegas", uma atividade lúdica e bem segura.

Tradução resumida de What Is the Evolutionary Purpose of Tickling?, POPSCI

quinta-feira, 28 de março de 2013

481 - Na boca de um rapper

O que se passa dentro da boca de um rapper durante uma sessão de beatbox?
 A Ciência quer saber!
Shrinkanth Narayanan, um engenheiro de áudio da Universidade do Sul da Califórnia, usando a ressonância magnética fez registros em tempo real de um beatboxer em ação:
"Ficamos espantados com a elegância complexa dos movimentos vocais e dos sons criados no beatboxing, que em si denotam uma espantosa exibição artística", disse Narayanan. "Este instrumento incrível que é a voz e seus muitos recursos continuam a nos surpreender, da intrincada coreografia da língua à sua aerodinâmica complexa, as quais, trabalhando em conjunto, criam uma rica tapeçaria de sons que codificam não só o significado como também uma ampla gama de emoções."

Bônus
How Can Human Mouths Produce This?
Em algum lugar do universo, deve haver uma espécie alienígena que ficou ofendida com tudo o que ele disse.

domingo, 24 de março de 2013

480 - A tuberculose na América Latina

Embora progressos significativos tenham acontecido na prevenção e no controle da tuberculose nas Américas, a doença continua a ser um grande problema de saúde pública. Na América Latina e no Caribe, a tuberculose é a principal causa infecciosa de morte depois da que está relacionada ao vírus HIV/AIDS. Em 2011, cerca de 268.000 novos casos e 30.000 mortes foram notificados nas Américas. No entanto, especialistas acreditam que, no mesmo período, cerca de 60.000 casos novos de tuberculose não tenham sido diagnosticados, a maioria deles em áreas urbanas. O fardo representado pela tuberculose é maior nestas áreas, devido às condições desfavoráveis de vida, incluindo-se a superpopulação, a desigualdade, o desemprego etc. Nas cidades latino-americanas, uma em cada quatro pessoas vivem na pobreza. Através de alianças sociais e políticas e de estratégias multissetoriais que enfatizem a educação, o acesso aos serviços de saúde e a melhoria das condições de vida, o controle da tuberculose na América Latina pode ser implementado, sobretudo em suas áreas marginais.
A relevância da tuberculose no mundo
Em 2011, o número de casos novos no mundo foi 8.700.00. Destes, 13 por cento estavam coinfectados pelo HIV. 84 países notificaram 310.000 casos da forma multirresistente da doença. 1.400.000 pessoas morreram por tuberculose no mundo.
Dados da ALAT
24 de março, o dia da descoberta do bacilo de Koch.

sábado, 23 de março de 2013

479 - Agnotologia

É o estudo da ignorância ou da construção da ignorância.
Em 1927, o fisiologista húngaro Albert Szent-Györgyi isolou uma substância em limões e laranjas que parecia prevenir o escorbuto.
Ele não conseguia identificá-la quimicamente, então a chamou de "ignose", que significa "eu não sei".
Quando os editores do Biochemical Journal reivindicaram um nome diferente, Szent-Györgyi sugeriu "godnose". Finalmente, chegaram a um acordo sobre o nome da substância: "ácido hexurônico".
Acabou sendo ácido ascórbico, vulgo vitamina C.

Poderá também gostar de:
32 - Os bebedores de limão

quarta-feira, 20 de março de 2013

478 - Gráfico. Mortes por diarreia no México

Este é um gráfico do que aconteceu quando a vacina contra o rotavírus - uma das principais causas de diarreia infantil - foi introduzida no México.
Vê essa "cordilheira"? São os picos das mortes por diarreia em crianças mexicanas, na faixa etária de 0 a 11 meses, durante as temporadas do rotavírus.
Após a introdução da vacina, esses grandes picos desapareceram. Porque, em um curto período de tempo, muitas crianças deixaram de morrer como resultado da utilização da vacina.
Para mim, é um gráfico que prova plenamente o poder da tecnologia biomédica para, nas circunstâncias certas, melhorar a vida das pessoas.

The New England Journal of Medicine

domingo, 17 de março de 2013

477 - Nicotina - Droga Universal

"A nicotina é um alcaloide (substância orgânica nitrogenada existente nas plantas e em alguns fungos), encontrado nas folhas do tabaco (Nicotiana tabacum), planta originária das Américas. Absorvida por via oral ou pulmonar, chega ao cérebro em segundos e depois, dissolvida no sangue, vai sendo excretada rapidamente. Quando os neurônios percebem que ela está escapando dos receptores, provocam um grau de ansiedade que só quem foi fumante sabe o que representa. É a crise de abstinência. Entre as mais de 4.700 substâncias nocivas presentes no cigarro, a nicotina é a responsável pela dependência, que é maior do que a de drogas como a cocaína e a heroína. As primeiras tragadas que o indivíduo dá na vida, em geral, são acompanhadas de tontura, enjoo, mal-estar. Depois, trazem sensação de prazer fugidio e, a seguir, alterações de humor causadas pela privação da droga. Assim, cigarro após cigarro, o organismo do fumante e também o do não fumante que convive no mesmo ambiente vai sendo minado e a saúde dos dois acaba seriamente comprometida."
LINK para o blog MEMÓRIAS, da pneumologista e historiadora Ana Margarida Arruda, onde se pode ler a entrevista que o Prof. José Rosemberg (1909 - 2005) concedeu a Drauzio Varella sobre a Nicotina.

quinta-feira, 14 de março de 2013

476 - Quando se tratava a tuberculose com a respiração das vacas

Em 1793, o cientista britânico Thomas Beddoes estava com a ideia fixa de que a inalação de diferentes gases, como o oxigênio, o dióxido de carbono e o hidrogênio, curaria a tuberculose e uma série de outras doenças, como a asma, a escrófula, o diabetes, a paralisia e o tifo. Ele estava convencido de que a sua terapia revolucionária transformaria a vida humana e que, mais cedo ou mais tarde, cada residência teria um pequeno dispositivo para a produção desses gases necessários e benéficos para a saúde.
Em seus estudos, Beddoes encontrou que os açougueiros eram menos propensos à tuberculose, e concluiu que isso deveria ter algo a ver com as vacas, assim como com os vapores e os gases que existiam nos estábulos e matadouros.
Sua ideia era clara: Seria benéfico para os pacientes com tuberculose pulmonar as emanações de um estábulo.
Dito e feito. Transferiu vários pacientes de sua clínica em Bristol para um prédio ao lado de um estábulo, onde as vacas metiam as cabeças através de uma cortina nos quartos dos doentes, para que estes pudessem recebessem o alento delas. Beddoes estava tão entusiasmado com o seu projeto, que o reforçou com a ideia de que, além de tudo, as vacas proporcionavam um maravilhoso e benéfico aquecimento central para as "enfermarias".
Nem é preciso dizer que os resultados não foram os esperados, e que o nosso excêntrico cientista virou alvo de todos os tipos de chacotas.

