quinta-feira, 28 de setembro de 2023
1327 - Como evitar as quedas dos idosos?
quinta-feira, 21 de setembro de 2023
1326 - Vacina terapêutica contra o câncer de pulmão
O estudo também indica que a vacina terapêutica provoca menos efeitos colaterais que a quimioterapia. O índice desses problemas foi de 11% nos participantes que receberam a vacina contra 35% nos pacientes submetidos à quimioterapia.
No estudo de fase 3 - a última etapa antes da obtenção do registro sanitário -, foram incluídos 219 pacientes dos Estados Unidos e da Europa com resistência a outros tratamentos. Destes, 139 pacientes receberam a vacina e 80, a quimioterapia. Os resultados publicados recentemente na revista científica Annals of Oncology mostraram que além da redução no risco de morte, a vacina também permitiu aos pacientes melhorar sua qualidade de vida.
A taxa de sobrevida global em um ano com Tedopi foi de 44,4% versus 27,5% com quimioterapia.
"Foi observada uma redução significativa de 41% no risco de morte, associada a uma melhoria no índice de tolerância e à manutenção da qualidade de vida", disse o professor Benjamin Besse, do Instituto Gustave Roussy, principal autor do estudo, em comunicado.
A Tedopi é a vacina terapêutica em desenvolvimento clínico mais avançado contra o câncer. Ao contrário das vacinas tradicionais, que têm como objetivo principal prevenir uma doença, a vacina terapêutica busca tratar o câncer.
Elas "treinam" o sistema imunológico para reconhecer e destruir especificamente as células tumorais. Ou seja, utilizam o sistema de defesa do próprio paciente para combater o câncer. Por isso, esse tipo de tratamento é considerado uma imunoterapia.
O campo da imunoterapia fez avanços consideráveis desde 2010 e o campo de vacinas se beneficiou dos estudos durante a pandemia, que "aceleraram a produção de vacinas, especificamente vacinas de mRNA", segundo a Cancer Research UK.
Desde então, vários tratamentos imunoterapêuticos foram aprovados e muitas outras pesquisas estão em andamento.
O câncer de pulmão é o quinto tumor mais incidente no Brasil, depois do câncer de pele não-melanoma, dos cânceres de mama, próstata e cólon e reto, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca). Estima-se que esse tipo de tumor é responsável por 4,6% dos casos de câncer registrados no país.
quinta-feira, 14 de setembro de 2023
1325 - Qual exercício é melhor para a saúde óssea?
O exercício certamente tem efeitos benéficos sobre os ossos. As atividades de carga óssea aumentam a formação óssea através da ativação de certas células no osso chamadas osteócitos, que servem como mecanossensores e detectam a carga óssea. Os osteócitos produzem um hormônio chamado esclerostina, que normalmente inibe a formação óssea. Quando os osteócitos detectam atividades de carga óssea, a secreção de esclerostina diminui, permitindo o aumento da formação óssea.
Consistente com isso, pesquisadores no Canadá demonstraram maiores aumentos na densidade e força óssea em escolares que se envolvem em atividade física moderada a vigorosa, particularmente exercícios de carga óssea, durante o dia escolar em comparação com aqueles que não o fazem (Macdonald et al.; Gabel e outros).
Nas mulheres, níveis normais de estrogênio parecem necessários para que os osteócitos produzam esses efeitos após atividades de carga óssea. Esta é provavelmente uma das várias razões pelas quais atletas que perdem a menstruação (indicativo de baixos níveis de estrogênio) e desenvolvem baixa densidade óssea com risco aumentado de fratura mesmo quando ainda estão com peso normal (Kandemir et al: Ackerman et al.).
Uma preocupação em relação à prescrição de atividades ou exercícios de carga óssea para pessoas com osteoporose é se isso aumentaria o risco de fratura devido ao impacto no osso frágil. A extensão da carga óssea segura para ossos frágeis pode ser difícil de determinar. Além disso, o exercício excessivo pode piorar a saúde óssea, causando perda de peso ou perda de menstruação em mulheres. Pode ser necessário um monitoramento muito cuidadoso para garantir que o equilíbrio de energia seja mantido.
Exercícios bons e ruins para a saúde óssea
Em pacientes com osteoporose, atividades de alto impacto, como pular; atividades de impacto repetitivo, como correr ou correr; e atividades de flexão e torção, como tocar os dedos dos pés, golfe, tênis e boliche, não são recomendadas porque aumentam o risco de fratura. Mesmo as poses de ioga devem ser discutidas, porque algumas podem aumentar o risco de fraturas por compressão das vértebras na coluna.
Acredita-se que o treinamento de força e resistência seja bom para os ossos. O treinamento de força envolve atividades que constroem força e massa muscular. O treinamento de resistência aumenta a força, a massa e a resistência muscular, fazendo com que os músculos trabalhem contra alguma forma de resistência. Tais atividades incluem treinamento de peso com pesos livres ou aparelhos de musculação, uso de faixas de resistência e uso do próprio corpo para fortalecer os principais grupos musculares (como por meio de flexões, agachamentos, estocadas e extensão do glúteo máximo).
Alguma quantidade de treinamento aeróbico de sustentação de peso também é recomendada, incluindo caminhada, aeróbica de baixo impacto, elíptico e subir escadas. Atividades sem sustentação de peso, como natação e ciclismo, normalmente não contribuem para melhorar a densidade óssea.
Um regime de exercícios ideal inclui uma combinação de treinamento de força e resistência; treinamento aeróbico com levantamento de peso; e exercícios que constroem flexibilidade, estabilidade e equilíbrio. Um médico, fisioterapeuta ou treinador com experiência na combinação certa de exercícios deve ser consultado para garantir efeitos ótimos nos ossos e na saúde geral.
Naquelas que correm o risco de se exercitar demais a ponto de começarem a perder peso ou a menstruar, e certamente em todas as mulheres com padrões alimentares desordenados, um nutricionista deve fazer parte da equipe de decisão para garantir que o equilíbrio energético seja mantido. Neste grupo, particularmente em mulheres de muito baixo peso com distúrbios alimentares, a atividade física é frequentemente limitada até atingirem um peso saudável e, idealmente, após o retorno da menstruação.
Madhusmita Misra. Which exercise is best for bone health? - Medscape, 14 de novembro de 2022.
quinta-feira, 7 de setembro de 2023
1324 - Relatório 2023 da OMS sobre o tabagismo
OMS: Ainda morrem 8,7 milhões de pessoas/ano por tabagismo no mundo.
Dr. Ricardo Pereira entrevista Dra. Ana Margarida Rosemberg. Vídeo:
quinta-feira, 31 de agosto de 2023
1323 - Eris... Pirola...
