quinta-feira, 22 de abril de 2021

1199 - Um espécime enervante

Rufus Weaver foi um anatomista do final do século XIX. Sua especialidade era preparar amostras anatômicas, ou seja, preservar partes e órgãos do corpo humano para as aulas de medicina da Hahnemann Medical College. O projeto mais famoso de Weaver foi a recuperação, preservação e exibição de todo um sistema nervoso humano, o que nunca havia sido feito antes. Em 1888, Weaver dissecou um corpo e separou o sistema nervoso - nervos, cérebro e globos oculares, e o preservou como você vê aqui. O espécime é enervante para quem o vê, e você deve estar se perguntando quem foi essa pessoa. Não foi até 1915 que ela foi identificada como "Harriet Cole", uma mulher negra que trabalhava na faculdade, a qual teria deixado seu corpo para a ciência.
Visitantes tiram fotos de "Harriet Cole"
Essa história é difícil de acreditar, considerando que alguém doar o corpo para a ciência não era uma atitude frequente em 1888. Os cadáveres de espécimes médicos da época vinham de roubos de túmulos e reclamação de corpos que de outra forma seriam enterrados pelo estado. Alaina McNaughton, Matt Herbison e Brandon Zimmerman têm tentado rastrear o mistério de Harriet Cole. Ela era uma pessoa real e a dona desse sistema nervoso? Weaver deixou poucas pistas sobre como preparou a amostra, e a identidade do doador não estava em seus registros.
Fonte: The Mystery of "Harriet Cole", por Jessica L. Heister. Atlas Obscura

quinta-feira, 15 de abril de 2021

1198 - Melocirurgia

Em inglês, elas são chamadas de earworms ("vermes de ouvido"). Em português do Brasil, a denominação é um pouco menos nojenta: música-chiclete. O efeito é o mesmo em qualquer lugar do mundo. São músicas que grudam na cabeça de onde não saem mais com bons modos.
Música: não abuse

quinta-feira, 8 de abril de 2021

1197 - Vacinação pode ter evitado 2.ª onda da Covid-19 em profissionais da saúde no Ceará

Levantamento realizado pela Escola de Saúde Pública do Ceará Paulo Marcelo Martins Rodrigues (ESP/CE), vinculada à Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), aponta uma relação direta entre a vacinação e a diminuição do número de casos de Covid-19 entre profissionais de saúde cearenses. A leitura dos dados indica que a imunização seria um dos possíveis fatores responsáveis por evitar os efeitos de uma segunda onda da doença neste grupo.
A análise dos indicadores foi feita considerando as informações da plataforma IntegraSUS. A cientista de dados da ESP/CE, Camila Colares, ficou encarregada de gerar um gráfico baseado nos resultados percebidos no comparativo das curvas de contágio entre a população em geral e profissionais de saúde do Ceará.
Ela explica que, no período referente à primeira onda da Covid-19 no Estado, principalmente entre abril e junho de 2020, houve aumento paralelo dos casos registrados em trabalhadores da saúde e de outros grupos da sociedade.Entretanto, analisando os indicadores de janeiro a março de 2021, nota-se que as curvas dos dois grupos adotam comportamentos distintos. "Enquanto a curva da população geral indica a ocorrência da segunda onda de Covid-19, a dos profissionais de saúde permanece estável", argumenta a cientista.
O cientista-chefe da Saúde do Ceará, José Xavier Neto, ressaltou a eficácia da vacinação como um possível resultado que impactou diretamente na imunização dos profissionais de saúde e na consequente diminuição dos números de trabalhadores infectados. "Isso significa que a vacina funciona e, quanto mais pessoas forem vacinadas, mais indivíduos protegidos teremos".
O consultor em infectologia da ESP/CE, Keny Colares, associa a celeridade no processo de imunização desse grupo também aos planos de operacionalização da vacinação, tanto na escala municipal quanto na estadual. "O gráfico mostra uma mudança na curva bem interessante e é um dado ilustrativo dos primeiros benefícios da vacinação, já que essa população dos profissionais de saúde tem tido acesso à vacinação mais rapidamente", afirma.
http://www.esp.ce.gov.br/2021/04/05/vacinacao

quinta-feira, 1 de abril de 2021

1196 - Covid-19: o que muda depois que eu tomar a vacina?

Prof. Julio Abreu, médico e Doutor em Pneumologia:

Eula Biss:
1 - Se imaginarmos a ação de uma vacina não apenas em termos de como ela afeta um único corpo, mas também em termos de como ela afeta o corpo coletivo de uma comunidade, é justo pensar na vacinação como uma espécie de banco de imunidade.
2 - As contribuições para este banco são doações para aqueles que não podem ou não serão protegidos por sua própria imunidade. Este é o princípio da imunidade de rebanho, e é por meio desta que a vacinação em massa se torna muito mais eficaz do que a vacinação individual.

quinta-feira, 25 de março de 2021

1195 - Taturanas assassinas

taturana (s.f.), é o estágio larval (lagarta) de insetos do gênero Lonomia.
Também conhecidas como lagartas-de-fogo, elas possuem pilosidades com propriedades urticantes (o que justifica não terem aves e mamíferos como inimigos naturais) e, por vezes, são potencialmente perigosas. Algumas espécies são letais, como a Lonomia obliqua, sendo por este motivo denominadas "taturanas assassinas", pois podem provocar hemorragia, insuficiência renal e até levar à morte.
Lonoma obliqua
O único remédio eficaz para acidentes com Lonomia é o soro antilonômico, feito a partir das cerdas de taturana no Instituto Butantan.
Depois da metamorfose para mariposa, acasalam durante dez horas. A fêmea morre em oito dias, e o macho, em seis. Na fase adulta, não se alimentam mais.
Fonte: Wikipédia
(LINK futuro p/ blog EM)

quinta-feira, 18 de março de 2021

1194 - DNA: uma nova reviravolta na vida

28/02/1953 James Watson, desde a madrugada deste sábado, passou seu tempo no Laboratório Cavendish, em Cambridge, embaralhando modelos de recortes de papelão das moléculas das bases do DNA: adenina (A), guanina (G), citosina (C) e timina (T) . Depois de um tempo, em uma centelha de engenhosidade, ele descobriu seu par complementar. Ele percebeu que A unido a T tinha uma semelhança próxima com C unido a G, e que cada par poderia se manter unido por meio de ligações de hidrogênio. Esses pares também poderiam se encaixar perfeitamente como degraus que se encontram em ângulos retos entre duas estruturas helicoidais antiparalelas de açúcar-fosfato de DNA enroladas em torno de um eixo comum. Tal estrutura era consistente com a evidência do padrão de difração de raios-X conhecido. Cada hélice separada com sua metade dos pares poderia formar um modelo para reproduzir a molécula: o segredo da vida.
Primeiro anúncio de Francis Crick e James Watson de que haviam chegado à conclusão sobre a estrutura de dupla hélice da molécula de DNA. Seu artigo, A Structure for Deoxyribose Nucleic Acid, foi publicado na edição de 25 de abril de 1953 da revista Nature.


DNA - uma nova reviravolta na vida (resumo editorial)
A determinação em 1953 da estrutura do ácido desoxirribonucléico (DNA), com suas duas hélices entrelaçadas e bases orgânicas emparelhadas, foi um tour de force na cristalografia de raios-X. Mas, mais significativamente, também abriu o caminho para uma compreensão mais profunda do que talvez seja o processo biológico mais importante. Nas palavras de Watson e Crick: "Não escapou à nossa observação que o par específico que postulamos sugere imediatamente um possível mecanismo de cópia do material genético."

quinta-feira, 11 de março de 2021

1193 - Sundowning: a confusão do fim do dia

O termo sundowning ("pôr do sol") aqui se refere a um estado de confusão que ocorre no final da tarde e se estende pela noite. O sundowning pode causar uma variedade de comportamentos, como confusão, ansiedade, agressão ou ignorar instruções. O sundowning também pode levar a um ritmo lento ou errante.
O sundowning não é uma doença, mas um grupo de sintomas que ocorrem em um horário específico do dia e que podem afetar pessoas com demência, como a doença de Alzheimer. 
A causa exata desse comportamento é desconhecida.

Os fatores que podem agravar a confusão no final do dia incluem:
  • Fadiga
  • Iluminação baixa
  • Sombras aumentadas
  • Perturbação do "relógio interno" do corpo
  • Dificuldade em separar a realidade dos sonhos
  • Presença de infecção, como infecção do trato urinário
Dicas para reduzir o sundowning:
  1. Tente manter uma rotina previsível de hora de dormir, acordar, refeições e atividades.
  2. Planeje atividades e exposição à luz durante o dia para estimular a sonolência noturna.
  3. Limite a soneca durante o dia.
  4. Limite a cafeína e o açúcar às primeiras horas da manhã.
  5. Mantenha uma luz noturna acesa para reduzir a agitação que ocorre quando os arredores são escuros ou desconhecidos.
  6. À noite, tente reduzir o ruído de fundo e atividades estimulantes, incluindo assistir TV, que às vezes pode ser perturbador.
  7. Em um ambiente estranho ou desconhecido, traga itens familiares - como fotografias - para criar um ambiente mais familiar e descontraído.
  8. Toque uma música suave familiar à noite ou sons relaxantes da natureza, como o som das ondas.
  9. Converse com o médico do seu ente querido se você suspeitar que uma condição subjacente, como uma infecção do trato urinário ou apnéia do sono, pode estar piorando o comportamento ao pôr do sol, especialmente se o pôr do sol se desenvolve rapidamente.
Algumas pesquisas sugerem que uma dose baixa de melatonina - um hormônio natural que induz a sonolência - sozinha ou em combinação com a exposição à luz forte durante o dia pode ajudar a aliviar o sundowning.
Fonte: Sundowning: Late-day confusion. Resposta de Jonathan Graff-Radford, MD, MAYO CLINIC
Sundowning em uma  portadora de metástase de melanoma cerebral. Caso descrito por um leigo: Mike, em sua coluna Friday Firesmith, no BITS AND PIECES

quinta-feira, 4 de março de 2021

1192 - A fórmula de Rich

Patogenicidade – propriedade de um microrganismo provocar alterações fisiológicas no hospedeiro, ou seja, capacidade de produzir doença.