Extraído de Cuando se trataba la tuberculosis con el aliento de las vacas (1793), por Guillermo. In: La Aldea Irreductible

segunda-feira, 11 de março de 2013

475 - Rãs no leite


Quando uma rã pula dentro de um balde de leite fresco, de acordo com um antigo conto russo, o leite não vai azedar. Tolice? Talvez não. Uma nova pesquisa, que acaba de ser publicada no American Chemical Society Journal of Proteome Research, dá sustentação ao ensinamento dessa história.
Uma equipe liderada pelo químico orgânico EM Lebedev, da Universidade de Moscou, revisou pesquisas anteriores sobre a rã marrom russa, que identificavam 21 diferentes peptídeos antibióticos nas secreções da pele do anfíbio. Aplicando recentes técnicas de laboratório, de maior sensibilidade, mais 76 compostos foram descobertos.
Obviamente, as rãs não estavam produzindo antibióticos para ajudar os homens a manter o leite de vaca fresco. Anfíbios têm pele fina, úmida e porosa que, normalmente, seria muito suscetível a infecções bacterianas. Contudo, as rãs têm evoluído a capacidade de combater as bactérias invasoras através da produção e secreção de compostos naturais com propriedades antibióticas.
Não é difícil imaginar que, no passado, rãs que acidentalmente saltaram em baldes abertos de leite evitaram que o leite se estragasse. E que esse efeito tenha animado a população rural a colocar os dois juntos.
Esses peptídios da pele da rã, suspeitam os cientistas da Universidade de Moscou, seriam potencialmente úteis para a produção de antibióticos que combatam as superbactérias.
Fontes
Don't Cry Over Spoiled Milk, Just Add Frogs!
Composition and Antimicrobial Activity of the Skin Peptidome of Russian Brown Frog Rana temporaria

sexta-feira, 8 de março de 2013

474 - Rita Lobato (1866-1954)

Rita Lobato Velho Lopes
Primeira mulher brasileira e segunda latino-americana a obter diploma de medicina, a sul-riograndense Rita Lobato (fotografia) passou pelas faculdades de medicina da Bahia e do Rio de Janeiro, onde se formou com distinção, em 1887, defendendo a tese "A operação cesariana". Aos 70 anos, depois de abandonar a prática médica, foi eleita vereadora pela cidade de Rio Pardo - RS.

Hoje (08/03): Dia Internacional da Mulher

Comentário
A primeira mulher brasileira a obter o diploma de medicina foi Maria Augusta Generoso Estrela, que se formou no New York Medical College and Hospital for Women, em março de 1881, seis anos antes de Lobato. Este fato, entretanto, não tira a grandeza de Rita Lobato. Foram duas mulheres que honram nosso País.
Mais informações: aqui.

25/10/2014 - Atualizando...
Link para o artigo "Mulheres Médicas", de Celina Côrte Pinheiro, publicado no BLOG DA SOBRAMES-CE.

segunda-feira, 4 de março de 2013

473 - Estômago de avestruz

Nadando no Nilo aos 10 anos, Hadji Ali (1888 - 1937) descobriu que poderia ingerir e vomitar grandes quantidades de água sem sofrer consequências. E aproveitou esse talento em uma carreira no circuito vaudeville ao redor do mundo, exibindo-se até mesmo para o czar Nicolau II no Palácio de Inverno, em 1914.
Seus atos de regurgitação eram recebido com tolerância surpreendente pelo público da época. Para Judy Garland, o egípcio era o seu artista de espetáculo favorito.
Aqui, Hadji Ali aparece, numa versão em língua espanhola (Politiquerias), do show de Laurel e Hardy, em 1931:


As habilidades gástricas de Ali fascinavam as autoridades médicas de seu tempo. Depois que ele morreu, o corpo foi oferecido para estudo à Johns Hopkins University, contudo a oferta foi recusada pela universidade.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

472 - Sobre doenças raras

  • Uma doença é considerada rara quando afeta menos de 1 em 2 mil indivíduos. 
  • Há cerca de 7 mil doenças raras. 
  • Estima-se que 250 milhões de pessoas em todo o mundo sofram de uma doença rara. 
  • São frequentemente crônicas, progressivas, degenerativas e com riscos à vida. 
  • São incapacitantes: a qualidade de vida dos pacientes é frequentemente comprometida pela perda de autonomia. 
  • Os pacientes e suas famílias são alvos de muita dor e sofrimento. 
  • 75 por cento das doenças raras afetam as crianças. 
  • 30 por cento dos pacientes com doenças raras morrem antes dos 5 anos. 
  • 80 por cento das doenças raras têm origem genética identificável. 
  • Não existe tratamento eficaz para a maioria das doenças raras.
29/02 (entre ontem, 28, e hoje, 1.º) - Dia das Doenças Raras

Postagem relacionada: 69 - Doenças raras

domingo, 24 de fevereiro de 2013

471 - O Teste de Sentar e Levantar

A habilidade de sentar e levantar-se do chão está intimamente relacionada com todas as causas de risco de mortalidade 
Em 2002, mais de 2 mil pessoas entre as idades de 51 e 80 foram solicitadas a sentar e levantar-se sem recorrer ao uso de suas mãos ou joelhos. Os resultados desse Teste de Sentar e Levantar (TSL) foram registrados. Até o final de outubro de 2011, 159 das pessoas morreram. Acontece que a maioria das pessoas que morreram foram as que precisaram de mais apoio durante a realização da tarefa. Apenas duas das 159 pessoas que morreram tinham sido capazes de sentar e levantar-se sem apoio. Essas diferenças persistiram quando os resultados foram controlados por idade, sexo e índice de massa corporal, sugerindo que o resultado do teste é um preditor significativo de todas as as causas de mortalidade.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

470 - A enfermaria do futuro

Neste infográfico você vê uma enfermaria do futuro em que avanços da ciência e da tecnologia estarão a seu dispor para uma assistência médica melhor e mais confortável:

Hospital Room of the Future
From: HOSPITAL ROOM OF TOMORROW
(clique sobre o link para ampliar a imagem)

domingo, 17 de fevereiro de 2013

469 - Hipopotomonstrossesquipedalofobia

Imagem: veio daqui
É uma palavra inventada como uma brincadeira que, por ter se tornado relativamente conhecida e divulgada, acabou sendo tomada como séria por muitas pessoas que não conhecem sua origem.
A hipopotomonstrossesquipedalofobia seria um distúrbio que se caracteriza pelo medo irracional (ou fobia) de pronunciar palavras grandes ou complicadas. Caracteriza-se pela aversão ou nervosismo em momentos nos quais o indivíduo deve empregar palavras longas ou de uso pouco comum (discussões técnicas, médicas, científicas etc), assim como evitar ou não mencionar palavras estranhas ao vocabulário coloquial.
Esta fobia pode ser causada pelo medo de pronunciar incorretamente a palavra, já que isto representa uma possibilidade de que a pessoa fique em desvantagem e seja visto como alguém de cultura inferior ou pouco inteligente perante seus iguais. Muitas vezes, esta fobia vem acompanhada de timidez social e medo de ser ridicularizado.
A própria palavra hipopotomonstrossesquipedalofobia representa certa ironia, haja vista que, além de ser longa e estranha, indica uma fobia às palavras semelhantes.
Linguisticamente falando, o termo correto para "fobia de palavras longas" é megalologofobia (usando-se os prefixos gregos megalo e logos) ou sesquipedalofobia (usando-se o prefixo latino sesquipedalis). WIKIPÉDIA

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

468 - Custos da saúde nos EUA

Jaime Rosenthal, professor sênior da Universidade de Washington, St. Louis, ligou para 122 hospitais, de todos os estados (EUA), em busca de avaliar custos para uma cirurgia de substituição de prótese de quadril, em sua avó de 62 anos de idade, que estava sem seguro mas tinha meios de pagar a operação.
As informações que obteve podem surpreender até mesmo os mais empedernidos economistas que se debruçam sobre a questão dos custos no opaco sistema de saúde norte-americano.
Resultados - Apenas cerca da metade dos hospitais, incluindo centros do topo do ranking ortopédico e hospitais comunitários, poderiam fornecer estimativas de custos para a citada operação, apesar dos repetidos apelos de Rosenthal. E, no grupo em que as informações foram obtidas, estas variaram por um fator acima de 10 - de 11.100 dólares a 125.798 dólares.
A avó do professor era uma personagem fictícia, criada para um projeto de pesquisa sobre os custos com os cuidados de saúde no país. Mas os resultados, que formam a base de um documento, divulgado pelo JAMA (Journal of American Medical Association), certamente vão atiçar o debate sobre o crescimento insustentável dos custos da saúde nos Estados Unidos.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

467 - Que é um bom médico?

por Cristiane Segatto,  ÉPOCA
Em seu primeiro dia como residente da Universidade Harvard, o cirurgião americano Martin Makary ouviu uma frase que o marcaria para sempre.
“Esse paciente é do Hodad”, disse um dos residentes.
O jovem Makary, encantado por receber treinamento num dos centros médicos mais respeitados do mundo, mal podia esperar o momento de avistar o astro e, se tudo corresse bem, ser aceito como discípulo.
Mais tarde, envergonhado, confessou ao colega que nunca tinha ouvido falar no cirurgião Hodad. O amigo respondeu:
“Dr. Westchester é Hodad. É assim que nós, os residentes, o chamamos. H-O-D-A-D significa Hands of Death and Destruction (mãos de morte e destruição)”.
O médico era um perigo ambulante. O excesso de autoconfiança o levava a cometer sucessivos erros cirúrgicos. Hodad se achava bom em tudo. Arriscava-se e colocava os doentes em risco ao realizar operações que não eram sua especialidade.
Os pacientes nem desconfiavam. Agradeciam pelo tratamento recebido e o recomendavam aos amigos. O jovem Makary não entendia como os pacientes podiam ter uma percepção tão equivocada de um cirurgião que, sob o julgamento técnico dos colegas, era ruim. Conseguiu entender quando passou a acompanhar o médico mais velho nas visitas aos pacientes. Hodad era simpático, divertido, caloroso, bom de conversa. Os pacientes o adoravam. Até quando uma complicação ocorria, o que não era raro, Hodad era capaz de arranjar uma desculpa. Os doentes iam para casa convencidos de que ele não errara e felizes por terem estado em boas mãos.
Do ponto de vista técnico, Hodad era uma fraude. Do ponto de vista de popularidade, era um espetáculo.
No mesmo hospital, trabalhava outro cirurgião. Um grandalhão, de cara amarrada e péssimos modos. Grosseiro, na maior parte das vezes. Sempre pronto a humilhar as enfermeiras e outros funcionários.
Os alunos o chamavam de Raptor. Tinham medo dele. Os pacientes também. Raptor acumulava queixas de maus modos no departamento de atendimento ao cliente. Muitos pediam para ser operados por Hodad, o picareta com fama de excelente médico.
Os observadores bem informados ficavam intrigados com a ironia da situação. Apesar de seu comportamento terrível, Raptor tinha qualidade técnica muito acima da média. A incrível precisão cirúrgica e a insistência de se aproximar da perfeição a cada procedimento fizeram dele o cirurgião de melhor reputação entre os colegas. Até os que odiavam seus modos eram capazes de reconhecer sua superioridade técnica. Ao longo da carreira, Makary viu chefes de Estado, celebridades, e outros poderosos caírem nas mãos de gente como Hodad, sem ter a menor ideia do risco que corriam. Viu também moradores de rua operados por brilhantes Raptors, sem desconfiar de que eles eram a elite da profissão.
Essa é uma história universal. Quase todo hospital tem um Hodad e um Raptor. E profissionais de todo tipo entre esses dois perfis extremos. No Brasil, é exatamente assim – sobretudo naqueles que são considerados os melhores hospitais.
Se até os poderosos estão sujeitos aos Hodads, como o cidadão comum pode saber se o profissional e o hospital escolhido é bom mesmo?
Podemos escolher hotéis e restaurantes a partir de critérios técnicos, mas somos impedidos de comparar as diferentes instituições de saúde a partir de parâmetros objetivos.
Qual é o índice de infecção do hospital A? E as taxas de complicação do B? Qual é a sobrevida de quem faz uma cirurgia cardíaca ou um transplante aqui ou ali? Esses dados existem. Pelo menos no grupo de 21 hospitais brasileiros que dispõem de um selo de qualidade emitido por uma entidade chamada Joint Commission International.
Por enquanto, porém, essas informações são guardadas a sete chaves. Ainda que um hospital divulgue um ou outro parâmetro (em geral, o que lhe é favorável), não podemos comparar as diferentes instituições.
SIGA LENDO