O Ministério da Saúde confirmou, no Brasil, a presença de uma nova variante do coronavírus, EG.5, apelidada de Eris. Trata-se de uma subvariante da Ômicron, já identificada em 51 países, e com sintomas equivalentes às variantes anteriores.
E ainda na última semana, a Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou que está monitorando a cepa BA.2.86, que recebeu o apelido de Pirola, nome de um asteroide descoberto em 1927. Essa variante ainda não foi confirmada em território nacional.
De acordo com os especialistas, a pandemia ainda não terminou, e sim, a emergência sanitária. Há ocorrência de casos ainda de forma disseminada no mundo. No Brasil são notificados cerca de 12 mil casos por semana, com aproximadamente 150 óbitos por semana, o que é ainda um número significativo.
A Câmara Brasileira de Diagnóstico Laboratorial (CBDL), por meio de seus especialistas, como a diretora técnica e farmacêutica Josely Chiarella, elencou alguns pontos importantes sobre testagem, medidas de prevenção e vacinação:
- A variante Eris foi testada frente aos testes de triagem (testes rápidos e autotestes de farmácia) e esses continuam válidos para uma primeira detecção
- Caso dê positivo, as medidas são todas iguais: isolamento, uso de máscaras e outras medidas de precaução como lavar as mãos e usar e uso de álcool gel para prevenir disseminação para outras pessoas, etc.
- Apesar de não ser obrigatório o uso de máscaras, é salutar usá-las, sempre que houver sintoma de gripe, principalmente em locais fechados com um contingente significativo de pessoas, aglomerações, etc- Vacinação! As vacinas continuam sendo efetivas. Continuar sendo protegidos por elas continua sendo a melhor prevenção, principalmente nos grupos de maior risco: crianças, idosos e imunossuprimidos.
quinta-feira, 24 de agosto de 2023
1322 - Apesar de ser muito produzido na Terra, como pode o dióxido de carbono ser tão pouco na atmosfera?
Quando se fala em parte por um milhão, muitos são induzidos a pensar que a coisa seja desprezível. Ledo engano. Uma boa comparação é com um veneno potente. Digamos que um veneno seja capaz de matar uma pessoa com uma dose de um centésimo de miligrama. Se dobrarmos essa dose para dois centésimos, com certeza vai matar.
Mitsuru Arai, Quora
quinta-feira, 17 de agosto de 2023
1321 - Sobre as medições erradas da pressão arterial
O documento de consenso cita várias causas de imprecisão na medição. Aqui estão quatro maneiras pelas quais a medição da PA dá errado e como resolvê-las.
Relacionadas ao paciente
Há casos em que a precisão da medição da PA é afetada pelos hábitos ou comportamentos dos pacientes. A ingestão aguda de refeições, o uso de cafeína ou nicotina podem afetar as leituras de PA, levando a erros na precisão da medição. Se o paciente estiver com a bexiga cheia, isso pode levar a um erro na PA sistólica de até 33 mm Hg, e o efeito do avental branco pode ter um erro de até 26 mm Hg.
É importante que o paciente descanse confortavelmente em um ambiente silencioso por cinco minutos em uma cadeira. O paciente também deveria estar com a bexiga vazia e não ter comido, ingerido cafeína, fumado ou praticado atividade física pelo menos 30 minutos antes da medição.
Relacionadas ao procedimento
Imprecisões na medição da PA também podem ocorrer devido a erros relacionados ao procedimento. Por exemplo, ter o braço do paciente abaixo do nível do coração pode levar a um erro de 4 mm Hg até 23 mm Hg. Erros relacionados ao procedimento também podem ocorrer se as pernas do paciente estiverem cruzadas na altura dos joelhos ou se houver fala durante a medição da PA. Uma taxa de deflação rápida do manguito também pode contribuir para a imprecisão.
Relacionadas ao equipamento
Se um manguito for muito pequeno ou muito grande, podem ocorrer erros de medição. Somando-se à imprecisão estão os dispositivos automatizados que não foram testados quanto à precisão, o que pode ser responsável por erros na PA sistólica.
Relacionado ao médico ou profissional de saúde
Um erro comum no cenário clínico é não incluir um período de descanso de cinco minutos. Os erros também podem incluir falar durante o procedimento de medição, usar um tamanho de manguito incorreto e não fazer várias medições.
Restrições de tempo também são bastante comuns para medições casuais. Isso ocorre porque uma leitura casual leva cerca de dois minutos para ser realizada, em comparação com oito minutos para uma medição padronizada. As leituras dos médicos também foram mais altas do que as leituras das enfermeiras, que é o efeito do jaleco branco em ação.
O médico, enfermeiro ou outro profissional de saúde é responsável por realizar a medição adequada da PA enquanto assegura — na medida do possível — que todas as causas potenciais de imprecisão sejam evitadas.
Condensado de: 4 big ways BP measurement goes wrong, and how to tackle them. Sara Berg, MS. American Medical Association
Mas os dispositivos sem manguito atualmente disponíveis são substitutos aceitáveis?
quinta-feira, 10 de agosto de 2023
quinta-feira, 3 de agosto de 2023
1319 - IMC e medidas alternativas
Mas o crescente reconhecimento das limitações do IMC tem feito com que muitos médicos considerem medidas alternativas de obesidade que possam avaliar melhor tanto a quantidade de gordura quanto a localização dela no organismo, um importante determinante das consequências cardiometabólicas do quadro.
No entanto, é provável que o IMC não desapareça tão cedo, dado a sua consolidação na prática clínica e na cobertura dos planos de saúde, além de sua relativa simplicidade e exatidão.
O IMC está incorporado em um grande conjunto de diretrizes para o uso de medicamentos e a realização de cirurgia. Está incorporado nas regulamentações da Food and Drug Administration (FDA) dos Estados Unidos e para faturamento e cobertura dos planos de saúde. Seriam necessários dados extremamente sólidos e anos de trabalho para desfazer a infraestrutura construída em torno do IMC e substituí-lo por outra coisa.
Seria quase impossível substituir todos os estudos que usaram o IMC por pesquisas utilizando alguma outra medida. Infelizmente, o IMC é uma medida imperfeita da composição do organismo que difere por etnia, sexo, estrutura corporal e massa muscular.
A fórmula do IMC é o peso de uma pessoa em quilogramas dividido pelo quadrado de sua altura em metros. O IMC considerado "saudável" está entre 18,5 e 24,9 kg/m2; de 25 a 29,9 kg/m2 é considerado sobrepeso; e ≥ 30 kg/m2 é considerado obesidade. No entanto, determinados grupos étnicos têm cortes mais baixos para o sobrepeso ou a obesidade, dadas as evidências de que essas pessoas podem ter maior risco de comorbidades relacionadas com a obesidade com IMCs mais baixos.
