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quinta-feira, 8 de julho de 2021

1210 - "Les Petites Curies"

Marie Curie
A primeira mulher a receber o Prêmio Nobel, Marie continua a ser a única pessoa a receber um Nobel em duas ciências diferentes (Física e Química). 
Mas, além disso, ela foi uma heroína humanitária de visão, determinação e coragem incomparáveis.
Apesar da eficácia em salvar vidas com sua pequena frota móvel de raios-X, os esforços de Curie eram frustrados pela escassez de motoristas e técnicos qualificados.
Acima de tudo, ela precisava de um colaborador em quem pudesse confiar para consertar a feiura da guerra, radiografando os milhares de soldados que chegavam feridos em suas unidades móveis de raios-X (conhecidas como "Les Petites Curies").
Marie e Irène Curie
Ela encontrou em sua filha Irène Curie, de dezessete anos, o colaborador de que precisava.
Irène se tornaria uma cientista e também ganharia o Prêmio Nobel.
Marie Curie, Brain Pickings
Petites Curies, Wikipedia

quinta-feira, 3 de dezembro de 2020

1179 - Monumento a Jupille





Em 1885, Jean Baptiste Jupille, de 15 anos, foi severamente mordido enquanto matava com as próprias mãos um cão raivoso para proteger cinco outros jovens pastores em Villers-Farley, França.
--- Monumento a Jupille (escultura de d'Athanase Fossé, Wikimedia Commons)

Ele teve a sorte de ser levado ao laboratório de Louis Pasteur onde se tornou a segunda pessoa a ser tratada pela vacina experimental contra a raiva. Emile Roux, o colaborador de Pasteur, havia atenuado o poder da infecção viral expondo ao ar seco e estéril tiras de medula espinhal retirada de um coelho morto pela raiva. A vacina era um pequeno pedaço de medula triturada e suspensa em caldo esterilizado. Fora usada pela primeira vez em Joseph Meister, em 6 de julho de 1885.

Em 12 de abril de 1886, 726 pessoas já haviam sido tratadas por esta vacina.