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

466 - Boa noite, Cinderela

O gama-hidroxibutírico (GHB) surgiu no início da década de 1990. Foi sintetizado como um análogo do ácido gama-aminobutírico (GABA), com o objetivo de se obter uma substância similar, capaz de atravessar a barreira hemato-encefálica. Investigado como agente anestésico, devido a seus efeitos colaterais (contrações musculares involuntárias e delírio), o GHB foi abandonado. Posteriormente, foi usado como estimulador do crescimento muscular, efeito que não foi comprovado cientificamente. Por causar diminuição do nível de consciência, depressão respiratória e convulsões, foi banido dos EUA pela Food and Drug Administration (FDA).
No Brasil, o GHB tem o seu uso legal restrito a raros casos de distúrbios do sono e de epilepsia, sendo a importação do medicamento regulamentada pela ANVISA. Obtido ilicitamente, o GHB tem sido usado para a prática de crimes de estupro e furtos. Casos de morte pelo consumo desta droga também já foram descritos.
O GHB é inodoro e incolor, mas agora é possível detectá-lo. Há materiais que mudam de cor quando entram em contato com a substância. (1) Fabricados com esses materiais, há copos que podem livrá-lo de uma boa enrascada. (2) Como não são encontrados nos points que você frequenta, leve o que vai usar a esses locais.
smartcups
(1) Idem para a ketamina e o Rohypnol.
(2) Há também em canudinhos.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

465 - Secções anatômicas de papeis dobrados

Inspirada em imagens disponíveis no The Visible Human Project®, e usando folhas de amoreira dobradas, Lisa Nilsson habilmente recriou imagens de partes do corpo humano.
Aqui vemos um de seus trabalhos:
Tórax (seção transversal), Tissue Series
Em duas palavras: im pressionante.

domingo, 3 de fevereiro de 2013

464 - Werner Forssmann (1904-1979)

Em 1929, no porão do Hospital Eberswaled, na Alemanha, o médico residente de cirurgia Werner Forssmann inseriu um cateter ureteral em si próprio, na região do cotovelo, fazendo-o ir por uma veia até o coração.
Ele usou um espelho como seu assistente, já que a enfermeira que o acompanhava (acreditando que o procedimento seria realizado nela) mantinha-se em uma mesa de operação. Concluído o ato, ele  tirou um raio-x do tórax (à esquerda) para determinar se o cateter havia de fato chegado ao átrio direito.
Em vez de elogios, Forssmann foi recebido com uma condenação. Essa rejeição levou-o a trocar a cardiologia pela urologia (fez sentido),
Posteriormente, ele foi recompensado com o Prêmio Nobel de Medicina em 1956.

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

463 - Cegos e surdos

Já pensaram sobre isso?
Tudo que podemos ver e ouvir situa-se na estreita e fina faixa colorida do diagrama abaixo:


Aproveitemos, pois, a beleza que nossos olhos e ouvidos nos mostram. Sabendo que há muito mais que não nos é permitido experimentar.
No grande esquema das coisas do Universo somos todos praticamente cegos e surdos.

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

462 - Pneumonia química ameaça sobreviventes do incêndio

A tragédia em Santa Maria (RS) ainda pode levar a novas internações médicas. São pessoas que tragaram a fumaça do incêndio na boate e não desenvolveram imediatamente sintomas de intoxicação respiratória. Especialistas explicam que a chamada pneumonia química pode se manifestar até três dias depois da inalação. No domingo, 24 pessoas suspeitas de estarem com o problema foram atendidas no pronto-socorro do município. Ontem, houve mais dois casos.
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, já havia alertado para o risco de casos assim, no domingo à tarde. Tosse, falta de ar e até mesmo catarro frequente, que pode, ou não, estar acompanhado de restos de fuligem, caracterizam as reações do corpo ao desenvolvimento da moléstia, que, se não for tratada, pode levar à morte.
O cirurgião Luiz Philipe Molina, do Centro de Referência em Trauma do Hospital 9 de Julho, em São Paulo, compara a pneumonia química à formação de bolhas nas mãos após queimaduras em panelas ao fogo. "Nesses casos, a pele fica vermelha na hora. Um tempo depois, começam a surgir bolhas que, após uns dias, estouram. Nas mucosas respiratórias, o processo é parecido."
Segundo ele, os tecidos internos lesionados pelo contato com o ar quente do incêndio podem descamar. "As células que foram atingidas acabam sendo eliminadas, impedindo o bom funcionamento dos pulmões." Isso dificulta a transmissão de oxigênio dos alvéolos pulmonares para a corrente sanguínea. A descamação favorece infecções secundárias. Outro sintoma decorrente desse problema são dor de cabeça e tonturas.
A desidratação dos tecidos também pode ocorrer, segundo Ubiratan de Paula Santos, diretor da Sociedade Paulista de Pneumologia e pneumologista do Instituto do Coração. "Deve-se notar que, nessas circunstâncias, a pessoa respira gases e material particulado em alta temperatura, o que provoca uma agressão térmica ao revestimento de traqueia, laringe e brônquios."

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

461 - Simetria

Invertendo a palavra holandesa para rim, NIER, dá a palavra francesa para rim, REIN.

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

460 - A principal função da circulação é a respiração

Há tempo venho me convencendo de que a grande função do aparelho circulatório é assegurar a respiração celular.
A ideia de que o aparelho circulatório serve, eminentemente, a uma função respiratória não é do agrado dos cardiologistas. Segundo tenho verificado, para eles, a função maior do aparelho circulatório é fazer o sangue circular. O que, em princípio, está certo. Mas dentro da hierarquia das coisas que circulam com o sangue, não me sobram dúvidas de que são as exigências do transporte das matérias primas da respiração que determinam a bioengenharia do aparelho circulatório.
A proposição de que o aparelho circulatório serve mesmo é para respirar, aumenta o meu débito para com os cardiologistas. Débito que se iniciou, há alguns anos, com uma outra proposição que lhes submeti à apreciação: a de que a sede anatômica do amor não é o coração mas, muito mais provavelmente, o pulmão.
Esta proposição inquietou duplamente os especialistas do coração: pelo fato em si e por suas repercussões econômicas. Uma das justificativas para a consulta dos cardiologistas ser um pouco mais cara do que as dos demais especialistas da Medicina Interna, deve-se ao fato de terem eles sob sua responsabilidade, além do centro da circulação, o centro do amor.
Os argumentos que apresentei, no entanto, abalaram os meus companheiros de especialidade:
"O que pode o amor fazer ao coração?" perguntava-lhes eu. "Acelerar a freqüência de seus batimentos?". " Vejam em contraste, a riqueza das manifestações afetivas do pulmão: é com o pulmão que rimos, é com o pulmão que choramos, é com o pulmão que suspiramos; é do pulmão que saem todas as interjeições afetivas; e todos os ais de amor". E, completava: "O que pode uma discreta taquicardia sinusal, quando comparada à respiração arfante de uma mulher apaixonada?". 
Não obstante o desassossego que causa, a proposição de que a circulação serve primariamente para respirar é, também, irretorquível.
Se nós pararmos o aparelho circulatório, morreremos em quatro minutos, por falta de oxigênio. Se por um passe de mágica, com o aparelho circulatório parado, conseguirmos oferecer oxigênio a todas as células do organismo, morreremos em onze minutos, por excesso de CO2. Falta de oxigênio e excesso de CO2 são marcas registradas de insuficiência respiratória. Se num segundo lance de mágica, com a circulação parada, removermos o CO2, em excesso, morreremos em três semanas, por acúmulo de catabolitos. Uma demonstração eloquente da primazia dada pelo aparelho circulatório às suas funções respiratórias.
[...]
Referência: Os seis corações do homem: Um ensaio, Publicações SBC