O IMC foi escolhido como a ferramenta inicial de triagem da obesidade não por ter sido considerado perfeito ou a medida ideal, mas por sua simplicidade. Tudo o que você precisa é saber a altura e o peso e ter uma calculadora. Embora a RCE pareça promissora como um substituto ou complemento ao IMC, traz suas próprias limitações, particularmente o desafio de medir com exatidão a circunferência da cintura.
Medir a circunferência da cintura não só leva mais tempo, mas exige que o avaliador seja bem treinado sobre onde colocar a fita métrica e se certificar de estar medindo no mesmo lugar todas as vezes, mesmo quando pessoas diferentes fazem medições seriadas de cada paciente.
Se a RCE não é a resposta definitiva, então os exames de imagens avançados para avaliação da distribuição da gordura, como a tomografia computadorizada ou a ressonância magnética, seriam de escolha para o parâmetro oficial da obesidade?
Bem, embora a imagem com métodos como a tomografia computadorizada e a ressonância magnética possa trazer maior acurácia e precisão para rastrear o volume da gordura de risco cardiometabólico de alguém, esses métodos também são prejudicados pelo custo relativamente alto e, no caso da tomografia computadorizada e da densitometria, pela questão da exposição à radiação.
Nos próximos cinco anos, o IMC será visto como um instrumento de triagem que classifica as pessoas em grupos de risco geral, que também precisa de outras medidas e variáveis, como idade, raça, etnia, história familiar, glicemia e pressão arterial para descrever melhor o risco para a saúde de uma pessoa.,
Extraído de: BMI Is a Flawed Measure of Obesity. What Are Alternatives? - Medscape - Apr 26, 2023.
quinta-feira, 27 de julho de 2023
1318 - Publicidade médica: aprovação da nova resolução
O presidente do CFM, José Hiran Gallo, assegurou, em mensagem de vídeo aos médicos, que a divulgação das novas regras acontecerá somente por meio do Diário Oficial da União, dentro das próximas semanas.
"Enquanto isso não ocorrer, faço um alerta: desconsiderem qualquer informação ou comentário relacionado ao tema divulgado pela imprensa, redes sociais ou grupos de discussão. Assim, notícias, mensagens ou vídeos que antecipem pontos da nova resolução devem ser ignorados, pois não são reconhecidos como válidos pelo CFM", explicou Gallo.
Veja a mensagem do presidente clicando na imagem a seguir.
quinta-feira, 20 de julho de 2023
1317 - Hepatoprotetor para um deus
Uma águia comia seu fígado, que se regenerava continuamente, poupando-o da morte, mas não da agonia.
Os fabricantes franceses dessas pílulas hepáticas da década de 1930 sugerem que a Prometheus teria se beneficiado de seu produto.
https://www.neatorama.com/2023/05/29/Extreme-Ad-for-Liver-Pills-Shows-the-Torture-of-Prometheus/
O fogo era considerado na mitologia grega um elemento exclusivo dos deuses, e quem se atrevesse a dominá-lo sofreria punições severas. Foi o que aconteceu com Prometeu, que roubou o fogo dos deuses e o deu aos homens, a fim de garantir a superioridade humana sobre os outros animais. Como castigo, Zeus o condenou: ele seria acorrentado no alto do monte Cáucaso, onde, todos os dias, uma águia dilaceraria um pedaço do seu fígado. O castigo seria eterno, uma vez que o fígado é o órgão com maior poder de regeneração do corpo humano. Todo pedaço que a águia arrancasse estaria recuperado no dia seguinte, visto que o processo de regeneração do órgão é impressionante. Se removermos 70% do fígado de um camundongo, ele consegue se regenerar por completo em até três dias. Enquanto não recupera suas capacidades fisiológicas normais, o órgão não cessa de crescer (Michalopoulos e DeFrances, 1997).
quinta-feira, 13 de julho de 2023
1316 - A toxina do baiacu
Como o baiacu contém uma glândula de veneno, o consumo de sua carne exige a retirada prévia da glândula. Uma vez retirada a glândula, a carne do baiacu torna-se um tradicional ingrediente para o sashimi.Como o peixe baiacu se defende de seus predadores🐡 pic.twitter.com/GAqNq2BYB7
— Biólogo Sérgio Rangel (@BiologoRangel) May 27, 2023
O veneno, a tetrodotoxina, é um bloqueador dos canais de sódio, que paralisa o músculos enquanto a vítima permanece totalmente consciente. Sob o efeito dessa neurotoxina, a vítima não consegue respirar, e eventualmente morre por asfixia. O tratamento padrão é o de suporte ao sistemas respiratório e circulatório, administração de carvão ativado e aguardar até que o veneno seja metabolizado e excretado pelo corpo da vítima. Toxicologistas ainda trabalham no desenvolvimento de um antídoto para a tetrodotoxina.
Ver também: Um ninho de amor
quinta-feira, 6 de julho de 2023
1315 - Acronimomania
Até 1970, praticamente não havia, ou eram raras, siglas e abreviaturas para identificar ensaios clínicos. Mas em 1980 essa tendência decolou e, em 1995, o Dr. Tsung O. Cheng cunhou o fenômeno de "acronimomania". Somente no campo dos ensaios clínicos em cardiologia o uso de acrônimos saltou de 245 em 1992 para 4.100 em 2002, a ponto de os ensaios clínicos sem esse artifício linguístico se tornarem exceção.
Com a série de ensaios ISIS (International Study of Infarct Survival) iniciada em 1986, a homonímia com a deusa mãe dos egípcios (Ísis) inaugurou uma nova etapa: associar nomes de ensaios clínicos a figuras míticas, figuras históricas ou celebridades contemporâneas de diversos campos, seja para manifestar o seu prestígio simbólico ou seja para melhorar a sua visibilidade e memorização.
Fontes
Matías A. Loewy. MOZART, CHAPLIN e MESSI: quando o nome dos ensaios clínicos se tornam ‘pessoais’ - Medscape - 17 de Maio de 2023
Cheng O Tsung. Acronymania - Fam Pract. 1995 Apr;40(4):328. http://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/7699341
Christopher Labos. The Alphabet Soup of Clinical Trial Acronyms - Medscape - 01 de fevereiro de 2016
quinta-feira, 29 de junho de 2023
1314 - Correlações espúrias
"É muito importante entender que correlações entre dados não indicam que há relação de causa e efeito entre eles. Por exemplo, sabe-se que o consumo de sorvetes aumenta no verão, época em que há também mais casos de queimaduras de pele. Mas a partir destas afirmações não podemos chegar à conclusão de que comer sorvete causa queimaduras na pele – há apenas uma correlação entre as duas ocorrências, que são mais comuns na mesma época do ano.
