sábado, 31 de março de 2012

361 - O peixe da sorte


Anemia ferropriva é um problema sério no Camboja. Chris Charles, um estudante da Universidade de Guelph, no Canadá, tentou persuadir as pessoas de uma aldeia a aumentar a quantidade de ferro na alimentação. Uma solução simples seria a de pôr pedaços de ferro dentro das panelas usadas no cozimento dos alimentos, mas Charles encontrou séria resistência a essa ideia. E a solução que, ao final, ganhou ampla aceitação foi a de moldar o ferro como um peixe que a população da aldeia considerava que trazia sorte.
"Nós projetamos que o peixe de ferro teria de 3 a 4 centímetros de comprimento. Assim, seria pequeno para ser mexido facilmente na panela, mas grande o suficiente para fornecer até cerca de 75 por cento das necessidades diárias de ferro por pessoa", disse Charles.
Um metalúrgico local produziu esses peixes de ferro por US$ 1,50 cada. Eles estão sendo utilizados há três anos com resultados animadores na prevenção e tratamento da anemia.
Uma lição de marketing social.

Lucky Iron Fish Saves Lives in Cambodia por John Farrier. In: Neatorama

quarta-feira, 28 de março de 2012

360 - Por que temos medo dos robôs?

"Se a cultura popular nos ensinou alguma coisa é que a humanidade deve um dia enfrentar e destruir a ameaça crescente dos robôs".



De Terminator (Exterminador do Futuro) a Blade Runner e de Transformers a Star Trek, os robôs estão chegando e o Apocalipse está quase a chegar.
Pelo menos é o que Hollywood quer que acreditemos. E parques temáticos ao redor do mundo estão gastando milhões de dólares na esperança de que a emoção por robôs possa atrair turistas.
"O problema com essas ferramentas - o que os robôs são de fato - é que nos tornamos dependentes delas", diz Wilson, cujo novo livro de ficção científica, Robopocalypse, está dando origem a um filme dirigido por Steven Spielberg.
"Isso é assustador: contemplar os cenários de desastres que poderiam vir de nossa excessiva dependência dessas ferramentas. É verdade - elas podem falhar algum dia - mas isso não significa que os robôs sejam maléficos ou imorais, ou tenham um viés ético."
Ler o artigo completo em BBC News

O vale misterioso
  • É uma representação gráfica do sentimento de repulsa dos seres humanos e começa quando algo parece conosco mas não é exatamente como nós.
  • Usada pela primeira vez pelo professor de robótica Masahiro Mori, representa a hipótese de que quanto mais um robô parece humano mais empatia teremos com relação a ele.
  • Quando a aparência torna-se "quase-humana", a atração muda para repulsa por causa da estranheza sentida quando algo é muito familiar e mesmo assim alienígena.
  • À medida que o robô se move no sentido de uma aparência ainda mais humana, a empatia por ele retorna e cresce até parecer indistinguível daquela que se tem por um ser humano.

www.androidscience.com

sábado, 24 de março de 2012

359 - Água na boca

Apesar de amplamente percebida, não há um mecanismo fisiológico claro para a sensação conhecida como "água na boca '", dizem os pesquisadores Yovaan Ilangakoon e Guy Carpenter, nas páginas do Journal of Texture Studies (volume 42, número 3, páginas 212-216, junho de 2011).
A equipe, com base na Unidade de Pesquisa Salivar do Kings College London Dental Institute, realizou um conjunto de estudos experimentais em que cinco participantes não só manusearam e mastigaram alimentos como também olharam para fotos de pizza, cachorro-quente, curry, morangos, bolo, limão, carne assada, doces, frango assado e outras iguarias. Enquanto isso, eles tiveram as produções de saliva cuidadosamente recolhidas e quantificadas.
Os resultados desses estudos mostraram que, "ao contrário dos animais, e dos cães de Pavlov em particular, os seres humanos são não capazes de salivar apenas pensando em alimentos", o que pode parecer contra-intuitivo e até mesmo desanimador para gourmets, chefs e profissionais das agências de publicidade.

Museu Pavlov, Rússia.
Um dos cães usados por Pavlov em suas experiências.
Note-se que o recipiente utilizado para o armazenamento de saliva
está cirurgicamente implantado no maxilar do animal. WIKIPÉDIA

Bônus
Avalie-se se você é capaz, ou não, de salivar ao ver comestíveis e bebíveis, assistando a este vídeo que mostra a preparação de uma caipirinha brasileira:

quarta-feira, 21 de março de 2012

358 - Colonterapia

Acta Pulmonale, em três notas anteriores (112 - Uma obsessão por enemas, 118 - A fumigação em seres humanos e 152 - Um monumento ao enema) já se referiu, ainda que de forma superficial, à preocupação das pessoas com o problema da constipação intestinal. É justificável que elas recorram a enemas para resolvê-lo?
Leia-se a opinião do renomado proctologista Dr. P. H. Saraiva Leão, no artigo Colonterapia, o qual foi publicado em 21/07/2010, no Jornal "O Povo":
(trecho final)
"Modernamente, à luz da ciência, reconhece-se a imprecisão dessas verdades nocionais (hipotéticas). Está comprovado que a “estase intestinal crônica” não traz autointoxicação. Normalmente, a maioria dos constipados crônicos, “enfezados”, precisa menos de lavagens do que – principalmente – de dieta apropriada, baseada em fibras (frutas e verduras), para o exercício satisfatório de suas funções alvíneas (ligadas à evacuação). E na inércia crônica total dos cólons, justifica-se a operação para sua retirada parcial.
Tais considerações me ocorrem a propósito de notícias do sudeste do país, onde lavagens intestinais estão sendo realizadas periodicamente (ao preço mínimo de R$ 120 por sessão) em consultórios biomédicos e SPAs. Indicam-nas como analgésico (inclusive dores reumáticas), enxaqueca, “raivas antigas”(!) e até, pasme o leitor, contra depressão. Sobre revalidar crenças há muito ultrapassadas, a aludida técnica, como todo procedimento invasivo, tem contraindicações e riscos próprios, como perda acentuada de minerais, assim afetando a musculatura, inclusive o músculo cardíaco; outro risco é a perfuração do intestino pelo excesso de líquido introduzido. Este perigo é maior nos portadores de divertículos, os quais – prevalentes entre a terceira e a quinta décadas – tornam-se frequentes nos mais idosos. Fica, assim, um aviso aos pacientes incautos, amantes dos modismos e “novidades”, ainda e sempre vigente entre os desavisados.
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Prezado Paulo,
Concordo com o colega Pedro Henrique na contra-indicação de tal procedimento.
Para constipação ou prisão de ventre, além do uso de novos medicamentos, a dieta, o tratamento comportamental e a fisiocinesioterapia, através da massoterapia abdominal com estímulo das zonas de hipersensibilidade de Vougler, são os novos horizontes para a melhora deste distúrbio funcional, que sempre é associado a outras disfunções do assoalho pélvico ou do próprio intestino.
Roberto Misici, médico coloproctologista

sábado, 17 de março de 2012

357 - A bordadeira de ferro

Cal Lane, 39 anos, artista canadense transforma objetos rudes do cotidiano em maravilhosas obras de arte. Em suas mãos, um objeto de ferro grosseiro e pesado adquire um aspecto inesperado - de como se ele tivesse, por exemplo, delicadas rendas.
Fica-se impressionado com a beleza que ela "descobre" num trambolho de ferro.
Nesta imagem, retirada do blog Trapitos de Colores, Cal Lane aparece trabalhando sobre uma velha caldeira.


Die Lunge im Netz
Falha
Trabalhando sem proteção respiratória, atentar para isso, em uma ocupação considerada de risco para a siderose pulmonar!
A siderose pulmonar (imagem radiológica) pode acometer trabalhadores expostos a atividades extrativas de minério de ferro (hematita, magnetita, limonita), produção de pigmentos naturais contendo óxidos de ferro em tintas e pisos, metalurgia de aço, ferro e ligas, solda a arco elétrico e oxietileno, polimento de metais com óxidos de ferro em cutelaria de aço e prata e outras atividades afins.
Apesar de ser uma pneumopatia ocupacional "benigna", há sempre a possibilidade de que, além das partículas de ferro geradas pela ocupação, a pessoa exposta possa também inalar outras poeiras minerais, como a silica, o que pode então conferir gravidade à doença.
Espero que Cal Lane não trabalhe sempre desse modo.