sábado, 19 de janeiro de 2013

459 - A cerveja, ora veja!


Aqui divulgada num velho cartaz de publicidade como sendo benéfica para a criança e para o velho:

Cultive 
o hábito RAINEER BEER
Ele traz o brilho da saúde 
e dá um novo sopro de vida ... 
Nenhum medicamento 
é igual a ela como TÔNICO ~ 

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

458 - Morre o inventor do bafômetro

Morreu na segunda-feira (14) em Anglesey, norte de Gales, aos 77 anos, o Dr. Tom Jones Parry (foto), o inventor do bafômetro eletrônico. O dispositivo inventado pelo Dr. Jones, em 1974, é capaz de informar o nível de álcool no sangue de uma pessoa com base em uma amostra do ar por ela respirado. A proporção do álcool no ar respirado para o álcool no sangue é 2.100: 1. Isto significa que 2.100 mL de ar irá conter a mesma quantidade de álcool que existe em 1 mL de sangue. Pela contribuição que deu à segurança rodoviária Dr. Jones fora homenageado com a Ordem do Império Britânico.

domingo, 13 de janeiro de 2013

457 - Comida para pato

"É melhor eu ir para a casa ou os patos terão algo para comer."
Este chiste é incompreensível para quem não é da Tailândia.
Faz alusão a uma "epidemia" de pênis amputados que, na década de 1970, aconteceu no país asiático. A cargo das mulheres tailandesas que, com uma faca de cozinha, cortaram os pênis de seus maridos mulherengos enquanto eles dormiam.
O número de setembro de 1983 do American Journal of Surgery saiu com este artigo: Surgical Management of an Epidemic of Penile Amputations in Siam (Tratamento Cirúrgico de uma Epidemia de Amputações Penianas no Sião), escrito por Kasian Bhanganada e quatro colegas médicos do Hospital Siriraj, em BangKok (Banguecoque) .
Uma tradicional casa tailandesa é construída sobre estacas e suas janelas permanecem abertas para permitir a ventilação. Enquanto a área sob a casa é o lar das famílias de porcos, galinhas e patos. Assim, era factível que um pênis, amputado e lançado para fora pela janela, pudesse perfeitamente ser capturado por um pato, e daí a origem do chiste.
Slideshow
Comentário
Um costume interessante... Se fosse aqui, os patos estariam gordos!!! Só que as esposas daqui não têm coragem para conviver com a invalidez... (rsrsrsrs)
Abraço.
Celina Côrte

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

456 - Sem Ciência não há futuro

Uma das definições mais simples e completas sobre a Ciência foi proferida por Manuel Lozano Leyva, professor de Física Atômica e Molecular da Universidade de Sevilha, em uma de suas palestras. Ele disse, em seu tom de humor habitual, que a Ciência é o que se faz quando se aplica o método científico. Apesar da aparente redundância e simplicidade da definição, esta frase de Leyva é mais acurada e explicativa se soubermos o que é e como funciona o método científico.
É um conceito fundamental que, muitas vezes, fica despercebido, esquecido ou simplesmente ignorado. Acredita-se, erroneamente, que a Ciência é o que dizem os cientistas ou é o que se publica em uma revista científica, sem considerar que, na realidade, estamos em um processo que se distancia da ideia dogmática, e que não permanece imutável uma vez iniciado, porém exposto a mudanças, acréscimos e correções.
Também é muito comum entender essas mudanças e correções como erros da ciência, quando, na verdade, eles são parte essencial dela. É comum ouvir ou ler comentários de que a Ciência estava errada, quando se pensava tal e qual coisa há alguns anos, sem realmente compreender que o ato de retificar é uma parte indispensável do caminho científico. Um caminho que busca compreender o mundo, através da construção sistemática de hipóteses mensuráveis ​​e verificáveis, a fim de que nos aproximemos cada vez mais do funcionamento da realidade. [...]
Poderia resumir que o método científico é uma ferramenta poderosa para descobrir como funciona o mundo, através de uma série de etapas, que começam com a observação, a experimentação e/ou a medição de um fenômeno natural. Após estes passos iniciais, o seguinte é a formulação de uma hipótese para explicar esse fenômeno. Se a explicação se ajusta aos dados e experimentos, o trabalho é publicado em revistas acreditadas, sendo submetido a um cuidadoso estudo e análise por outros cientistas. Essa comunicação é necessária para que se possa comprovar, por novas pessoas e outros métodos, que a hipótese é válida. Se isto acontecer, a hipótese passa a se tornar uma teoria.
Pensa-se, frequentemente, que uma teoria científica (talvez o nome teoria confunda a muitos) seja uma ideia ao acaso que não tem validade ou que está por demonstrar. Mas, em Ciência, uma teoria é na verdade uma hipótese confirmada e verificada. Existem teorias que já foram verificadas e confirmadas milhares e até milhões de vezes (a Teoria da Relatividade e a Teoria da Evolução são os exemplos mais conhecidos). Sem elas não entenderíamos o mundo de hoje. [...]

Extraído de 7 cosas que la Ciencia podría enseñar a los políticos. In: La Aldea Irreductible

Ilustração: veio daqui

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

455 - Podemos ajudá-lo?

Este velho tem um problema sério no pescoço, procura informação sobre um hospital e tudo que ele consegue é ouvir piadas.

Legendado em português por PGCS
O "sanduíche do ataque cardíaco" (heart attack sandwich) incluído nessa história foi ideia minha.