Neste exemplo, o Sol fornece uma conexão indireta entre as duas variáveis (causando o calor que dá vontade de tomar sorvete e as queimaduras na pele), mas é bastante comum também encontrarem-se correlações entre fenômenos que não têm nenhuma ligação, nem mesmo indireta, entre si. Isto ocorre simplesmente porque nós humanos estamos sempre procurando correlações, e acabamos encontrando-as e dando-lhes destaque, mesmo que não tenham importância.
Exemplos são facilmente localizados na internet: há fortes correlações entre o número de pessoas que morrem afogadas em piscinas e o de filmes com Nicolas Cage lançados a cada ano, o número de lançamentos espaciais não comerciais e doutorados em sociologia concedidos nos EUA, ou o consumo por pessoa de muçarela e quantidade de doutorados em engenharia civil. Obviamente, não existe nenhuma ligação entre cada um destes pares de quantificações. São apenas coincidências, como tendem a aparecer quando os dados são 'torturados' até 'confessar'."
~ Alicia Kowaltowski, QUESTÃO DE CIÊNCIA
É importante ter cuidado ao interpretar correlações e não assumir uma relação causal baseada apenas na associação estatística. A identificação de correlações espúrias pode ser alcançada através de um estudo mais aprofundado e da consideração de outras variáveis relevantes.
624 - Correlações espúrias
1102 - Correlações entre posse de armas de fogo e tamanho do pênis
quinta-feira, 22 de junho de 2023
1313 - Envenenamento pelo chumbo
Os romanos usaram esse açúcar durante séculos para adoçar seu vinho tinto barato. Ele é citado como uma das principais causas da queda e declínio do Império Romano.
É o elemento químico de número atômico 82, massa atômica 207 e que pertence ao grupo 14 da tabela periódica. Em sua forma elementar o chumbo raramente é encontrado na natureza. Assim, é mais comum encontrá-lo em minerais como galena, anglesita e cerusita. Caracteriza-se por ser um metal pesado, tóxico e maleável.
Aplicações
O chumbo apresenta diversos tipos de utilidades, sendo encontrado em inúmeros produtos.
- Diversos equipamentos e utensílios em industrias e na construção civil;
- Munições;
- Cosméticos e pigmentos, especialmente batons e tinturas de cabelo.
- Ligas metálicas;
- Aditivo de combustíveis;
- Mantas de blindagem contra a radiação;
- Produção de soldas.
Como o chumbo não é absorvido pelo organismo, a exposição contínua a esse metal eleva os níveis de acumulação e o risco das lesões no corpo humano. Cérebro, rins e fígado são os órgãos mais atingidos.
quinta-feira, 15 de junho de 2023
1312 - O que é febre maculosa?
Segundo o Ministério da Saúde, no Brasil, duas espécies da Rickettsia estão associadas a quadros de febre maculosa: rickettsii, considerada a doença grave, registrada no norte do estado do Paraná e nos estados da Região Sudeste; e a parkeri, que tem sido registrada em ambientes de Mata Atlântica (Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Bahia e Ceará), ligada a quadros clínicos menos graves.
Quais os sintomas?
Os sintomas são, de início, súbitos: febre alta, dor no corpo, na cabeça, prostração, perda do apetite, náuseas, vômitos e aparecimento de manchas avermelhadas principalmente nas mãos e nos pés, do segundo ao quinto dia, que podem evoluir para petéquias (pequenos pontos avermelhados na pele que lembram picada de mosquito) e equimose (manchas roxas). A doença tem formas leves e graves, incluindo a hemorrágica, com evolução para morte. A taxa de letalidade pode ser superior a 50%.
Tratamento
São administrados antibióticos -Tetraciclina e cloranfenicol- que evitam a proliferação de bactérias, contendo o agravamento da doença. A uso da medicação já deve ser feito mesmo antes da confirmação do resultado.
Em quanto tempo o quadro do paciente evolui para a morte?
O indivíduo pode evoluir para morte entre o 5º e o 15º dia após o início dos sintomas. Dependerá da agilidade no diagnóstico e início do tratamento. A febre maculosa é de difícil diagnóstico por apresentar sintomas inespecíficos e que se confundem com outras doenças, como leptospirose, zika, dengue e meningite, entre outras.
Qualquer carrapato pode transmitir a febre maculosa?
Os principais carrapatos que transmitem a febre maculosa no Brasil são três: Amblyomma cajennense, Amblyomma cooperi (dubitatum) e Amblyomma aureolatum (carrapato amarelo do cão).
No interior de São Paulo, a febre maculosa está associada ao carrapato-estrela que, em geral, ocorre em áreas de mata silvestre e beira de rios. Em geral, homens adultos são mais acometidos, por trabalharem nessas regiões. As ninfas (formas imaturas do carrapato) são os principais estágios evolutivos envolvidos na transmissão e predominam nos meses mais frios.
Como evitar a picada do carrapato?
Quem circula por áreas endêmicas deve usar botas, calças e blusas com manga comprida, cobrindo todo o corpo. É importante evitar locais com mato alto.
Há risco de infecção em áreas urbanas?
Sim. O Amblyomma aureolatum encontrado nos cães estão envolvidos na transmissão da doença nas regiões metropolitanas, principalmente nas cidades do Sudeste e Sul do país, onde ocorre o maior número de casos.
Jundiaí, Campinas e Piracicaba, em especial.
Fontes:
Tania Chaves, infectologista, professora da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Pará, e Marcelo Simão, infectologista, professor da Universidade Federal de Uberlândia (MG). Os dois são consultores da Sociedade Brasileira de Infectologia.
quinta-feira, 8 de junho de 2023
1311 - Compare a exposição à radiação em um voo de avião com a de um exame de raio-X. Inclua citações
A exposição à radiação em um voo de avião é devida à radiação cósmica, que vem do espaço, enquanto a exposição à radiação em um exame de raio-X é devido à radiação ionizante produzida por um aparelho de raio-X. Embora ambas as formas de radiação sejam ionizantes, existem diferenças significativas na quantidade de radiação que uma pessoa é exposta em cada situação.
De acordo com a Administração Federal de Aviação dos EUA (FAA), a exposição média à radiação cósmica durante um voo comercial de uma costa para outra nos EUA é de cerca de 0,03 a 0,05 millisieverts (mSv). Isso é aproximadamente equivalente a um décimo da dose anual de radiação que uma pessoa recebe simplesmente de fontes naturais, como o solo e o sol. No entanto, a exposição à radiação cósmica é maior em voos de longa distância ou voos sobre os polos, e os pilotos e comissários de bordo podem estar expostos a níveis mais elevados de radiação ao longo de suas carreiras.
