quinta-feira, 27 de agosto de 2020

1164 - Principais pandemias da história

A pandemia é uma epidemia que atinge proporções maiores, podendo se espalhar por um ou mais continentes ou por todo o mundo.
1. Praga de Justiniano (541-542): 30-50 milhões de mortes.
2. Peste Antonina (165-180): 5 milhões de mortes
3. Epidemia de varíola japonesa (735-737): 1 milhão de mortes
4. Peste-negra (1347-1351): 200 milhões de mortes
5. Varíola (1520): 56 milhões de mortes
6. Grandes pestes do século XVII (1600): 3 milhões de mortes
7. Grandes pestes do século XVIII (1700): 600 mil mortes
8. A terceira peste (1855): 12 milhões de mortes
9. Cólera (1817-1923): 1 milhão de mortes
10. Gripe espanhola (1918-1919): 40-50 milhões de mortes
11. Gripe russa (1889-1890): 1 milhão de mortes
12. HIV/AIDS (1981-atualidade): 25-35 milhões de mortes
13. Febre Amarela (final dos anos 1800): 100 mil – 150 mil mortes
14. Ebola (2014-2016): 11 300 mortes
15. Gripe Suína (2009-2010): 200 mil mortes
16. Covid-19 (2019-atualidade): . . .
[http://blogdomarcelogurgel.blogspot.com/2020/04/diante-da-morte-todos-viramos-filosofos.html]
Durante a peste bubônica, uma das coisas mais marcantes foi o traje utilizado pelos médicos. Tratava-se de uma roupa que cobria da cabeça aos pés e uma máscara com um bico de pássaro. O motivo desses trajes é o desconhecimento científico acerca da doença. Na época, a teoria corrente para a disseminação de doenças infecciosas era a miasmática. Formulada por Thomas Sydenham, médico inglês e Giovani Maria Lancisi, italiano que defendia que as moléstias tinham origem nos miasmas. Esse era o conjunto de odores fétidos, que vinham de matéria orgânica em putrefação e da água contaminada.
Isso causaria então um desequilíbrio nos fluídos corporais do paciente. Além disso, acreditava-se que perfumes fortes poderiam proteger da peste. Sendo assim, a lógica das máscaras era essa: evitar que o miasma chegasse ao nariz dos médicos. O bico da máscara era preenchido com teriaga, uma combinação com mais de 55 ervas e outras especiarias. Essa combinação, desde a Grécia Antiga, era tida como antídoto para qualquer envenenamento. A ideia era de que a forma de bico proporcionasse tempo para purificar o ar.
Charles de Lorme foi o médico responsável pela criação da roupa durante a peste bubônica. Ele cuidou da realeza francesa durante o século 17, entre eles, do rei Luís XIII.
Além dessa máscara curiosa, o visual era composto por uma camisa por dentro das calças, que se conectavam à botas. Havia ainda um casaco coberto por cera perfumada, chapéu e luvas feitas de couro de carneiro. Para completar o traje usado pelos médicos, uma vara para afastar os doentes.

quinta-feira, 20 de agosto de 2020

1163 - Mitridatismo

mitridatismo (mi.tri.da.tis.mo) s.m. tolerância ou resistência a um veneno pela ingestão de doses cada vez maiores, porém não letais, da substância tóxica; resiliência toxicológica. [derivado do antropônimo Mitridates, esp. de Mitridates VI, que teria adquirido tal imunidade desta maneira] 


Mitrídates VI
(132 a.C. – 63 a.C.), também chamado de Mitrídates Magno, foi rei do Ponto (região correspondente ao norte da Turquia) de 120 a.C. até sua morte. Considerado um inimigo de Roma, seus inimigos tramaram por diversas vezes envenená-lo. Ciente dessa possibilidade, Mitrídates começou a ingerir venenos em pequenas doses repetidas, depois de testá-los previamente em prisioneiros e escravos, garantindo assim as doses que seriam seguras para ingerir.
Em sua busca por antídotos, ele também testou os efeitos destes sobre os presos, administrando-os antes de lhes dar o veneno ou logo após envenená-los. Desta forma, acredita-se que ele também descobriu vários antídotos contra substâncias tóxicas. Mas o que o tornou famoso foi o Mithridacum, uma poção complexa produzida por seu médico de câmara, composta por 54 ingredientes que o rei chegou a tomar diariamente e que foi considerado por décadas como um antídoto universal.
Conforme a lenda, após ser derrotado por Pompeu, Mitrídates tentou o suicídio por envenenamento - sem efeito devido a sua resistência. Teria, então, forçado um de seus servos a matá-lo com a espada. Esta história é contada na peça "Mitrídates" (1673), de Jean Racine, e na ópera "Mitridate, re di Ponto" (1770), de Mozart.
O processo do mitridatismo é utilizado na produção do soro antiofídico, entre outras aplicações práticas.

quinta-feira, 13 de agosto de 2020

1162 - Quem é doutor?

por Elcio Luiz Bonamigo
O termo doutor é um título ou forma de tratamento cuja utilização desperta dúvidas tanto nos meios sociais como acadêmicos. A origem do termo encontra-se na palavra latina doctor, que significa mestre ou professor, pertencente à família do verbo docere, cuja tradução é ensinar. Um doutor, considerando-se do ponto de vista estritamente etimológico da palavra, é aquele que ensina. O uso e o tempo acrescentaram outros significados para doutor que se somaram àquele original. Segundo os nossos atuais dicionários Aurélio, Houaiss e Michaelis, doutor, em suma, significa:
1º) aquele que cursou o doutorado; 2º) o médico; 3º) o advogado; 4º) o delegado de polícia; 5º) o juiz; 6º) uma pessoa considerada muito culta, importante; 7º) por cortesia, todo o indivíduo formado em curso superior; 8º) o portador do título "Doctor honoris causa".
Aquele que cursou o grau acadêmico de doutorado é considerado doutor no sentido etimológico da palavra, ou seja, de um professor dedicado ao ensino. No entanto, já existem alguns destes doutores que preferem não compartilhar o título com outros, de menor grandeza, por lhes parecer um tanto desvirtuado. Isto é: preferem ser simplesmente mestres ou professores que doutores. Portugal, nosso país descobridor, resolveu parcialmente este problema denominando doutor, por extenso, àquele que possui o doutorado e dr., abreviado, aos demais mortais. Desta forma, pelo tamanho do doutor que precede o nome pode deduzir-se a importância do seu portador.
Diz a léxica nacional, bem como a internacional, que o termo doutor aplica-se especialmente aos advogados e médicos. Esta significação tem origem, quiçá, nas antigas universidades de Bolonha e Montpellier que tinham a tradição de conferir tais títulos especialmente a estas duas categorias. Conta-se que aqui mesmo no Brasil teria havido uma legislação similar a corroborar com esta observação.
A prevenção, o diagnóstico e o tratamento de doenças, características tradicionais da Medicina, ajudaram a correlacionar este profissional com alguém que explica e, consequentemente, ensina, ou seja, com um doutor (doctor). Desta forma, o doutor médico passou a compartilhar do título atribuído tradicionalmente ao doutor professor.
Segundo os dicionários supracitados, juízes e delegados também são especificamente denominados doutores. No entanto, pessoas muito sábias ou importantes, mesmo não portadoras de título universitário ou doutorado, também são consideradas doutores perante a população, principalmente em países com maior desigualdade social como o Brasil.
Doutor também se aplica, por cortesia, a todos os demais formados em cursos superiores. Isto mesmo: a todos, por cortesia, segundo o dicionário Houaiss. Neste sentido, o título de doutor, afirma textualmente o gramático Celso Cunha: "Recebem-no não só os médicos e os que defenderam tese de doutoramento, mas, indiscriminadamente, todos os diplomados por escolas superiores".
Algumas categorias profissionais não costumam utilizar o título doutor como forma de tratamento mútuo, tais como os contadores, entre outras. Em situação diferente está a Odontologia, antiga especialidade da Medicina que foi declarada profissão independente há três séculos pelo médico Pierre Fauchard, cujos profissionais são usual e naturalmente denominados doutores pela população, mesmo que isto não seja por eles exigido, mas curiosamente não está previsto de forma explícita nos três principais dicionários nacionais, e deveria estar. Em outra posição encontram-se os enfermeiros e fisioterapeutas os quais estimulam, através de Resoluções dos seus Conselhos Profissionais, o uso do título de doutor entre os seus membros por ser uma forma de tratamento gramaticalmente possível aos diplomados universitários. Os italianos, que inventaram tantas coisas boas, menos o macarrão que foi façanha dos laboriosos chineses, utilizam dottore para aqueles que fizeram doutorado e também para médicos e advogados, segundo afirmam os dicionários Garzanti e Zingarelli. Esta língua, que foi a primeira flor do Lácio, nascida e desenvolvida em berço toscano para reinar em toda a Itália por ser culta e bela, qualifica os seus cidadãos com sua respectiva profissão precedendo o nome. Trata-se de uma forma especial de tratamento, considerada elegante e respeitosa para distinguir os seus vários profissionais. No entanto, o médico é especialmente denominado dottore.
Existe também o título acadêmico "Doctor honoris causa", que é conferido por uma universidade a alguém com méritos, como forma de homenagem, independente de submissão a cursos ou exames. Nesta categoria encontra-se o doutor Lula, excelentíssimo presidente do Brasil, primeiramente consagrado um doutor de fato pelo seu povo, através das eleições, e posteriormente tornado um doutor de direito por Universidades do Brasil e do exterior. Vamos omitir propositadamente a análise dos títulos "Doutor da Lei" e "Doutor da Igreja" por precederem esta nova safra doutoral que passou a ser cultivada somente a partir da alta idade média.
Os médicos, portanto, não estão sós nesta plêiade doutoral, mas constituem uma constelação de primeira grandeza, posicionada em local que não permite o ofuscamento por outras, também brilhantes, e nem pode confundir-se com as bruxuleantes. A duração e intensidade do seu brilho, porém, vai depender da própria organização interna, da renovação constante de seus conhecimentos e da luta incessante pelo reconhecimento da sua inquestionável e insubstituível importância perante e para a sociedade. Tudo isto sem prejuízo do brilho e da importância de outras categorias que terão todo o espaço possível para cintilar conjunta e sinergicamente. Para tanto, a categoria médica conta com muitos líderes de primeira grandeza que lutam incansavelmente pelo êxito da sua gigantesca missão. Ao seu lado somam-se aqueles que com as suas exemplares condutas, profissionais e sociais, espantam a apatia de alguns e robustecem as próprias bases para vencer honrosamente os crescentes e cada vez mais insistentes desafios. E todos juntos, sem declinarmos de nenhum ato, mas atuando sinergicamente, os doutores médicos continuaremos cumprindo as missões que nos foram especialmente confiadas há alguns milênios tanto pelo Deus como pelo Pai da Medicina, em nome e para o bem da própria humanidade.
In: http://portal.cfm.org.br. Publicado em 29/11/1999. Acessado em 21/07/2020

