Mostrando postagens com marcador fungos. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador fungos. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

1190 - Alimentos mofados

Os mofos ou bolores são uma concentração muito grande de fungos, organismos considerados decompositores na natureza e presentes em qualquer lugar em que haja matéria orgânica disponível. Assim, a tal "penugem" que costumamos ver no alimento mofado são as hifas, ou seja, as estruturas filamentares que compõem o corpo dos fungos.
O fungo, por si só, não causa mal. Mas alguns tipos deles produzem micotoxinas (substâncias tóxicas) que causam desde intoxicações alimentares até câncer hepático. Como existem milhares de tipos de mofos, fica difícil saber se o que se desenvolveu em determinado alimento fará mal ou não à saúde. Então, na dúvida, o melhor é não consumir o pão, a fruta, o iogurte ou qualquer outra comida com o aspecto mofado.
Contudo, nem todos os alimentos mofados podem ser considerados maléficos ao organismo humano. Desde muito tempo, os fungos são utilizados na preparação de queijos como o gorgonzola (imagem abaixo), certos tipos de salame e bebidas fermentadas. Nesses casos, os fungos são de utilização controlada e suas propriedades são conhecidas.
Leitura complementar
Somos queijo gorgonzola, por Maitê Proença. Blog EM

terça-feira, 14 de abril de 2015

728 - Pneumocistose

A pneumocistose é uma infecção oportunista causada pelo fungo unicelular Pneumocystis jirovecii (antes referido como Pneumocystis carinii). Acomete, em geral, pessoas imunodeprimidas por AIDS, por alguns cânceres ou pessoas que estão sob algumas medicações que afetam o sistema imune.
Os sintomas da pneumocistose são febre, tosse seca (não produtiva, porque o escarro é muito viscoso para a tosse se tornar produtiva), dispneia, perda ponderal e suores noturnos. Além do pulmão, o fungo pode eventualmente invadir outros orgãos como o figado, o baço e os rins.
Suspeita-se da enfermidade na presença de febre e tosse seca em pacientes imunocomprometidos. Alterações pulmonares na radiografia de tórax, como infiltrados intersticiais difusos, uma desidrogenase lática aumentada no soro e uma hipoxemia mostrada pela gasometria arterial também reforçam a suspeita.
O diagnóstico é confirmado pela identificação do parasita (imagem) no escarro, em lavado brônquico ou em biopsia do parênquima pulmonar.
Pneumocystis jirovecii, formerly known as Pneumocystis carinii, is present in this lung impression smear, using Giemsa stain.Pneumocystis jirovecii, is found in the environment, as well as in the lungs of healthy humans and animals, causing disease in immunosuppressed individuals, and is arguably the most important cause of pneumonia in the immunocompromised host.
O tratamento é realizado com medicamentos específicos que atuam contra o microorganismo, classicamente o co-trimoxazol (trimetoprim-sulfametoxazo). É comum a administração concomitante de corticoterapia para atenuar a reação inflamatória. Outras medicações usadas, quer isoladamente quer combinadas, são a pentamida, a dapsona, a primaquina, a clindamicina, entre outras. O tratamento tem geralmente a duração de 21 dias.
Mesmo com o tratamento a doença tem uma letalidade entre 10 e 30 por cento. Para prevenir a sua recorrência, os doentes com AIDS em que a pneumonia por Pneumocystis foi tratada com êxito usam profilaticamente o co-trimexazol ou a pentadimina em aerossol.
Carta do pneumologista Carlos Alberto de Castro Pereira ao editor do Jornal Brasileiro de Pneumologia
Senhor Editor:
A surpresa está na página 1475 da edição 2004 do Current Medical Diagnosis and Teatment: Pneumocystosis (Pneumocystis jiroveci Pneumonia). Nas considerações gerais o autor do capitulo diz que o Pneumocystis carinii é um fungo que foi encontrado nos pulmões de uma variedade de animais selvagens e domesticados e que o Pneumocystis jiroveci, a espécie que afeta os humanos, é distribuída mundialmente. A fonte citada destas afirmações é um artigo de Stringer Jr e col, publicado em 2002.