Por outro lado, a exposição à radiação em um exame de raio-X pode variar dependendo do tipo de exame e da parte do corpo que está sendo examinada. De acordo com a American College of Radiology (ACR), a dose típica de radiação de um raio-X de tórax é de cerca de 0,1 mSv, enquanto a dose de um raio-X abdominal pode chegar a 10 mSv. A dose de radiação em um exame de tomografia computadorizada (TC) pode variar de alguns mSv a mais de 20 mSv, dependendo do tipo de TC e da parte do corpo que está sendo examinada.
Em resumo, embora a exposição à radiação em um voo de avião possa ser detectável, ela é geralmente considerada de baixo risco para a saúde. A exposição à radiação em um exame de raio-X pode ser significativamente maior, mas os benefícios do diagnóstico médico muitas vezes superam os riscos associados à exposição à radiação. É importante que os profissionais de saúde usem a menor dose de radiação possível durante os exames radiológicos, para minimizar a exposição dos pacientes.
Referências:
FAA. (2014). Cosmic Radiation. Recuperado em 21 de fevereiro de 2023, de https://www.faa.gov/about/office_org/headquarters_offices/ash/ash_programs/hazmat/passenger_info/media/CosmicRadiation.pdf
American College of Radiology. (2020). RadiologyInfo.org. Recuperado em 21 de fevereiro de 2023, de https://www.radiologyinfo.org/en/info.cfm?pg=safety-xray
(*) É a sigla de Chat Generative Pre-trained Transformer. https://www.medscape.com/viewarticle/987526 Médicos podem ser mais eficientes usando o ChatGPT - Medscape - 16 de fevereiro de 2023.
quinta-feira, 1 de junho de 2023
1310 - Colchão antirronco
- Roncar não é sinal de sono profundo, reparador – ele indica dificuldade na respiração. A região por onde passa o ar, atrás da garganta, é estreita, e tem a forma de um cilindro muscular. E se ela fica ainda mais fechada – seja pelo relaxamento muscular ou alguma obstrução – a passagem do ar diminui, o que provoca uma vibração nessa estrutura, e consequentemente, o ronco.
- Quando engordamos, a gordura extra se deposita no corpo inteiro, incluindo a região do pescoço. E o acúmulo de gordura na garganta estreita a faringe e dificulta ainda mais a passagem do ar, o que piora o quadro de ronco. Em obesos, o quadro é pior, e perder peso pode ser uma solução.
- As pessoas que têm alergias respiratórias, como a rinite, ficam com o nariz entupido. Isso faz com que respirem pela boca, causando o ronco. E o tratamento dessas doenças ajuda na diminuição dos ruídos noturnos. Pelo mesmo motivo, a obstrução das vias nasais por dormir com o ar condicionado ligado também favorece os ruídos noturnos.
- Desvio de septo, amídalas grandes e outras questões anatômicas, como pólipos no nariz, adenoide maior do que o normal, queixo retraído (retrognatismo) e alterações na arcada dentária podem causar obstrução nas vias respiratórias e, consequentemente, o ronco. Para o retrognatismo e as disfunções na arcada é indicado o uso noturno de uma placa bucal de silicone feita sob medida para o paciente. Em alguns casos, a cirurgia pode ser indicada para resolver questões anatômicas.
- Homem ronca mais do que mulher, mas, para ambos, o problema piora com a idade. A proporção é de quatro homens roncadores para uma mulher – mas esses números só valem até a menopausa, quando os números se equivalem.
- O consumo excessivo de álcool faz com que uma pessoa ronque, já que a bebida causa relaxamento da musculatura – e esse relaxamento ajuda a fechar o canal da passagem do ar, causando a vibração do ronco. Medicamentos que relaxam produzem o mesmo efeito.
- A pior posição de dormir é com a barriga para cima. A ação da gravidade, pela retração da língua para trás, causa um estreitamento da passagem de ar, aumentando a vibração dos tecidos da faringe e produzindo som. O ideal é dormir de lado.
- O ronco é um dos sintomas da apneia obstrutiva do sono, um distúrbio respiratório que se caracteriza pela redução da oxigenação do sangue, que acontece devido a pausas da respiração causadas pelo estreitamento das vias aéreas. Grande parte dessas pessoas segue sem diagnóstico, o que aumenta o risco das doenças cardíacas.
- Existem exercícios antirronco – e eles são eficazes. Pesquisadores do Laboratório do Sono do Incor criaram uma técnica de exercícios musculares que, se praticada diariamente e com orientação de fonoaudiólogo no início, reduz a frequência e a altura do ronco até que este se torne quase imperceptível – em alguns casos.
quinta-feira, 25 de maio de 2023
1309 - Faculdade de Medicina da UFC - 75 Anos!
quinta-feira, 18 de maio de 2023
1308 - O cinto de segurança de três pontos
Em apenas três meses, Bohlin (foto) criou o cinto de segurança de três pontos, um item que mudaria para sempre os padrões de segurança do setor automobilístico.
Estima-se que esse item criado por Bohlin tenha salvado mais de 1 milhão de vidas. E Bohlin foi incluído no Hall da Fama dos Inventores, nos Estados Unidos, como Thomas Edison e Graham Bell, inventores da lâmpada elétrica e do telefone, respectivamente.
O inventor sueco morreu na manhã em que receberia sua premiação. Örnmark, seu enteado, o substituiu na cerimônia.
"Foi a coisa mais difícil em minha vida, confessou ele à BBC. Em seu discurso de agradecimento, no qual ele terminou dizendo:
quinta-feira, 11 de maio de 2023
1307 - As plantas respiram?
Sim, elas respiram. E pelo processo aeróbico.
É comum as pessoas pensarem que as plantas suprem todas as suas
necessidades através da absorção da água e que o gás carbônico absorvido na
fotossíntese substitui totalmente o fenômeno da respiração. Ou até mesmo
nem sabem que as plantas possuem essa função.
Todo vegetal respira. Indo além, é correto afirmar que nem todas as partes de
uma planta fazem fotossíntese, mas todas as partes da mesma planta respiram.
Um exemplo fácil de entender são as raízes que vivem no interior do solo. A
fotossíntese somente ocorre na presença de luz. Se a raiz está escondida da
luz solar, não fará fotossíntese.
Para o ser humano a ideia de respirar está aliada ao fato de possuirmos
pulmões e facilmente identificada pela evidência dos movimentos musculares
que ocorrem durante a respiração.