RELATO DE CASO
Souza, MB, Garcia, GF e Maciel, R. Siderose pulmonar. J Pneumol 24(1) – jan-fev de 1998.

quarta-feira, 14 de março de 2012

356 - Soins transmitem raiva e devem ser mantidos nas matas

Morre menino que foi mordido por soim, animal que deve viver na mata
Na manhã de 12 de março, o menino de 9 anos, do município de Jati, sul do Estado, que foi mordido por um soim (sagui) e internado com raiva num hospital de Barbalha, morreu. A letalidade da doença é próxima de 100%. No mundo inteiro, apenas dois pacientes, um dos Estados Unidos e outro em Pernambuco sobreviveram, mas com sequelas.
No dia 3 de fevereiro deste ano, o menino e outros quatro colegas se juntaram para caçar soim na mata. As crianças não sabiam que desobedeciam a lei e colocavam em risco a própria vida. Conseguiram pegar um soim e levaram para casa, onde um dos meninos foi mordido A mordida do soim deixou um corte profundo no polegar do menino, mas, pior do que o ferimento, transmitiu raiva. Vinte dias depois, os sintomas começaram a aparecer e, após passar pelo hospital de Jati e pelo Hospital Infantil de Brejo Santo, o menino foi internado no dia 29 de fevereiro no Hospital São Vicente, de Barbalha. O Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen) confirmou a doença.
O que diz a lei
A captura e a criação de soins são práticas que ainda resistem no interior do Ceará. Esses eram os propósitos do menino de Jati e seus amigos. Mas as razões para rejeitar essas práticas são persuasivas. Do ponto de vista ambiental, a legislação é terminante. “Os animais de quaisquer espécies, em qualquer fase do seu desenvolvimento e que vivem naturalmente fora do cativeiro, constituindo a fauna silvestre, bem como seus ninhos, abrigos e criadouros naturais são propriedade do Estado, sendo proibida a sua utilização, perseguição, destruição, caça ou apanha”, determina o artigo 1º da Lei de Proteção à Fauna. Do ponto de vista da saúde individual e coletiva, o contato com soins em cativeiro e a captura desses animais em seus ambientes naturais representa grande ameaça à vida das pessoas.
As agressões de animais silvestres a humanos são classificadas como acidentes graves pelo Ministério da Saúde. Ao ser agredido por animais, deve-se lavar imediatamente a ferida com água e sabão em abundância e imediatamente procurar assistência médica, pois somente o profissional de saúde poderá realizar a avaliação do paciente e se, necessário, indicar o tratamento profilático antirrábico humano. Em casos de agressão por animais silvestres, como morcegos, macacos, saguis, raposas, mesmo que ferimentos pequenos, o tratamento profilático antirrábico humano é imprescindível e deve ser buscado o mais rápido possível. Antes da manifestação dos sintomas, período que varia de alguns dias até um ano, é possível conter a doença com o tratamento adequado. Mas para evitar qualquer risco, o mais indicado ainda é deixar os animais silvestres em ambientes naturais e evitar o contato ou atraí-los para o convívio doméstico.
Nos últimos oito anos, desde 2005, foram confirmados cinco casos de raiva humana no Estado. Desse total, quatro tiveram transmissão através de soins em São Luís do Curu, Camocim, Ipu e Jati. Em Chaval, o caso de raiva foi transmitido por um cão.
Prevenção
A raiva é uma doença viral que pode ser transmitida ao homem por mordida, lambida ou arranhão de um animal infectado, principalmente cães, gatos, saguis e morcegos. A melhor maneira de evitar a raiva em humanos é a prevenção. Além da vacinação dos animais domésticos, as secretarias de saúde dos municípios devem ser acionadas para capturar os animais de rua que podem portar a doença. Nas cidades, a presença de morcegos deve ser notificada aos departamentos de zoonoses.

domingo, 11 de março de 2012

355 - Amianto: a polêmica do óbvio

Nas últimas semanas, o tema Amianto voltou a ganhar espaço na mídia nacional e internacional. No Brasil, em consequência à interpelação judicial, promovida pelo Instituto Brasileiro do Crisotila, contra o Dr. Hermano de Castro Albuquerque, pesquisador do Centro de Estudos do Trabalho e Ecologia Humana, FIOCRUZ, relacionada a achados de pesquisa sobre o mesotelioma, publicado em um periódico científico, e por suas declarações na mídia sobre riscos para a saúde associados à exposição ao amianto.
Essa repercussão foi potencializada pelo julgamento criminal ocorrido em Turim, Itália, condenando dois ex-proprietários de ramos do Grupo Eternit por omissão de informações sobre os problemas de saúde associados à manipulação do amianto, e quase 3 mil mortes que ocorreram entre ex-trabalhadores e habitantes do entorno de uma de suas empresas em Casale Monferrato.
Há duas décadas, profissionais brasileiros de renome na área do trabalho, médica e ambiental vem, de público, advertindo sobre as desastrosas consequências da manutenção da utilização do amianto no Brasil. Infelizmente, o Estado Brasileiro se esquivou, repetidamente, do problema, não respeitando o valor constitucional de proteger seus cidadãos. Nos últimos anos, perderam-se diversas oportunidades de proibir seu uso no território nacional. Perdeu-se também, a oportunidade de evitar que o risco continue a se estender a populações de outros países importadores do asbesto brasileiro (praticamente, todos com condições sanitárias tão ruins ou piores que a nossa).
Estima-se que mais de sete milhões de pessoas morram de câncer anualmente, em todo o mundo (Jemal A, et al. CA CANCER J CLIN 2011). Hábitos pessoais e condições de ambiente são responsáveis por 40% dos casos de câncer, o que significa que cerca de 3 milhões de óbitos anuais poderiam ser prevenidos.
O ambiente de trabalho é responsável por 4 a 20% de todos os casos de câncer na população. Dentre estes, o amianto, isoladamente, é responsável por 1/3 dos casos e, restringindo-se apenas ao câncer de pulmão de origem ocupacional, a parcela do amianto chega a 50% dos casos. Percentual ainda maior ocorre em relação ao mesotelioma, um câncer raro da membrana que envolve os pulmões, de péssimo prognóstico, no qual o amianto é o agente causal de mais de 80% dos casos. Dados do Sistema de Informações de Mortalidade do Ministério da Saúde mostram uma curva francamente ascendente de mortes por mesotelioma em São Paulo.
Atualmente, o Brasil é o terceiro maior produtor mundial de amianto. Entre 1975 e 2005, o mercado brasileiro consumiu 5 milhões de toneladas, traduzido em produção, transformação (produtos de cimento-amianto e outras centenas), instalação, remoção e descarte. Entre 2008 e 2010 a produção aumentou, assim como a importação e o consumo interno. Em 2010, o consumo estimado foi de 0,9 Kg/brasileiro. Estes produtos estão espalhados pelo ambiente.
Não é necessário esforço para entender que o problema extrapola o ambiente de trabalho. A chance de um cidadão se expor ao amianto, assim como a outros cancerígenos reconhecidos, aumenta na proporção do seu uso.
A nocividade do amianto crisotila é inconteste, classificado desde 1987 dentro do Grupo 1 das substâncias carcinogênicas pela Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC), organismo da Organização Mundial da Saúde (OMS). Isto significa que há suficientes evidências experimentais e epidemiológicas que permitem classificá-lo como cancerígeno para humanos.
A OMS e a Organização Internacional do Trabalho (OIT) entendem que a única forma de se prevenir as doenças associadas ao amianto é através da cessação da sua utilização (http://www.who.int/occupational_health/publications/asbestosrelateddiseases.pdf, http://www.ilo.org/public/english/standards/relm/ilc/ilc95/pdf/pr-20.pdf). Em adição ao câncer de pulmão e do mesotelioma, o amianto é, também, causalmente associado ao câncer de laringe e câncer de ovário (www.thelancet.com/oncology, Vol. 10 Maio 2009).
Sob o conceito de “fato relevante”, a Eternit no Brasil encaminhou matéria paga a veículos de grande circulação, em que tenta se distanciar da gravidade da questão, reduzindo um grave problema de Saúde Pública a uma suposta querela comercial e de disputa de mercado. Apega-se, de má-fé, à Lei Federal no. 9.055/95, cuja flagrante inconstitucionalidade já tem parecer favorável do Ministério Público Federal e do Ministro Relator do STF, e ainda, tenta desqualificar a inteligência e a sensibilidade dos legisladores dos estados onde o amianto já foi proibido, reduzindo o clamor de milhares de vítimas das doenças do amianto crisotila, à suposta pressão de concorrentes da Eternit.
A “utilização segura” e o “uso controlado” do amianto, no seu ciclo de vida e ao longo da cadeia produtiva, são conceitos enganosos e inviáveis. Quem controla a sua “utilização segura” na construção civil? Quem controla a sua “utilização segura” em manutenção de máquinas, equipamentos e instalações que o contenham? Quem controla a sua “utilização segura” em reformas e demolições? Quem controla a contaminação de locais previamente utilizados para armazenamento e/ou a produção de produtos contendo amianto? Quem controla o descarte de materiais contendo amianto após o seu uso?
Qual é a necessidade de se manter a sua produção e uso? Há substitutos seguros para todas as utilizações conhecidas do asbesto. Nenhuma fibra substituta faz parte da lista de cancerígenos da IARC. Em adição, há estudos que demonstram a viabilidade técnica e econômica de sua substituição.
Como cidadãos e profissionais ligados à Saúde, registramos a indignação pela manutenção da produção, transporte, consumo, descarte, exportação e importação do amianto, e conclamamos o Poder Legislativo, o Poder Judiciário e o Poder Executivo Federal que se unam para acelerar as iniciativas pelo banimento total do amianto crisotila no Brasil, imediatamente.
Que o Brasil não faça vexame na Conferência Rio + 20, de junho, e consiga mostrar – a nós e ao mundo – que suas políticas públicas não são definidas pelos lobbies de uma empresa, e sim, são comprometidas com a defesa da saúde e do ambiente, como reza a Constituição Federal.