Senhor Editor: P. carinii foi primeiramente descrito em 1909 por Carlos Chagas, que o confundiu com uma forma cística de Trypanosoma cruzi em um cobaio experimentalmente infectado com T. cruzi. Em 1910, o ítalo-brasileiro, Antonio Carini observou cistos semelhantes em ratos com tripanossomíase experimental, mas ele suspeitou que os cistos eram de um agente desconhecido. Ele enviou amostras a seu colega Laveran, do Instituto Pasteur, para exames. Em 1912, os estudantes de Laveran e Delanoe, encontram cistos semelhantes em ratos livres de Trypanossoma e chamaram o novo agente de P.carinii, em homenagem ao pesquisador brasileiro.
Senhor Editor: P. carinii foi inicialmente associado com pneumonia clínica em humanos logo após a Segunda Guerra Mundial em órfãos europeus desnutridos e submetidos a aglomerações. Daquela época até os anos 80, a pneumonia por P. carinii era incomum, ocorrendo primeiramente em pacientes imunocomprometidos por terapia para o câncer ou deficiências imunológicas congênitas. Sua incidência então subiu acentuadamente, coincidindo com o surgimento da AIDS.
Senhor Editor: Técnicas elaboradas de biologia molecular na última década, por análise de DNA, demonstraram que o Pneumocystis é um fungo, embora impar, não tendo ergosterol e sendo de difícil crescimento em cultura. Logo após a classificação apropriada do Pneumocystis, estudos adicionais de DNA mostraram que os Pneumocystis de diversas espécies são bastante diferentes, o que levou Frenkel em 1999 a propor o nome P.jiroveci, em homenagem ao parasitologista tcheco Otto Jirovec, a quem o autor credita a descrição do agente em humanos. O artigo de Stringer fortalece a sugestão de Frenkel, e o nome foi adotado por este popular livro de medicina.
Senhor Editor: Em uma carta à revista onde Stringer e cols sugeriram a mudança de nome, Walter T. Hughes, do Tennesee, questiona esta sugestão, com base em duas afirmações: 1) O arrazoado para a escolha de jiroveci não é convincente. O código Internacional de Nomenclatura Botânica afirma que a nomenclatura de um grupo taxonômico é baseada na prioridade de publicação e; 2) a publicação de Jirovec em 1952 não foi a primeira a relatar a infecção por P.carinii em pulmões humanos, o que foi feito em 1942 por dois investigadores alemães.
Continuemos com Antonio Carini. Lembram da recente discussão Santos Dumont vs irmãos Whight?
CAC Pereira
Jornal Brasileiro de Pneumologia
Print version ISSN 1806-3713
J. bras. pneumol. vol.30 no.1 São Paulo Jan./Feb. 2004
http://dx.doi.org/10.1590/S1806-37132004000100017

quinta-feira, 18 de julho de 2013

518 - A riqueza fúngica do corpo humano

No primeiro estudo deste tipo, uma equipe dos EUA catalogou os diferentes grupos de fungos que vivem sobre o corpo humano.
Uma equipe liderada pelo Instituto Nacional de Pesquisa do Genoma Humano, em Bethesda, Maryland, sequenciou o DNA dos fungos que vivem sobre a pele em 14 diferentes áreas do corpo de 10 adultos saudáveis.
As amostras foram retiradas do canal auditivo, entre as sobrancelhas, da parte traseira da cabeça, de trás da orelha, do calcanhar, unhas, entre os dedos, do antebraço, costas, virilha, nariz, peito, palma, e da curva do cotovelo. (*)
Os resultados revelaram 200 tipos de fungos, com a riqueza fúngica variando ao longo do corpo. O habitat fúngico mais complexo foi o calcanhar, que abriga cerca de 80 tipos de fungos.
Helen Briggs, BBC News
N. do E.
(*) excluíram o umbigo?!
Notas relacionadas
183 - A doença dos caçadores de tatus222 - Pinturas microbianas433 - Corpo humano. A temperatura ideal e 444 - Páginas populares em livros medievais