Interessante como esta antiga fórmula para explicar a patogenicidade na tuberculose pode ser aplicada em outras enfermidades infecciosas (como na Covid-19, por exemplo).

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

1191 - A Iniciativa GISAID

A Iniciativa GISAID promove o rápido compartilhamento de dados de todos os vírus influenza e do coronavírus causador da COVID-19. Isso inclui a sequência genética e dados clínicos e epidemiológicos relacionados associados a vírus humanos e dados geográficos e específicos de espécies associadas a vírus aviários e de outros animais, para ajudar os pesquisadores a compreender como os vírus evoluem e se espalham durante epidemias e pandemias.
Um ano desde que os primeiros genomas de SARS-CoV-2 foram lançados para o mundo em 10 de janeiro de 2020 00: 41UTC (eis a primeira imagem disponível do coronavírus recém-descoberto em Wuhan).
Um ano atrás, respostas críticas de saúde pública em todo o mundo foram iniciadas, quando o China compartilhou via GISAID os primeiros genomas inteiros do SARS-CoV-2 e dados associados.
Esses dados com curadoria de alta qualidade disponibilizados por meio do GISAID permitiram o início do desenvolvimento das primeiras vacinas, testes de diagnóstico e outras respostas a uma velocidade sem precedentes, incluindo as primeiras vacinas a serem aprovadas e disponibilizadas (Polack et al N Engl J Med 2020 ), e o desenvolvimento dos primeiros testes moleculares baseados em NAAT e RT-PCR para detectar o coronavírus pandêmico (Bohn et al Clin Chem Lab Med 2020).
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SURGIMENTO DE MUTAÇÕES PARA INICIANTES 👉
1. Vírus precisam invadir uma célula para usar algumas de suas estruturas como uma máquina copiadora.
2. Usando material em conjunto com o maquinário celular, o vírus produz milhões de cópias.
3. A copiadora não é perfeita, então algumas cópias não saem exatamente iguais a original.
4. Esses erros nas cópias (mutações) ocorrem aleatoriamente, mas, em geral, uma taxa mínima de erros a cada x número de cópias é esperada, dependendo do vírus e do gene copiado.
5. Alguns erros na cópia (mutações) não vão afetar em nada o desempenho do vírus: seja a capacidade de gerar novas cópias, a de se transmitir ou a de infectar mais facilmente. Outras vão até prejudicar o vírus nessas capacidades. Essas tendem a simplesmente desaparecer, simplesmente porque as cópias originais são mais capacitadas p/ se copiarem, transmitirem ou infectarem que as novas. É a teria de Darwin em tempo real.
6. O problema acontece quando um desse erros provoca uma alteração na estrutura de proteínas importantes que o vírus utiliza p/ se transmitir ou infectar células. É como se o vírus aperfeiçoasse alguma ou algumas ferramentas que utiliza para chegar a outro hospedeiro e/ou invadir novas células.
7. Cópias com mutações favoráveis possuem uma vantagem adaptativa sobre as cópias originais e, portanto, tendem a prevalecer sobre essas à medida que infectam novas células e novamente se copiam.
8. Qual a chance de acontecer um erro na cópia que favorece o vírus? É uma questão de probabilidades. Se é esperado a ocorrência de um erro (mutação) a cada x cópias, se você tem 10, 100 ou 1000 processos de cópias a chance de mutações acontecerem são de 10x, 100x e 1000x, respectivamente. Lembrem, nem todas serão mutações favoráveis. Supondo que em um paciente emergiu uma cópia mutante que acabou se sobrepondo sobre as originais, isso é garantia de sucesso? Claro que não, pois esse mutante ainda precisa se transmitir para outro indivíduo para se manter, porque o ciclo invariavelmente vai acabar naquele organismo, por resolução da doença pelo sistema imune (maioria das vezes) ou pelo óbito do paciente. Em suma, a mutante precisa passar adiante!
9. Então, onde temos mais chance de ter mutantes circulando? Considere as variáveis: taxa de mutação (erros de cópia) esperada (isso é fixo, não podemos mudar), número de cópias ativas acontecendo (conseguimos modificar diminuindo o número de pessoas infectadas), e número de oportunidades de transmissão (isso conseguimos mantendo as medidas individuais e coletivas de proteção). Logo, chance de mutante com vantagem adaptativa sobre original = n.º de mutações esperadas a cada X cópias X n.º de cópias sendo feitas X n.º de transmissões ocorrendo. Portanto, facilmente se compreende que a maior chance de aparecer um mutante são em contextos de muitas infecções e poucas medidas de controle.
Thread de Alexandre Zavascki

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

1190 - Alimentos mofados

Os mofos ou bolores são uma concentração muito grande de fungos, organismos considerados decompositores na natureza e presentes em qualquer lugar em que haja matéria orgânica disponível. Assim, a tal "penugem" que costumamos ver no alimento mofado são as hifas, ou seja, as estruturas filamentares que compõem o corpo dos fungos.
O fungo, por si só, não causa mal. Mas alguns tipos deles produzem micotoxinas (substâncias tóxicas) que causam desde intoxicações alimentares até câncer hepático. Como existem milhares de tipos de mofos, fica difícil saber se o que se desenvolveu em determinado alimento fará mal ou não à saúde. Então, na dúvida, o melhor é não consumir o pão, a fruta, o iogurte ou qualquer outra comida com o aspecto mofado.
Contudo, nem todos os alimentos mofados podem ser considerados maléficos ao organismo humano. Desde muito tempo, os fungos são utilizados na preparação de queijos como o gorgonzola (imagem abaixo), certos tipos de salame e bebidas fermentadas. Nesses casos, os fungos são de utilização controlada e suas propriedades são conhecidas.
Leitura complementar
Somos queijo gorgonzola, por Maitê Proença. Blog EM

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021

1189 - Adermatoglifia

Esta condição única, que se manifestou na família de Apu Sarker, é o resultado de uma mutação genética rara. A condição, chamada de adermatoglifia, faz com que as pessoas afetadas por ela não tenham impressões digitais e apresentem uma quantidade reduzida de glândulas sudoríparas nas mãos.
Conforme detalhes da BBC:
  • Apu, de 22 anos, mora com sua família em uma vila no distrito de Rajshahi, ao norte de Bangladesh. Ele trabalhava como assistente médico até recentemente. Seu pai e seu avô eram agricultores.
  • Os homens da família de Apu compartilham esta mutação genética tão rara que afeta apenas um pequeno punhado de famílias no mundo: eles não têm impressões digitais.
  • Na época do avô de Apu, não ter impressões digitais não era grande coisa. "Acho que ele nunca pensou nisso como um problema", disse Apu.
  • Mas, ao longo das décadas, os pequenos sulcos que existem em nossos dedos - conhecidos como dermatoglifos - se tornaram os dados biométricos mais coletados do mundo.
  • Nós os usamos para tudo, desde passar por aeroportos até votar e abrir nossos smartphones.
351 - Sem impressões digitais

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021

1188 - Tosses e (espirros) cinematográficos

O site Every Movie Cough é "A mais completa coleção do mundo em tosses (e espirros) cinematográficos". Mike Lacher e Jason Eppink trabalharam muito nesta compilação.
Você pode assistir a esta coleção em um megavídeo e também navegar na galeria de tosses / espirros por categorias e em clipes individuais.


quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

1187 - Elixires radioativos

O elemento químico rádio foi descoberto em 1898 por Marie e Pierre Curie. [1]
Naqueles dias, porém, as pessoas não tinham ideia de seus efeitos nocivos. De fato, as pessoas encaravam esse metal luminoso como uma cura médica - algo que, de alguma forma poderia melhorar quase tudo.
Não demorou muito para as pessoas começarem a usar o rádio em produtos domésticos como batom, chocolate (na Alemanha), tônicos e até em relógios. [2] No entanto, logo se descobriu que muitas pessoas que consumiam rádio para aumentar sua vitalidade ou beleza estavam desenvolvendo efeitos colaterais horríveis e permanentes e morrendo.
Isso, finalmente, fez o público perceber que colocar rádio em tudo não era uma resposta a seus problemas.
Uma história
O Radithor [3] foi fabricado de 1918 a 1928 pela Bailey Radium Laboratories, Inc., de East Orange, New Jersey. Dizia-se que o caro produto curava a impotência, entre outros males. Eben Byers , um rico socialite americano, atleta, industrial e graduado do Yale College, morreu de envenenamento pelo rádio do Radithor em 1932. Byers foi enterrado em um caixão forrado de chumbo; [4] quando exumado em 1965 para estudo, seus restos mortais ainda eram altamente radioativos. A morte de Byers levou ao fortalecimento dos poderes da Food and Drug Administration e ao fim da maioria dos medicamentos patenteados baseados em radiação . Um artigo do Wall Street Journal (1.º de agosto de 1990) descrevendo o incidente de Byers foi intitulado "A água do rádio funcionou bem até que sua mandíbula caiu". [5]
Em 1938, a Lei de Medicamentos, Cosméticos e Alimentos poibiu a fabricação e a comercialização desses elixires radioativos.
Referências
[1] http://blogdopg.blogspot.com/2016/07/uma-lareira-de-alto-risco.html
[2] http://blogdopg.blogspot.com/2020/12/radium-girls.html
[3] http://en.wikipedia.org/wiki/Radithor
[4] http://blogdopg.blogspot.com/2018/07/o-livro-de-receitas-em-caixa-de-chumbo.html
[5] http://www.multibriefs.com/briefs/cb-advanced/CB-ADVANCED111417.php