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Como tudo começouBriga de cachorro-quente, McDia Infeliz e Médicos pedem a saída de Ronald McDonald

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

454 - Tipos de sangue e personalidade

O sangue é algo que une toda a espécie humana, mas a maioria das pessoas não pensa muito sobre o tipo de sangue, a menos que esteja a precisar de uma transfusão.
 No Japão, no entanto, o tipo de sangue tem grandes implicações para a vida, o trabalho e o amor. Lá, o tipo de sangue é popularmente aceito como capaz de determinar o temperamento e a personalidade de uma pessoa. E a pergunta "qual é o seu tipo de sangue?" é, muitas vezes, uma questão-chave para tudo, da formação de casais à seleção para postos de trabalho.
Toda uma relação de produtos personalizados tem surgido no país em função dos grupos de sangue. E livros que descrevem as características das pessoas conforme os grupos sanguíneos são vendidos em grandes quantidades no Japão.
Tipos de sangue, no entanto, são simplesmente determinados por proteínas do sangue. Embora os cientistas regularmente tentem desmascarar essas crenças, elas permanecem populares no Japão. Uma razão é que, constituindo os japoneses uma sociedade relativamente uniforme e homogênea, a classificação do sangue fornece um sistema simples para dividir as pessoas em grupos facilmente reconhecíveis.


Os tipos de sangue 
  • O sistema principal é o ABO. com quatro tipos de sangue: A, B, O, AB.
  • Foi somente em 1901 que o sistema ABO foi descoberto pelo cientista austríaco Karl Landsteiner, ganhador do prêmio Nobel por esse trabalho que abriu o caminho para a realização de transfusões de sangue com segurança.
  • O sistema Rhesus, para o qual se pode ser positivo ou negativo, é o segundo mais importante.
  • No total, existem 32 sistemas de grupos sanguíneos reconhecidos, todos com indicadores positivos e negativos.
  • E a descoberta de mais dois sistemas - Langereis e Junior - foram anunciados por pesquisadores de Vermont, no início deste ano.
Ruth Evans, Japan and blood types: Does it determine personality? - BBC News Magazine

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

453 - Pneumomediastino


Resumo
"Relatamos cinco casos de pneumomediastino primário espontâneo. Quatro eram pacientes do sexo masculino e um, do sexo feminino, com a idade média de 17 (14-25) anos. Quatro apresentaram pneumomediastino devido a esforços praticados em esportes e um teve esta condição clínica relacionada com o karaokê.
O pneumomediastino (presença de ar no espaço entre os pulmões) primário espontâneo é uma patologia pouco frequente, e não há descrição anterior de caso relacionado ao karaokê.
Todos os pacientes referiram dor no peito e/ou dor de garganta antes do atendimento no hospital. Radiografias de tórax e tomografias computadorizadas de tórax mostraram o pneumomediastino - sem lesão esofágica ou traqueal. Quatro pacientes não necessitaram de hospitalização, e apenas um foi necessário internar por 7 dias por causa de intensa dor no peito e no pescoço.
Acompanhados durante mais de 1 ano, nenhum dos pacientes apresentou recidiva do pneumomediastino. É importante diferenciar esta entidade de outras doenças que apresentam dor torácica."
Fonte
K. Togashi, Y. Hosaka Primary - "Primary Spontaneum Pneumomediastinum", Kyobu Geka, vol. 60, no.3, 2007, p. 1163-6.
Comentário
Em minha vida profissional já acompanhei alguns pacientes com esta patologia. Recordo-me de um paciente que teve o pneumomediastino espontâneo causado por crise asmática e de outro em que essa patologia ocorreu por ter feito uma manobra de Valsalva durante a inalação de uma droga ilícita. Ambos se recuperaram plenamente. PG

sábado, 29 de dezembro de 2012

452 - T.B. Harlem

Óleo sobre tela da pintora estadunidense Alice Neel (1900-1984), T.B. Harlem é um quadro do acervo do National Museum of Women in the Arts, em Washington DC.
 De 1938 aos primeiros anos da década de 1960, Neel viveu no Harlem hispânico, onde retratou alguns de seus desafortunados habitantes, como o porto-riquenho Carlos Negron.
Aqui Negron é mostrado com o curativo de uma toracoplastia, um tratamento usual para a tuberculose na era pré-antibiótica.
Leitura recomendada
Tuberculose nas Artes Visuais, postagem do blog Arte Médica, da brasiliense Renata Calheiros Viana.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

451 - Crédito à cama


Nós nunca somos tão virtuosos como quando estamos doentes. Algum homem doente já foi tentado pela cobiça ou luxúria? Ele não é um escravo de suas paixões nem de suas ambições com a profissão; ele não se importa com a riqueza e se contenta com o pouco que tem, sabendo ainda que pode perdê-lo. É, então, que ele se lembra dos deuses e percebe que é mortal: ele não sente nenhuma inveja, admiração, nem desprezo de qualquer homem: nem mesmo uma conversa insultuosa pode prender a sua atenção ou dar-lhe estímulo para o pensamento, e seus sonhos são todos de banhos e primaveras amenas. Estes são sua única preocupação, o objeto de todas as suas orações, enquanto ele resolve que, se tiver a sorte de se recuperar, vai levar uma vida sóbria e simples no futuro, isto é, uma vida de inocência feliz.
Então, aqui para a nossa orientação, é a regra aquilo que os filósofos buscam expressar em palavras e textos intermináveis: na saúde, devemos continuar a ser os homens que prometemos nos tornar quando a doença levou as nossas palavras.

domingo, 23 de dezembro de 2012

450 - A Peste em Givry

Givry possui o mais antigo registro paroquial da França. O livro, escrito pelos padres locais, mostra o dinheiro recebido para as cerimônias religiosas (nas primeiras 42 páginas) e os batismos, casamentos e enterros da paróquia (da página 43 à 83), no período 1303-1357.
É realmente informativo sobre as consequências da Peste (que dizimou grande parte da população europeia) na referida aldeia. Assim, antes de 1347, aconteciam de 4 a 5 enterros por mês. Mas, entre 28 de julho e 19 de novembro de 1348, foram registrados 620 enterros. Somente no dia 10 de setembro foram enterradas 24 pessoas, tanto quanto no ano anterior.
Nenhum casamento foi celebrado entre o início da epidemia e o final do ano.


quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

449 - O transtorno dismórfico corporal


O chimpanzé, o orangotango, o bonobo, o gorila, o delfim e o elefante são os únicos animais que, além dos seres humanos (*), são capazes de reconhecerem a si mesmos em um espelho.