Subscrevem o documento 12 instituições/organizações e 41 profissionais. Seus nomes constam da nota Amianto: Entidades e profissionais querem banimento já, publicada em 10/03/2012, no sítio eletrônico VI O MUNDO (acessada em 11/03/2012).

quinta-feira, 8 de março de 2012

354 - Há risco de adquirir silicose na Lua?

Astronauta da missão Apollo 17.
poeira lunar cobre o terço inferior
de seu traje espacial. 
Se o plano de criar uma base na lua se tornar uma realidade, os cientistas terão antes de encontrar uma maneira de lidar com um inimigo pequeno, mas onipresente: a poeira lunar.
A poeira lunar é extremamente abrasiva, como os astronautas logo aprenderam nas missões Apollo dos anos 1960 e 70. Poucas horas depois da chegada à Lua, a poeira já cobria significativamente seus trajes espaciais e equipamentos.
Felizmente para os astronautas, o contato com a poeira lunar era curto.Mas os exploradores - que terão de viver em uma base lunar por semanas ou mesmo meses - sofrerão uma exposição prolongada que, em caso de falhas nos trajes espaciais e/ou nas câmaras pressurizadas, poderá lhes causar problemas pulmonares.
A poeira lunar é muito mais irregular do que a poeira da Terra, porque não há água ou vento na Lua para alisar suas bordas. É criada quando os meteoritos, raios cósmicos e ventos solares batem na Lua, transformando suas rochas em pó. Além disso, a poeira está repleta de cacos de vidro e minerais, numa mistura conhecida como aglutina, formada no calor do impacto dos meteoritos. Essa aglutina não é encontrada na Terra, e os cientistas temem que o corpo humano não seja capaz de eliminá-la de forma eficiente quando inalada.
Portanto, a poeira é o problema ambiental número 1 da Lua. Contendo sílica e apresentando-se na forma de pequenas partículas, com diâmetros de poucos micra, teme-se que eventualmente possa causar silicose nos operadores de uma base lunar.

What a Little Moon Dust Can Do. In: www.wired.com


quarta-feira, 7 de março de 2012

sexta-feira, 2 de março de 2012

352 - A moda do cigarro eletrônico

Dispositivo que reproduz um cigarro comum, mas sem tabaco, conquista personalidades no exterior. Seus efeitos ainda são desconhecidos, por isso, no Brasil, ele está proibido.
Paula Rocha, ISTOÉ
De longe ele parece um cigarro comum. Quando tragado, fica vermelho na ponta e libera fumaça. Ao chegar mais perto, porém, é possível perceber que a brasa não passa de uma luz de LED e a fumaça – para a felicidade de muitos fumantes e não fumantes – não possui cheiro algum. Conhecidos como cigarros eletrônicos ou e-cigarettes, esses dispositivos patenteados na China em 2003 ganharam força recentemente entre celebridades internacionais e personalidades brasileiras. Famosos como a modelo Kate Moss, os atores Mel Gibson, Leonardo DiCaprio e Charlie Sheen e a cantora Britney Spears trocaram seus cigarros de tabaco convencionais pela versão eletrônica, com a promessa de que os novos aparelhos são menos nocivos do que o cigarro tradicional. A falta de estudos conclusivos sobre os e-cigarettes, porém, ainda mantém as desvantagens e implicações do uso desses dispositivos envoltas em fumaça, e por isso sua importação, comercialização e propaganda estão proibidas no Brasil desde 2009.
Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o cigarro eletrônico nunca teve registro no País devido ao “princípio da precaução”, uma vez que falta comprovação científica sobre a segurança e eficácia do produto. Nos Estados Unidos, a FDA (Food and Drug Administration) tentou, em 2010, banir os e-cigarettes. Porém, a associação dos produtores de cigarros eletrônicos – que conta com mais de 100 afiliados – processou o órgão americano e venceu em 2011. Hoje, esses cigarros podem ser comprados legalmente nos Estados Unidos em bares, lojas de conveniência ou pela internet, e seu uso é tolerado em locais onde seria impensável acender um cigarro comum, como aeroportos e até mesmo hospitais. A facilidade para comprar e usufruir os dispositivos para fumar fizeram aumentar o número de usuários dessa nova tecnologia. De acordo com dados do U.S. Centers for Disease Control and Prevention (centros americanos para prevenção e controle de doenças), o número de americanos que haviam fumado um cigarro eletrônico aumentou mais de quatro vezes em apenas um ano, passando de 0,6% da população, em 2009, para 2,7% em 2010, o que equivale a mais de oito milhões de pessoas.
Aqui no Brasil não há levantamentos sobre o total de adeptos dos cigarros eletrônicos. O uso do produto em si não é proibido e, segundo a Anvisa, quem for flagrado utilizando ou trazendo um desses aparelhos do Exterior para consumo próprio não pode sofrer nenhuma sanção. Já quem comercializa os e-cigarettes está cometendo um ato ilegal. No entanto, mesmo com a venda proibida, muitos sites nacionais oferecem versões importadas do produto, com preços que variam entre R$ 79 e R$ 299, incluindo acessórios como carregadores de bateria e refis – líquidos que podem conter ou não nicotina e sabores, como banana, bacon e até peixe, e são acoplados à estrutura de plástico do cigarro na forma de cartuchos. Dentro do aparelho, um aquecedor transforma os líquidos em vapor de água, que é inalado como a fumaça do cigarro tradicional (leia quadro) e, na presença de nicotina, provoca a mesma sensação de prazer obtida com o tabaco.
[...]

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

351 - Sem impressões digitais

O sequenciamento do DNA de uma das quatro famílias conhecidas no mundo como tendo adermatoglifia, uma rara condição médica que deixa seus portadores sem impressões digitais, identificou a mutação genética que causa a doença. De acordo com a pesquisa do grupo de Janna Nousbeck, do Tel-Aviv Sourasky Medical Center, publicada no American Journal of Human Genetics, nove dos 16 membros dessa família não tinham impressões digitais e todos apresentavam alterações de um gene chamado SMARCAD1.
Além disso, os nove indivíduos com a anomalia eram também criminosos de carreira. Brincadeira.
A adermatoglifia não vem com outros efeitos secundários além de uma pequena redução na capacidade de produzir suor. E é também chamada de "doença da imigração demorada", pois a falta de impressões digitais dificulta que essas pessoas atravessem as fronteiras internacionais.