quinta-feira, 21 de janeiro de 2021

1186 - Atualizações e recomendações sobre a COVID-19

(documento elaborado em 09/12/2020)
2) Sobre o tratamento precoce nos primeiros dias de sintomas
A Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) não recomenda tratamento farmacológico precoce para COVID-19 com qualquer medicamento (cloroquina, hidroxicloroquina, ivermectina, azitromicina, nitazoxanida, corticoide, zinco,vitaminas, anticoagulante, ozônio por via retal, dióxido de cloro), porque os estudos clínicos randomizados com grupo controle existentes até o momento não mostraram benefício e, além disso, alguns destes medicamentos podem causar efeitos colaterais. Ou seja, não existe comprovação científica de que esses medicamentos sejam eficazes contra a COVD-19.
Essa orientação da SBI está alinhada com as recomendações das seguintes sociedades médicas científicas e outros organismos sanitários nacionais e internacionais, como: Sociedade de Infectologia dos EUA (IDSA) e da Europa (ESCMID), Instituto Nacional de Saúde dos EUA (NIH), Centros Norte Americanos de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), Organização Mundial da Saúde (OMS) eAgência Nacional de Vigilância do Ministério da Saúde do Brasil (ANVISA).
Na fase inicial, medicamentos sintomáticos, como analgésicos e antitérmicos, como paracetamol e/ou dipirona, podem ser usados para pacientes que apresentam dor e/ou febre.
http://drive.google.com/file/d/17wfxUCfUzhY4fWb1xiX2VsTi3noQsOfc/view

quinta-feira, 14 de janeiro de 2021

1185 - Como tocar um instrumento musical beneficia o cérebro

Quando você escuta música, múltiplas áreas do seu cérebro são ativadas e usadas. Mas, quando você toca um instrumento, há um trabalho mental e de todo o corpo. O que acontece? Neste curta de animação de Colman Graham, explica Anita Collins o "espetáculo de fogos de artifício" que ocorre no cérebro de um músico quando ele toca.

InDICAção do VÍDEO: Nelson José Cunha

quinta-feira, 7 de janeiro de 2021

1184 - Da descoberta de uma doença ao desenvolvimento de sua vacina

Daniel Carpenter, cientista político da Universidade de Harvard, disse que é sem precedentes ir da descoberta de uma doença (a Covid-19) ao desenvolvimento de uma vacina em 11 meses. O prazo mais curto anteriormente era para a vacina contra caxumba, que demorou quatro anos. A maioria das vacinas é produzida para doenças que existem há muito tempo, depois de anos de pesquisas muitas vezes marcadas por fracassos e decepções. O tempo médio para o desenvolvimento de uma vacina é 10,7 anos. No caso da AIDS, ainda não há vacina, quase quatro décadas após a identificação do HIV.
Quanto tempo demorou para desenvolver outras importantes vacinas
Pólio: 7 anos (1948-1955)
Sarampo: 9 anos (1954-1963)
Varicela: 34 anos (1954-1988)
Caxumba: 4 anos (1963-1967)
HPV: 15 anos (1991-2006)
Coronavírus: 11 meses (2020)
Fontes:
Centro de Infecção e Imunidade; Instituto Nacional de Saúde; Centros de Controle e Prevenção de Doenças
AARON STECKELBERG / THE WASHINGTON POST
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13/04/2021 - Atualizando ...
Por que foi tão difícil para os cientistas encontrar uma vacina para o COVID-19?
Não foi. Nas breves palavras do CEO da Moderna, Stéphane Bancel: "Este não é um vírus complicado".
Sua equipe desenvolveu sua vacina em janeiro de 2020, após receber a sequência genética de cientistas chineses (que, para seu crédito, rapidamente a postaram em servidores internacionais antes que seu governo tivesse a chance de opinar sobre se isso era permitido ou não).
Todo o processo, desde o recebimento da sequência até a conclusão do projeto, levou dois dias.
Assim que em janeiro de 2020, a Moderna tinha uma vacina 94% eficaz contra o vírus - uma das melhores que temos até agora. Desde então, tudo tem sido rodadas de testes e aprovação dos órgãos reguladores. E mesmo isso foi surpreendentemente curto em termos históricos. Aqui está um gráfico da Nature para mostrar como ele se compara a outros:
http://www.quora.com/Why-has-it-been-so-difficult-for-scientists-to-find-a-vaccine-for-COVID-19/answer/Paul-Mainwood

quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

1183 - "WhatsAppite"

Deu no THE LANCET:
Uma médica emergencial de 34 anos, grávida de 27 semanas, apresentou dor bilateral no punho com início súbito ao acordar uma manhã. Ela não tinha história de trauma e não havia praticado atividade física excessiva nos dias anteriores. O exame das mãos revelou desconforto à palpação bilateral do estiloide radial e mobilização do polegar. O exame físico foi negativo para o sinal de Phalen e o sinal de Tinel, mas positivo para o sinal de Finkelstein. Devido à gravidez da paciente, não foram realizadas radiografias para descartar rizartrose. O diagnóstico foi tendinite do extensor longo do polegar bilateral.
A paciente estava de plantão no dia 24 de dezembro (véspera de Natal) e, no dia seguinte, respondeu às mensagens que haviam sido enviadas para ela em seu smartphone por meio do serviço de mensagens instantâneas WhatsApp. Ela segurou seu telefone celular, que pesava 130 g, por pelo menos 6 h. Durante esse tempo, ela fez movimentos contínuos com os dois polegares para enviar mensagens.
O diagnóstico da dor bilateral no punho foi WhatsAppitis. O tratamento consistia em antiinflamatórios não esteroidais e abstinência total do telefone para envio de mensagens. Por causa da gravidez, a paciente tomou apenas paracetamol (1 g a cada 8h por 3 dias) com melhora parcial, e não se absteve totalmente de usar o telefone, com troca de novas mensagens no dia 31 de dezembro (Réveillon).
A chamada nintendinite foi descrita pela primeira vez em 1990, e desde então várias lesões associadas a videogames e novas tecnologias foram relatadas. Inicialmente relatado em crianças, esses casos agora são vistos em adultos. A tenossinovite causada por mensagens de texto com telefones celulares pode muito bem ser uma doença emergente. Os médicos precisam estar atentos a essas novas doenças.
DOI: http://doi.org/10.1016/S0140-6736(14)60519-5

quinta-feira, 24 de dezembro de 2020

1182 - Citações sobre a respiração

  • Inspire o futuro, expire o passado. - Autor desconhecido
  • Se você acordou respirando, parabéns! Você tem outra chance. - Andrea Boydston
  • Respire, é apenas um dia ruim, não uma vida ruim. - Autor desconhecido
  • A respiração é o elo entre a mente e o corpo. - Dan Brule
  • A vida não é medida pelo número de respirações que fazemos, mas pelos momentos que nos deixam sem fôlego. - Autor desconhecido
  • Respirar sonhos como o ar. - F. Scott Fitzgerald

quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

1181 - Cálculos urinários vistos à microscopia eletrônica

A passagem de pedras (cálculos) pelo aparelho urinário é uma das experiências mais dolorosas pelas quais uma pessoa pode passar, e esta imagem de uma delas sob um microscópio eletrônico de varredura nos mostra como elas se parecem de perto.
As imagens são de um laboratório do Eastfield College em Dallas. Seu coordenador, Murry Gans, tirou as fotos em 2012, depois que um colega trouxe para ele uma pedra nos rins para examinar como todos os colegas o fariam.
As pedras nos rins se desenvolvem quando a urina não consegue diluir todas as substâncias nela contidas, como cálcio e ácido úrico. Essas substâncias se unem e formam esses cristais pontiagudos assustadores. Se uma pedra sair do rim e entrar em um dos ureteres (dutos que levam a urina para a bexiga), ela pode causar uma quantidade significativa de dor até cair na bexiga ou passar para fora do corpo pela micção.
Não existe uma causa única para a formação. Alguns distúrbios metabólicos, condições genéticas e escolhas alimentares podem contribuir para seu desenvolvimento. O tamanho das pedras também varia, desde uma pedra tão pequena que não dói ao passar até outra que precisa ser quebrada com um tratamento por ondas de choque.
Mais fotos das pedras podem ser vistas no Blog de Gans.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2020

1180 - Autenticação biométrica usando o estalo de dedo. Estudo


Quando se trata de sistemas de autenticação biométrica há muitos para escolher: a impressão digital, o reconhecimento do rosto, da mão, das características do olho (íris e retina), da voz, do odor corporal etc. etc. Mas nenhum é 100% perfeito, então há sempre uma demanda nessa área por melhoria e inovação.
Em 2016, equipes de pesquisadores do Departamento de Ciência e Tecnologia da Computação da Ocean University of China e da Escola de Ciência da Computação e Engenharia da University of New South Wales, Sydney, Austrália, propuseram (e testaram) um novo método de autenticação: o reconhecimento do estalo de dedo (snapping).
"A segurança dos dispositivos inteligentes é motivo de uma grande preocupação hoje em dia. Por exemplo, vários métodos foram aplicados para autenticação de usuário em smartphones e relógios inteligentes, como senha, PIN e impressão digital. Eles podem ser facilmente roubados por invasores ou precisam de sensores extras para entrada. Neste artigo, um novo recurso biométrico, o estalo de dedo, é aplicado para autenticação de pessoas. O som do dedo estalando é fácil de capturar com o microfone embutido nos dispositivos inteligentes. Além disso, é fácil de executar e não requer lembrança explícita, pois o estalar de dedos depende apenas da memória muscular."
"Estalar os dedos é o ato de fazer o som pelo impulso de um dedo contra a palma da mão. Isso é feito juntando o polegar com outro dedo (geralmente o indicador) e, em seguida, movendo o outro dedo imediatamente para baixo para atingir a palma. Tal ato de estalar o dedo envolve características fisiológicas que se referem a traços herdados que estão relacionados ao corpo humano, já que o som do estalo do dedo é diferenciado pelo tamanho da palma da mão, forma de encaixe do dedo e textura da pele. Além disso, também envolve características comportamentais que se referem ao padrão aprendido de uma pessoa, pois é o movimento do dedo que cria o som."
http://www.improbable.com/2020/10/12/person-authentication-using-finger-snapping-study/
Yang Y., Hong F., Zhang Y., Guo Z. Person Authentication Using Finger Snapping - A New Biometric Trait. In: http://doi.org/10.1007/978-3-319-46654-5_84 (O texto completo pode ser encontrado aqui.)