quinta-feira, 6 de agosto de 2020

1161 - Radium Girls

Nos Estados Unidos, no início do século XX, tornaram-se comuns o uso de relógios que brilhavam no escuro.
Para fazer com que os relógios brilhassem, os fabricantes usavam um material à base de rádio em pó, goma arábica e água. Em três diferentes fábricas da Radium Corporation, mulheres encarregavam-se de pintar os mostradores desses relógios.
Os pincéis eram feitos de pelos de camelo. Quando as pontas desses instrumentos começavam a ficar rombas, as operárias eram recomendadas que "afinassem" as pontas com a boca. Por diversão, muitas trabalhadoras também pintavam suas unhas, rosto e dentes com a tinta radioluminescente.
(Enquanto isso, familiarizados com os efeitos prejudiciais do rádio, proprietários e químicos evitavam cuidadosamente qualquer exposição a ele.)
As consequências vocês podem imaginar. Expostas a um elemento radioativo, muitas trabalhadoras passaram a apresentar anemia, fraturas ósseas e necrose da mandíbula, uma condição que é conhecida como mandíbula de rádio. E, ao ingressaram na justiça com processos por indenizações trabalhistas, ficaram conhecidas como Radium Girls.

quinta-feira, 30 de julho de 2020

1160 - O segundo sono

Brendan Monroe
A ideia de que deveríamos dormir em pedaços de oito horas é relativamente recente. A população mundial dorme de maneiras variadas e surpreendentes. Milhões de trabalhadores chineses continuam a colocar a cabeça nas mesas por uma soneca de uma hora depois do almoço, por exemplo, e a soneca diurna é comum da Índia à Espanha.
Um dos primeiros sinais de que a ênfase em um sono direto de oito horas havia perdido sua utilidade surgiu no início dos anos 90, graças a um professor de história da Virginia Tech chamado A. Roger Ekirch, que passou horas investigando a história da noite e começou a notar estranhas referências ao sono. Um personagem dos "Contos de Canterbury", por exemplo, decide voltar para a cama depois de seu "sono firme". Um médico na Inglaterra escreveu que o tempo entre o "primeiro sono" e o "segundo sono" era o melhor momento para estudo e reflexão.
- - - Nascido em 1950, em Washington DC, Ekirch é conhecido internacionalmente por sua pesquisa pioneira em padrões de sono pré-industriais, a qual foi publicada pela primeira vez em "Sono que perdemos: sono pré-industrial nas ilhas britânicas" (The American Historical Review , 2001) e, mais tarde, em seu livro "At Day's Close: Night in Times Past" (WW Norton, 2005).
Diz Roger Ekirch:
"Primeiro, eu temia ter que investigar a história do sono. O sono humano parecia impermeável ao tempo e ao lugar, teimosamente imune ao elemento de mudança que anima a maioria das obras da história. Meu próprio sono foi alegremente tranquilo. Não surpreende, a meu ver, que os historiadores, com exceção de alguns estudos sobre sonhos, não tenham explorado um tópico manifestamente monótono e sem intercorrências. Samuel Johnson respondeu sua própria pergunta quando se perguntou em 1753 por que 'um benfeitor tão liberal e imparcial como o sono deveria encontrar-se com tão poucos historiadores'. Mas eu havia começado a escrever um livro sobre a noite nos séculos anteriores à Revolução Industrial, e omitir o sono era impensável."
"O irmão da morte ocupa uma terceira parte de nossas vidas", escreveu Sir Thomas Browne. Morte - tradicionalmente a metáfora mais comum para dormir."
"Mais do que isso, prossegue Ekirch, descobri que o sono pré-industrial era segmentado. Ao contrário do sono contínuo que buscamos alcançar, o sono costumava consistir em dois intervalos principais, um 'primeiro sono' e um 'segundo sono', intervalados após a meia-noite por uma hora ou mais de vigília, na qual as pessoas faziam praticamente tudo. A julgar pelas referências textuais já na "Odisséia" de Homero, o modo predominante de sono durante idades era bifásico. "Eneida" de Virgílio,composto no primeiro século aC , fala da 'hora que encerra o primeiro sono, quando o carro da noite ainda tinha realizado apenas metade de seu curso'.
Há muitas outras referências a esse padrão de sono segmentado em registros históricos e textos literários.
  • "Ele sabia disso, mesmo com o horror com que começou desde o primeiro sono, e levantou a janela para dissipá-lo pela presença de algum objeto, além do quarto, que não tinha sido, por assim dizer, a testemunha de sua morte." Charles Dickens, "Barnaby Rudge" (1840)
  • "Dom Quixote seguiu a natureza e, satisfeito com seu primeiro sono, não solicitou mais. Quanto a Sancho, ele nunca quis um segundo, pois o primeiro durou da noite para a manhã." Miguel Cervantes, "Dom Quixote" (1615)
  • "E ao despertar do seu primeiro sono, você terá feito um drink quente, e ao despertar do seu próximo sono, suas tristezas terão um abalo." Balada inglesa antiga, "Old Robin" de Portingale
Fontes:
http://www.nytimes.com/2012/09/23/opinion/sunday/rethinking-sleep.html
http://harpers.org/archive/2013/08/segmented-sleep/.
http://en.wikipedia.org/wiki/Roger_Ekirch
http://pt.quora.com/Quais-s%C3%A3o-os-fatos-curiosos-sobre-o-sono
Relacionado:
543 - Seus antepassados não dormiam como você

quinta-feira, 23 de julho de 2020

1159 - Infodemia, a epidemia de informações

No contexto da pandemia do COVID-19, o fenômeno de uma "infodemia" subiu para um nível que requer uma resposta coordenada. Um infodêmico é uma superabundância de informações - algumas precisas e outras que não ocorrem durante uma epidemia. Torna difícil para as pessoas encontrar fontes confiáveis ​​e orientações confiáveis ​​quando precisam. Mesmo quando as pessoas têm acesso a informações de alta qualidade, ainda existem barreiras que devem ser superadas para tomar as medidas recomendadas. Como patógenos em epidemias, a desinformação se espalha mais e mais rapidamente e adiciona complexidade à resposta a emergências de saúde. Um infodêmico não pode ser eliminado, mas pode ser gerenciado. Para responder efetivamente às infodêmicas, a OMS pede adaptação, desenvolvimento, validação e avaliação de novas medidas e práticas baseadas em evidências para prevenir, detectar e responder a desinformação e desinformação. No contexto desta reunião - 1st WHO Infodemiology Conference -, "infodemiologia" é definida como a ciência do gerenciamento de infodemias.
Conferência científica debate a chamada epidemia de informações
Terminou, nesta terça-feira (21), a primeira conferência científica sobre a chamada epidemia de informações. Na pandemia, as fake news estão custando vidas.
Durante três semanas, a Organização Mundial da Saúde reuniu 110 especialistas de 14 áreas diferentes para debater a infodemia. É a superpropagação de informações, muitas vezes falsas, e capazes de se multiplicar de forma exponencial - como o próprio coronavírus.
Em uma crise como essa, a desinformação pode ter sérios impactos na saúde e até matar.
Não à toa, a OMS já tinha criado uma página na internet para desmentir rumores. Por exemplo, uma teoria da conspiração que apontava a tecnologia 5g como responsável pela propagação do novo coronavírus. No Reino Unido, pessoas que acreditaram nessa informação falsa incendiaram quase 100 torres de sinal e atacaram funcionários de operadoras de celular.
Outro rumor que a OMS desmentiu foi sobre o metanol. Mais de 700 pessoas morreram, no Irã, por ingerir esse tipo de álcool na esperança de matar o vírus.
Preocupada com a propagação das chamadas fake news, a OMS resolveu ir além. Os especialistas convocados concluíram que uma epidemia de desinformação precisa de uma resposta coordenada e multidisciplinar.
A organização prometeu trabalhar com a comunidade científica para ajudar países a diagnosticar e a combater esse mal.
Segundo a OMS, em um mundo com mais e mais celulares conectados à internet, mensagens falsas se alastram muito rapidamente pelas redes sociais, como um vírus. Por isso, mandou um recado: "não compartilhem informações antes de confirmá-las".

quinta-feira, 16 de julho de 2020

1158 - Astrologia médica

Carlos Orsi *
A despeito da migração milenar do foco de interesse da astrologia, do coletivo para o individual, a ideia de ligação entre estrelas e desastres coletivos seguiu firme na consciência popular. O nome "oficial" da gripe, influenza (literalmente, “influência”), por exemplo, vem de uma epidemia da doença que começou na Itália em 1743 e que, segundo diversas fontes, foi considerada uma "influência dos astros" (o linguista Deonísio da Silva registra uma derivação diferente, influenza della stagione, "influência da estação", no caso, o inverno).
A "Encyclopedia of Medical Astrology" ("Enciclopédia de Astrologia Médica"), publicada nos Estados Unidos em 1933, tem verbetes para "pandemias" ("causadas por um máximo de influência planetária, por exemplo uma conjunção de vários planetas superiores num signo do ar") e "epidemias" ("causadas pelos planetas maiores em periélio, especialmente Saturno e Júpiter, e também por Marte em perigeu"). E avisa: "Pessoas nascidas sob o signo de Escorpião são muito suscetíveis a epidemias".
A astrologia médica atingiu um alto grau de sofisticação — e com isso, quero dizer requinte retórico e imaginação poética, nada a ver com eficácia ou relação com a realidade — entre a Idade Média e o Renascimento.
 Por meio de uma teia de correspondências mitológicas e metafóricas ligando partes do corpo humano aos quatro elementos clássicos da cultura greco-romana (terra, fogo, água e ar), aos planetas, ao Zodíaco e a animais, plantas e minerais, o médico chegava a diagnósticos e receitas. O guia de ervas medicinais publicado na Inglaterra por Nicholas Culpeper (1616-1654) , por exemplo, diz o seguinte sobre a margarida: "Esta erva é do signo de Câncer, e sob a regência de Vênus, e portanto é excelente para feridas no peito".
* Carlos Orsi é jornalista e editor-chefe da Revista Questão de Ciência, onde pode ser lido a íntegra do artigo.