Com os vegetais não é assim, a respiração se dá através da respiração
celular. A ausência de pulmões não permite que existam movimentos. E isso
nos dá a falsa ideia de que não respiram. A respiração é um fenômeno distinto
da fotossíntese embora uma seja espelho da outra. Grosso modo, a respiração
e a fotossíntese mantêm o vegetal vivo. Isso significa que a planta, em um
ambiente sem oxigênio, irá morrer.
A respiração não significa apenas suprir o vegetal com oxigênio ou efetuar uma
simples troca de gases: inspirar oxigênio e expirar gás carbônico. Acreditem,
transforma também o oxigênio em água.
No caso da planta, a respiração promove a energia através da quebra da
molécula de sacarose. Considere um palito de fósforo queimando após riscá-lo.
A molécula de sacarose é a cabeça do fósforo e a lixa é o oxigênio. Ao entrar
em contato com o oxigênio a sacarose se transforma em energia como no caso
da cabeça do fósforo, gerando inclusive calor e luz. Apenas não gera a fumaça.
A Fisiologia Vegetal foi mais além e descobriu que existe uma taxa
respiratória nos vegetais, sendo essa taxa variável de acordo com a idade, o
ambiente, a espécie, a estação do ano e, por incrível que pareça, para cada
órgão.
A respiração é importantíssima para o crescimento do vegetal. O metabolismo
da planta é maravilhoso. Funciona em um sincronismo espetacular. Dizem – e
concordo – que as plantas são os seres vivos mais perfeitos sobre a face da
Terra. Não é à toa, pois elas produzem seu próprio alimento, são seres
autotróficos, estão aqui na Terra há muito tempo antes de nós.
segunda-feira, 1 de maio de 2023
1306 - Hospital de Messejana 90 anos
Faça um passeio virtual pelos monumentos históricos do Hospital de Messejana Dr. Carlos Alberto Studart Gomes que, neste 1.º de maio, completou 90 anos.
quinta-feira, 27 de abril de 2023
1305 - Esteatopigia
Na esteatopigia está presente uma hiperlordose lombar devido ao deslocamento do centro de gravidade, que faz com que a coluna seja puxada para frente para manter o equilíbrio corporal. E que que os joelhos geralmente se posicionem para dentro e para trás como uma forma de compensação.
Na Inglaterra vitoriana, em espetáculos de aberrações eram apresentadas mulheres com esta condição. O exemplo mais emblemático foi a sul-africana Saartjie Baartman.
quinta-feira, 20 de abril de 2023
1304 - Abreviaturas em prescrições
ad lib. (ad libitum) – use o quanto quiser; livremente
alt. h. (alternis horis) - a cada duas horas
e.m.p. (ex modo prescripto) - conforme indicado
ex. aq. - em água
h.s. (hora somni) – na hora de dormir
noct. (nocte) – à noite
n.p.o. (non per os) – nada por via oral
p.c. (post cibum) – após as refeições
p.o. (per os) - por via oral
s.a. (secundum artum) – use seu julgamento
s.o.s. (si opus sit) - se houver necessidade
+ abreviaturas AQUI
Napoleão Bonaparte descreveu a medicina como "uma coleção de prescrições incertas cujos resultados, tomados coletivamente, são mais fatais do que úteis para a humanidade".
sexta-feira, 14 de abril de 2023
1303 - O caráter translacional da pesquisa de Carlos Chagas
Nascido em 9 de julho de 1878 no município de Oliveira (Minas Gerais), Carlos Justiniano Ribeiro Chagas (1878-1934) se tornaria um dos nomes mais proeminentes da história da medicina não só no Brasil, mas em todo o mundo.
Com uma trajetória brilhante e dedicada à Saúde Pública, ele foi o primeiro cientista no mundo a descrever completamente uma doença infecciosa (patógeno, vetor, hospedeiros, modo de transmissão, manifestações clínicas etc.), a Doença de Chagas. Um feito que, no dizer da Dra. Simone Petraglia (Fiocruz), reforça o caráter translacional do trabalho desenvolvido por este grande vulto da medicina brasileira.
A pesquisa translacional envolve um processo conhecido por translação do conhecimento, no qual o foco da investigação científica na área da saúde adquire um fluxo de informação bidirecional entre as pesquisas básica e clínica, resultando em uma aplicabilidade real do conhecimento e de novas tecnologias, melhorando a aplicação clínica de novos conceitos terapêuticos, e, finalmente, proporcionando benefícios diretos aos principais interessados neste processo: os pacientes.
Dizem que o Nobel de 1921 seria dele, mas não o deram (nem a ninguém, ficou vago) por oposição de brasileiros influentes, dentre os quais, a de um médico.
À época, o maior crítico de Carlos Chagas era o médico Júlio Afrânio Peixoto.
Deu na seção "Há 100 anos" da Folha de SP:
Abordando a vida e a obra de Carlos Chagas, em "Doença de Chagas: a Polêmica na ANM e as Especulações sobre o Prêmio Nobel" (subtema de um simpósio ocorrido na Academia Nacional de Medicina, em 2019), o Dr. Paulo Gadelha (Fiocruz), ao analisar as discussões ocorridas na Academia Nacional de Medicina, destacou como principais personagens o próprio Dr. Carlos Chagas, Miguel Couto, Júlio Afrânio Peixoto, Clementino Fraga e Paulo de Figueiredo Parreiras. Segundo o Dr. Paulo Gadelha, essas discussões estiveram centradas em três eixos: do saber (paternidade da descoberta, contribuições de outros pesquisadores etc.); do poder (Instituto de Manguinhos e a Saúde Pública) e da ética (apropriação da descoberta, ocultação de trabalhos de colaboradores e criação de uma "epidemia imaginária"). Além desses fatos, também esteve em discussão a imagem do Brasil que, despontando como uma nação receptora de imigração, poderia sofrer com a associação a "um país de doentes".
Também foram abordadas as especulações sobre o Prêmio Nobel, que ganharam força após o grande destaque recebido por Carlos Chagas na Exposição de Dresden (1911) e da concessão do Prêmio Schaudinn em 1912. No entanto, após análise dos registros históricos, apresentados, o Dr. Paulo Gadelha ressaltou que não existem evidências que suportem a hipótese de que a oposição enfrentada por Carlos Chagas na Academia Nacional de Medicina tenha sido um dos motivos para ele não ter recebido a premiação. Destacou, ainda, a não existência de documentos que comprovem a especulação de que o Comitê Nobel tenha se dirigido a instituições brasileiras e que essas tenham desaconselhado a premiação.