N. do E.
Outro interessante traço biométrico a ser estudado como autenticação de indivíduo, penso que seria o Tsk tsk! Fica a sugestão.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2020

1179 - Monumento a Jupille





Em 1885, Jean Baptiste Jupille, de 15 anos, foi severamente mordido enquanto matava com as próprias mãos um cão raivoso para proteger cinco outros jovens pastores em Villers-Farley, França.
--- Monumento a Jupille (escultura de d'Athanase Fossé, Wikimedia Commons)

Ele teve a sorte de ser levado ao laboratório de Louis Pasteur onde se tornou a segunda pessoa a ser tratada pela vacina experimental contra a raiva. Emile Roux, o colaborador de Pasteur, havia atenuado o poder da infecção viral expondo ao ar seco e estéril tiras de medula espinhal retirada de um coelho morto pela raiva. A vacina era um pequeno pedaço de medula triturada e suspensa em caldo esterilizado. Fora usada pela primeira vez em Joseph Meister, em 6 de julho de 1885.

Em 12 de abril de 1886, 726 pessoas já haviam sido tratadas por esta vacina.

quinta-feira, 26 de novembro de 2020

1178 - Descoberta nova localização de glândulas salivares

"Qualquer livro de anatomia mostrará apenas três localizações de glândulas salivares: parótidas, submandibulares e sublinguais. Agora, achamos que há uma quarta", disse o Dr. Matthijs Valstar, um cirurgião e pesquisador do Netherlands Cancer Institute e autor do estudo publicado no mês passado na revista Radiotherapy and Oncology.
A nova descoberta pode ajudar a explicar por que as pessoas que se submetem à radioterapia para câncer de cabeça ou pescoço muitas vezes acabam com a boca cronicamente seca e problemas de deglutição. Como essas glândulas obscuras não eram conhecidas pelos médicos, ninguém jamais tentou poupá-las em tais tratamentos.
O estudo completo está aqui:
"Até onde sabemos, esta é a primeira descrição de localizações pareadas de glândulas macroscópicas (sero)mucosas na parede póstero-lateral da nasofaringe humana e uma indicação de sua relevância clínica na RT (radiation toxicity) para HNC (head and neck cancer). Com base em sua localização predominante sobre o tórus tubário, propomos o nome "glândulas tubárias". A localização dessas glândulas estava presente como estruturas macroscópicas nos exames de PSMA PET/CT (positron emission tomography/computed tomography with prostate-specific membrane antigen) de todos os 100 indivíduos estudados e em dois cadáveres investigados (um de cada gênero). Microscopicamente, elas de fato mostraram tecido de glândula salivar, altamente concentrado bilateralmente próximo ao tórus tubário, com aberturas de duto de drenagem macroscopicamente visíveis em direção à parede nasofaríngea. A RT de alta dose nesta área leva a uma toxicidade clínica significativa. Esses achados apóiam a identificação das glândulas tubárias como uma nova entidade anatômica e funcional, representando uma parte do sistema das glândulas salivares."

quinta-feira, 19 de novembro de 2020

1177 - DNA do Neandertal pode estar associado a casos de COVID-19 grave

Um trecho de DNA do Neandertal estaria associado a alguns casos de COVID-19 grave, mas não está claro o quanto isso representa um risco.
Os fatores de risco para COVID-19 são vários: velhice, obesidade, problemas cardíacos. Mas os primeiros estudos genéticos identificaram outra característica que algumas pessoas que desenvolvem COVID-19 grave parecem compartilhar: um agrupamento de variações genéticas em seu terceiro cromossomo.
E essa sequência de DNA provavelmente deriva de neandertais, diz Hugo Zeberg, do Instituto Max Planck.
"É impressionante que esta variante tenha durado 50.000 anos."
Cinqüenta mil anos atrás é o tempo aproximado do cruzamento entre humanos e neandertais. E ao longo dos milênios, essas variantes de Neandertal se tornaram mais comuns em algumas populações de Homo sapiens do que em outras.
Por exemplo, 16% das pessoas de ascendência europeia carregam pelo menos uma cópia do trecho de Neandertal. Metade dos sul-asiáticos, idem - e quase dois terços dos bangladeshis.
"E é fascinante ser tão alto - aponta para o fato de que deve ter sido benéfico no passado. É muito mais alto do que esperávamos. No entanto, foi totalmente eliminado no Leste Asiático e na China. Então, algo aconteceu, elevando a frequência em certos lugares e removendo-a totalmente em outros."
Os detalhes estão na revista Nature. [Hugo Zeberg e Svante Pääbo, The major genetic risk factor for severe COVID- 19 is inherited from Neanderthals.Trad.: O principal fator de risco genético para COVID-19 grave é herdado de Neandertais]
Zeberg e seu colega escrevem que talvez o DNA de Neandertal aumente o risco de desenvolver COVID-19 grave - e eles apontam para o fato de que, no Reino Unido, pessoas de ascendência de Bangladesh têm o dobro do risco de morrer de COVID-19 do que população geral.
Mas, como o epidemiologista Keith Neal, da Universidade de Nottingham, apontou por e-mail, os afrodescendentes no Reino Unido também estão sendo mais afetados pelo vírus - apesar de quase não possuírem genes de Neandertal.
Em vez disso, são os fatores sociais - como famílias superlotadas e multigeracionais ou empregos na linha de frente - que têm maior probabilidade de direcionar as tendências vistas no Reino Unido. Segundo Andrew Hayward, diretor do Instituto de Epidemiologia e Saúde da University College London.
E, como os dois epidemiologistas apontaram, vale lembrar que você só pode desenvolver COVID-19 grave se estiver exposto ao vírus.
—Christopher Intagliata
O texto acima, sugerido por Jaime Nogueira, é uma transcrição deste podcast.

quinta-feira, 12 de novembro de 2020

1176 - Determinismo nominativo no mundo médico





Mari Stoddard mantém a prestigiada The Doctor's Names List, uma lista de exemplos de determinismo nominativo no mundo médico.
Determinismo nominativo é o nome que se dá a um fenômeno comum relacionado a pessoas que trabalham em profissões que se harmonizam com seus nomes de família.
Exemplos da lista de Stoddard são estes três médicos da área de medicina de emergência: Dr. Pulse, Dr. Cure e Dr. Gore
A expressão, apud Marc Abrahams, "vem de nosso velho amigo e colaborador John Hoyland", que criou e escreveu durante décadas a coluna "Feedback" da revista New Scientist.
Arquivos
583 - A bradicardia na família Brady (Nova Acta)

quinta-feira, 5 de novembro de 2020

1175 - Anjos Secretos

Trinta artistas de países lusófonos reuniram-se, virtualmente, para gravar o videoclipe da canção Anjos Secretos, composta por Francis Hime e pelo fadista Jorge Fernando em homenagem aos profissionais de saúde do todo o mundo, que estão na linha da frente da luta contra a Covid-19. Com direcção de Paulo Mendonça, o vídeo foi realizado exclusivamente com gravações feitas através de smartphones.

O valor gerado com as visualizações do vídeo reverte a favor da organização Médicos Sem Fronteiras.

quinta-feira, 29 de outubro de 2020

1174 - Homenagem aos médicos que se foram durante o combate à Covid-19

Durante a pandemia provocada pela Covid-19, centenas de médicos perderam suas vidas. Vários deles foram contaminados atuando na linha de frente contra o novo coronavírus. Independentemente de onde houve o contágio, todos cumpriram em vida a nobre função de oferecer cuidados que aliviam o sofrimento e podem levar à cura. Mais do que números (375), eles eram homens e mulheres que expressaram em cada dia de existência seu amor pela profissão.
Para homenagear esses médicos e médicas, que partiram de forma abrupta, deixando familiares, amigos e pacientes órfãos, o Conselho Federal de Medicina (CFM) criou um MEMORIAL VIRTUAL que ao mesmo tempo faz uma homenagem a essas trajetórias e dimensiona as perdas causadas pela doença nesse segmento específico. A plataforma entrou no ar nesta terça-feira (27), às 19h.