quinta-feira, 9 de julho de 2020

1157 - A reversão da idade biológica

Voltando no tempo: os seres humanos podem reverter sua idade biológica?
A idade é apenas um número. Mas e se você pudesse reduzir esse número?
Você realmente pode, descobriram os cientistas em setembro deste ano (2013) - se você prestar atenção à sua idade biológica, e não cronológica.
Durante um pequeno ensaio clínico de um ano, as pessoas que tomaram um coquetel de três medicamentos disponíveis comercialmente conseguiram fazer voltar o relógio em sua biologia. Os participantes receberam um hormônio do crescimento e dois medicamentos para diabetes. A combinação reduziu sua idade biológica em 2 anos e meio, em média.
Greg Fahy, principal autor do estudo e diretor de ciências da Intervene Immune, disse à Inverse na época que as descobertas sugerem que o envelhecimento pode não ser tão inevitável quanto pensamos. "Uma das lições que podemos tirar do estudo é que o envelhecimento não é necessariamente algo que está além do nosso controle", disse ele. "De fato, parece que o envelhecimento é amplamente controlado por processos biológicos que podemos influenciar".
O que é "idade biológica"?
Enquanto a idade cronológica é o número de anos que uma pessoa está viva, a idade biológica de alguém é quantos anos a pessoa parece ter. É medido observando marcadores epigenéticos, uma espécie de "relógio" biológico que rastreia alterações químicas que ocorrem no DNA ao longo do tempo. Eles são como "decorações em seu DNA", disse Fahy.
Um exemplo é a metilação - ou a adição de grupos metila ao DNA. Pesquisas publicadas em 2013 sugerem que há uma relação entre envelhecimento e metilação, fazendo deste último uma métrica essencial para relógios epigenéticos.
Pode ser possível reverter esses relógios com um trio de medicamentos já aprovados pela FDA: hormônio do crescimento humano recombinante (rhGH) e dois medicamentos para diabetes, desidroepiandrosterona (DHEA) e metformina. Usando os três medicamentos, a equipe de Fahy decidiu regenerar o timo - a “glândula mestre” do sistema imunológico. Ele pega os glóbulos brancos da medula óssea e os converte em células T, que combatem doenças por bactérias, vírus e até o câncer. "É um processo essencial para permanecer vivo", disse Fahy.
Na época em que os seres humanos atingem a puberdade, o timo começa a perder essa função vital. É aí que o hormônio do crescimento entra - o rhGH demonstrou reconstituir o timo em animais. No entanto, o medicamento pode elevar os níveis de insulina, motivo pelo qual os pesquisadores também forneceram aos participantes metformina para diabetes, para manter esses níveis sob controle.
Um palpite levou à inclusão do terceiro medicamento, DHEA, nos ensaios. Níveis mais altos de DHEA podem ser a razão pela qual os jovens têm níveis mais altos de hormônio do crescimento sem o aumento da insulina, de acordo com Fahy.
O estudo vem com uma série de advertências: ele não tinha um grupo de controle e incluía apenas nove pessoas, todas brancas. Os pesquisadores querem realizar estudos futuros com amostras maiores e mais diversas.
Mas os resultados são animadores, disse Fahy. "É tão emocionante que somos capazes de fazer a pergunta agora, mesmo que não possamos responder."
À medida que 2019 chega ao fim, a Inverse está revisitando 25 lições impressionantes para os seres humanos a fim de ajudar a maximizar nosso potencial. Este é a de nº 24. Algumas são inspiradoras, outras oferecem dicas práticas e outras dão uma ideia do futuro. Leia o artigo original aqui:
http://www.inverse.com/article/59096-humans-reverse-epigenetic-clock




O CURIOSO CASO DE BENJAMIN BUTTON
Sinopse
Nova Orleans, 1918. Benjamin Button (Brad Pitt) nasceu de forma incomum, com a aparência e doenças de uma pessoa em torno dos oitenta anos mesmo sendo um bebê. Ao invés de envelhecer com o passar do tempo, Button rejuvenesce. Quando ainda criança ele conhece Daisy (Cate Blanchett), da mesma idade que ele, por quem se apaixona. É preciso esperar que Daisy cresça, tornando-se uma mulher, e que Benjamin rejuvenesça para que, quando tiverem idades parecidas, possam enfim se envolver.
AdoroCinema

quinta-feira, 2 de julho de 2020

1156 - É verdade que só farmacêutico entende letra de médico?

Da resposta de Marcio Rocha, professor e pesquisador da Universidade Federal de Goiás (2006-até o momento):
Deem uma olhada na imagem abaixo. É um print da conversa entre uma pessoa e seu irmão farmacêutico.
Reflete o humor de como o imaginário popular vê a caligrafia dos médicos e os superpoderes dos farmacêuticos para ler os receituários.
No Brasil, uma lei federal, uma portaria da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o Código de Ética Médica exigem que as receitas devem ser legíveis.
In: Quora
694 - Letra de médico

quinta-feira, 25 de junho de 2020

1155 - Antecipando o papel da inteligência artificial na avaliação por imagem da DPOC

Para diagnosticar o enfisema (pulmonar) e classificar sua gravidade há mais arte que ciência.
"Todo mundo tem um limiar de gatilho diferente para o que eles chamariam de normal e o que chamariam de doença", diz o Dr. Joseph Schoepf, MD, diretor de imagens da MUSC Health e assistente de pesquisa clínica da Faculdade de Medicina da Universidade de Medicina da Carolina do Sul. "E, até recentemente, exames de pulmões danificados eram um ponto discutível".
No passado, se você perdia tecido pulmonar, era isso. O tecido pulmonar desaparecera e havia muito pouco que você poderia fazer em termos de terapia para ajudar os pacientes. "Mas, com os avanços no tratamento nos últimos anos, aumentou o interesse em classificar objetivamente a doença", afirma Schoepf. É aí que a inteligência artificial e a imagem podem entrar em cena.
Schoepf foi o principal pesquisador em um estudo que analisou os resultados do AI-Rad Companion da Siemens Healthineers em comparação com os testes tradicionais de função pulmonar.
O estudo, publicado on-line no American Journal of Roentgenology, em março, mostrou que o algoritmo do AI-Rad Companion, que examina a tomografia computadorizada do tórax, fornece resultados comparáveis ​​aos testes de função pulmonar, que medem com que força uma pessoa pode expirar. Mostrar que o software de inteligência artificial funciona é o primeiro passo para possivelmente usar exames de tórax para quantificar a gravidade da doença pulmonar e acompanhar os resultados do tratamento.
Philipp Hoelzer, gerente de engajamento de clientes da Siemens Healthineers, diz que uma medição objetiva pode ajudar a avaliar o valor de novos tratamentos ou medicamentos. A equipe da Siemens Healthineers vê o programa como uma maneira de a inteligência artificial trabalhar em conjunto com a experiência clínica dos radiologistas.
"Retirar tarefas manuais e repetitivas, como aquelas que exigem muita medição, é de grande benefício para um radiologista", diz ele. "Contudo, a interpretação das imagens e o pensamento abstrato que a acompanha permanecerão com o radiologista".
O programa também pode oferecer uma ajuda concreta aos médicos que tentam convencer os pacientes da necessidade de adotar mudanças. Ele pode criar um modelo 3D dos pulmões do paciente, mostrando os danos existentes. "Se você pudesse visualizá-lo e fornecer as informações em termos de imagem, poderia se comunicar melhor com o paciente e, com sorte, levar o paciente a parar de fumar ou mudar o estilo de vida", diz Hoelzer.
No estudo, os pesquisadores analisaram os exames de tórax e as funções pulmonares de 141 pessoas. Atualmente, os exames de tórax não fazem parte das diretrizes para o diagnóstico de doença pulmonar obstrutiva crônica, um termo genérico que inclui enfisema, bronquite crônica e outras doenças pulmonares, diz Schoepf, porque não havia um meio objetivo de avaliar os exames.
No entanto, ele antecipa um papel para as imagens, se for possível demonstrar que elas oferecem um benefício em termos de objetividade e quantificação.
Siga lendo:
http://www.news-medical.net/news/20200427/Artificial-intelligence-A-backup-and-excellent-benefit-for-radiologists.aspx
http://twitter.com/SwissCognitive

quinta-feira, 18 de junho de 2020

1154 - Portadores heterozigotos do gene da deficiência da alfa-1 antitripsina - Metanálise