(*) Nós, com alguns vieses:

TDC ►

O que é o transtorno dismórfico corporal
O TDC é um tipo de distúrbio mental em que a pessoa se vê diferente do que é na vida real. Como consequência, ela é também extremamente crítica com relação ao próprio corpo. E, se há algo de errado com este, mesmo que o problema seja pouco perceptível ou localizado, ela se sente completamente infeliz com o corpo que tem.
Dra. Katharine Philips, que fez uma pesquisa (A Broken Mirror, Oxford University Press, 2005) em mais de 500 pessoas com TDC, encontrou no grupo pesquisado os seguintes percentuais de insatisfação com as várias partes do corpo:
pele (73%)
cabelo (56%)
nariz (37%)
peso (22%)
estômago (22%)
seios / peito / mamilos (21%)
olhos (20%)
coxas (20%)
dentes (20%)
pernas (geral) (18%)
forma do corpo / forma do osso (16%)
todos de rosto (14%)
lábios (12%)
nádegas (12%)
queixo (11%)
dedos (11%)
sobrancelhas (11%)

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

448 - O sistema vestibular na coruja

A coruja apresenta uma notável estabilidade da cabeça durante o movimento angular do corpo em torno de qualquer eixo que passe através do crânio.
O sistema vestibular da coruja é maior do que o do homem. E muito mais incrementado, também.
K.E Money, M.J Correia, The vestibular system of the owl

Vídeos
"Gire sua coruja": disponíveis no Improbable Research nas versões c/ e s/ música.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

447 - A voz de hélio

- Uma notícia ruim fica melhor quando anunciada com a "voz de hélio".

A voz é produzida a partir das vibrações do ar expirado ao passar pela laringe.
Como o hélio é um gás mais leve do que o ar, que contém principalmente uma mistura de nitrogênio e oxigênio, ao ser expirado e então passar - mais rapidamente - na laringe, ele dá origem a vibrações em frequências mais altas nas cordas vocais.
Isto faz com que a voz de quem inalou o gás hélio fique momentaneamente engraçada, semelhante à voz de alguns personagens de desenhos animados.
Vídeos no YouTube: há muitos. Pesquise como "voz de hélio" e "helium voice".
Embolia gasosa cerebral em uma criança saudável, 13, após a inalação de gás hélio diretamente de um tubo pressurizado.
Hélio - NÃO ABUSE!

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

446 - Plumbagem

Isto que vocês veem aqui já figurou no estado de arte da Cirurgia Torácica. Vi radiografias como esta realizadas em pacientes que, na primeira metade do século 20, se submeteram ao tratamento cirúrgico da plumbagem.

Crédito das imagens: NEJM
A plumbagem consistia em introduzir no tórax do paciente tuberculoso uma quantidade variável de bolas de lucite (de ping-pong) com a finalidade de provocar colapso pulmonar. Aceitava-se a ideia de que esse colapso, por colocar as lesões tuberculosas em repouso, ajudaria a curá-las. Certamente, o procedimento em questão contribuía para reduzir a frequência e a gravidade das hemoptises.
A principal desvantagem dessa forma de tratamento era a possibilidade de desenvolver infecção local como consequência dos corpos estranhos alojados no tórax.
31/12/2013 - Atualizando postagem...
Caso clínico - Lucite Balls
(arquivo PDF para baixar ou imprimir)

sábado, 8 de dezembro de 2012

445 - Permanecendo vivo

Com um pouco de humor se pode fazer um grande ensinamento. É o que mostra esta campanha de como realizar uma ressuscitação cardiopulmonar ao ritmo de uma canção: "Staying alive" (título mais adequado, impossível). Nunca se sabe quando você vai pô-la em prática, mas a ideia basicamente é esta:
  • chamar o telefone do serviço móvel de urgência (192 no Brasil);
  • fazer compressões torácicas ao ritmo de 100 por minuto, precisamente o da famosa canção.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

444 - Páginas populares em livros medievais

Como você pode saber quais as páginas de um manuscrito medieval que eram mais populares?
Kathryn Rudy, da Universidade de St. Andrews, na Escócia, imaginou que as manchas de dedos deixadas pelos leitores nos manuscritos poderiam ser um bom indicador.
Usando um dispositivo que mede a densidade óptica de uma superfície refletora, ele analisou um exemplar holandês do Livro de Horas, um livro de textos devocionais do século XV, sob a hipótese de que as sujeiras acumuladas nos cantos inferiores das páginas representariam o tempo gasto com leituras.
O que ele encontrou:
 As passagens mais populares deste livro tendiam a ser as orações relacionadas com as indulgências (tempo de dispensa do purgatório pelos pecados perdoados) e com as preocupações com a saúde como a proteção da Peste ou do Fogo de Santo Antônio (intoxicação pela ingestão de produtos contaminados pelo fungo esporão-do-centeio).
Em um manuscrito que tinha iluminuras personalizadas, o proprietário principalmente olhou para aquelas que retratavam a si próprio. "Ele realmente amava aquela imagem", disse Rudy.


Postagens relacionadas

domingo, 2 de dezembro de 2012

443 - Seja um doador de vidas

Deixo minha visão ao homem que jamais viu o amanhecer nos braços da mulher amada.
Deixo meu coração à mulher que vive exclusivamente para fazer o coração de seu filho feliz.
Deixo meus rins às pessoas que tiveram seus sonhos interrompidos, mas que ainda os cultivam.
Deixo meu pulmão ao adolescente que quer gritar ao mundo mais uma vez ‘eu te amo'.
Deixo meu fígado para aqueles que não tinham esperança na recuperação.
Deixo ossos, pele, cada tecido meu, à criança que ainda não descobriu o que é viver por inteiro.
Deixo a você o meu exemplo.
Deixo à minha família o desejo de ser um doador.
Deixo para a vida, enfim, um recado: nós vencemos!
Seja um doador de órgãos. Seja um doador de vidas.
Filme oficial da Campanha Nacional de Doação de Órgãos de 2011, com o ator José de Abreu. Com muita sensibilidade na abordagem da causa, este filme continua sendo veiculado pela televisão brasileira.

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

442 - A química do amor

Afinal, o amor tem algo a ver com a Química? Na verdade o amor é Química! Todos os sintomas relacionados com o amor e a paixão - respiração ofegante, palpitações cardíacas, mãos úmidas etc. - têm uma explicação científica: são causados por um fluxo de substâncias químicas fabricadas no corpo da pessoa apaixonada. Entre essas substâncias estão: adrenalina, noradrenalina, feniletilamina, dopamina, oxitocina, serotonina e as endorfinas.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

441 - Febre amarela e sangrias

A febre amarela é conhecida por trazer uma coloração amarela característica (icterícia) para a pele e os olhos e por causar "vômitos pretos" relacionados com sangramentos no estômago.
O vírus causal é transmitido por mosquitos infectados, porém, por muito tempo, se acreditou ser uma doença miasmática originária da matéria vegetal em decomposição e das putrefações em geral.