quinta-feira, 22 de outubro de 2020

1173 - A intersecção entre ciência e religião

Os avanços científicos e tecnológicos tiveram efeitos profundos na vida humana. No século 19, a maioria das famílias podia esperar perder um ou mais filhos devido a doenças. Hoje, nos Estados Unidos e em outros países desenvolvidos, a morte de uma criança por doença é incomum. Todos os dias contamos com tecnologias possibilitadas pela aplicação de conhecimentos e processos científicos. Os computadores e telefones celulares que usamos, os carros e aviões em que viajamos, os medicamentos que tomamos e muitos dos alimentos que comemos foram desenvolvidos em parte por meio de descobertas obtidas em pesquisas científicas. A ciência melhorou os padrões de vida, permitiu aos humanos viajar para a órbita da Terra e para a lua, e nos deu novas maneiras de pensar sobre nós mesmos e o universo.
A biologia evolutiva foi e continua a ser a pedra angular da ciência moderna. Este site das Academias Nacionais de Ciências, Engenharia e Medicina (EUA) documenta algumas das principais contribuições que uma compreensão da evolução fez para o bem-estar humano, incluindo suas contribuições para prevenir e tratar doenças humanas, desenvolver novos produtos agrícolas e criar inovações industriais. De forma mais ampla, a evolução é um conceito central na biologia que se baseia tanto no estudo das formas de vida passada quanto no estudo da relação e diversidade dos organismos atuais. Os rápidos avanços que estão sendo feitos agora nas ciências da vida e na medicina baseiam-se em princípios derivados de uma compreensão da evolução. Esse entendimento surgiu tanto através do estudo de um registro fóssil em constante expansão e, igualmente importante, através da aplicação de modernas ciências e tecnologias biológicas e moleculares ao estudo da evolução. É claro que, como acontece com qualquer área ativa da ciência, muitas questões fascinantes permanecem, e este livreto destaca algumas das pesquisas ativas em andamento que tratam de questões sobre a evolução.
No entanto, as pesquisas mostram que muitas pessoas continuam a ter dúvidas sobre nosso conhecimento da evolução biológica. Eles podem ter sido informados de que a compreensão científica da evolução é incompleta, incorreta ou duvidosa. Eles podem estar céticos de que o processo natural de evolução biológica poderia ter produzido uma variedade tão incrível de seres vivos, de bactérias microscópicas a baleias e sequoias, de simples esponjas em recifes de coral a humanos capazes de contemplar a história da vida neste planeta. Eles podem se perguntar se é possível aceitar a evolução e ainda aderir às crenças religiosas.
O site responde a essas perguntas. Ele foi escrito para servir como um recurso para pessoas que se encontram envolvidas em debates sobre evolução. Ele fornece informações sobre o papel que a evolução desempenha na biologia moderna e as razões pelas quais apenas explicações com base científica devem ser incluídas nos cursos de ciências das escolas públicas. Os leitores interessados ​​podem incluir membros do conselho escolar, professores de ciências e outros líderes educacionais, legisladores, acadêmicos jurídicos e outros membros da comunidade que estão comprometidos em fornecer aos alunos educação científica de qualidade.
http://www.nationalacademies.org/evolution/science-and-religion

domingo, 18 de outubro de 2020

1172 - Letra de médico. Teorias

A letra de médico não nasce com ele, mas surge por ele tomar anotações à velocidade da luz durante 6 anos.
Não dá para generalizar: na área médica, como em qualquer outra, há quem tenha garranchos e quem escreva bem. Ainda assim, há teorias sobre a origem do mito. Uma diz que, antigamente, quando não existiam laboratórios farmacêuticos, médicos faziam prescrições que só os boticários conseguiam decifrar. Assim, evitavam que o paciente se arriscasse fazendo o próprio remédio. Outra afirma que a pressa para anotar as aulas na faculdade causaria a letra ruim. Uma terceira é a de que, no passado, a maioria dos doutores eram homens – e eles normalmente teriam a letra pior do que a das mulheres.
[http://super.abril.com.br/mundo-estranho/por-que-medico-tem-letra-ruim/...]
Leia-se: "Paracetamol"
Em seu livro Oro y espadas. Curiosidades históricas de la Argentina cuando era española, Daniel Balmaceda nos dá a explicação histórica para esse problema. No século XV, foi criado na Espanha o Real Tribunal del Protomedicato, um órgão técnico encarregado de supervisionar as profissões relacionadas à saúde (como médicos e farmacêuticos). Um século depois, esse tribunal também foi instalado nas colônias espanholas da América.
O Protomedicato estabeleceu que os médicos tinham que escrever as prescrições médicas em latim, porque era considerada a língua mais culta. No entanto, com o passar do tempo e o aumento da população, registrou-se um número maior de pacientes, que se queixaram de não entender as receitas, pois o latim não era uma língua ensinada aos habitantes em geral.
Nesse contexto, no início do século XIX, foi dada a ordem para deixar de lado o latim e escrever as receitas em espanhol. Os médicos não receberam muito bem essa mudança, pois consideraram que o uso da linguagem das pessoas comuns desacreditava seu trabalho.
Apesar do descontentamento, eles tiveram de obedecer à ordem. No entanto, decidiram usar uma fonte cursiva difícil de ler, em retaliação à ordem emitida pelas autoridades. "Essa foi a sua vingança pela intromissão dos pacientes na relação epistolar com os farmacêuticos. Hoje, no século XXI, podemos tentar ler uma receita e verificar que a vingança continua...", explica Balmaceda em seu livro.
[http://www.vix.com/es/cultura-pop/186958/misterio-resuelto-ya-sabemos-porque-los-medicos-escriben-feo]
No Brasil, uma lei federal, uma portaria da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o Código de Ética Médica exigem que as receitas sejam legíveis.
694 - Letra de médico
1156 - É verdade que só farmacêutico entende letra de médico?

quinta-feira, 15 de outubro de 2020

quinta-feira, 8 de outubro de 2020

1170 - Pantone ajuda a desestigmatizar a menstruação

CNN Style - A Pantone® lançou um novo tom de vermelho, denominado "Período", para ajudar a desestigmatizar a menstruação.
A nova tonalidade - um "tom vermelho energizante e dinâmico que incentiva a positividade do período", de acordo com um comunicado de imprensa - foi lançada como parte da campanha Seen + Heard, uma iniciativa da marca sueca de cuidados femininos Intimina.
A menstruação continua sendo um tabu em muitas partes do mundo, afetando a saúde, a educação e o status socioeconômico das pessoas.
Na Índia, por exemplo, as mulheres às vezes são proibidas de cozinhar ou tocar em alguém durante a menstruação, por serem consideradas impuras ou sujas, o que pode contribuir para uma cultura de silêncio e desinformação sobre práticas de higiene. E, em uma região centro-oeste do Nepal, um estudo de 2019 descobriu que a prática de fazer as meninas dormirem em cabanas de menstruação ainda prevalece , apesar de uma proibição nacional.
O estigma também afeta as mulheres nos Estados Unidos, onde a pobreza do período - a falta de acesso a produtos de higiene menstrual acessíveis - afeta uma em cada cinco adolescentes.
"Apesar do fato de que bilhões de pessoas experimentam a menstruação, ela tem sido historicamente tratada como algo que não deve ser visto ou falado publicamente", disse a gerente de marca global da Intimina, Danela Žagar, em nota à imprensa.
"E se olharmos para a cultura popular, as descrições de períodos variam de totalmente imprecisas e antipáticas a objeto de piadas e escárnio."
A Pantone, que é mais conhecida por sua Cor do Ano (que este ano foi para o Classic Blue, um bálsamo para tempos incertos), já lançou em outras oportunidades cores relacionadas a questões sociais e ambientais.

quinta-feira, 1 de outubro de 2020

1169 - Alimentos ultraprocessados

Uma nota técnica do Ministério da Agricultura enviada ao Ministério da Saúde fez críticas e pediu a revisão do "Guia Alimentar para a População Brasileira", principalmente no que se refere à redução de alimentos ultraprocessados.
Alimentos ultraprocessados
São aqueles fabricados pela indústria com a adição de gordura, sal, açúcar, conservantes e demais substâncias que alteram o alimento in natura. São exemplos:
  • Refrigerante
  • Carne processada, como salsichas e hambúrgueres
  • Biscoitos industrializados
  • Salgadinhos
  • Macarrão instantâneo
Na nota técnica, o Ministério da Agricultura avaliou a classificação - chamada de NOVA - como "confusa, incoerente, que impede ampliar a autonomia das escolhas alimentares".
"A recomendação mais forte nesse momento é a imediata retirada das menções à classificação NOVA no atual guia alimentar e das menções equivocadas, preconceituosas e pseudocientíficas sobre os produtos de origem animal", diz trecho do documento da pasta.
O posicionamento do governo foi duramente criticado por especialistas, que lembram que órgãos internacionais e outros países adotam os padrões do guia brasileiro.
O Guia Alimentar oferece informações sobre alimentação e saúde com base em uma classificação que divide os alimentos de acordo com o nível de processamento em sua produção, além de alertar sobre doenças como obesidade e diabetes.
Reprodução de trecho do Guia Alimentar — Foto: Ministério da Saúde
Contra essa nota técnica do Ministério da Agricultura, o Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da Universidade de São Paulo (Nupens/USP) publicou seu posicionamento. O órgão científico é criador da classificação NOVA e ajudou na elaboração do Guia Alimentar.
"Tais críticas se resumem a afirmações não amparadas por qualquer evidência científica", afirma a nota do Nupens. Os pesquisadores da USP também rebatem a afirmação da nota técnica do Ministério da Agricultura de que o Guia Alimentar brasileiro seria "um dos piores do mundo".
"Assim não pensam organismos técnicos das Nações Unidas, como a FAO, a OMS e o UNICEF, que consideram o Guia brasileiro um exemplo a ser seguido. Assim não pensam os Ministérios da Saúde do Canadá, da França, do Uruguai, do Peru e do Equador, que têm seus guias alimentares e suas políticas de alimentação e nutrição inspirados no Brasil", afirmou o Nupens.
Lançado em novembro de 2014 pelo Ministério da Saúde, o Guia Alimentar tem como máxima o consumo mínimo de alimentos ultraprocessados.
"Prefira sempre alimentos in natura ou minimamente processados e preparações culinárias a alimentos ultraprocessados. A regra de ouro é: descasque mais e desembale menos", informa o texto do Guia Alimentar de 2014.