Uma pesquisa por cientistas da Universidade de Bristol revelou que portadores saudáveis ​​de um gene que causa uma doença respiratória rara são mais altos do que a média e apresentam uma maior função pulmonar.
A doença, a deficiência de alfa1-antitripsina (DAAT), pode resultar em uma capacidade pulmonar severamente reduzida devido ao enfisema. É encontrada em cerca de 1 em 2000 pessoas e ocorre quando um indivíduo herda uma cópia defeituosa do gene de ambos os pais.
As descobertas do estudo da Universidade de Bristol ("A Sudy of Common Mendelian Disease Carriers across Ageing British Cohorts: Meta-Analyses Reveal Heterozygosity for Alpha 1-Antitrypsin Deficiency Increases Respiratory Capacity and Height"), publicado no Journal of Medical Genetics, podem ter implicações importantes no treinamento da aptidão física e no tratamento de distúrbios da função pulmonar e da baixa estatura.
Os pesquisadores estudaram o gene DAAT em relação às condições de saúde humana em cerca de 20.000 participantes. Eles descobriram que os portadores da cópia defeituosa do gene DAAT têm uma melhor capacidade respiratória de cerca de 10%. Além disso, em média, os portadores exibem uma altura significativamente maior (de 1,5 cm).
"Nos últimos milhares de anos, o gene da deficiência parece ter sido selecionado positivamente e é encontrado principalmente no norte da Europa, assim como outras variantes genéticas para a maior altura em geral", disse Ian Day, Ph.D., da Faculdade de Medicina Social e Comunitária e um dos autores do estudo. Essas observações em portadores identificam efeitos de vias que podem ser relevantes nos campos da aptidão física e em abordagens terapêuticas para modificar a função pulmonar ou a baixa estatura.
“Nosso estudo sugere que algum tratamento envolvendo a via da alfa1-antitripsina pode ser capaz de fazer importantes modificações de altura nos distúrbios do crescimento. Centenas de diferentes combinações genéticas comuns que influenciam a altura foram identificadas, o que é uma característica altamente hereditária. A mais notável dessas variantes genéticas comuns é o HMGA2, que exerce um efeito de cerca de 0,3 cm na altura. A variante AATD, presente em cerca de 4% da população, exerce um efeito na altura de 1,5 cm. Um tratamento medicamentoso direcionado a esse caminho pode ter um efeito muito maior.
A alfa1-antitripsina já é um agente terapêutico usado para terapia de reposição em indivíduos deficientes que sofrem de doenças respiratórias. Há um efeito oposto do gene da deficiência nos portadores (ou seja, função pulmonar aumentada) em comparação com a deficiência total (ou seja, função pulmonar severamente diminuída). Este efeito oposto pode potencialmente ser usado para aumentar a capacidade respiratória em contextos selecionados de doenças através da imitação terapêutica do status do portador.
https://www.genengnews.com/topics/omics/study-finds-healthy-respiratory-disease-gene-carriers-have-greater-breathing-capacity/

quinta-feira, 11 de junho de 2020

1153 - Alerta para o uso de máscaras em bebês


A Associação Pediátrica do Japão divulgou um panfleto onde explica que as crianças com menos de dois anos não devem usar máscaras. "É possível que as máscaras tornem a respiração de bebês mais difícil", escreve aquela associação médica, citada pela CNN.
Os pediatras explicam que as crianças menores têm vias nasais mais estreitas e as máscaras podem dificultar a respiração, acrescentando esforço para os pulmões. Alertam ainda para o risco de sufocamento se a criança vomitar atrás da máscara.
As crianças menores têm um risco relativamente pequeno de ficarem infectadas com o novo coronavírus, desaconselhando-se então o uso de máscaras.
Via

quinta-feira, 4 de junho de 2020

1152 - De médico a paciente, pela segunda vez!

O médico Daniel Takana, de Parintins-AM, já havia pegado o coronavírus, se curou, voltou para a linha de frente, mas se contaminou outra vez 
"Já supostamente imune ao vírus, após cumprido meu período de isolamento, voltei ao combate na linha de frente.
Confiante, fui fazer meu exame a fim de obter a detecção do IgG, que mostraria que meu organisno estaria recuperado.
Minha decepção ao saber que ainda tinha apenas o IgM positivo.
Ok. Vamos em frente. Não posso aguardar a positivação desse anticorpo em casa. Estava bem. A dor torácica havia passado. Meu pulmão estava 100%. Era hora de enfrentar todos os desafios, pois o Hospital estava lotando e mais e mais pacientes internavam com gravidade importante.
Muitas melhorias no serviço, aparelhos de laboratório novos, capsulas de Hood, gasometria, BIPAPs, protocolos de tratamento de ponta, alinhamento fantástico com a equipe médica, fisioterapia, enfermagem, nutrição, psicologia, administração. O Hospital em harmonia, numa batalha ferrenha para restaurar a saúde de doentes com 30, 50, 70, até 90% do pulmão comprometido. Que orgulho de poder fazer parte de tudo isso. Não tinha tempo para almoçar, dormir tranquilo já era exceção, muitas intubações, passagens de cateteres, pronação de paciente obeso… tudo com muito amor e dedicação.
Eis que dia 23 de maio, sábado, começei a me sentir muito fadigado, não conseguia sair da cama.
Mas obviamente não tinha escolha. Fui trabalhar. Sábado à noite, febre e calafrios. Coriza. No domingo, passei o dia mais difícil durante todo o enfrentamento. Uma série de problemas críticos a serem resolvidos. E um paciente de quase 200 kg para cuidar, estabilizar, para conseguir dar condições de voar até Manaus de Salvo Aéreo. Foi um sucesso. O paciente de 36 anos, que chegou saturando 46%; após intubação foi a 67%. E, após a pronação (colocar o paciente intubado de barriga pra baixo, um sufoco), a saturação foi subindo, e na hora do resgate aéreo, entregamos o paciente com saturação de 96%. Sai acabado do hospital, mas feliz.
Mais uma noite com febre. E, no outro dia, muita dor no peito. Nesse momento, um filme passou pela minha cabeça.
Eu, que havia me isolado de minha familia por 52 dias para protegê -la, poderia estar novamente com COVID? E, ainda fatalmente, a teria contaminado.
Fui realizar exames. Meu IgG teimou em não se mostrar positivo. O IgM mais forte do que nunca. E meu hemograma com leucócitos e plaquetas baixas. Seria uma outra infecção viral? Segunda à noite, mais um paciente grave para intubar. Só eu sei como estava lá, era mais alma do que físico para suportar.
Terça fui para tomografia. E para o meu desespero, lesões agudas compatíveis com COVID, em torno de 15%. Nesse momento não fui forte. Entrei no carro, e desabei. Chorei feito criança. De medo de ficar grave. De raiva, por ter tido tanto cuidado com minha familia e expô la ao vírus. Revolta, por ter que me afastar novamente da direção do hospital, e, principalmente, de ter que sair da linha de frente.
De médico à paciente pela segunda vez.
Conversei com alguns colegas em São Paulo, e me aconselharam a ir para minha cidade natal, para uma investigação mais minuciosa. Não é comum uma reativação como essa. E como fator de complicação, o excesso da minha exposição a altas cargas virais durante procedimentos com pacientes c COVID grave. Refleti. Pensei que se a minha esposa também adoecesse, não teríamos na cidade quem cuidasse de nossa filha. Decidimos dar um jeito de vir para São Paulo.
Me dirigi ao Hospital do Coração, onde fui atendido pela equipe da dra Lotaif, médica conhecida de nossa família. Realizei uma série de exames e, em nova tomografia, o acometimento das lesões no pulmão tinham avançado. Estando em torno de 30%. O exame RT PCR , que pesquisa diretamente o vírus na garganta e nariz deu fortemente POSITIVO. A equipe da infectologia optou então por me internar.
Para invesrigar a fundo o que esta acontecendo e, principalmente, para tentar brecar essa avanço rápido da doença em meus pulmões.
Ainda sinto muito desconforto no tórax, e hoje ainda tenho alguns exames e muitas medicações para tomar.
Eu agradeço todas as manifestações de carinho e apoio.
Saibam que confio muito no trabalho da minha equipe de enfrentamento. Estamos realmente fazendo um trabalho de excelência.
Estou recebendo aqui no H Cor exatamente o mesmo tratamento que fazemos aos nossos pacientes. E ainda temos a grande vantagem de uma equipe de fisioterapia que faz as ventilações não invasivas nas cápsulas de Hood, de maneira fantástica. Sempre protegidos, tanto que nenhum membro da fisioterapia se contaminou.
Deixo aqui meu relato, meu agradecimento ao prefeito Bi Garcia, incansável na luta e no apoio de sua equipe médica, e toda a equipe da SEMSA e dos Hospitais Jofre Cohen e Padre Colombo.
E um agradecimento especial à minha esposa por sempre estar ao meu lado. Em breve retornarei à batalha. Agora chegou a hora de me cuidar. Espero que meu próximo post seja sobre minha alta. Assim será!"
1.° caso no Brasil: médico da linha de frente recebe diagnóstico de reinfecção do coronavírus. Publicado em 30/05/2020 e acessado em 02/06/2020.

quinta-feira, 28 de maio de 2020

1151 - Joelho, tornozelo e pé

As pessoas muitas vezes confundem as posições do joelho e do tornozelo na maioria dos animais. Consciente disto, o ilustrador Satoshi Kawasaki imaginou o que aconteceria se os pés humanos tivessem seguido o projeto dos esqueletos de três outras espécies.
homem ---------- cão ---------- cavalo ---------- flamingo
http://twitter.com/satoshikawasaki/status/1018135264042971136