Fonte: https://www.anm.org.br/vida-e-obra-de-carlos-chagas-sao-celebradas-em-simposio-na-academia-nacional-de-medicina/
quinta-feira, 6 de abril de 2023
1302 - O oxigênio que respiramos
Simplesmente ter átomos de oxigênio nos pulmões não é suficiente para respirar. Precisamos especificamente de O2 - oxigênio gasoso e molecular, que representa 21% da atmosfera.
Em massa, a H2O é 88,8% de oxigênio. Mas não podemos respirar água, que é a "cinza" da queima do hidrogênio.
Se qualquer outra forma de oxigênio estiver presente, pode ser inútil ou pior que inútil.
Por exemplo, o CO2 é dióxido de carbono - um gás levemente tóxico que produzimos como subproduto do consumo de oxigênio e que exalamos a cada respiração. Mas se tentarmos respirar CO2 (sem O2 adequado disponível), sufocaremos.
O CO é monóxido de carbono - um gás consideravelmente mais tóxico que na verdade desloca O2 em nossa corrente sanguínea, causando novamente asfixia.
N2O é o óxido nitroso - "gás do riso". É um anestésico geral comum e o deixará tonto, mas em grandes quantidades, isso também o matará.
H2SO4 é ácido sulfúrico... não tente respirar isso (mesmo ou especialmente na forma gasosa), a menos que você goste de seus pulmões derretendo.
Até o O- (um único átomo de oxigênio não ligado) é chamado de "radical livre" e é realmente incrivelmente destrutivo para as células. É disso que estamos tentando nos livrar quando comemos ou bebemos "antioxidantes" para a saúde.
Anthony Zarrela, Quora
quinta-feira, 30 de março de 2023
1301 - A fratura do boxeador
Sim, ele exerceria a mesma força na própria mão. Contudo, a força é dissipada pela luva de boxe.
Atualmente, apesar da controvérsia, as luvas são destinadas a proteger não só as mãos de um lutador, mas também proteger o outro lutador de lesões aparentes. A controvérsia está em que usando luvas, um lutador pode gerar um impacto muito maior nos golpes que aplica, repetidas vezes, sem machucar as mãos, aumentando o risco de lesionar o oponente de modo mais severo.
quinta-feira, 23 de março de 2023
1300 - Dentro de um pulmão de ferro há 65 anos
Nas sete décadas seguintes, Paul contou com um pulmão de ferro para fazer o que seu diafragma não conseguia mais fazer. O pulmão de ferro usava a pressão do ar para expandir e desinflar seus pulmões, mas, apesar das repetidas tentativas dos médicos de fazê-lo respirar sozinho, Paul simplesmente não conseguia.
Isso foi até que ele descobriu uma técnica conhecida como respiração glossofaríngea (respiração de sapo). Essa técnica envolvia engolir o ar para forçá-lo a entrar nos pulmões. Com a ajuda de sua fisioterapeuta, a Sra. Sullivan, Paul praticou essa técnica de respiração até conseguir fazê-la sozinho por três minutos inteiros, ganhando um cachorrinho chamado Ginger, conforme prometido. Com o tempo, Paul foi capaz de usar essa técnica fora do pulmão de ferro e até se formou em direito.
Apesar de suas deficiências, Paul viveu uma vida plena e significativa. Ele viajava de avião, morava sozinho, frequentava clubes de strip-tease e rezava na igreja. Ele escreveu um livro sobre sua vida intitulado "Three minutes for a dog: My life in an iron lung", que escreveu inteiramente sozinho com uma caneta presa na boca.
quarta-feira, 15 de março de 2023
1299 - A vacina bivalente contra a covid-19
Enquanto nos Estados Unidos a recomendação é de uma dose única de reforço em toda a população a partir de cinco anos de idade pelo menos dois meses após o esquema primário de qualquer vacina contra a covid-19, na União Europeia, a indicação é para pacientes e funcionários de instituições de longa permanência, profissionais de saúde, gestantes, idosos (60 anos), imunocomprometidos e pessoas com comorbidades relevantes.
No Brasil, a recomendação é ofertar a dose de reforço para pessoas acima de 60 anos, gestantes, puérperas, pacientes imunocomprometidos, pessoas com deficiência, pessoas vivendo em instituições de longa permanência, povos indígenas, ribeirinhos e quilombolas e profissionais de saúde. No total, 52 milhões de pessoas são elegíveis para receber a dose de reforço.
Os dados de efetividade das vacinas bivalentes são escassos, mas indicam que houve proteção adicional para as pessoas que se vacinaram com o novo imunizante. Os resultados do estudo Effectiveness of bivalent boosters against severe omicron infection, recém-publicado no periódico New England Journal of Medicine, deixam evidente que a dose de reforço ajuda na prevenção de hospitalização e óbito por covid-19. Na Figura S2 do artigo, fica claro que, apesar de as vacinas de reforço monovalentes gerarem proteção adicional contra hospitalizações e óbitos por infecção pela variante Ômicron, a duração dessa proteção é mais curta quando comparada à das vacinas bivalentes. Talvez esse seja o principal argumento para utilizar as vacinas bivalentes em vez das vacinas monovalentes em população com maior risco de complicações por covid-19: garantir uma proteção mais duradoura contra hospitalizações e óbitos.
DOI: 10.1056/NEJMc2215471
quarta-feira, 8 de março de 2023
1298 - O Museu da Vacina
No espaço, os visitantes poderão conhecer, de forma cronológica, a evolução da ciência no desenvolvimento das vacinas.
A ideia do Museu da Vacina nasceu em 2018 e sofreu atrasos em sua execução por conta da pandemia. Ele foi construído na Casa Rosa (foto), prédio que foi a primeira sede da Fazenda Butantan.
quinta-feira, 2 de março de 2023
1297 - Os genes de Mendel oferecem pistas sobre sua vida
O caixão de Mendel parecia ser de metal no fundo. Estava forrado com alguns jornais datados de pouco antes de sua morte, o que parecia bastante conclusivo. Ainda assim, Pardy diz que eles queriam evidências ainda melhores de que este caixão continha os restos mortais de Mendel.
"Na verdade, tivemos a ideia de examinar seus pertences pessoais porque sabíamos que precisávamos de algum material de referência para confirmar sua identidade", diz Pardy.
Curadores de museus locais permitem que eles esfreguem itens como os microscópios de Mendel, seus óculos, registros escritos de suas medições meteorológicas e uma cigarreira. A equipe também procurou cuidadosamente nos livros favoritos de Mendel e, em um livro sobre astronomia, encontrou um fio de cabelo.