quinta-feira, 24 de setembro de 2020

1168 - Guia alimentar para a população brasileira

Publicado pelo Ministério da Saúde em 2014, o GUIA ALIMENTAR PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA, apresentou as primeiras diretrizes alimentares oficiais para a nossa população. Diante das transformações sociais vivenciadas pela sociedade brasileira, que impactaram sobre suas condições de saúde e nutrição, fez-se necessária a apresentação de novas recomendações. A segunda edição do guia passou por um processo de consulta pública, que permitiu o seu amplo debate por diversos setores da sociedade e orientou a construção da versão final, aqui apresentada.
Tendo por pressupostos os direitos à saúde e à alimentação adequada e saudável, o guia é um documento oficial que aborda os princípios e as recomendações de uma alimentação adequada e saudável para a população brasileira, configurando-se como instrumento de apoio às ações de educação alimentar e nutricional no SUS e também em outros setores. Considerando os múltiplos determinantes das práticas alimentares e, a complexidade e os desafios que envolvem a conformação dos sistemas nalimentares atuais, o guia alimentar reforça o compromisso do Ministério da Saúde de contribuir para o desenvolvimento de estratégias para a promoção e a realização do direito humano à alimentação adequada.
O que você encontra neste GUIA ALIMENTAR
O capítulo 1 descreve os princípios que nortearam sua elaboração. Estes princípios justificam, de início, o tratamento abrangente dado à relação entre alimentação e saúde, levando em conta nutrientes, alimentos, combinações de alimentos, refeições e dimensões culturais e sociais das práticas alimentares. A seguir, esses princípios fundamentam a proposição de recomendações que consideram o cenário da evolução da alimentação e da saúde no Brasil e a interdependência entre alimentação adequada e saudável e sustentabilidade do sistema alimentar. Por fim, apoiam o uso que este guia faz do conhecimento gerado por diferentes saberes e sustentam o seu compromisso com a ampliação da autonomia das pessoas nas escolhas alimentares e com a defesa do direito humano à alimentação adequada e saudável.
O capítulo 2 enuncia recomendações gerais sobre a escolha de alimentos. Estas recomendações, consistentes com os princípios orientadores deste guia, propõem que alimentos in natura ou minimamente processados, em grande variedade e predominantemente de origem vegetal, sejam a base da alimentação.
O capítulo 3 traz orientações sobre como combinar alimentos na forma de refeições. Essas orientações se baseiam em refeições consumidas por uma parcela substancial da população brasileira que ainda baseia sua alimentação em alimentos in natura ou minimamente processados e em preparações culinárias feitas com esses alimentos.
O capítulo 4 traz orientações sobre o ato de comer e a comensalidade, abordando as circunstâncias – tempo e foco, espaço e companhia – que influenciam o aproveitamento dos alimentos e o prazer proporcionado pela alimentação.
O capítulo 5 examina fatores que podem ser obstáculos para a adesão das pessoas às recomendações deste guia – informação, oferta, custo, habilidades culinárias, tempo e publicidade – e propõe para sua superação a combinação de ações no plano pessoal e familiar e no plano do exercício da cidadania.
As recomendações deste guia são oferecidas de forma sintetizada em "Dez Passos para uma Alimentação Adequada e Saudável".
Em uma seção final, são relacionadas sugestões de leituras adicionais, organizadas por capítulos, as quais aprofundam os temas abordados e discutidos neste material.
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Guia alimentar para a população brasileira / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – 2. ed., 1. reimpr. – Brasília : Ministério da Saúde, 2014. 156 p. : il. ISBN 978-85-334-2176-9

quinta-feira, 17 de setembro de 2020

1167 - Genoma completo da vacina brasileira contra tuberculose é desvendado

A variante da vacina BCG utilizada no Brasil para imunização contra tuberculose – a BCG Moreau RDJ – teve o seu código genético integralmente desvendado por especialistas do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz). O estudo publicado na edição de outubro do periódico Journal of Bacteriology foi liderado pela pesquisadora Leila Mendonça Lima, do Laboratório de Genômica Funcional e Bioinformática do IOC, e realizou a descrição do DNA completo da cepa vacinal. Esta é a terceira variante da BCG a ter seu genoma completamente sequenciado no mundo. Os dados obtidos são fundamentais para avanços futuros, como o aprimoramento da vacina e o desenvolvimento de novos imunizantes combinados. A sequencia genômica completa com anotação detalhada foi tornada pública no banco de dados EMBL/Genbank.
A identificação de todas as sequências de nucleotídeos e genes que formam o DNA da cepa de Mycobacterium bovis atenuada, utilizada na fabricação da vacina brasileira contra a tuberculose, representa um passo fundamental na luta contra a doença no país. "Foram necessários anos de trabalho minucioso e detalhado, quase artesanal, em que foi preciso estudar e descrever cada pequena e complexa região do genoma, além de comparar nossos resultados com a literatura, para predizer com exatidão os genes e as diferenças em relação a genomas de referência", descreve Leila. "A partir de agora, temos uma grande quantidade de informação sobre a cepa vacinal brasileira, com um alto grau de detalhamento, que poderá ser utilizada para fortalecer e diversificar as linhas de pesquisa desenvolvidas no Brasil e no mundo sobre a doença", comemora. O projeto, financiado pela Fundação Ataulpho de Paiva e pela Fiocruz, através do programa PDTIS, resultou também em ferramentas para a rastreabilidade da cepa vacinal.
Os resultados obtidos no IOC abrem caminho para o aprimoramento da própria vacina, a sua identificação clínica e microbiológica, e o desenvolvimento de novos imunizantes. "Podemos usar estas informações para estudos que visem melhorar a imunoproteção, reduzir os possíveis efeitos colaterais e melhorar o controle de qualidade da vacina brasileira, por exemplo", enumera a pesquisadora. "Também será possível pensar em vacinas recombinantes de DNA que imunizem contra tuberculose e outros agentes causadores de doenças, como protozoários, vírus e bactérias, promovendo alterações no DNA da BCG Moreau", cogita.
Leia a íntegra deste artigo de Marcelo Garcia em Comunicação - Instituto Oswaldo Cruz.
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Metrópoles, 10/09/2020 - Conhecida por oferecer uma resposta imunológica robusta, a vacina BCG – contra tuberculose – será testada no Brasil e em outros três países para avaliar o potencial na prevenção contra a Covid-19. A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) conduzirá um estudo clínico em território brasileiro com o recrutamento de 3 mil voluntários saudáveis, todos profissionais de saúde que atuam no enfrentamento ao novo coronavírus, no Rio de Janeiro e em Mato Grosso do Sul. Os pesquisadores acreditam que a vacina estimula a resposta inata do sistema imunológico contra a infecção por diversos patógenos. Outros estudos mostram que países com cobertura da BCG têm índices mais baixos de mortes pela Covid-19 por milhão de habitantes. Agora, eles querem verificar se a vacina tem potencial para proteger contra a infecção do novo coronavírus ou se pode atenuar a doença nos pacientes da Covid-19. A pesquisa, em parceria com o instituto australiano Murdoch Children’s Research Institute, está na fase 3 e acontece também na Austrália, Espanha e Reino Unido. Ela é financiada pela Fundação Gates e conta com o apoio da Organização Mundial da Saúde (OMS).

quinta-feira, 10 de setembro de 2020

1166 - Fatos imprecisos

Em "A origem do homem", Charles Darwin escreveu uma frase que deveria ser gravada em bronze na entrada de todas as faculdades de ciências:
Fatos imprecisos são altamente prejudiciais para o progresso da ciência, pois levam muito tempo para desaparecer; mas opiniões imprecisas, se baseadas em evidências, não causam grandes perturbações, pois todos sentem prazer especial em provar sua falsidade [...].
Ilustração do livro de Vesalius




A velha raposa escreveu sabiamente: substitua "fatos imprecisos" por "fatos falsos" e você saberá que ele estava se referindo a uma má influência que afeta a ciência desde o início: a mitologia religiosa.
Não deveria surpreender a importância que um único osso tem na genealogia humana da perspectiva das três religiões abraâmicas. Segundo Gênesis (23/2), Eva surgiu da costela de Adão. Esse relato deu origem a um dogma absurdo imposto por séculos: como Eva fora criada ao extrair uma costela de Adão, todos os homens tinham 23 costelas, uma a menos que as mulheres.
O impulso de explicar cientificamente a natureza das coisas foi o que levou Andreas Vesalius a desafiar a Inquisição. Desde o tempo do Galeno grego, a dissecção anatômica era realizada com animais, mas a Igreja Católica permitiu que Vesalius dissecasse os corpos dos executados porque, segundo os teólogos, não havia risco de que suas almas retornassem do inferno. Vesalius contou as costelas e desfez o mito em seu De Humani Corporis Fabrica (1543). Sua alta posição social como médico pessoal de Carlos V e Felipe II o livrou de terminar nas masmorras.
Manuel Peinado Lorca
Extraído de: ¿Por qué el parto humano es tan doloroso? GRANDES MEDIOS

quinta-feira, 3 de setembro de 2020

1165 - Horace Wells, um pioneiro da anestesia

A história da anestesia começa com um desastre pessoal e um grande triunfo coletivo. Um dia, em 1844, Horace Wells, um jovem dentista de Connecticut (EUA), decidiu ir a um circo que passava por Boston. Uma parte do espetáculo era baseada no óxido nitroso, o gás do riso, explorando os efeitos jocosos de sua administração em voluntários.
Algo incomum aconteceu no dia exato em que Wells esteve lá: um dos participantes tropeçou enquanto corria no palco, e sofreu um corte profundo na perna. Foi então que ocorreu um evento fundamental: longe de parar ou gritar, ele continuou correndo e rindo como se nada lhe tivesse acontecido.
Obviamente, se a queda foi fundamental, não foi menos a atenção seletiva do dentista Wells. Esse gás poderia ser a solução para o sofrimento de seus pacientes. Ele conversou com Gardiner Colton, o químico do circo, e, depois de inalar uma dose do óxido, deixou que lhe extraíssem um dente. E não sentiu dor nenhuma.
É provável que a anestesia moderna tenha nascido ali, embora Wells mal a visse. Depois de testar com sucesso o óxido nitroso em outras pessoas, ele foi chamado para uma manifestação pública no Massachusetts General Hospital.
Mas algo deu errado. Assim que ele começou a extrair um dente de um voluntário, ele começou a se mexer, dando gritos desesperados. Não se sabe se houve um erro na dose ou no modo de administração do óxido. Três anos depois, humilhado, aposentado e bêbado, Wells cometeu suicídio. (*)
Assim, ele não pôde ver que seu colega e amigo William Morton continuaria a investigação, embora com éter no lugar de óxido nitroso. Morton também foi convidado pelo Massachustts e, ao contrário de Wells, foi bem-sucedido na demonstração. E Wells tampouco viu que, anos depois, o próprio Gardiner Colton, fazendo parceria com outro dentista, também demonstraria a eficácia do óxido nitroso.
Siga lendo ...
http://www.agenciasinc.es/Reportajes/El-funcionamiento-de-la-anestesia-continua-siendo-un-misterio
(*) É inegável ter sido Horace Wells um importante pioneiro da anestesia, pois foi o primeiro a reconhecer as propriedades do óxido nitroso (única droga anestésica do século XIX que ainda está em uso).