quinta-feira, 21 de maio de 2020

1150 - A vacina BCG e o acidente de Lübeck

A vacinação intradérmica com o BCG (Bacilo de Calmetti-Guérin) é uma medida importante no controle da tuberculose. Introduzida em 1921, esta vacina teve uma trajetória tortuosa e controvertida condicionada a diversos fatos, dos quais os mais importantes são:
  • O acidente de Lübeck (Alemanha), em 1930, quando, de 251 crianças vacinadas por via oral, 77 faleceram de tuberculose no primeiro ano e outras desenvolveram processos que se tornaram crónicos. Na verdade, após exaustivas investigações, ficou demonstrado que a vacina usada foi contaminada por germes da tuberculose e as crianças receberam, por engano, emulsões contendo um terço de BCG e dois terços de micobactérias causadoras da tuberculose.
  • Diversos estudos sobre a proteção da vacina, realizados nas décadas de 50 e 60, mostraram uma proteção diferente, variando entre 80 a 0%. A criteriosa análise destes estudos mostrou que as diferenças estavam relacionadas à potência das vacinas usadas (principalmente nas que deram baixa ou nenhuma proteção); a presença nas regiões estudadas de micobactérias não tuberculosas que estimulariam nas pessoas defesas cruzadas com a vacinação BCG; diferenças de técnicas de aplicação da vacina (o uso de injecções intradérmicas é superior ao de aplicações por multipuntura); e erros de metodologia do estudo.
  • Os resultados do estudo em Chingleput, na Índia, em que se comparou a vacina BCG contra "placebo", realizado exatamente para reavaliar as controvérsias anteriores, mostrou uma proteção nula no primeiro relatório, após 7 anos e meio. A última avaliação, entretanto, com 15 anos de observação, revelou fatos inesperados, com uma protecção média de 17%, sendo de 45% nos primeiros 5 anos e de 16% nos 5 anos seguintes entre os vacinados abaixo de 15 anos. A proteção para a população acima de 15 anos continuou a ser nula. A particularidade desta região, além da presença de micobactérias não tuberculosas, é de apresentar uma variedade do bacilo da tuberculose (variedade Sul-Índia), de baixa virulência, que provoca adoecimento tardio, portanto a proteção vacinal observada também deve ser tardia.
Com os estudos acumulados sobre a vacina BCG, podemos afirmar que ela protege o adoecimento imediatamente após a infecção tuberculosa (tuberculose de primo-infecção ou primária), sobretudo as formas graves observadas em crianças, como as formas trnsmitidas e as meningoencefálicas (tuberculose do sistema nervoso central e meninges) e formas extrapulmonares. Este fato fica bem claro quando se compara, no Brasil, os resultados da acentuada queda de notificação de meningite tuberculosa nos primeiros anos de vida nos estados que usavam a vacina logo após o nascimento contra a ocorrência desta forma da doença no Estado do Rio Grande do Sul, que só vacinava as crianças em idade de início da escola. Um recente trabalho retrospectivo realizado no país parece indicar que a vacinação BCG também oferece alguma protecção para os contatantes de tuberculose com bacilos multirresistentes.
O Brasil adota a vacinação BCG como uma das medidas de controle da tuberculose, prioritariamente indicada para as crianças da faixa etária de 0 a 4 anos, sendo obrigatória para os menores de um ano, como dispõe a portaria n.º. 452, de 06/12/76, do Ministério da Saúde (MS). O Ministério da Saúde recomenda vacinar os recém-nascidos, ainda na maternidade, com peso igual ou superior a 2 Kg e sem intercorrências clínicas. Para filhos de mães portadoras de HIV/AIDS, a vacinação deve ser aplicada, desde que não apresentem sintomas da doença e acompanhadas pelas unidade de referência para AIDS. É também recomendada para trabalhadores da saúde com prova tuberculínica negativa, que atendem habitualmente tuberculose e SIDA.
Em conclusão, a vacina BCG tem uma proteção específica e não para todas as formas da tuberculose, de tal sorte que uma pessoa vacinada pode adoecer de tuberculose. Principalmente das formas pós-primárias que aparecem tardiamente, depois da infecção tuberculosa e da própria vacinação, provocada por uma reativação dos bacilos hibernantes no organismo (reativação endógena) ou por uma nova infecção externa com uma carga de bacilos que superem a proteção imunológica da própria vacinação ou da primo-infecção sem adoecimento (reinfecção exógena).
Leitura recomendada
Do acidente de Lubeck ao advento do BCG recombinante com maior poder protetor e polivalente
Autor: José Rosenberg
Pulmão-RJ. Vol 4 - n.º 1; 29 a 46; 1994

quinta-feira, 14 de maio de 2020

1149 - A árvore da morte

Em 1999, a radiologista Nicola Strickland saiu de férias para a ilha caribenha de Tobago, um paraíso tropical com praias desertas e idílicas.
Em sua primeira manhã lá, ela procurou conchas e corais na areia branca, mas suas férias rapidamente deterioraram.
Espalhadas entre os cocos e mangas da praia, Strickland e sua amiga encontraram algumas frutas verdes com cheiro doce que pareciam pequenas maçãs-do-mato.
Ambas decidiram dar uma mordida. Em instantes, o sabor agradavelmente doce foi dominado por uma sensação ardente e um aperto excruciante na garganta que gradualmente ficou tão intenso que elas mal conseguiam deglutir.
Os frutos em questão pertenciam à árvore manchineel (Hippomane mancinella), algumas vezes referida como "maçã da praia" ou "goiaba venenosa". Esta planta é nativa do sul da América do Norte, bem como da América Central, do Caribe e de partes do norte da América do Sul. (*)
A planta tem outro nome em espanhol, arbol de la muerte, que significa "árvore da morte". (*) (*) Segundo o Guinness World Records, é de fato a árvore mais perigosa do mundo.
Conforme explicado pelo Instituto de Ciências Alimentares e Agrícolas da Flórida, todas as partes do manchineel são extremamente venenosas, e "a interação com qualquer parte desta árvore pode ser letal".
Isso ocorre porque a seiva contém uma variedade de toxinas; acredita-se que as reações mais sérias venham do forbol, um composto orgânico que pertence à família de ésteres diterpenos.
Como o forbol é altamente solúvel em água, você nem deve ficar embaixo de um manchineel quando estiver chovendo - as gotas de chuva que carregam a seiva diluída podem queimar gravemente sua pele.
No entanto, carpinteiros caribenhos usam a madeira do manchineel em móveis há séculos, depois de cortá-la cuidadosamente e secar ao sol para neutralizar a seiva venenosa. This Tree Is So Toxic, You Can't Even Stand Under It When It Rains, Science Alert
SIGNE DEAN (21 FEB 2020)
(*) Não ocorre no Brasil
(*) (*) Colombo descreveu seus frutos verdes como "maçãs da morte".

quinta-feira, 7 de maio de 2020

1148 - O que os cientistas aprenderam sobre a COVID-19 e o coronavírus usando dados de navios de cruzeiro?

Dois novos estudos analisando casos da COVID-19 no navio Diamond Princess forneceram novas informações sobre como o vírus se espalha e os sintomas que muitas pessoas experimentam quando infectadas.
O navio foi o local de um dos primeiros grandes surtos do coronavírus SARS-CoV2 fora da China e ficou em quarentena no porto de Yokohama, no Japão, por mais de um mês. Mais de 700 passageiros e tripulantes dos 3.700 a bordo foram infectados depois que um único passageiro de um cruzeiro anterior deu positivo após desembarcar do navio no início de fevereiro. Das 712 pessoas infectadas a bordo, sabe-se que oito morreram até agora, segundo o rastreador de coronavírus da Johns Hopkins e especialistas têm criticado amplamente as abordagens de quarentena e contenção usadas pelo governo japonês.
A nave se tornou um laboratório flutuante para estudar a propagação do coronavírus em espaços confinados e, previsivelmente, os cientistas agora estão usando esses dados para tentar aprender como o vírus se espalha e afeta as pessoas no resto do mundo.
Como Bruce Y. Lee, colaborador da Forbes, explica aqui, os cientistas também foram capazes de estimar que 17,9% das pessoas infectadas no navio não apresentavam sintomas.
O segundo estudo analisou tomografias computadorizadas (TC) de 112 pessoas que haviam contraído a COVID-19 confirmada a bordo do Diamond Princess com idade média de 62 anos, embora as idades variassem de 25 a 93 anos. Das 112 pessoas estudadas, 73% delas não apresentavam sintomas clinicamente óbvios, mas metade delas apresentava alterações detectáveis ​​nos pulmões, indicando algum nível de pneumonia. Das 27% das pessoas que apresentaram sintomas de COVID-19, 4 de 5 pessoas apresentaram achados anormais na TC.
"Investigamos os achados da tomografia computadorizada do tórax em casos da COVID-19 confirmados em laboratório em uma coorte ambientalmente homogênea de passageiros e tripulantes de navios de cruzeiro, comparando as características tomográficas de casos assintomáticos e sintomáticos", disseram os autores do estudo em comunicado. "Notavelmente, encontramos alterações do parênquima pulmonar na TC em até 54% dos casos assintomáticos", acrescentaram.
Os estudos fornecem evidências adicionais de que as pessoas podem estar portando o vírus, mas na verdade não estão visivelmente doentes, um grande problema para conter o surto e mais uma razão para as pessoas praticarem o distanciamento social, mesmo quando não apresentam nenhum sintoma.
http://www.forbes.com/sites/victoriaforster/2020/03/22/what-have-scientists-learned-from-using-cruise-ship-data-to-learn-about-covid-19/#432e85bd406d
http://www.odiariocarioca.com/ultimas-noticias-ciencia-e-ambiente/cientista-israelense-depois-de-analisar-numeros-de-coronavirus-esta-desacelerando/9704632/2020/03/.html

quinta-feira, 30 de abril de 2020

1147 - A esperança

Davide Bonazzi é um ilustrador de Bolonha, Itália, que cria imagens interessantes sobre os problemas da atualidade, combinando mídia digital com as texturas de objetos reais para dar às imagens criadas uma aparência característica e única.
Abaixo, você vê uma de suas ilustrações.
The Alzheimer's Hope
Cliente: Tufts Medicine

quinta-feira, 23 de abril de 2020

1146 - Não há sinais de que o coronavírus foi criado em laboratório

"Ao comparar os dados disponíveis da sequência do genoma para cepas conhecidas de outros coronavírus, pudemos determinar firmemente que o SARS-CoV-2 se originou a partir de processos naturais." ~  Kristian Andersen [1]
A Organização Mundial da Saúde (OMS) voltou a afirmar que todas as evidências disponíveis sugerem que o novo coronavírus se originou em animais na China no final do ano passado e não foi manipulado ou produzido em laboratório. A declaração foi dada pela porta-voz da OMS Fadela Chaib, em entrevista coletiva em Genebra.
Na semana passada, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse que seu governo está investigando se o coronavírus teve origem em um laboratório na cidade chinesa de Wuhan, onde a pandemia começou, em dezembro de 2019. A declaração deu origem a uma onda de notícias falsas.
"Muitos pesquisadores conseguiram analisar as características genéticas do vírus e não encontraram indicações que apoiem a ideia de que o vírus foi fabricado em laboratório", explicou Chaib à agência de notícias Efe. "Estamos lutando todos os dias não apenas contra a pandemia, mas também contra a infodemia [epidemia de informações falsas]", acrescentou.
Mais uma vez, a OMS esclareceu que o reservatório natural do vírus Sars-Cov-2 era um morcego [2] e que, a partir de um hospedeiro intermediário, o vírus chegou aos humanos.
Ainda não está claro, porém, qual foi esse hospedeiro e como a barreira das espécies foi derrubada. Algumas hipóteses apontam que esse intermediário seria o pangolim, um mamífero fortemente traficado, mas os cientistas ainda não concluíram as investigações a esse respeito e ainda não há uma resposta conclusiva.