Poderá também gostar de ver: O pesadelo do datiloscopista.

sábado, 25 de fevereiro de 2012

350 - O lago assassino

Situado no noroeste de Camarões, o Lago Nyos encontra-se-se no flanco do Monte Oku, um vulcão inativo. Uma barragem natural, formada por rocha vulcânica, mantém o lago. A desgasificação dos materiais vulcânicos subjacentes faz com as águas do lago sejam extremamente ricas em dióxido de carbono (CO2), o qual, quando liberado em grandes quantidades para a atmosfera pode causar a asfixia dos seres vivos nas zonas vizinhas.
Esse fenômeno ocorreu em 1986, causando a morte de mais de 1.800 pessoas.
Para um lago vulcânico armazenar o gás CO2 como o Nyos, deve haver pelo menos duas condições:
1) o lago ser profundo (ter pelo menos 50 metros de profundidade).
2) O clima predominante da região ser quente (equatorial).
Atualmente, para impedir que o CO2 acumulado no Nyos cause outra tragédia (como a que aconteceu em 1986), foi instalado um grande dispersor de gás no centro do lago (imagem de uma webcam).
WIKIPÉDIA

Vídeo
O gás carbônico é invisível. Apesar de não ser venenoso, ele mata os seres vivos ao ocupar o lugar do oxigênio na atmosfera. Por ser mais denso do que o ar, ele tende a acumular-se próximo ao solo.
Isso pode ser demonstrado pelo experimento abaixo em que o gás carbônico, produzido pela reação do ácido acético (vinagre) com o bicarbonato de sódio, apaga a chama de uma vela (o princípio dos extintores de incêndio à base de CO2).


Comentário de Dr.José Mayo
Interessante também é o sistema de "desgasificação" em si mesmo...
O esquema é este:

O método consiste em um tubo vertical, entre o fundo do lago e a superfície, onde uma pequena bomba eleva a água do fundo, supersaturada de gás, por dentro do tubo. Quando a água aspirada do fundo chega a uma certa altura, e a pressão hidrostática sobre a mistura supersaturada diminui e o gás começa a se separar da água e formar microbolhas (como no champanhe). Estas vão se juntando, ficando cada vez maiores e começam a empurrar a coluna de água para cima, por arraste de empuxo, até que chegam à superfície e se libera o gás.
O que se esperava, é que uma vez iniciado o levantamento da coluna difásica pelas bolhas de gás, a bomba já não fosse necessária, já que, teoricamente, o processo se "auto-alimentaria"; sendo um sistema fechado (dentro do tubo), a água supersatura arrastada para cima, pelas bolhas, criaria um vácuo que arrastaria mais água supersaturada, do fundo do lago, para dentro do tubo, enquanto houvesse suficiente gás dissolvido na água, para realimentar o sistema.
Pelo "jato de champanhe" que você nos mostra na foto, parece que funcionou...
Saudações,

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

349 - Humor. O estatuto do médico

É direito de todo médico...
Participar de uma reunião social sem ser interrompido por consultas.
Adoecer sem que as pessoas perguntem: "Como é que é, médico fica doente?"
Trabalhar apenas dois turnos de oito horas diariamente, reservando o resto do tempo para os sobreavisos.
Realizar trabalhos de gestão e administração sem ser discriminado pelos colegas.
Não ser cobrado por colegas pelas consultas de seus familiares. (Sem reciprocidade.)
Lutar por mais verbas para a pesquisa da cura da "esmeraldite".
Aposentar-se aos 60 anos com base na "Lei dos Sexagenários", promulgada em 1885.
Lutar pela fusão das associações médicas e de especialidades que tenham anuidades em uma unica e grande "Ordem dos Médicos do Brasil".
Aprender com os farmacêuticos a ler a letra dos outros médicos.
Ser dispensado de prescrever medicamentos com nomes extensos e confusos.
PGCS

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

348 - Sobre o nervo laríngeo

Este nervo é uma das ramificações de um nervo craniano que provém diretamente do cérebro, o vago. Em ambos os lados do pescoço, um dos ramos do nervo laríngeo dirige-se à laringe, seguindo um percurso direto tal como seria escolhido por um projetista. O outro, no entanto, dirige-se à laringe, mas realiza um desvio surpreendente. Mergulha no tórax, circunda uma das principais artérias que sai do coração (1) e depois regressa ao pescoço para terminar a viagem. (2)
Como resultado de um projeto este nervo (recorrente) seria um disparate. Do ponto de vista de evolutivo faz todo o sentido. Para compreender isto temos de recuar ao tempo em que os nossos antepassados eram peixes. Os embriões humanos com cinco semanas assemelham-se a peixes com brânquias.
Num embrião humano com vinte e seis dias veremos que o abastecimento sanguíneo às "brânquias" se assemelha fortemente ao abastecimento sanguíneo às brânquias de um peixe. Estas ramificações procuram os seus órgãos-alvo, as brânquias, pelo caminho mais direto e lógico. Durante a evolução dos mamíferos, contudo, o pescoço cresceu (os peixes não o têm) e as brânquias desapareceram, transformando-se em tiróide, paratiróide e laringe. Estes órgãos herdaram o abastecimento que outrora servia às brânquias.
Durante a evolução dos mamíferos os nervos e vasos sanguíneos foram puxados e esticados em direções diversas. No tubarão, esse nervo laríngeo não apresenta desvio, já na girafa (que melhor exemplo se poderia arranjar para esta situação?!), este nervo tem um desvio de 4,5 metros. (3) Em sua jornada descendente, o nervo passa perto da laringe, que é o seu destino final. Todavia continua para baixo, percorrendo todo o pescoço antes de inverter o sentido e fazer o caminho de volta até esta. Isto exemplifica à perfeição como os seres vivos estão longe de terem sido bem projetados e refuta consistentemente a ideia de um "projeto inteligente".

Fonte: "O espectáculo da vida", Richard Dawkins. Via Biogeonorte
Notas do Editor
(1) O laríngeo esquerdo passa por baixo da crossa da aorta; o direito circunda a subclávia direita.
(2) A lesão deste nervo por uma patologia endotorácica (tumor, aneurisma etc.) no ser humano, ou por uma cirurgia para removê-la, causa a paralisia da corda vocal correspondente. Se for bilateral, causa asfixia.
(3) Mais de quatro metros para chegar a um local a poucos centímetros da origem do nervo. Um engenheiro que projetasse algo assim seria despedido por justa causa!

Vídeo. Richard Dawkins na necropsia de uma girafa


21/12/2012 - Atualizando...
Neuronas gigantescas, Antonio Orbe, ALT1040

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

347 - Capsaicina

Supostamente, os seres humanos foram feitos para evitar a pimenta. A fruta contém uma substância irritante chamado capsaicina. É tão ativa que um miligrama da substância, colocada na palma de uma mão, queima como um cigarro aceso, causando uma dor que dura horas.

capsaicina
A planta evoluiu esse mecanismo de defesa porque as suas sementes são destruídas no aparelho digestivo dos mamíferos. E a capsaicina foi a forma que a planta encontrou para afastá-los.
No entanto, as sementes da pimenta Chili sobrevivem ao serem comidas pelas aves, que não têm receptores para sentir a capsaicina. É como se a planta "desejasse" que suas frutas fossem comidas pelas aves, as quais são excelentes veículos para sua propagação.
Diferentemente da maioria dos mamíferos, os seres humanos desfrutam da ardência da capsaicina em sua alimentação.
Agora, há outra razão para apreciá-la além de sua forte emoção culinária: a capsaicina consegue neutralizar localmente os neurônios que enviam sinais de dor ao cérebro.
Este princípio está sendo explorado na fabricação de patches (adesivos transdérmicos) para o tratamento da dor de origem neuropática (*).


(*) Exemplos: nevralgia pós-herpética, polineuropatia pelo HIV, neuropatia diabética, lesão traumática de nervo etc.

N. do E.
1 - No Brasil, a capsaicina é comercializada sob as formas de cremes e loção.
2 - Nenhum organismo rearquiteta a si próprio. Evolui através de alguma mutação AO ACASO que é passada a seus descendentes. Se esta mutação traz alguma vantagem, com relação aos demais da espécie, estes descendentes tenderão a predominar no meio competitivo em que vivem.
Isso acontece em todo momento: no mundo dos microrganismos, por exemplo. Cepas resistentes de bactérias a antibióticos passam a ocupar cada vez mais o espaço das cepas sensíveis. Vírus aviários e suínos sofrem mutações, tornando-se infectantes ao hospedeiro humano a ponto de provocar pandemias.
No presente caso: sementes destruídas em tudo digestivo de mamíferos "não interessam" a plantas que produzem capsaicina; sementes preservadas em tubo digestivo de aves (melhores veículos de propagação, por sinal) "interessam".
"Interessam" e "não interessam" - aqui escritos entre aspas - por serem modelos que não dependem da volição das plantas. PGCS

sábado, 11 de fevereiro de 2012

346 - Não ressuscitar




Joy Tomkins, 81, da cidade de Norfolk, Virginia, EUA, querendo ter certeza de que ninguém tentará trazê-la de volta à vida, mandou tatuar a frase DO NOT RESSUSCITATE em seu tórax.
"Eu não quero ficar meio morta, eu quero ficar totalmente morta", disse Tomkins, que sofre de artrite, doença de Raynaud, e diabetes. "Eu tenho medo de que os médicos, com a melhor das intenções, me mantenham viva quando eu já não quero mais viver", completou.
Mas é provável que a Sra. Tomkins não seja atendida exatamente do jeito que deseja. Uma tatuagem por si só não autoriza um médico a tomar esse tipo de decisão em uma situação de emergência.