quinta-feira, 30 de maio de 2019

1099 - Ambroise Paré (1510-1590) – O cirurgião militar

A revolução no tratamento das feridas por armas de fogo começou com Ambroise Paré.
O que o intempestivo e revolucionário Paracelso fez pela medicina do seu tempo e o brilhante Vesalius pela anatomia renascentista. Paré, arriscamo-nos a afirmar, fez pelo renascimento da cirurgia militar e da cirurgia como um todo e como disciplina separada da medicina, devolvendo-lhe um estatuto e lugar determinantes para o seu desenvolvimento e prestigio no século século XVI. O seu exemplo e os seus tratados influenciaram inúmeras gerações de seus discípulos, não só pelos seus métodos científicos mas, e sobretudo, pelo seu exemplo de humanismo.
Ambroise Paré (1510-1590) não era médico e iniciou sua carreira como aprendiz de cirurgião-barbeiro na cidade de Laval, no interior da França. Ainda jovem transferiu-se para Paris e, aos 19 anos, conseguiu o que mais desejava – trabalhar no Hôtel-Dieu de Paris, considerado o mais antigo hospital da cidade e um dos melhores hospitais da época. Trabalhou quatro anos como auxiliar de cirurgia, vendo, observando e participando do tratamento de feridos. Demonstrou, desde o início, uma habilidade cirúrgica fora do comum e interesse em aprender. Capacitou-se de tal maneira na prática da cirurgia que foi indicado como cirurgião militar do exército francês, participando das campanhas da Itália de 1536 a 1545.
A sua primeira grande contribuição para o tratamento dos ferimentos por arma de fogo ocorreu quando contava 26 anos de idade. Até ao século XVI acreditava-se que as feridas produzidas por armas de fogo eram envenenadas, conforme ensinava Vigo, conceituado cirurgião e traumatologista italiano, e que as mesmas deviam ser cauterizadas com óleo fervente para combater a ação tóxica da pólvora.
Durante as campanhas da Itália, Paré passava grande parte do seu tempo nos campos de batalha, junto dos soldados e dos feridos, procurando não só estar mais próximo dos feridos como ajudar com mais celeridade a sua recuperação. Numa destas campanhas constatou e descreveu que não só não tinha qualquer uso como era prejudicial para a evolução e tratamento das feridas por arma de fogo o uso de óleo fervente.
"No ano do Senhor de 1536, Francisco, Rei de França, mandou um poderoso exército para lá dos Alpes. Eu era, no exército real, o cirurgião do Senhor de Montejan, general de infantaria. Os inimigos tinham tomado os desfiladeiros de Suza, o castelo de Villane e todos os demais caminhos, de modo que o exército do rei não era capaz de expulsá-los de suas fortificações senão pela luta. Houve neste embate, de ambos os lados, muitos soldados com ferimentos produzidos pelas armas mais diversas, sobretudo por bala. Na verdade, não estava muito versado, naquela época, em questões de cirurgia, nem estava acostumado a fazer curativos em ferimentos por arma de fogo. Lera que os ferimentos por arma de fogo estavam envenenados; portanto, para seu tratamento era útil queimá-los ou cauterizá-los com óleo fervente misturado com um pouco de teriaga. Mas ainda que não desse crédito ao remédio, quis, antes de correr o risco, ver se os outros cirurgiões que estavam comigo na tropa usavam qualquer outro curativo para esses ferimentos. Observei e verifiquei que todos usavam o curativo prescrito. Aconteceu que, certa vez, devido à multidão de feridos, faltou óleo. Então, porque ficassem alguns sem curativo, fui forçado, porque podia parecer que não queria fazer nada e não podia deixá-los sem tratamento, aplicar uma mistura feita de gema de ovos, óleo de rosas e terebentina. Durante aquela noite não pude dormir porque estava com o espírito conturbado e o curativo da véspera, que eu julgava impróprio, perturbava os meus pensamentos e temia que no dia seguinte iria encontrá-los mortos ou a ponto de morrer devido ao veneno da ferida que não tratara com óleo fervente. Portanto, acordei cedo e, fora de qualquer expectativa, notei que aqueles tratados sem o óleo estavam descansados, porque livre da violência de dor e suas feridas não estavam inflamadas nem tumefeitas; entretanto, os outros, queimados pelo óleo fervente, estavam febris, atormentados com muitas dores e tumefeitas as partes que cercavam as feridas. Depois de ter experimentado isto muitas vezes em diversos outros feridos, considerei muito a respeito que nem eu nem ninguém devíamos cauterizar qualquer ferido por arma de fogo". Transcrição do seu livro "La methode de traiter les playes faites par hacquebutes et autres bastons à feu".
A segunda importante contribuição de Paré no campo da cirurgia militar diz respeito à hemostasia dos vasos sanguíneos nas amputações de membros. Até então a conduta usada para controle de hemorragia consistia na cauterização com ferro incandescente, procedimento que, para além do sofrimento e dor que causava, ocasionava lesões de difícil cicatrização. O próprio Paré utilizou o método clássico até 1552, quando passou a usar pinças e ligar os vasos com fios, tal como hoje. Para se defender das críticas contra o novo método, considerado temerário, Paré citava Hipócrates, Galeno, Avicena e outros autores clássicos que, nos seus livros, recomendavam ligar as veias em lugar da cauterização com o ferro incandescente.
Em 1552 Paré tomou parte noutra expedição militar e Henrique II, rei da França, impressionado com sua habilidade cirúrgica, designou-o cirurgião ordinário do Rei, fato que lhe trouxe prestígio, acabando dois anos depois por ser admitido na Confraria de S. Cosme, que congregava os mais notáveis cirurgiões da França, sendo-lhe concedido o título de Mestre em Cirurgia, apesar da oposição de alguns membros do colegiado, que não admitiam que alguém que não soubesse latim pudesse pertencer à Confraria.
Paré teve uma vida de intensa atividade. Inventou novos instrumentos cirúrgicos, idealizou membros artificiais e o reimplante de dentes. Em 1564 publicou "Dix livres de la Chirurgie" e, em 1575, aos 65 anos de idade, reuniu todos os seus trabalhos sob o título "Les Oeuvres de M. Ambroise Paré, avec les figures et les portraits de l’Anatomie que des instruments de chirurgie et de plusieurs monstres".
Nas páginas dos seus livros Paré descreve suas experiências e repete a sua filosófica afirmação que descreve toda a sua personalidade e brilhantismo:
"Je le pansai, Dieu le guérit".
Extraído de: "As Primeiras Lesões por Armas de Fogo – novo paradigma para o cirurgião militar – Ambroise Paré"
Autores: Miguel Onofre Domingues e Madalena Esperança Pina
Rev. Port. Cir. no.23 Lisboa dez. 2012
http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1646-69182012000400013

segunda-feira, 28 de março de 2016

843 - A invenção do estetoscópio

René Laennec é o autor do clássico "De l'Auscultation Médiate", publicado em agosto de 1819. Este refere-se à sua ideia de utilizar um instrumento, ou mediador, para ouvir os sons espontâneos do interior do corpo humano.
Prefácio de "De l'Auscultation Médiate"
"Em 1816, eu fui consultado por uma jovem mulher com sintomas de uma doença cardíaca, e nesse caso a percussão, bem como a apalpação, eram de pouca serventia, em virtude do grande grau de adiposidade da paciente. E o método da escuta direta era inadmissível, tendo em vista a idade e o sexo dela. De repente, me lembrei de um simples e bem conhecido fato da acústica: a grande nitidez com que se ouve o arranhar de um pino em uma extremidade de uma peça de madeira ao se aplicar o ouvido no outro lado. Então, eu transformei uma folha de papel em uma espécie de cilindro, apliquei uma das extremidades na região do coração da paciente e a outra, em meu ouvido. E fiquei surpreso e satisfeito ao descobrir que eu podia, assim, perceber os batimentos do coração de uma maneira mais clara e distinta do que, em alguma vez, eu tivesse sido capaz de perceber pela aplicação imediata do meu ouvido."
De cilindro de papel, o estetoscópio tornou-se de madeira e, em seguida, na segunda metade do século XIX, passou a ser flexível e com dois auriculares.
153 - Ouçam esta!
774 - "Sine cera"

terça-feira, 19 de janeiro de 2016

820 - Morte e internações de voluntários que participavam de um ensaio clínico na França