O pangolim (ao lado, imagem do animal em posição defensiva) chegou a ser o principal suspeito, mas não o único, de ter sido o hospedeiro intermediário na transmissão do vírus SARS-CoV-2 para humanos na província de Wuhan, China originando a pandemia do COVID-19.[3] A hipótese inicial perdeu "momentum" com a constatação de que o sequenciamento genético do vírus presente nos pangolins demonstrou uma similaridade de apenas 90.3% do DNA em comparação ao vírus observado em humanos, sendo essa porcentagem insuficiente (um valor de 99.8% é necessário para estabelecer um vínculo definitivo entre as mutações). 
WIKI

Questionada se o vírus pode ter escapado inadvertidamente de um laboratório, Chaib não respondeu. O Instituto de Virologia de Wuhan rejeitou os rumores de que sintetizou o vírus ou permitiu que ele escapasse.
Tudo começou em Wuhan
A China notificou a Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre uma misteriosa pneumonia em Wuhan, de cerca de 11 milhões de habitantes. Especialistas de todo o mundo começaram a tentar identificar o agente causador. Supõe-se que ele tenha se originado num mercado de frutos do mar na cidade, que logo foi fechado. Inicialmente foi comunicado que havia cerca de 40 pessoas infectadas. (31/12/2019)
[1] http://blogdopg.blogspot.com/2020/04/a-origem-proxima-do-novo-coronavirus.html
[2] http://blogdopg.blogspot.com/2020/01/cobras-morcegos-e-o-coronavirus-chines.html

quinta-feira, 16 de abril de 2020

1145 - A biodiversidade altera as estratégias de evolução bacteriana

O contexto é tudo
No parágrafo final de "Sobre a origem das espécies", Charles Darwin instou os leitores a "contemplar um banco emaranhado, vestido com muitas plantas de vários tipos, com pássaros cantando nos arbustos, com vários insetos voando e com vermes rastejando pela terra úmida".
"Essas plantas, pássaros, insetos e vermes, continuou ele, evoluíram como evoluíram devido à complexa rede de fatores ecológicos em que foram incorporados. Se a temperatura estivesse mais quente, a água mais ácida ou uma certa espécie de grama ausente, um “banco emaranhado” muito diferente poderia ter evoluído.
Os pesquisadores geralmente tentam provocar os efeitos evolutivos dos fatores ambientais, um por um. Mas a biodiversidade total de um ambiente - a totalidade do próprio banco emaranhado - também pode ser uma influência crucial na evolução de uma espécie.
Recentemente, um artigo publicado na Nature descobriu que, quando uma espécie bacteriana reside em uma comunidade ecológica muito simples - que inclui apenas alguns outros tipos de micróbios -, ela desenvolve estratégias de defesa muito diferentes contra um vírus bacteriófago predatório do que quando é deixada sozinha com o fago. A pesquisa "está expandindo essas idéias para o contexto do microbioma, onde as bactérias existem ao lado de muitas outras espécies", disse Michael Brockhurst , biólogo evolucionário da Universidade de Sheffield, na Inglaterra, que não participou do estudo.
A descoberta não apenas eleva o valor da biodiversidade como um fator evolutivo por si só, mas sugere que algumas conclusões anteriores sobre os comportamentos e capacidades dos microrganismos, extraídas de estudos de laboratório de espécies isoladas, podem ser seriamente incompletas. Também soa como uma nota de cautela sobre algumas estratégias contempladas para vencer a resistência a drogas em bactérias.
Um vírus bacteriófago (laranja) na superfície de uma célula bacteriana.
Momentos antes, o vírus injetou seu DNA na bactéria para infectá-la.
Continue lendo este artigo de Jordana Cepelwicz, publicado em 06/01/2020 na Quanta magazine.

NEW POST
O banco emaranhado de Darwin em verso
https://blogs.plos.org/biologue/2012/12/05/darwins-tangled-bank-in-verse/

quinta-feira, 9 de abril de 2020

1144 - Escalpelamento pelo kart




No dia 11 de agosto de 2019, Débora, 19, foi com seu namorado, Eduardo Tumajan, a sogra e a enteada andar de kart em uma pista que fica no estacionamento do supermercado Walmart, na região de Boa Viagem, no Recife. Era a primeira vez para eles, que seguiram os procedimentos de segurança e, animados, tiraram fotos dos preparativos.
 Débora e Eduardo, numa foto tirada poucos minutos antes do acidente no carro.
Mas o passeio terminou em tragédia quando o cabelo de Débora se soltou da touca que usava por baixo do capacete, prendeu na corrente do motor e foi puxado, levando junto seu couro cabeludo . Seu crânio ficou exposto das sobrancelhas até quase a nuca.
Nessa situação é de se esperar que as consequências também sejam graves. Débora já passou por mais de 20 cirurgias e vai enfrentar mais incontáveis procedimentos cirúrgicos, pelos próximos dois a seis anos. Seu cabelo nunca mais vai crescer.
Fonte: Último Segundo - iG @ https://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/2019-12-05/a-fome-me-preparou-para-a-dor-diz-jovem-que-perdeu-couro-cabeludo-em-kart.html
208 - Escalpelamentos na Amazônia
541 - Campanha Nacional de Combate ao Escalpelamento

quinta-feira, 2 de abril de 2020

1143 - No oculista





- e agora?
- melhorou
- e agora?
- piorou
- e agora?
- mesma coisa
- e agora?
- melhorou
- mas eu nem mexi em nada

arquivo
196 - Piada de oculista
896 - Precisando de oculista

quinta-feira, 26 de março de 2020

1142 - Relevância comparativa entre aptidão física e adiposidade na expectativa de vida

Um estudo observacional do Biobank do Reino Unido
Francesco Zaccardi, MD, PhD;  Melanie J. Davies, MD; Kamlesh Khunti, MD, PhD; Tom Yates, PhD
DOI: https://doi.org/10.1016/j.mayocp.2018.10.029
RESUMO
Objetivo
Investigar até que ponto duas medidas de condicionamento físico - ritmo de caminhada e força de preensão manual - estão associadas à expectativa de vida em diferentes níveis de adiposidade, pois ainda é debatida a importância relativa do condicionamento físico e adiposidade nos resultados de saúde.
Pacientes e métodos
Ritmo habitual de caminhada (auto-definido como lento, constante / médio, acelerado), força de preensão manual avaliada pelo dinamômetro, índice de massa corporal (IMC), circunferência da cintura e percentual de gordura corporal determinados na linha de base no estudo prospectivo de coorte do Biobank do Reino Unido (março 13 de junho de 2006 a 31 de janeiro de 2016). A expectativa de vida foi estimada aos 45 anos de idade.
Resultados
A idade mediana e o IMC dos 474.919 participantes incluídos nesta análise foram 58,2 anos e 26,7 kg / m2 , respectivamente; durante um acompanhamento médio de 6,97 anos, ocorreram 12.823 mortes. Os participantes que relataram ritmo acelerado de caminhada tiveram maiores expectativas de vida em todos os níveis de IMC, variando de 86,7 a 87,8 anos em mulheres e 85,2 a 86,8 anos em homens. Por outro lado, os indivíduos que relataram ritmo lento de caminhada tiveram menor expectativa de vida, sendo o menor observado em caminhantes lentos com IMC menor que 20 kg / m2 (mulheres: 72,4 anos; homens: 64,8 anos). Diferenças menores e menos consistentes na expectativa de vida foram observadas entre os participantes com alta e baixa força de preensão manual, principalmente em mulheres. O mesmo padrão de resultados foi observado para a circunferência da cintura ou o percentual de gordura corporal.
Conclusão
Verificou-se que os caminhantes acelerados tinham uma expectativa de vida mais longa, constante em diferentes níveis e índices de adiposidade. Esses achados podem ajudar a esclarecer a importância relativa da aptidão física e da adiposidade na mortalidade.
Abreviações e Acrônimos:
IMC (índice de massa corporal), IC (intervalo de confiança), FC (razão de risco), IQR (intervalo interquartil), NHS (Serviço Nacional de Saúde)
"Em outras palavras, os resultados sugerem que, talvez, a aptidão física seja um indicador melhor da expectativa de vida do que o índice de massa corporal (IMC), e que incentivar as pessoas a caminhar com mais vigor possa adicionar anos às suas vidas." (Tom Yates)

quinta-feira, 19 de março de 2020

1141 - O desafio das autoridades sanitárias diante da pandemia de Covid-19

"Uma doença não precisa ser a pior de todos os tempos para produzir o pior cenário de todos os tempos. Basta impor ônus adicionais aos recursos de saúde superiores à capacidade desses recursos." ~ David von Drehle, colunista do Washington Post
Dias atrás, o biólogo Carl Bergstrom tuitou elogios enfáticos a um gráfico. Publicado pela jornalista visual Rosamund Pearce na revista The Economist, depois modificado pelo especialista em saúde pública Drew Harris com base em recomendações de 2017 dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDCs) para a epidemia de gripe, ele traduz com perfeição o desafio das autoridades sanitárias diante da pandemia de Covid-19, a doença provocada pelo novo coronavírus. Explica, numa imagem simples e de fácil compreensão, o sentido da expressão mais importante para enfrentá-lo: "achatar a curva".
O erro mais frequente cometido por quem desdenha a pandemia é chamar a atenção para a proporção aparentemente baixa de mortos (3,5% do infectados), para a alta quantidade de casos leves (mais de 80%) e para a gravidade reduzida, a não ser em grupos de risco específicos (como idosos, diabéticos e doentes do coração). O crucial não é a gravidade da doença em si, mas a capacidade de dar atenção a todos os infectados no momento em que eles precisam. Quanto mais as infecções são adiadas, quanto mais se "achata" a curva de contágio ao longo do tempo, menor a pressão sobre o sistema de saúde, maior a probabilidade de que ele dê conta da epidemia no pico. Quando o vírus se espalha rápido, não há leitos, máscaras, tomógrafos, respiradores e outros equipamentos para quem precisa.
A resposta pode ser resumida em duas palavras: testes e isolamento. Cientistas desenvolveram um método que afirmam levar apenas 10 minutos para fornecer o resultado. Assim que um paciente com o vírus é descoberto, passa imediatamente a ficar confinado. Cada indivíduo também deve fazer sua parte: lavar as mãos, evitar aglomerações e contatos desnecessários, só sair de casa quando essencial. Não porque pegar a doença seja necessariamente grave, mas porque, assim, evitará se transformar numa fonte de contágio para aqueles que realmente correm risco maior.
Fonte: G1
Principais medidas, segundo o epidemiologista Abraar Karan:
  1. ampliar a capacidade de teste para identificar os infectados;
  2. usar hospitais apenas para tratar os casos mais graves, mantendo os demais isolados noutras instalações;
  3. rastrear todos os contatos dos infectados;
  4. proibir aglomerações;
  5. restringir movimentos apenas quando o vírus se disseminou por uma região.
Notas relacionadas:
Cobras, morcegos e o coronavírus chinês (blog EM)
1134 - Alerta Coronavírus
1139 - COVID-19 faz diminuir a poluição atmosférica na China

quinta-feira, 5 de março de 2020

1139 - COVID-19 faz diminuir a poluição atmosférica na China

De acordo com o Observatório da Terra da NASA e a Estação Espacial Internacional (ISS, em inglês), os níveis de dióxido de nitrogênio (NO₂) diminuíram drasticamente nas últimas semanas, coincidindo com o fechamento de fábricas devido ao coronavírus (COVID-19). Além das fábricas que geralmente operam com combustíveis fósseis, em muitas cidades como Wuhan o tráfego também foi suspenso.
Apenas um efeito semelhante a este é conhecido: quando a crise econômica de 2008 começou, embora nesse caso tenha sido mais gradual e não tão repentina quanto agora.