Humor ▼
Correspondência
Prezado Paulo Gurgel,
interessantíssimo seu texto (como, aliás, são todos os outros que tenho recebido).
A seu modo, as pessoas mais esclarecidas tentam contribuir para que se evite a prática da distanásia.
Não sei se a moda da tatuagem está pegando nos EUA mas envio uma imagem do meu arquivo parecida com a sua. ▼
Quanto à imagem das loirinhas reanimando um boneco decapitado, é super-hilária!
Abraços,
Joel Isidoro

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

345 - O selo antituberculose

O selo antituberculose, símbolo da luta contra a tísica no mundo, teve a sua origem nos últimos anos do século XIX e difundiu-se em mais de 60 países. Em 1897, foram emitidos os mais antigos em Nova Gales do Sul e traziam a efígie da Rainha Vitória. Editados na ocasião do Jubileu de Diamante da referida rainha, tiveram suas vendas destinadas aos tuberculosos de Sidney. Os primeiros países do mundo a editarem selos foram: Nova Gales do Sul, Portugal, Dinamarca, Suécia, Países Baixos, Áustria, Noruega, Baviera, Islândia e Finlândia.
[...]
A partir da década de 1920, todos os selos editados pelas associações filiadas à União Internacional contra a Tuberculose (UICT) passaram a exibir a Cruz de Lorena, outro ícone na luta contra a tísica. No inicio, de maneira discreta, posteriormente, tornou-se, em muitas edições, um símbolo de grande significado. Segundo Rosemberg, a Cruz de Lorena e o selo antituberculose erigiram-se em símbolos de maior curso internacional de toda a história da medicina.


Transcrito de O SELO NA LUTA CONTRA A TUBERCULOSE NO MUNDO, da médica pneumologista e historiadora Ana Margarida Arruda Rosemberg. Em seu blog "Memórias", onde este artigo se encontra na íntegra, o leitor poderá também ver as reproduções de 24 destes selos (o que representa, possivelmente, o maior acervo do gênero na internet).

sábado, 4 de fevereiro de 2012

344 - Publicidade médica

É cada vez mais importante se comunicar bem com as pessoas. E na medicina não é diferente. Para que as informações sejam passadas de maneira correta e ética, foi criada a Resolução CFM 1974/11.
Essa importante norma trata das regras da publicidade médica e visa a impedir o sensacionalismo, a autopromoção e a mercantilização do ato médico. Também evita abusos em propagandas e publicidades, que podem levar a processos ético-disciplinares.
Isso é bom para a medicina, para o paciente e para toda a sociedade.

Faça o download da Resolução CFM 1974/11.

Art. 3º É vedado ao médico:
j) Oferecer consultoria a pacientes e familiares como substituição da consulta médica presencial;
5. Critérios para a relação dos médicos com a imprensa (programas de TV e rádio, jornais, revistas), no uso das redes sociais e na participação em eventos (congressos, conferências, fóruns, seminários etc.)
É vedado ao médico, na relação com a imprensa, na participação em eventos e no uso das redes sociais:
n) consultar, diagnosticar ou prescrever por qualquer meio de comunicação de massa ou a distância.
CONHEÇA E APLIQUE AS REGRAS DA PUBLICIDADE MÉDICA. ELAS EVITAM ABUSOS E PROMOVEM A ÉTICA.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

343 - A cara da tuberculose na mídia

"Mas se a linguagem não mais se assemelha imediatamente às coisas que ela nomeia, não está por isso separada do mundo; continua, sob uma outra forma, a ser o lugar das revelações e a fazer parte do espaço onde a verdade, ao mesmo tempo, se manifesta e se enuncia." Michel Foucault - "As palavras e as coisas" - 1966
Se o assunto é tuberculose, a voz do paciente, embora importante, é pouco ou nada contemplada pela mídia. Por reconhecer autoridade de fala no governo e no meio acadêmico, os jornais fazem chegar a seus leitores os pontos de vista médicos e oficiais, deixando de lado o olhar daqueles que vivem a doença. Quem são essas pessoas e como se organizam em seu dia a dia são questões não mostradas, como aponta estudo do pesquisador Liandro Lindner, voltado à análise da tuberculose na cobertura jornalística. O trabalho resultou na dissertação de mestrado QUEM FALA, O QUE FALA E COMO FALA: conceitos, percepções e representações de saúde e doença na mídia: o caso da tuberculose, defendida em setembro de 2011 no Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde da Fiocruz.
Referente ao ano de 2009, ele analisou quatro jornais, dois do Rio de Janeiro — O Globo e Jornal do Brasil — e dois de São Paulo — Estadão e Folha —, escolhidos por suas posições no ranking do Instituto de Verificação de Circulação (IVC), e nos quais Liandro localizou 677 matérias contendo a citação do termo tuberculose. De acordo com o seu estudo, pesquisadores, centros de pesquisa e universidades foram a principal fonte da imprensa na maioria das matérias. Em segundo lugar, surgiram os gestores, conforme mostra o gráfico ao lado. Houve, porém, "uma invisibilidade do paciente e da questão da adesão ao tratamento, essencial para a cura", observou Liandro. Faltando assim, na maior parte das matérias pesquisadas, o caráter da  polifonia, uma das principais qualidades do bom jornalismo.

Texto condensado do artigo de Elisa Batalha, publicado no nº. 113 da revista Radis.
Onde ler a íntegra da pesquisa.

sábado, 28 de janeiro de 2012

342 - Mitose

É o processo pelo qual uma célula (eucariótica) divide seus cromossomos entre duas células filhas. Este processo é constituído por quatro etapas: prófase, metáfase, anáfase e telófase.
Para memorizar a sequência acima os estudantes apelavam para esta frase: PROMETA ANA TELEfonar.
Ainda recorrem a ela?
Atualização
O processo não é mais um atributo exclusivo dos seres vivos. Tanto que alguém já flagrou um biscoito em plena mitose:

My[Confined]Space

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

341 - A síndrome de Asperger

Como se sabe, a síndrome de Asperger é uma variação do autismo.O seu portador arregimenta grande parte do seu poder cerebral para uma tarefa exclusiva. Pode se manifestar como uma genialidade musical, matemática etc. O que resta disponivel num cérebro assim mobilizado, não permite a seu portador habilidades sociais comuns como afetividade, humor, ironia ou hipocrisia. Esses "gênios" têm geralmente comportamento excêntrico. São obsessivos, têm aparência desleixada e pouca habilidade verbal. Suspeita-se de que Einstein e Newton tenham sido "Aspergers". Vocês podem ver uma caricatura deles no personagem Sheldon, na série de TV Big Bang Theory.
Agora apareceu este menino autista de 12 anos, Jacob Barnett, que rivaliza com Einstein em seu próprio campo: a Teoria da Relatividade.
Nelson José Cunha
28/08/2013 - Atualizando...
Artigo: Como o autismo ajudou Messi a se tornar o melhor do mundo, por Roberto Amado. In: Diário do Centro do Mundo

sábado, 21 de janeiro de 2012

340 - Novas vacinas para crianças no Brasil

A partir do segundo semestre de 2012, serão introduzidas no calendário vacinal das crianças no Brasil as vacinas pentavalente e pólio inativada. Mas a campanha nacional contra pólio, com as gotinhas, será mantida.
O Brasil está se preparando para a erradicação mundial da pólio. Neste ano, o país amplia o Calendário Básico de Vacinação da Criança com a introdução da vacina injetável contra pólio, feita com vírus inativado. A nova vacina será utilizada no calendário de rotina, em paralelo com a campanha nacional de imunização, a qual é realizada com as duas gotinhas da vacina oral. A injetável, no entanto, só será aplicada para as crianças que estão iniciando o calendário de vacinação.
A introdução da Vacina Inativada Poliomielite (VIP), com vírus inativado, vem ocorrendo em países que já eliminaram a doença. A Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), no entanto, recomenda que os países das Américas continuem utilizando a vacina oral, com vírus atenuado, até a erradicação mundial da poliomielite, o que garante uma proteção de grupo. O vírus ainda circula em 25 países. O Brasil utilizará um esquema sequencial, com as duas vacinas, aproveitando as vantagens de cada uma, mantendo, assim, o país livre da poliomielite. A VIP será aplicada aos dois e aos quatro meses de idade e a vacina oral será utilizada nos reforços, aos seis e aos 15 meses de idade.
Outra novidade para 2012 será a vacina pentavalente, que reúne em uma só dose a proteção contra cinco doenças (difteria, tétano, coqueluche, Haemophilus influenza tipo b e hepatite B). Atualmente, a imunização para estas doenças é oferecida em duas vacinas separadas.
Fonte: Portal da Saúde do MS