quinta-feira, 27 de agosto de 2020

1164 - Principais pandemias da história

A pandemia é uma epidemia que atinge proporções maiores, podendo se espalhar por um ou mais continentes ou por todo o mundo.
1. Praga de Justiniano (541-542): 30-50 milhões de mortes.
2. Peste Antonina (165-180): 5 milhões de mortes
3. Epidemia de varíola japonesa (735-737): 1 milhão de mortes
4. Peste-negra (1347-1351): 200 milhões de mortes
5. Varíola (1520): 56 milhões de mortes
6. Grandes pestes do século XVII (1600): 3 milhões de mortes
7. Grandes pestes do século XVIII (1700): 600 mil mortes
8. A terceira peste (1855): 12 milhões de mortes
9. Cólera (1817-1923): 1 milhão de mortes
10. Gripe espanhola (1918-1919): 40-50 milhões de mortes
11. Gripe russa (1889-1890): 1 milhão de mortes
12. HIV/AIDS (1981-atualidade): 25-35 milhões de mortes
13. Febre Amarela (final dos anos 1800): 100 mil – 150 mil mortes
14. Ebola (2014-2016): 11 300 mortes
15. Gripe Suína (2009-2010): 200 mil mortes
16. Covid-19 (2019-atualidade): . . .
[http://blogdomarcelogurgel.blogspot.com/2020/04/diante-da-morte-todos-viramos-filosofos.html]
Durante a peste bubônica, uma das coisas mais marcantes foi o traje utilizado pelos médicos. Tratava-se de uma roupa que cobria da cabeça aos pés e uma máscara com um bico de pássaro. O motivo desses trajes é o desconhecimento científico acerca da doença. Na época, a teoria corrente para a disseminação de doenças infecciosas era a miasmática. Formulada por Thomas Sydenham, médico inglês e Giovani Maria Lancisi, italiano que defendia que as moléstias tinham origem nos miasmas. Esse era o conjunto de odores fétidos, que vinham de matéria orgânica em putrefação e da água contaminada.
Isso causaria então um desequilíbrio nos fluídos corporais do paciente. Além disso, acreditava-se que perfumes fortes poderiam proteger da peste. Sendo assim, a lógica das máscaras era essa: evitar que o miasma chegasse ao nariz dos médicos. O bico da máscara era preenchido com teriaga, uma combinação com mais de 55 ervas e outras especiarias. Essa combinação, desde a Grécia Antiga, era tida como antídoto para qualquer envenenamento. A ideia era de que a forma de bico proporcionasse tempo para purificar o ar.
Charles de Lorme foi o médico responsável pela criação da roupa durante a peste bubônica. Ele cuidou da realeza francesa durante o século 17, entre eles, do rei Luís XIII.
Além dessa máscara curiosa, o visual era composto por uma camisa por dentro das calças, que se conectavam à botas. Havia ainda um casaco coberto por cera perfumada, chapéu e luvas feitas de couro de carneiro. Para completar o traje usado pelos médicos, uma vara para afastar os doentes.

quinta-feira, 20 de agosto de 2020

1163 - Mitridatismo

mitridatismo (mi.tri.da.tis.mo) s.m. tolerância ou resistência a um veneno pela ingestão de doses cada vez maiores, porém não letais, da substância tóxica; resiliência toxicológica. [derivado do antropônimo Mitridates, esp. de Mitridates VI, que teria adquirido tal imunidade desta maneira] 


Mitrídates VI
(132 a.C. – 63 a.C.), também chamado de Mitrídates Magno, foi rei do Ponto (região correspondente ao norte da Turquia) de 120 a.C. até sua morte. Considerado um inimigo de Roma, seus inimigos tramaram por diversas vezes envenená-lo. Ciente dessa possibilidade, Mitrídates começou a ingerir venenos em pequenas doses repetidas, depois de testá-los previamente em prisioneiros e escravos, garantindo assim as doses que seriam seguras para ingerir.
Em sua busca por antídotos, ele também testou os efeitos destes sobre os presos, administrando-os antes de lhes dar o veneno ou logo após envenená-los. Desta forma, acredita-se que ele também descobriu vários antídotos contra substâncias tóxicas. Mas o que o tornou famoso foi o Mithridacum, uma poção complexa produzida por seu médico de câmara, composta por 54 ingredientes que o rei chegou a tomar diariamente e que foi considerado por décadas como um antídoto universal.
Conforme a lenda, após ser derrotado por Pompeu, Mitrídates tentou o suicídio por envenenamento - sem efeito devido a sua resistência. Teria, então, forçado um de seus servos a matá-lo com a espada. Esta história é contada na peça "Mitrídates" (1673), de Jean Racine, e na ópera "Mitridate, re di Ponto" (1770), de Mozart.
O processo do mitridatismo é utilizado na produção do soro antiofídico, entre outras aplicações práticas.

quinta-feira, 13 de agosto de 2020

1162 - Quem é doutor?

por Elcio Luiz Bonamigo
O termo doutor é um título ou forma de tratamento cuja utilização desperta dúvidas tanto nos meios sociais como acadêmicos. A origem do termo encontra-se na palavra latina doctor, que significa mestre ou professor, pertencente à família do verbo docere, cuja tradução é ensinar. Um doutor, considerando-se do ponto de vista estritamente etimológico da palavra, é aquele que ensina. O uso e o tempo acrescentaram outros significados para doutor que se somaram àquele original. Segundo os nossos atuais dicionários Aurélio, Houaiss e Michaelis, doutor, em suma, significa:
1º) aquele que cursou o doutorado; 2º) o médico; 3º) o advogado; 4º) o delegado de polícia; 5º) o juiz; 6º) uma pessoa considerada muito culta, importante; 7º) por cortesia, todo o indivíduo formado em curso superior; 8º) o portador do título "Doctor honoris causa".
Aquele que cursou o grau acadêmico de doutorado é considerado doutor no sentido etimológico da palavra, ou seja, de um professor dedicado ao ensino. No entanto, já existem alguns destes doutores que preferem não compartilhar o título com outros, de menor grandeza, por lhes parecer um tanto desvirtuado. Isto é: preferem ser simplesmente mestres ou professores que doutores. Portugal, nosso país descobridor, resolveu parcialmente este problema denominando doutor, por extenso, àquele que possui o doutorado e dr., abreviado, aos demais mortais. Desta forma, pelo tamanho do doutor que precede o nome pode deduzir-se a importância do seu portador.
Diz a léxica nacional, bem como a internacional, que o termo doutor aplica-se especialmente aos advogados e médicos. Esta significação tem origem, quiçá, nas antigas universidades de Bolonha e Montpellier que tinham a tradição de conferir tais títulos especialmente a estas duas categorias. Conta-se que aqui mesmo no Brasil teria havido uma legislação similar a corroborar com esta observação.
A prevenção, o diagnóstico e o tratamento de doenças, características tradicionais da Medicina, ajudaram a correlacionar este profissional com alguém que explica e, consequentemente, ensina, ou seja, com um doutor (doctor). Desta forma, o doutor médico passou a compartilhar do título atribuído tradicionalmente ao doutor professor.
Segundo os dicionários supracitados, juízes e delegados também são especificamente denominados doutores. No entanto, pessoas muito sábias ou importantes, mesmo não portadoras de título universitário ou doutorado, também são consideradas doutores perante a população, principalmente em países com maior desigualdade social como o Brasil.
Doutor também se aplica, por cortesia, a todos os demais formados em cursos superiores. Isto mesmo: a todos, por cortesia, segundo o dicionário Houaiss. Neste sentido, o título de doutor, afirma textualmente o gramático Celso Cunha: "Recebem-no não só os médicos e os que defenderam tese de doutoramento, mas, indiscriminadamente, todos os diplomados por escolas superiores".
Algumas categorias profissionais não costumam utilizar o título doutor como forma de tratamento mútuo, tais como os contadores, entre outras. Em situação diferente está a Odontologia, antiga especialidade da Medicina que foi declarada profissão independente há três séculos pelo médico Pierre Fauchard, cujos profissionais são usual e naturalmente denominados doutores pela população, mesmo que isto não seja por eles exigido, mas curiosamente não está previsto de forma explícita nos três principais dicionários nacionais, e deveria estar. Em outra posição encontram-se os enfermeiros e fisioterapeutas os quais estimulam, através de Resoluções dos seus Conselhos Profissionais, o uso do título de doutor entre os seus membros por ser uma forma de tratamento gramaticalmente possível aos diplomados universitários. Os italianos, que inventaram tantas coisas boas, menos o macarrão que foi façanha dos laboriosos chineses, utilizam dottore para aqueles que fizeram doutorado e também para médicos e advogados, segundo afirmam os dicionários Garzanti e Zingarelli. Esta língua, que foi a primeira flor do Lácio, nascida e desenvolvida em berço toscano para reinar em toda a Itália por ser culta e bela, qualifica os seus cidadãos com sua respectiva profissão precedendo o nome. Trata-se de uma forma especial de tratamento, considerada elegante e respeitosa para distinguir os seus vários profissionais. No entanto, o médico é especialmente denominado dottore.
Existe também o título acadêmico "Doctor honoris causa", que é conferido por uma universidade a alguém com méritos, como forma de homenagem, independente de submissão a cursos ou exames. Nesta categoria encontra-se o doutor Lula, excelentíssimo presidente do Brasil, primeiramente consagrado um doutor de fato pelo seu povo, através das eleições, e posteriormente tornado um doutor de direito por Universidades do Brasil e do exterior. Vamos omitir propositadamente a análise dos títulos "Doutor da Lei" e "Doutor da Igreja" por precederem esta nova safra doutoral que passou a ser cultivada somente a partir da alta idade média.
Os médicos, portanto, não estão sós nesta plêiade doutoral, mas constituem uma constelação de primeira grandeza, posicionada em local que não permite o ofuscamento por outras, também brilhantes, e nem pode confundir-se com as bruxuleantes. A duração e intensidade do seu brilho, porém, vai depender da própria organização interna, da renovação constante de seus conhecimentos e da luta incessante pelo reconhecimento da sua inquestionável e insubstituível importância perante e para a sociedade. Tudo isto sem prejuízo do brilho e da importância de outras categorias que terão todo o espaço possível para cintilar conjunta e sinergicamente. Para tanto, a categoria médica conta com muitos líderes de primeira grandeza que lutam incansavelmente pelo êxito da sua gigantesca missão. Ao seu lado somam-se aqueles que com as suas exemplares condutas, profissionais e sociais, espantam a apatia de alguns e robustecem as próprias bases para vencer honrosamente os crescentes e cada vez mais insistentes desafios. E todos juntos, sem declinarmos de nenhum ato, mas atuando sinergicamente, os doutores médicos continuaremos cumprindo as missões que nos foram especialmente confiadas há alguns milênios tanto pelo Deus como pelo Pai da Medicina, em nome e para o bem da própria humanidade.
In: http://portal.cfm.org.br. Publicado em 29/11/1999. Acessado em 21/07/2020