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020

1138 - O direito do paciente hospitalar a ter acompanhante

Uma compilação das leis e portaria no Brasil sobre o direito dos pacientes internados a terem acompanhantes:
Estatuto da Criança e do Adolescente
LEI Nº 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990
Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade.
Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se excepcionalmente este Estatuto às pessoas entre dezoito e vinte e um anos de idade.
Art. 8 É assegurado a todas as mulheres o acesso aos programas e às políticas de saúde da mulher e de planejamento reprodutivo e, às gestantes, nutrição adequada, atenção humanizada à gravidez, ao parto e ao puerpério e atendimento pré-natal, perinatal e pós-natal integral no âmbito do Sistema Único de Saúde.
§ 6º A gestante e a parturiente têm direito a 1 (um) acompanhante de sua preferência durante o período do pré-natal, do trabalho de parto e do pós-parto imediato. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
Art. 12. Os estabelecimentos de atendimento à saúde, inclusive as unidades neonatais, de terapia intensiva e de cuidados intermediários, deverão proporcionar condições para a permanência em tempo integral de um dos pais ou responsável, nos casos de internação de criança ou adolescente.
Estatuto do Idoso
LEI No 10.741, DE 1º DE OUTUBRO DE 2003
Art. 1º É instituído o Estatuto do Idoso, destinado a regular os direitos assegurados às pessoas com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos.
Art. 16. Ao idoso internado ou em observação é assegurado o direito a acompanhante, devendo o órgão de saúde proporcionar as condições adequadas para a sua permanência em tempo integral, segundo o critério médico.
Parágrafo único. Caberá ao profissional de saúde responsável pelo tratamento conceder autorização para o acompanhamento do idoso ou, no caso de impossibilidade, justificá-la por escrito.
Lei para garantir às parturientes a presença de acompanhante
LEI Nº 11.108, DE 7 DE ABRIL DE 2005
Art. 19-J. Os serviços de saúde do Sistema Único de Saúde - SUS, da rede própria ou conveniada, ficam obrigados a permitir a presença, junto à parturiente, de 1 (um) acompanhante durante todo o período de trabalho de parto, parto e pós-parto imediato.
 § 1º O acompanhante de que trata o caput deste artigo será indicado pela parturiente.
 § 2º As ações destinadas a viabilizar o pleno exercício dos direitos de que trata este artigo constarão do regulamento da lei, a ser elaborado pelo órgão competente do Poder Executivo.
Estatuto da Pessoa com Deficiência
LEI Nº 13.146, DE 6 DE JULHO DE 2015
Art. 22. À pessoa com deficiência internada ou em observação é assegurado o direito a acompanhante ou a atendente pessoal, devendo o órgão ou a instituição de saúde proporcionar condições adequadas para sua permanência em tempo integral.
§ 1º Na impossibilidade de permanência do acompanhante ou do atendente pessoal junto à pessoa com deficiência, cabe ao profissional de saúde responsável pelo tratamento justificá-la por escrito.
§ 2º Na ocorrência da impossibilidade prevista no § 1º deste artigo, o órgão ou a instituição de saúde deve adotar as providências cabíveis para suprir a ausência do acompanhante ou do atendente pessoal.
Sobre os direitos e deveres dos usuários da saúde
PORTARIA nº1.820, DE 13 DE AGOSTO DE 2009
Art. 4º Toda pessoa tem direito ao atendimento humanizado e acolhedor, realizado por profissionais qualificados, em ambiente limpo, confortável e acessível a todos.
Parágrafo único. É direito da pessoa, na rede de serviços de saúde, ter atendimento humanizado, acolhedor, livre de qualquer discriminação, restrição ou negação em virtude de idade, raça, cor, etnia, religião, orientação sexual, identidade de gênero, condições econômicas ou sociais, estado de saúde, de anomalia, patologia ou deficiência, garantindo-lhe:
VI - o direito a acompanhante, nos casos de internação, nos casos previstos em lei, assim como naqueles em que a autonomia da pessoa estiver comprometida.

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

1137 - O entulho do empirismo

Trinta anos atrás, uma senhora que sofria de reumatismo me contou ter sido tratada com óleo de rícino(*). Duas vezes por semana, ela ia ao consultório, e o médico perguntava: "Hoje a senhora prefere o vermelho ou o alaranjado?". Vermelha era a cor no pote que continha óleo de rícino com groselha; no outro, o óleo vinha misturado com essência de laranja, para disfarçar o gosto insuportável do purgativo.
Até aí, nenhuma novidade; em tantos anos de profissão, já vi os tratamentos mais estapafúrdios prescritos tanto por médicos tradicionais como pela autodenominada medicina alternativa; o curioso, nesse caso, é que a receita vinha de um renomado professor universitário, autor de um tratado de clínica médica adotado em várias faculdades. E, mais desconcertante: a senhora estava convencida de que, graças à ação do famigerado óleo, as dores entravam em períodos de acalmia.
Óleo de rícino é dotado de atividade antirreumática? É muito pouco provável que seja, mas a medicina daquele tempo oferecia poucos recursos e não era baseada em evidências experimentais. Os médicos adotavam condutas e receitavam remédios com base em teorias jamais comprovadas cientificamente ou de acordo com ideias pré-concebidas e experiências pessoais.
Parte expressiva desse entulho do empirismo ainda se acotovela nas prateleiras das farmácias sob o rótulo de protetores do fígado, fortificantes, revitalizadores, complexos vitamínicos e de mirabolantes associações de panaceias que apregoam, no rádio e na TV, curar males tão diversos quanto falta de memória, fraqueza, irregularidades menstruais, gripes e doenças do fígado.
Extraído do artigo Óleo de rícino, do Dr. Drauzio Varella
(*) Este óleo vem das sementes da mamona. Uma única semente, pela ricina que contém, pode matar um homem adulto. O processo de extração remove esta substância tóxica.

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020

1136 - Sangria – usando aves de rapina


A sangria terapêutica foi uma das práticas médicas mais comuns realizadas por cirurgiões da antiguidade até o final do século 19 – isto é, por mais de 2.000 anos. Na ausência de outros tratamentos para hipertensão, a sangria era um método popular para acalmar temporariamente os pacientes e fazer com que se sentissem melhor.
A primeira sangria registrada em um tsar foi realizada em Mikhaíl Fiodorovitch (1596-1645), o primeiro Romanov. Seu filho, Aleksêi da Rússia (1629-1676) era um ávido caçador com falcões, tanto é que a ave foi usada para realizar a sangria: um falcão foi colocado no braço do tsar e "abriu a corrente sanguínea" com uma bicada.
Aleksêi exigia que seus boiardos passassem por sangria junto com ele. O viajante alemão Augustin Meyerberg descreveu quando, certa vez, o nobre Rodion Strechnev (já velho e fraco) tentou recusar o procedimento. Aleksêi deu então um tapa na cara dele e chutou seu traseiro, gritando: "Escravo sem valor, está tomando seu soberano por nada? Será que seu sangue é mais digno do que o meu?".
Depois dessa, Strechnev estendeu o braço.
Arquivo
🔻 441 - Febre amarela e sangrias 🔻 532 - O barbeiro-cirurgião 🔻 596 - As bases galênicas das sangrias 🔻 597 - Métodos de sangria 🔻 598 - As coletoras de sanguessugas 🔻 952 - Depósito de bichas