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

339 - Como os médicos morrem

Se há um estado da arte para os cuidados do fim da vida é este: a morte com dignidade. 
Segundo o Dr. Ken Murray, os médicos não morrem como as demais pessoas.
Não é um tema frequente de discussão, mas os médicos também morrem. E, não poucas vezes, morrem após receberem tratamentos a menos dos que são aplicados nas demais pessoas.
Pela experiência adquirida em acompanhar as mortes dos outros, os médicos tendem a ser bastante serenos quando confrontados com a ideia da morte em si próprios. Eles sabem exatamente o que vai acontecer, eles sabem as escolhas possíveis, e eles geralmente têm acesso a qualquer tipo de cuidado médico que desejem. Mas eles se vão serenamente.
É claro que os médicos não querem morrer, querem viver. Mas eles sabem o suficiente sobre a medicina moderna para conhecer os seus limites. E eles sabem o suficiente sobre a morte para não ignorarem o que todas as pessoas mais temem: morrer com dor e morrer sozinho. Eles já conversaram sobre isso com suas famílias. Eles querem ter a certeza de que, quando chegar a hora, nenhuma medida que eles não queiram lhes aconteça em seus últimos momentos na Terra. Como, por exemplo, submeterem-se a manobras de uma ressuscitação cardiorrespiratória que lhes quebre as costelas (o que comumente acontece quando a manobra é feita para valer).
Os avanços da tecnologia e da medicina nos levam a acreditar que podemos consertar tudo o que há de errado com o corpo humano. O sofrimento e as despesas que se danem. Todavia, "se podemos" não é igual a "quando faremos".
Extraído de How doctors die, Public Square

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

338 - Evolução e Controle do Tabagismo no Estado do Ceará

No dia 11 de janeiro, quarta-feira passada, o Dr. Josias Sampaio Cavalcante (foto) apresentou na Academia Cearense de Medicina a exposição "Evolução e Controle do Tabagismo no Estado do Ceará".

Ver esta nota na íntegra no blog Memórias, da médica pneumologista e historiadora Ana Margarida Arruda.

N. do E.
O médico Josias Cavalcante é o autor do livro "Tragadas Musicais", que resultou de um levantamento que ele fez sobre as alusões ao tabagismo nas letras da música popular brasileira, compostas durante o período de 1905 a 1993.

Comentário
O Dr. Josias, além de "Tragadas Musicais" é autor de mais dois livros: "O Impacto Mundial do Tabagismo" e "Cigarro, o Veneno Completo". Os meus efusivos parabéns a esse grande disseminador da luta antitabágica em nosso meio.
Ana Margarida Arruda

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

337 - Doenças causadas pelo uso do ar-condicionado

Saiba como evitar as doenças causadas por ar-condicionado em excesso
É muito comum no verão as pessoas usarem o ar-condicionado em casa, no carro e no trabalho. Mas, apesar de aliviar a sensação de calor, a máquina é um meio de disseminação de doenças.
Segundo alergistas, o ar-condicionado é um dos maiores causadores de doenças respiratórias.
O ar frio resseca a mucosa do nariz, a qual é responsável por defender o organismo da entrada de bactérias no pulmão.
Para o pneumologista Ricardo Millinavicius, diretor da SBPT (Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia), ficar mais de três ou quatro horas em um ambiente com ar-condicionado aumenta as chances de contrair gripe, resfriado e outras infecções.
Dicas
Troca e limpeza do filtro: são fatores primordiais para evitar proliferação de germes no aparelho. É importante que a troca seja feita pelo menos uma vez por ano e os tubos precisam ser limpos a cada seis meses. No caso do carro, o filtro deve ser trocado a cada 10 mil quilômetros.
Mudanças bruscas de temperatura: outro problema nesta época do ano é a mudança brusca de temperatura de um ambiente muito frio para outro muito quente, o que também resseca a mucosa. Para evitar danos à saúde, o pneumologista da SBPT afirma que a temperatura ideal do ar-condicionado deve ser entre 20 e 22ºC. Antes de sair de um ambiente frio para outro quente, a pessoa deve colocar um agasalho para atenuar a mudança brusca. É necessário esperar até que a temperatura do corpo se equilibre.
Hidratação: com o ar-condicionado ligado muito tempo é comum a diminuição da umidade no ambiente provocada pelo aparelho. O especialista recomendam a ingestão de bastante água e o uso de soro fisiológico no nariz para umidificar a mucosa ressecada. Para quem tem o aparelho em casa e gosta de dormir com ele ligado é recomendável usar umidificadores ou manter tigelas com água no ambiente.
Fonte: Ribeirão Preto Online, com redação modificada.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

335 - Transplantes de pulmão no Hospital de Messejana

Pacientes com doenças respiratórias graves, dependentes de oxigenoterapia contínua e com curta expectativa de vida encontram no transplante pulmonar a solução para uma vida normal. No Ceará, a esperança de um deles ser transplantado de pulmão era, até há pouco tempo, quase inexistente, pois ele precisaria se deslocar a São Paulo, Rio Grande do Sul ou Minas Gerais, os estados em que já se realizava esse tipo de transplante.
Assim, muitos pacientes das regiões Norte e Nordeste do país, com esse perfil, não tinham a chance de receber um novo pulmão. Mas essa situação passou a ser aqui revertida, quando o Hospital de Messejana Dr. Carlos Alberto Studart Gomes iniciou, em junho do ano passado, o seu Programa de Transplante de Pulmão, coordenado pelo cirurgião torácico Antero Gomes Neto.
O trabalho da equipe já soma várias vitórias. Foram quatro transplantes bem sucedidos que devolveram uma nova qualidade de vida aos pacientes beneficiados pela intervenção. “Temos muito que comemorar já que esse tipo de transplante é um dos mais delicados, por conta do alto índice de complicações e de sua mortalidade”, disse Antero. O cirurgião explicou, ainda, que outro problema é a dificuldade em preservar o órgão, o qual, após a morte encefálica, tem um baixo índice de aproveitamento decorrente de sua exposição ao meio externo. É o que o torna suscetível a infecções e outros problemas que causam danos ao órgão, inviabilizando-o para o transplante.
Segundo o coordenador do serviço, os bons resultados conquistados pela equipe do Hospital de Messejana devem-se a alguns fatores, entre eles, a qualidade, a competência e a dedicação da equipe multidisciplinar que cuida dos transplantes e ao Hospital que oferece as condições materiais necessárias para o sucesso deste procedimento de alta complexidade.
Atualmente, oito pessoas estão sendo avaliadas para entrar na lista de espera pelo transplante. Entre eles, pacientes dos estados do Rio Grande do Norte, Pernambuco e Piauí. Para o ano de 2012, Antero Gomes Neto revelou que a equipe continuará trabalhando com a mesma dedicação e empenho, no sentido de fortalecer e consolidar o Programa de Transplante de Pulmão do Hospital de Messejana.

domingo, 1 de janeiro de 2012

334 - Cigarros "medicinais"

Suas absurdas propagandas no passado:
1 Após dez meses de acompanhamento, com exames médicos bimensais, não foram detectados efeitos adversos no nariz, garganta e seios da face daqueles que fumavam cigarros "Chesterfield", nas versões regular e king size. Palavra de "especialista"!
2 Cigarros "Asthma" do Dr. Batty. E não eram só para o alívio dos paroxismos da asma. O espectro de indicações incluía a febre de feno, os resfriados, as doenças da garganta e até o câncer. Apenas não eram recomendados para as crianças abaixo dos 6 anos de idade...