quinta-feira, 6 de agosto de 2020

1161 - Radium Girls

Nos Estados Unidos, no início do século XX, tornaram-se comuns o uso de relógios que brilhavam no escuro.
Para fazer com que os relógios brilhassem, os fabricantes usavam um material à base de rádio em pó, goma arábica e água. Em três diferentes fábricas da Radium Corporation, mulheres encarregavam-se de pintar os mostradores desses relógios.
Os pincéis eram feitos de pelos de camelo. Quando as pontas desses instrumentos começavam a ficar rombas, as operárias eram recomendadas que "afinassem" as pontas com a boca. Por diversão, muitas trabalhadoras também pintavam suas unhas, rosto e dentes com a tinta radioluminescente.
(Enquanto isso, familiarizados com os efeitos prejudiciais do rádio, proprietários e químicos evitavam cuidadosamente qualquer exposição a ele.)
As consequências vocês podem imaginar. Expostas a um elemento radioativo, muitas trabalhadoras passaram a apresentar anemia, fraturas ósseas e necrose da mandíbula, uma condição que é conhecida como mandíbula de rádio. E, ao ingressaram na justiça com processos por indenizações trabalhistas, ficaram conhecidas como Radium Girls.

quinta-feira, 30 de julho de 2020

1160 - O segundo sono

Brendan Monroe
A ideia de que deveríamos dormir em pedaços de oito horas é relativamente recente. A população mundial dorme de maneiras variadas e surpreendentes. Milhões de trabalhadores chineses continuam a colocar a cabeça nas mesas por uma soneca de uma hora depois do almoço, por exemplo, e a soneca diurna é comum da Índia à Espanha.
Um dos primeiros sinais de que a ênfase em um sono direto de oito horas havia perdido sua utilidade surgiu no início dos anos 90, graças a um professor de história da Virginia Tech chamado A. Roger Ekirch, que passou horas investigando a história da noite e começou a notar estranhas referências ao sono. Um personagem dos "Contos de Canterbury", por exemplo, decide voltar para a cama depois de seu "sono firme". Um médico na Inglaterra escreveu que o tempo entre o "primeiro sono" e o "segundo sono" era o melhor momento para estudo e reflexão.
- - - Nascido em 1950, em Washington DC, Ekirch é conhecido internacionalmente por sua pesquisa pioneira em padrões de sono pré-industriais, a qual foi publicada pela primeira vez em "Sono que perdemos: sono pré-industrial nas ilhas britânicas" (The American Historical Review , 2001) e, mais tarde, em seu livro "At Day's Close: Night in Times Past" (WW Norton, 2005).
Diz Roger Ekirch:
"Primeiro, eu temia ter que investigar a história do sono. O sono humano parecia impermeável ao tempo e ao lugar, teimosamente imune ao elemento de mudança que anima a maioria das obras da história. Meu próprio sono foi alegremente tranquilo. Não surpreende, a meu ver, que os historiadores, com exceção de alguns estudos sobre sonhos, não tenham explorado um tópico manifestamente monótono e sem intercorrências. Samuel Johnson respondeu sua própria pergunta quando se perguntou em 1753 por que 'um benfeitor tão liberal e imparcial como o sono deveria encontrar-se com tão poucos historiadores'. Mas eu havia começado a escrever um livro sobre a noite nos séculos anteriores à Revolução Industrial, e omitir o sono era impensável."
"O irmão da morte ocupa uma terceira parte de nossas vidas", escreveu Sir Thomas Browne. Morte - tradicionalmente a metáfora mais comum para dormir."
"Mais do que isso, prossegue Ekirch, descobri que o sono pré-industrial era segmentado. Ao contrário do sono contínuo que buscamos alcançar, o sono costumava consistir em dois intervalos principais, um 'primeiro sono' e um 'segundo sono', intervalados após a meia-noite por uma hora ou mais de vigília, na qual as pessoas faziam praticamente tudo. A julgar pelas referências textuais já na "Odisséia" de Homero, o modo predominante de sono durante idades era bifásico. "Eneida" de Virgílio,composto no primeiro século aC , fala da 'hora que encerra o primeiro sono, quando o carro da noite ainda tinha realizado apenas metade de seu curso'.
Há muitas outras referências a esse padrão de sono segmentado em registros históricos e textos literários.
  • "Ele sabia disso, mesmo com o horror com que começou desde o primeiro sono, e levantou a janela para dissipá-lo pela presença de algum objeto, além do quarto, que não tinha sido, por assim dizer, a testemunha de sua morte." Charles Dickens, "Barnaby Rudge" (1840)
  • "Dom Quixote seguiu a natureza e, satisfeito com seu primeiro sono, não solicitou mais. Quanto a Sancho, ele nunca quis um segundo, pois o primeiro durou da noite para a manhã." Miguel Cervantes, "Dom Quixote" (1615)
  • "E ao despertar do seu primeiro sono, você terá feito um drink quente, e ao despertar do seu próximo sono, suas tristezas terão um abalo." Balada inglesa antiga, "Old Robin" de Portingale
Fontes:
http://www.nytimes.com/2012/09/23/opinion/sunday/rethinking-sleep.html
http://harpers.org/archive/2013/08/segmented-sleep/.
http://en.wikipedia.org/wiki/Roger_Ekirch
http://pt.quora.com/Quais-s%C3%A3o-os-fatos-curiosos-sobre-o-sono
Relacionado:
543 - Seus antepassados não dormiam como você

quinta-feira, 23 de julho de 2020

1159 - Infodemia, a epidemia de informações

No contexto da pandemia do COVID-19, o fenômeno de uma "infodemia" subiu para um nível que requer uma resposta coordenada. Um infodêmico é uma superabundância de informações - algumas precisas e outras que não ocorrem durante uma epidemia. Torna difícil para as pessoas encontrar fontes confiáveis ​​e orientações confiáveis ​​quando precisam. Mesmo quando as pessoas têm acesso a informações de alta qualidade, ainda existem barreiras que devem ser superadas para tomar as medidas recomendadas. Como patógenos em epidemias, a desinformação se espalha mais e mais rapidamente e adiciona complexidade à resposta a emergências de saúde. Um infodêmico não pode ser eliminado, mas pode ser gerenciado. Para responder efetivamente às infodêmicas, a OMS pede adaptação, desenvolvimento, validação e avaliação de novas medidas e práticas baseadas em evidências para prevenir, detectar e responder a desinformação e desinformação. No contexto desta reunião - 1st WHO Infodemiology Conference -, "infodemiologia" é definida como a ciência do gerenciamento de infodemias.
Conferência científica debate a chamada epidemia de informações
Terminou, nesta terça-feira (21), a primeira conferência científica sobre a chamada epidemia de informações. Na pandemia, as fake news estão custando vidas.
Durante três semanas, a Organização Mundial da Saúde reuniu 110 especialistas de 14 áreas diferentes para debater a infodemia. É a superpropagação de informações, muitas vezes falsas, e capazes de se multiplicar de forma exponencial - como o próprio coronavírus.
Em uma crise como essa, a desinformação pode ter sérios impactos na saúde e até matar.
Não à toa, a OMS já tinha criado uma página na internet para desmentir rumores. Por exemplo, uma teoria da conspiração que apontava a tecnologia 5g como responsável pela propagação do novo coronavírus. No Reino Unido, pessoas que acreditaram nessa informação falsa incendiaram quase 100 torres de sinal e atacaram funcionários de operadoras de celular.
Outro rumor que a OMS desmentiu foi sobre o metanol. Mais de 700 pessoas morreram, no Irã, por ingerir esse tipo de álcool na esperança de matar o vírus.
Preocupada com a propagação das chamadas fake news, a OMS resolveu ir além. Os especialistas convocados concluíram que uma epidemia de desinformação precisa de uma resposta coordenada e multidisciplinar.
A organização prometeu trabalhar com a comunidade científica para ajudar países a diagnosticar e a combater esse mal.
Segundo a OMS, em um mundo com mais e mais celulares conectados à internet, mensagens falsas se alastram muito rapidamente pelas redes sociais, como um vírus. Por isso, mandou um recado: "não compartilhem informações antes de confirmá-las".