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2020

1135 - Síndrome metabólica

O termo síndrome metabólica descreve um conjunto de fatores de risco que se manifestam num indivíduo e aumentam as chances de desenvolver doenças cardíacas, derrames e diabetes. A síndrome metabólica tem como base a resistência à ação da insulina (hormônio responsável pelo metabolismo da glicose), daí também ser conhecida como síndrome de resistência à insulina. Isto é: a insulina age menos nos tecidos, obrigando o pâncreas a produzir mais insulina e elevando o seu nível no sangue. Alguns fatores contribuem para o seu aparecimento: os genéticos, excesso de peso (principalmente na região abdominal) e a ausência de atividade física.
A síndrome metabólica é uma doença da civilização moderna, associada à obesidade, como resultado da alimentação inadequada e do sedentarismo.
Fatores de risco:
  • grande quantidade de gordura abdominal: em homens, cintura com mais de 102 cm e nas mulheres, maior que 88 cm;
  • baixo HDL ("bom colesterol"): em homens, menos que 40mg/dl e nas mulheres menos do que 50mg/dl;
  • triglicerídeos elevados (nível de gordura no sangue): 150mg/dl ou superior;
  • pressão sanguínea alta: 135/85 mmHg ou superior ou se está utilizando algum medicamento para reduzir a pressão;
  • glicose elevada: 110mg/dl ou superior.
Ter três ou mais dos fatores acima é um sinal da presença da resistência insulínica. Esta resistência significa que mais insulina do que a quantidade normal está sendo necessária para manter o organismo funcionando e a glicose em níveis normais.
A maioria das pessoas que tem a síndrome metabólica sente-se bem e não tem sintomas. Entretanto, elas estão na faixa de risco para o desenvolvimento de doenças graves, como as cardiovasculares e o diabetes.
Tratamento:
O aumento da atividade física e a perda de peso são as melhores formas de tratamento, mas pode ser necessário o uso de medicamentos para tratar os fatores de risco. Entre eles estão os chamados "sensibilizadores da insulina", que ajudam a baixar a açúcar no sangue, os medicamentos para pressão alta e os para baixar a gordura no sangue.
Se você identificou em seu organismo alguns dos fatores, descritos acima, procure um profissional. O endocrinologista é o especialista em hormônios e metabolismo, que pode fazer o diagnóstico, o tratamento e o acompanhamento mais adequado se você tiver a síndrome.
Prevenção:
Perder peso e praticar alguma atividade física são as melhores formas de prevenir e tratar a síndrome metabólica. Detectar o problema pode reduzir o aparecimento de futuras doenças cardíacas. Além disso, você terá tempo de mudar seu estilo de vida, evitando o desenvolvimento de diversas complicações.
BSV/MS
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Adoçantes naturais
Frutose: é extraído de frutas e do mel, é mais doce que o açúcar e é altamente calórico. Não é indicado para pacientes com diabetes porque eleva os níveis de açúcar no sangue e ainda pode refletir em aumento de peso.
Sorbitol: extraído de algas marinhas e de algumas frutas, como ameixa e maçã, ele é bastante utilizado na produção de biscoitos e chicletes. Possui valor calórico, uma pessoa diabética deveria evitar esse tipo de adoçante.
Adoçantes artificiais
Sacarina: é produzida a partir do ácido toluenossulfônico, que é derivado do petróleo. Apesar de deixar um sabor amargo e metálico, ela não possui calorias e pode ser usada por diabéticos. É contraindicada para pacientes hipertensos por conta do sódio na composição.
Ciclamato de sódio: é sintetizada a partir de outro derivado do petróleo, o hexano sulfâmico, não possui calorias e é indicado para diabéticos. Também por conta do sódio, como a sacarina, é contraindicado para hipertensos. É usado ainda na produção de refrigerantes zero, além de adoçantes. Estudos apontam que essa substância pode causar câncer e tumores. Por conta disso, seu consumo é proibido em alguns países, como Japão, França e EUA.
Sucralose: é extraído da cana de açúcar e modificado para não ser absorvido pelo nosso organismo. O seu sabor é bem parecido com o do açúcar, não contém calorias, não altera a glicemia e, portanto, seu uso é indicado para diabéticos.
http://pt.quora.com/A-sucralose-aumenta-a-insulina
Aspartame: seu poder adoçante é 200 vezes maior que do açúcar, não possui calorias, sendo permitido para diabéticos.
Stevia: Stevia é um adoçante natural composto por glicosídeo de esteviol, não possui calorias e adoça 300 vezes mais que o açúcar comum. Pode ser facilmente encontrado em mercados e lojas de produtos naturais em gotas ou pó. Esse tipo de adoçante auxilia no emagrecimento e ajuda no controle da diabetes.
Xilitol: Esse tipo de doçante é derivado da xilose, um monossacarídeo encontrado em frutas e legumes. O xilitol comercializado é extraído de milho ou casa da bétula, sendo 40% menos calórico que o açúcar comum, é uma ótima opção para quem procura um adoçante pouco calórico. Diabéticos podem utilizar o xilitol sob orientação médica.

quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

1134 - Alerta Coronavírus


Tenha em conta o seguinte:
  • Se você esteve em países ou zonas em que foram detectado casos 
  • Ou teve contato com pessoas que apresentem estes sintomas

Comunique às autoridades de saúde.

Leia: Cobras, morcegos e o coronavírus chinês

quinta-feira, 23 de janeiro de 2020

1133 - Doença pulmonar associada ao uso de cigarros eletrônicos

Médicos devem notificar suspeita desta doença 
Uma doença pulmonar grave e misteriosa, que já provocou pelo menos 26 mortes e acometeu quase 1,3 mil pessoas nos Estados Unidos, está chamando a atenção também no Brasil para os riscos do cigarro eletrônico. Apesar da comercialização, importação e propaganda de todos os dispositivos eletrônicos para fumar (DEFs) serem proibidas no País, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que monitora o uso irregular do dispositivo, aponta o seu uso como provável causa desses óbitos norte-americanos já confirmados.
Preocupada em prevenir uma crise de saúde, como a que vem ocorrendo nos Estados Unidos, a Anvisa solicitou o apoio do Conselho Federal de Medicina (CFM) para emissão de um alerta aos médicos. A Agência quer que estejam atentos e relatem quaisquer suspeitas de problemas relacionados ao uso de cigarros eletrônicos. O pedido foi enviado também a 252 instituições que compõem a chamada Rede Sentinela e que notificam problemas e eventos adversos relacionados à saúde.
CONFIRA AQUI o alerta da Anvisa sobre cigarros eletrônicos.
A Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT) também emitiu alerta direcionado aos pneumologistas sobre a Doença Pulmonar Severa relacionada ao uso de DEFs. A orientação é para que os médicos, ao atenderem pacientes com sintomas de doenças pulmonares com etiologia desconhecida, promovam “investigação de uma possível correlação com o uso de cigarros eletrônicos, obtendo-se o maior número possível de informações sobre o produto, frequência e forma de uso”.
Além da identificação e tratamento imediato do paciente, os casos suspeitos devem ser notificados à Anvisa através do site http://portal.anvisa.gov.br/tabaco/cigarro-eletronico/notificacoes
Desafio brasileiro – Embora o combate ao tabagismo no Brasil tenha conquistas expressivas ao longo das últimas décadas, os cigarros eletrônicos têm se apresentado como um dos novos desafios neste contexto. Foi com essa preocupação que o CFM promoveu o Fórum sobre Tabagismo, em setembro. Na oportunidade, um dos principais pesquisadores e ativistas do movimento mundial pelo controle do tabaco, Stanton Glantz, afirmou que os cigarros eletrônicos são tão perigosos quanto os cigarros normais.
O norte-americano esclareceu que os cigarros eletrônicos têm um perfil de risco diferente, devido à forma como o aerossol entrega ou administra a nicotina nos usuários, mas todas as indicações dizem que paradas cardíacas, infartos do miocárdio e problemas pulmonares são até mais perigosos que os causados pelo cigarro tradicional.
CONFIRA AQUI a entrevista completa com Stanton Glantz.
Proibido no Brasil – Criado em 2003 na China, o cigarro eletrônico (e-cigarro) é proibido no Brasil pela Agência Nacional de Vigilância em Saúde (Anvisa), desde 2009. Seus dispositivos mais comuns utilizam desde um cartucho que contém nicotina, aromatizantes ou extrato de tabaco a uma mistura líquida com variáveis concentrações de nicotina que é injetada no dispositivo.
Após ligar o dispositivo, o fumante de e-cigarro ao aspirar ao fluxo de ar gerado aciona um sensor provocando o aquecimento do líquido do refil, liberando-se a nicotina e outras substâncias presentes na solução, por meio de um aerossol. Além da semelhança entre o dispositivo e um cigarro convencional, até o vapor tem ingredientes para simular a tradicional “fumaça”.
Segundo o presidente do CFM, Mauro Ribeiro, ao longo dos últimos 60 anos inúmeros estudos e análises estatísticas regionais e internacionais vêm fornecendo evidências consistentes sobre fumar e seus malefícios à saúde. “A indústria do tabaco, no entanto, te, tentado repetir estratégias fracassadas, de décadas passadas, ao introduzir produtos com promessa de menor dano ou até inofensivos para a saúde”, pontuou.
352v- A moda do cigarro eletrônico
632 - As conclusões da AHA sobreos cigarros eletrônicos

quinta-feira, 16 de janeiro de 2020

1132 - A rede imunossensorial-imunológica

  • Células que "provam" o perigo desencadeiam respostas imunológicas.
  • Receptores de paladar e olfato em órgãos inesperados monitoram o estado da saúde microbiana natural do corpo e disparam um alarme contra parasitas invasores.
  • Células com receptores gustativos se desenvolvem em pulmões de animais infectados com influenza. Ao "provar" a presença de certos patógenos, essas células podem atuar como sentinelas do sistema imunológico.
Quando o imunologista De'Broski Herbert, da Universidade da Pensilvânia, examinou profundamente os pulmões de ratos infectados com influenza, ele pensou que estava vendo coisas. Ele encontrou uma célula de aparência estranha que estava repleta de receptores para o sabor. Ele lembrou que parecia uma célula de tufo - um tipo de célula mais frequentemente associado ao revestimento do intestino. Mas o que uma célula coberta com receptores gustativos estaria fazendo nos pulmões? E por que ela aparecia apenas em resposta a um ataque severo de influenza?
Herbert não estava sozinho em sua perplexidade com esse misterioso e pouco estudado grupo de células que apareciam em lugares inesperados, desde o timo (uma pequena glândula no peito onde as células T que combatem patógenos amadurecem) até o pâncreas. Os cientistas estão apenas começando a entendê-las, mas está gradualmente se tornando claro que as células de tufos são um importante centro para as defesas do corpo, precisamente porque elas podem se comunicar com o sistema imunológico e outros conjuntos de tecidos e porque seus receptores gustativos permitem identificar ameaças que ainda são invisíveis para outras células imunológicas.
Pesquisadores de todo o mundo estão traçando as raízes evolutivas antigas que os receptores olfativos e palatáveis ​​(coletivamente chamados receptores quimiossensoriais) compartilham com o sistema imunológico. Uma enxurrada de trabalho nos últimos anos mostra que seus caminhos se cruzam com muito mais frequência do que se previa e que essa rede imunossensorial-imunológica desempenha um papel não apenas na infecção, mas também no câncer e em outras doenças.
Esse sistema, diz Richard Locksley, imunologista da Universidade da Califórnia, em San Francisco, ajuda a direcionar uma resposta sistemática a possíveis perigos em todo o corpo. Uma pesquisa focada nas interações da célula de tufo poderia oferecer um vislumbre de como os sistemas orgânicos funcionam juntos. Ele descreve as perspectivas do que poderia vir dos estudos desses receptores e células como "empolgantes", mas alerta que "ainda estamos nos primeiros dias" para descobrir isso.
Ler o texto completo em: Cells That "Taste" Danger Set Off Immune Responses, em Quanta Magazine