Do mesmo tópico: 85 - Cigarros "medicinais".

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

333 - A Tanatologia é de morte

A reação psíquica determinada pelo enfrentamento da morte foi descrita por Elisabeth Kübler-Ross como tendo cinco estágios:
  • Primeiro: negação
  • Segundo: raiva
  • Terceiro: barganha
  • Quarto: depressão
  • Quinto: aceitação
Esta sequência é muito aplicada em Tanatologia, o campo da medicina voltado para o estudo da morte e dos problemas a ela vinculados.
Alguém teve a ideia de mostrar isso num desenho de animação com uma girafa aprisionada em areia movediça. Acompanhem-na em seu sofrimento de cinco estágios.

sábado, 24 de dezembro de 2011

332 - Piano para acamados

-

A foto reproduzida acima pertence à coleção Spaarnestad do Archief Nationaal - o Arquivo Nacional dos Países Baixos. Foi obtida na Grã-Bretanha, em 1935, e não traz nenhum texto explicativo além de: "piano especialmente concebido para as pessoas que estão confinadas na cama."
Talvez algum leitor do EntreMentes com conhecimento da história da música possa fornecer informações adicionais sobre essa invenção.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

331 - A morte na lava

Erik Klemetti analisa, em seu blog "Eruptions", o que acontece — de fato, ao contrário do que é mostrado em muitos filmes — quando alguém cai na lava derretida de um vulcão:
"Todos estão errados sobre a forma como as pessoas morrem quando caem na lava."
A morte de Gollum, no final de "O Retorno do Rei", é um exemplo desse equívoco generalizado. Gollum, se você se lembra, saltou na lava da Montanha da Perdição (onde seu precioso anel foi jogado), afundando-se nela (veja imagem abaixo), enquanto o anel ficou a flutuar sobre a lava até ser derretido.


Ora, afundar na lava não acontece se você é humano (ou remotamente humano). Você precisaria ser um Exterminador do Futuro (Terminator) para afundar em rocha derretida, e aqui está o porquê:
A lava derretida não é como a água. Esta tem uma densidade de 1.000 kg/m3, enquanto aquela tem uma densidade de 3.100 kg/m3.
Você acha que se jogando em lava teria o mesmo efeito de cair em um lago? Não. O ser humano apresenta em média uma densidade de 1.010 kg/m3, sendo apenas um pouco mais denso do que a água. É por isso que ele, às vezes, pode flutuar na água e, às vezes, não. Você pode controlar a sua flutuação, até certo ponto, pela quantidade de ar nos pulmões ou escolhendo nadar em água salgada (que tem uma densidade de 1.027 kg/m3), onde mais facilmente flutuará.
Agora, apresentando menos de um terço da densidade do basalto, vai ser impossível afundar nele.

The Right (and Wrong) Way to Die When You Fall Into Lava, Eruptions


Comentários
Faz sentido!
Agora sei que os italianos de Pompeia não afundaram na lava, morreram de queimaduras de 3º grau: ou eram lerdos ou muito dorminhocos, ou ambos.
Ou não eram italianos, estes, espertos por demais...
Grande abraço.
Winston Graça
For what I have seen in volcanos in Hawaii, Alaska and in other "paragens", this is a clear reason to make sure that you stay away from the edge of the crater. I once got "pelted" by small hot lava rocks in Mount Etna. Besides Gollum needed to die anyway.
Regards.
Hugo Lopes

27/08/2012 - Atualizando... 
Experimentos con lava
Si se puede crear lava en un laboratorio… ¿Por qué no hacerlo y ver cómo se comporta? Consistencia, viscosidad, porosidad, duración del flujo, volumen, estructura, cambios de temperatura… Un sinfín de parámetros que explorar. Lo hicieron en la Universidad de Siracusa.
Debe ser complicado conseguir los 1.371℃ de temperatura iniciales; la temperatura ambiente el día de la prueba eran 11 bajo cero.
Publicado por Alvy # 26/Ago/2012 - Microsiervos

sábado, 17 de dezembro de 2011

330 - Médicos em defesa das crianças desaparecidas

Os Conselhos Federal e Regionais de Medicina colaboram para a elucidação de casos de desaparecimento de crianças, apoiando a atuação das autoridades governamentais competentes.


O médico e os profissionais de saúde podem mudar esta realidade.
Assim, ao atender uma criança fique atento aos seguintes procedimentos:

1 - Peça a documentação do acompanhante. A criança deve estar acompanhada dos pais, avós, irmão ou parente próximo.Caso contrário, pergunte se a pessoa tem autorização por escrito.
2- Procure conhecer os antecedentes da criança. Desconfie se o acompanhante fornecer informações desencontradas, contraditórias ou não souber responder as perguntas básicas.
3- Analise as atitudes da criança. Veja como ela se comporta com relação ao acompanhante, se demonstra medo, choro ou aparência assustada.
4- Veja se existem marcas físicas de violência, como cortes, hematomas e grandes manchas vermelhas.

A Campanha
A Lei Federal nº 11.259/2005, conhecida como “A Lei da Busca Imediata”

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

329 - Visceroptose

Significado: queda das vísceras.
CID: K63.4

domingo, 11 de dezembro de 2011

328 - O efeito dominó na AIDS

Eis uma charge muito criativa.
Mostra o efeito dominó na AIDS sendo interrompido pelo uso do preservativo. Não identifiquei o autor do desenho.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

327 - Uma abordagem para a remoção de supercola do ouvido

A capacidade da cola de cianoacrilato (a supercola) para unir forte e rapidamente a pele apresenta problemas consideráveis ​​quando ela é inserida dentro do ouvido.
Felizmente, esta é uma ocorrência muito rara.
Richard Persaud, no Departamento de Otorrinolaringologia do Guy’s and Thomas’ Hospital, em Londres, acompanhou o caso de um paciente que, inadvertidamente, colocou supercola no conduto auditivo externo esquerdo.
Alguns duvidaram que tal problema, aparentemente intratável, pudesse ser resolvido.


Mas o Dr. Persaud, segundo relatou em The Journal of Laryngology and Otology (2001), 115: 901-902, encontrou uma solução:
"A supercola foi removida com sucesso por meio de água morna com 3 por cento de peróxido de hidrogênio sem danificar o meato ou a membrana timpânica."
O uso de peróxido de hidrogênio para remover supercola de ouvido não tinha sido até então descrito."
PGCS

domingo, 4 de dezembro de 2011

326 - Cria cuervos...

... y te sacarán los cigarrillos.
- Es tu suerte.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

325 - As ideias do Dr. Kellogg

Nos anos finais de 1800, o Dr. John Harvey Kellogg era o médico-chefe do famoso sanatório de Battle Creek, em Michigan (EUA), uma estância de saúde de alta qualidade que inspirou ao filme "The Road to Wellville." Dr. Kellogg, foi quem inventou o alimento à base de flocos de milho, tornando-se mais adiante um dos fundadores da Kellogg's. O outro dos fundadores desta empresa de processamento de cereais  foi o seu irmão Will Keith Kellogg.
Se, por um lado, o Dr. Kellogg pregava ideias que são amplamente aceitas pela medicina de hoje, tais como a dieta, o exercício, o consumo de fibras e do iogurte probiótico, a abstenção do fumo e a prevenção das doenças venéreas, por outro lado, defendia algumas ideias heterodoxas. Dentre estas, o celibato, a mutilação genital feminina, a terapia do eletrochoque, a eugenia, a segregação racial e a terapia da imersão em água gelada e irradiada.
Dr. Kellogg também criava equipamentos especiais. Como esta cadeira (imagem) que ele, utilizando-se de seus conhecimentos sobre a eletricidade (recém-descoberta), inventou em 1900. Era uma cadeira vibradora para ajudar a esvaziar os intestinos, aliviar as dores lombares e tonificar os músculos de seus pacientes. Por ser muito desconfortável ninguém se habilitava a usá-la.