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

433 - Corpo humano. A temperatura ideal

Dois pesquisadores do Albert Einstein College of Medicine, da Yeshiva University, comprovaram que a temperatura do corpo humano próxima a 37 ºC é a que produz um equilíbrio perfeito. O corpo mostra-se bastante quente para que evitemos muitas infecções fúngicas sem que, por outro lado, nós necessitemos de comer incessantemente para manter o metabolismo.
"Um dos mistérios sobre os seres humanos e outros mamíferos é porque os mesmos são tão quentes em comparação com outros animais", disse Arturo Casadevall, MD, Ph.D., professor da cadeira da Microbiologia e Imunologia do Albert Einstein, e co-autor do trabalho. "Este estudo ajuda a explicar por que as temperaturas normais dos mamíferos são todas em torno de 37 °C."
É de 36,7 ºC a temperatura ideal para maximizar os benefícios da proteção contra os fungos e, ao mesmo tempo, minimizar os custos metabólicos para o corpo. Para cada aumento de 1 °C na temperatura há uma redução em 6 por cento nas espécies de fungo. Assim, enquanto dezenas de milhares de espécies de fungos infectam répteis, anfíbios e outros animais de sangue frio, apenas algumas centenas delas infectam os mamíferos.


Comentário
Ao fazerem um jogo de palavras entre "for keeping fungi away" e "food at bay" no título do trabalho, os autores demonstraram também que são espirituosos.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

183 - A doença dos caçadores de tatus

Na sessão do Serviço de Pneumologia do Hospital de Messejana, realizada em 14/11/06, o colega Fabrício Costa apresentou 2 casos clínicos semelhantes com o mesmo diagnóstico. Em comum o fato de os portadores da doença, ambos procedentes do município de Aiuaba - CE, serem praticantes da caça de tatus. Procurados como fonte alimentar, os tatus são perseguidos em suas tocas pelos caçadores que, para capturar esses animais, também precisam de cavar. Nesse procedimento, poeiras que contêm grandes quantidades de fungos são levantadas do chão e inaladas pelos caçadores. Os fungos, que são da espécie Coccidioides immitis, o agente causal da coccidioidomicose - a doença que esses dois pacientes apresentavam - e que se mostram abundantes em certos tipos de solo. Notadamente naqueles que são encontrados nas regiões semi-áridas.
A coccidioidomicose, que é uma doença endêmica em regiões dos Estados Unidos, México e América Central, há cerca de 30 anos também começou a ser descrita no Brasil. Na Bahia, no Piauí e no Ceará, distribuída em casos isolados ou em pequenos surtos, e quase sempre relacionada com a atividade de caçar tatus. No Ceará, os casos foram registrados em Crato (1), Aiuaba (4) e Boa Viagem(1). O deste último município, que foi também acompanhado pelo Fabrício Costa no Hospital de Messejana, em que houve a evolução para o óbito, recebeu publicação em 2000, no Jornal de Pneumologia.
No XXXIII Congresso Nacional de Pneumologia e Tisiologia, acontecido recentemente em Fortaleza, tive a oportunidade de conversar com Antônio de Deus Filho, emérito pneumologista de Teresina - PI, responsável pela descoberta da relação da silicose com a ocupação de cavar poços. E ouvir dele a informação sobre a ocorrência no Piauí de dezenas de casos de coccidioidomicose em caçadores de tatus. Com a oportuna conclusão de que revolver terras, em perfuração de poços ou na captura de tatus, é um ato de duplo risco: para silicose e para coccidioidomicose. Por isso, o pneumologista nordestino esteja sempre preparado para lidar com as duas enfermidades, inclusive quando associadas.



Publicado em EntreMentes