Hospital confirmou a morte do voluntário do teste da Biotrial que estava em morte cerebral. Outros cinco continuam internados em situação estável
A Biotrial, criada há 26 anos, explica que compensa os seus voluntários com montantes que variam entre 100 e 4500 euros, o limite anual imposto pela lei francesa para o pagamento deste tipo de voluntariado. É um salário livre de impostos, informa a Biotrial em sua página online.
Em outros países, como Portugal, as leis proíbem quaisquer incentivos ou benefícios financeiros, possibilitando apenas o pagamento do reembolso das pequenas despesas com a alimentação, a locomoção etc.
Em relação aos riscos, a Biotrial afirma que os efeitos secundários das substâncias testadas são muitas vezes conhecidos e referidos aos voluntários. "Se ocorrerem problemas, o teste é imediatamente interrompido", garante.
Não há motivos para suspender ensaios
A ministra da Saúde francesa, Marisol Touraine, afirmou hoje (18) não existir nenhuma razão para parar os ensaios clínicos da empresa farmacêutica na França, apesar da morte de um paciente e do internamento de outras cinco pessoas.
"Não é um grande problema, maciço, sem precedentes na França, precisamos de saber o que aconteceu, mas não há nenhuma razão para se interromper os ensaios clínicos", afirmou Marisol Touraine, questionada pela estação televisiva RTL, um dia após a morte de um voluntário que participou de um ensaio clínico num hospital em Rennes, oeste de França.
Na semana passada, seis voluntários, entre 28 e 49 anos, foram hospitalizados depois de terem participado do ensaio clínico de Fase 1 para a empresa farmacêutica, que testava uma nova molécula com atuação no sistema nervoso central.
Epílogo
"Teste clínico que deu errado prova por que testes clínicos são necessários." ~ André Carvalho

domingo, 23 de dezembro de 2012

450 - A Peste em Givry

Givry possui o mais antigo registro paroquial da França. O livro, escrito pelos padres locais, mostra o dinheiro recebido para as cerimônias religiosas (nas primeiras 42 páginas) e os batismos, casamentos e enterros da paróquia (da página 43 à 83), no período 1303-1357.
É realmente informativo sobre as consequências da Peste (que dizimou grande parte da população europeia) na referida aldeia. Assim, antes de 1347, aconteciam de 4 a 5 enterros por mês. Mas, entre 28 de julho e 19 de novembro de 1348, foram registrados 620 enterros. Somente no dia 10 de setembro foram enterradas 24 pessoas, tanto quanto no ano anterior.
Nenhum casamento foi celebrado entre o início da epidemia e o final do ano.


quinta-feira, 18 de agosto de 2011

289 - A síndrome de Paris

Ah, Paris, a Cidade Luz! Todo ano, mais de 45 milhões de pessoas visitam a cidade, mas cerca de 1 milhão desses turistas deslumbrados (principalmente japoneses) adoecem daquilo que foi apelidado de síndrome de Paris.
O que poderia causar o tão estranho efeito?
Dan Lewis, da Now I Know explica:
"A síndrome de Paris é caracterizada por um conjunto de perturbações psíquicas sofridas pelo visitante, incluindo muitas vezes sintomas orgânicos, tais como tonturas, aumento da frequência cardíaca e suores. Casos extremos vêm com uma sensação de perseguição e até alucinações. E a maioria dos afetados são japoneses.
A causa? Mais provável é que ela seja uma mistura de vários fatores: o jet lag de uma viagem longa; a euforia (semelhante à síndrome de Stendhal) de estar a tirar as grandes férias da vida; a barreira da língua; e, mais criticamente, o choque cultural."
Como a BBC observou em uma discussão sobre a síndrome:
"Os visitantes vêm com uma visão profundamente romântica de Paris e a realidade pode transformá-la em choque. Um encontro com um motorista de táxi grosseiro ou um garçom parisiense que grita para os clientes que não sabem falar francês, dentre outras situações, podem ser tolerados por pessoas de outras culturas do Ocidente. Mas, para os japoneses, acostumados a serem educados e prestativos e que vivem numa sociedade em que as vozes raramente são alteadas, essas experiências na cidade de seus sonhos podem ser desastrosas." 

terça-feira, 20 de julho de 2010

169 - Não foi uma boa ideia

A recente campanha publicitária promovida pela ONG francesa Droits de non-fumeurs (Direitos dos não-fumantes). Com o slogan Fumer c'est être l'esclave du tabac (Fumar é ser escravo do tabaco), cartazes de divulgação da campanha (imagem) insinuavam a prática de sexo oral por adolescentes em adultos. Criticada essa insinuação por diversas entidades e pela agência de autorregulamentação da publicidade na França, a ONG decidiu restringir a distribuição dos cartazes a pontos específicos como bares e discotecas.
Publicado em EntreMentes