"Nunca antes experimentei tão sublime satisfação como a que eu sinto agora, contemplando o sucesso dos meus tratamentos (sangrias). Graças a Deus, de uma centena de pacientes que eu visitei ou prescrevi no dia de hoje, não perdi nenhum." 

Benjamin Rush

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

440 - Sem utilidade


Contabilizam-se 20 estruturas no corpo humano que, ao longo da evolução de nossa espécie, foram perdendo suas utilidades. Dessa lista fazem parte o dente do siso, os músculos extrínsecos das orelhas, a terceira pálpebra, a costela cervical, o cóccix e o apêndice.
Devido a patologias que ocorrem neste último, mais de 300 mil norte-americanos, anualmente, se submetem à apendicectomia.
Elaborada originalmente por Jocelyn Selim, a lista completa dessas estruturas "dispensáveis" saiu no Daily Cognition com o título de 20 Useless Body Parts.

terça-feira, 20 de novembro de 2012

439 - Uma rota metabólica diferente

Este animal de aparência estranha é a tartaruga chinesa de casco mole. Bem adaptada à vida na água, ela vive em pântanos salgados.
Sua fisionomia faz lembrar o focinho de um porco, colado no rosto de um peixe cuja textura é o da pele escrotal. Mas essa aparência bizarra não é nada em comparação com um detalhe ainda mais bizarro, que foi recentemente descoberto na Pelodiscus sinensis (o nome científico dela).
Esta tartaruga expele um de seus resíduos pela boca.


Quando metaboliza as proteínas em seu fígado, ela produz uma grande quantidade de nitrogênio que é expulsa do seu corpo em forma de ureia. Os seres humanos também produzem ureia a partir das proteínas, e se livram deste metabólito através da urina.
A tartaruga de casco mole, porém, tem uma rota totalmente diferente para eliminar a ureia. Enquanto submersa, ritmicamente expande e contrai a sua boca. Por que faz isso? Shit Fun Chew (que nome, meu Deus?), da ​​Universidade Nacional de Cingapura, notou que é desse modo que a tartaruga elimina a maior parte da ureia produzida. Utiliza-se de sua respiração branquial, em vez de fazê-lo pelos rins.
Em suma, ela pode respirar e "urinar" usando as mesmas estruturas anatômicas. E esta via oral-respiratória para se livrar da ureia é 15 a 50 vezes mais eficiente do que os seus rins.
Aparentemente, outros excrementos deixam o corpo da tartaruga de casco mole da forma habitual para outras espécies.
No ser humano, rins, pulmões, pele e intestinos são órgãos emunctórios, isto é, órgãos encarregados de excretar os resíduos de seu metabolismo. E rins e pulmões, dividindo a responsabilidade pelo equilíbrio ácido-básico do corpo, talvez estejam mais próximos em suas funções do que à primeira vista parecem. Como há tempos já sacou a tartaruga chinesa.

sábado, 17 de novembro de 2012

438 - CICLISMO. A discussão sobre os capacetes


Um denominador comum dos programas bem sucedidos de bicicleta ao redor do mundo - de Paris a Barcelona - é que quase ninguém usa um capacete, e não há pressão para que faça isso. Nos Estados Unidos, a noção de que os capacetes promovem a saúde e a segurança, evitando lesões nas cabeças dos ciclistas, é tido como muito próximo de uma verdade de Deus. Assim, ciclistas sem capacetes são considerados irresponsáveis como as pessoas que fumam. E as cidades estadunidenses em geral são agressivas na promoção dos capacetes.
Mas, muitos especialistas em saúde europeus vêm tendo uma visão diferente. Sim, há estudos que mostram que, se você cair de uma bicicleta em uma determinada velocidade e bater com a cabeça, um capacete pode reduzir o risco de lesão grave no crânio. Mas tais quedas de bicicletas são menos comuns do que se pensa em sistemas organizados de ciclismo urbano.
Por outro lado, muitos pesquisadores dizem que, se as pessoas são forçadas a usar capacetes, também são desencorajadas a andar de bicicleta. Isso significa mais obesidade, mais doenças cardíacas e mais diabetes. E, com menos menos ciclistas nas ruas, menos interesse em criar ou ampliar ciclovias.
As cidades mais seguras para bicicletas são lugares como Amsterdã e Copenhague, onde os ciclistas de meia-idade são em grande número e o uso dos capacetes é pequeno.
"Forçar a usar capacetes, especialmente em programas de compartilhamento de bicicletas, cria uma sensação de perigo injustificável para o ciclismo que traz tantos benefícios para a saúde", diz Piet de Jong, professor do departamento de Finanças Aplicadas e Estudos Atuariais da Universidade Macquarie, em Sydney. Ele estudou o assunto com modelagem matemática e concluiu que os benefícios podem superar os riscos por 20 a 1.
Ele acrescenta: "Estatisticamente, antes de usar capacetes para andar de bicicleta, talvez devêssemos usá-los para subir escadas ou tomar banho porque há muito mais lesões durante estas atividades." E a Federação Europeia de Ciclistas afirma que ciclistas e pedestres apresentam o mesmo risco de lesão grave por milha percorrida.
No entanto, nos Estados Unidos, a National Highway Traffic Safety Administration recomenda que "todos os ciclistas usem capacetes, não importa por onde estejam andando", como diz Dr. Jeffrey Michael, funcionário da referida agência.
A experiência recente sugere que, caso uma cidade queira que o compartilhamento de bicicletas realmente decole, ela tem  que aceitar o uso opcional do capacete. O programa de compartilhamento de bicicletas em Melbourne, na Austrália - onde o uso de capacete é obrigatório - tem apenas cerca de 150 utilizações por dia, apesar de Melbourne ser plana, com ruas largas, e ter clima temperado. Por outro lado, a cidade de Dublin - fria e montanhosa - tem mais de 5.000 passeios diários em seu programa. E a Cidade do México, para pôr em funcionamento o seu programa de compartilhamento de bicicletas, revogou recentemente a sua lei do capacete obrigatório. Nos Estados Unidos, há muita discussão a respeito de uma mudança na atual orientação.
Extraído do artigo To Encourage Biking, Cities Lose the Helmets, The New York Times