Machines That Exercise for You, Collectrors Weekly

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

324 - Mortos, porém pacientes

A técnica de manter cadáveres congelados, anos a fio, para algum dia ressuscitá-los é chamada de criogenia humana. Atualmente, dá resultados com embriões: óvulos fecundados podem ficar congelados, e com boas chances de sobreviverem ao descongelamento, dando origem a bebês. Mas não funcionam, ainda, com pessoas mortas apesar do crescente número de cadáveres congelados à espera de vida nova no futuro. Isto porque os próprios métodos usados para congelar uma pessoa causam também danos às células e estes só podem ser reparados por tecnologias que ainda não estão disponíveis.
Eis algumas informações curiosas sobre o assunto:
  • Nos EUA existem somente duas empresas que oferecem este serviço de forma legal.
  • Atualmente, cerca de duzentas pessoas mortas estão congeladas; outras duas mil pessoas, que estão vivas, têm seus contratos firmados para que passem às instalações quando forem declaradas mortas.
  • A proporção é de três homens para uma mulher entre os que escolhem a criogenia.
  • Animais de estimação (cães, gatos e até um papagaio já estão na "fria") podem acompanhar os donos na aventura.
  • Nas empresas de criogenia os "clientes" são chamados de "pacientes".
Fontes
Until Cryonics Do Us Part, de Kerry Howley, The New York Times

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

323 - Aniversário da morte de José Rosemberg

O êxito da luta contra o tabagismo no Brasil deve-se principalmente a dois nomes: JOSÉ ROSEMBERG e MARIO RIGATTO.
Hoje (24/11) transcorre o sexto aniversário da morte de José Rosemberg (foto). Nascido em Londres, criado e radicado em nosso país, Rosemberg além de seu exemplo de dedicação ao trabalho, deixou-nos um vasto legado de livros e artigos científicos publicados. Dentre os muitos cargos que ocupou, destaque-se o de assessor técnico da Secretaria da Saúde do Ceará, quando prestou grandes serviços a nosso Estado. Era um homem de trato afável, poliglota e muito culto.
Compartilho com vocês esta entrevista (*) que o Prof José Rosemberg concedeu a Drauzio Varela.

(*) matéria enviada pela médica pneumologista e historiadora Ana Margarida Arruda, viúva de José Rosemberg.

322 - Animais que se drogam

holykaw.alltop.com
A embriaguez toma conta do reino animal. De fato, alguns animais podem ter encaminhado os seres humanos ao consumo de uma série de substâncias como a cafeína, o  álcool, a cocaína e aquelas presentes em cogumelos alucinógenos.
As lhamas do Peru, por exemplo, podem ter iniciado povos nativos da América do Sul no consumo de folhas de coca há 7 mil anos atrás.
Antropólogos acreditam também que seres humanos, no continente sul-americano, podem ter aprendido o uso do cipó Banisteriopsis caapi, uma das plantas utilizadas no preparo da ayahuasca, observando os seus efeitos no comportamento das onças pintadas.
Até mesmo a lenda das renas voadoras de Papai Noel pode ter suas raízes em experiências psicodélicas. Sabe-se que elas, após comerem o cogumelo amanita (Amanita muscaria), ficam se contorcendo e fazendo barulhos estranhos. O cogumelo é aquele que contém o muscimol, uma substância alucinógena que as renas eliminam pela urina. Então, um xamã que a tenha ingerido... PGCS

Essas e outras histórias estão em Discovery News.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

321 - Velcro

O velcro foi inventado em 1941 pelo engenheiro suíço Georges de Mestral. Ele se inspirou nas sementes de uma planta (Arctium) que grudavam frequentemente em sua roupa e no pelo de seu cão, durante as caminhadas que faziam pelos Alpes. Após examinar atentamente essas sementes, através de um microscópio, Georges distinguiu nelas filamentos entrelaçados que terminavam em pequenos ganchos: era isso a causa da aderência das sementes a pelos ou tecidos.
E concluiu ser possível a criação de um produto que unisse os dois materiais de uma maneira simples, porém reversível. Desenvolveu e patenteou o VELCRO, e passou em seguida a comercializá-lo através de sua companhia Velcro S.A. O nome faz referência a duas palavras em francês: velours (que significa veludo) e crochet (que significa gancho).
A partir do relatório descritivo de sua patente nos Estados Unidos (US 2,717,437) pode-se ver a simplicidade dessa invenção.  Atualmente, as aplicações do produto são inúmeras e a palavra velcro tornou-se um termo genérico para se referir ao material.
Tensiômetro aneróide: VELCRO na braçadeira
É uma das muitas funcionalidades da vida moderna com a origem em um projeto "bio-inspirado".

Leitura recomendada: An Introduction to Bio-Inspired Design
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Reproduzida no Luis Nassif Online, esta postagem recebeu 17 comentários de seus leitores. Estão sendo aqui divulgadas as 5 mais interessantes:
"Para vocês (Gurgel, Valquíria e Cássia), entendidos no assunto Velcro, substituto do ZÍPER, um aviso:
Se um dia forem comprar ZÍPER no sul do Paraná, peçam FECHO ECLER. Quando morei em Ponta Grossa, e numa loja pedi um ZÍPER, ninguém sabia o que era. Assim também aconteceu quando pedi uma lâmpada. Lá era FOCO.
Ah, e quando minha mulher pediu num armarinho um RETRÓS! Perguntaram a ela: RETRÓS? É um carretel de LINHA. Eles: LINHA, o que é isso? Ela teve pegar um carretel para explicar. Aí eles: Ah, um rolo de FIO?
Mas, o CARRAPICHO também está presente nos matos de meu Triângulo Mineiro. Gruda na roupa e pica deixando um coceira por alguns dias.
É o nosso Brasil!"
Marco Antonio Nogueira
"Sabe aqueles matinhos secos rodando em filmes antigos de faroeste? São da familia do arctium!
http://en.wikipedia.org/wiki/Burdock
Porque as sementes têm esses ganchos elas se agarram a coisas que se movem e se espalham. As dos filmes de farwest não são nativas dos EUA, foram importadas da Russia porque era impossivel saber de olho a diferenca entre elas e as sementes de trigo, que eram então importadas da Rússia na época."
Não achei o link certo das plantas dos filmes, mas aquelas coisas são dolorosas até de olhar, e ferem até cavalos com aqueles espinhos!"
Ivan Moraes
"O velcro propiciou uma evolução num dos mais antigos calçados humanos: as sandálias. Com ele ficou mais rápido calçá-las.
Mas, de vez em quando, as fábricas resolvem chamar um designer e aí o resultado é dificuldade em vez de facilidade.
Alguém acha lógico que para calçar uma sandália com velcro a tira tenha de passar por um elo? E que quase sempre ao descalçar a sandália a tira sai toda do elo?
Por esta e outras passei a achar que o lema dos designers é: Para que simplificar se podemos complicar?
Tudo em nome de uma pseudoestética."
Eugenio, OFS
"Já ouvi esta história da boca de uma tia que mora, desde 1957, em Genebra e foi vizinha do Engº. De Mestral.
Segundo o que ela sempre contou, Ms. De Mestral guardou suas meias cheias de carrapicho no bolso do casaco quando sua mulher mandou tirar as botinas sujas ao chegar de uma de suas caminhadas pelos montes vizinhos.
No dia seguinte, no laboratório da empresa em que trabalhava, ao enfiar a mão no bolso do casaco ele encontrou as tais meias sujas e com os carrapichos, os quais levou ao microscópio. Como ele trabalhava em pesquisa de fibras sintéticas, o sistema de enganchamento dos carrapichos chamou-lhe a atenção e ele ficou dias pesquisando como reproduzir essas fibras em nylon.
Segundo conta essa minha tia (que ainda vive em Genebra, mas não sei se ainda é vizinha da família do engenheiro, que também nem sei se ainda é vivo...) a patente do invento o enriqueceu até a 4ª ou 5ª geração!"
JA
"Lá na roça, quando a gente ia perambular para catar gabiroba, mangaba, jabuticaba-do-mato, araticum, garrafinha, ou caçar passarinho, coisas assim, além de carrapatos em lugares indevidos, voltava com as pernas das calças cheias de:
Picão, uma haste escura, de uns 10mm tendo numa das extremidades diversas pontiagudas formações, que se agarravam firmes no tecido. Corria que seu chá fazia bem para algum mal, não me lembro qual.
Carrapicho, uma bolinha de uns 3-4 mm, com um monte de pequenas hastes pontiagudas, que 'velcravam' no tecido para valer.
Plaquinhas arredondadas, umas ao lado de outras, não sei o nome, que desenhavam como que sinhaninhas(?) na roupa.
Todas sementes, todas com o efeito velcro, mas, ao que parece, ninguém se tocou.
Diz a história que Flemming descobriu a penicilina por acaso, pura sorte. Deve-se notar, porém, que a sorte premiou olhos treinados, prescrutadores, se não a cultura teria ido para o lixo."
Eduardo CPQS