Ao olhar para o DNA de tudo isso e compará-lo com o DNA do esqueleto, eles tiveram certeza de que haviam encontrado o corpo de Mendel. O sequenciamento de seu DNA revelou variantes genéticas ligadas a diabetes, problemas cardíacos e doenças renais. A variante que mais intrigou Fairbanks estava em um gene associado à epilepsia e a problemas neurológicos.
“Ele sofreu ao longo de sua vida de algum tipo de distúrbio psicológico ou neurológico que o levou a ter colapsos nervosos muito graves”, diz Fairbanks. “Isso pode muito bem ter sido uma condição hereditária – e essa foi uma descoberta fascinante que esses cientistas fizeram”.
O que Mendel faria?
Fairbanks pensou em como Mendel se sentiria ao ser perturbado em seu túmulo para satisfazer a curiosidade dos cientistas de hoje.
"Tendo a pensar, pelo que sei sobre ele, que ele pode ter ficado muito feliz com isso", diz Fairbanks. "Mas é claro que não podemos perguntar diretamente a ele."
Pospíšilová também se inclina para essa teoria.
"Acreditamos que ele ficaria feliz. Sabemos que ele estava muito entusiasmado com todos os tipos de pesquisa", diz ela - observando que pouco antes de morrer, Mendel solicitou que uma extensa autópsia fosse feita.
"Ele não era contra a pesquisa em seu próprio corpo", diz ela.
Embora Mendel não soubesse nada sobre o DNA ou o papel que ele desempenhava nos padrões de herança que ele observava tão de perto, diz ela, com toda a probabilidade "ele não se importaria de fazer parte da pesquisa, mesmo depois de sua morte".
quinta-feira, 23 de fevereiro de 2023
1296 - Exumação de Mendel, o pai da genética
Desenterrando seu corpo e sequenciando seu DNA, é claro.
Foi isso que uma equipe de cientistas da República Tcheca fez em 2022 para homenagear Gregor Mendel, um cientista e frade cujos experimentos em meados do século XIX lançaram as bases para a genética moderna.
Mendel viveu e trabalhou em Brno, a segunda maior cidade da República Tcheca. Com 2022 marcando o bicentenário do nascimento de Mendel, os pesquisadores locais - onde Mendel continua sendo uma espécie de herói da cidade natal - procuraram maneiras de lembrar o homem e homenagear o momento. As possibilidades incluíam um festival, uma conferência científica e uma estátua.
O astrônomo Jiří Dušek, diretor do Observatório e Planetário de Brno, questionou se o fundador da genética já havia sido submetido a algum teste genético.
"Então esse foi o começo", diz Šárka Pospíšilová , geneticista que também é vice-reitor de pesquisa da Universidade Masaryk em Brno.
Uma ideia 'maluca' se torna realidade
A princípio, ela diz que a ideia de analisar os genes de Mendel parecia "louca".
Ainda assim, Pospíšilová consultou diferentes especialistas da universidade para perguntar o que seria possível.
"Perguntei aos antropólogos que tinham experiência com análise de restos mortais de várias personalidades históricas", lembra ela. Ela também consultou arqueólogos.
Exumar Mendel de seu túmulo em Brno e realizar testes genéticos em seus restos mortais acabou sendo um projeto factível – contanto que eles pudessem obter permissão dos agostinianos. Essa é a ordem religiosa à qual Mendel pertencia e com a qual ele permanece: pensava-se que a tumba agostiniana no cemitério central da cidade continha o corpo de Mendel.
Os líderes religiosos locais consultaram os agostinianos em Praga, seu bispo e, finalmente, os agostinianos em Roma. Eventualmente, a permissão foi concedida.
Um gigante da genética
Filip Pardy , um biólogo molecular da equipe de pesquisa, sentiu que um grande senso de responsabilidade vinha fazer parte desse esforço.
"Gregor Mendel é uma pessoa que é ensinada no primeiro curso de genética da universidade", diz Pardy. "Todo mundo sente que ele é muito importante, especialmente aqui em Brno. Ele é uma espécie de modelo... que esteve no início de tudo o que fazemos."
Mendel estava à frente de seu tempo na maneira como usou a matemática para estudar padrões de herança em plantas de ervilha ao olhar para coisas como cor da flor e altura da planta, diz Pardy.
"Ele analisou um conjunto de cerca de 25.000 plantas para realmente acertar seus números e criar as fórmulas", diz Pardy. "E, nesse sentido, ele também foi um tipo de visionário e um passo à frente."
Os experimentos de Mendel com plantas foram conhecidos e respeitados durante sua vida, mas sua fama realmente decolou depois de 1900, quando os geneticistas redescobriram seu trabalho e perceberam suas implicações.
"Ninguém na época, incluindo Mendel, creio eu, suspeitava que seu trabalho seria tão inovador em termos de ser uma importante teoria científica", diz Daniel Fairbanks, geneticista de plantas e autor de um livro chamado Gregor Mendel: His Life and Legado.
quinta-feira, 16 de fevereiro de 2023
1295 - Envenenamentos pelo arsênico
Mas nem todos tinham tanta certeza.
O arsênico, o elemento básico do mistério do assassinato moderno, estava em toda parte na vida de qualquer pessoa rica e de bom gosto na Inglaterra vitoriana.
Depois que os químicos descobriram que podiam produzir verdes brilhantes com arsênico no final de 1700, a cor tornou-se irresistível para aqueles que podiam pagar. E se você fosse saudável, sua vida com ele seria ótima.
Senhoras e senhores do final dos anos 1700 e início dos anos 1800 já tinham arsênico em sua maquiagem, em suas perucas e nos tecidos que usavam. Ninguém sabia ao certo por que alguns deles estavam ficando doentes.
Famílias na Grã-Bretanha perderam todos os seus filhos para o que agora sabemos ser envenenamento por arsênico sem nunca saber a verdade, mesmo quando alguns médicos e cientistas começaram a falar sobre o perigo no início de 1800.
Mas o mistério começou a ser desvendado com o papel de parede. As pessoas já sabiam que o arsênico podia matar e, à medida que os sintomas surgiam naqueles que não tinham uma constituição tão forte, alguns viram escrito na parede de que algo estava muito, muito errado.
A pressão pública fez com que os fabricantes relutantemente removessem o arsênico de seus produtos. E o momento era certo, pois os fabricantes já estavam lançando cores novas e ainda mais brilhantes com a invenção de corantes sintéticos já em 1850.
Embora os resistentes ainda ridicularizassem a noção de que o arsênico poderia saltar do papel de parede ou do vestido de alguém e matá-los, a evidência acabou se tornando clara demais para ser ignorada e, no final dos anos 1800, a era do arsênico havia sido amplamente ocultada para aguardar uma geração futura para descobrir.
Que aqueles de vocês que descobrem esses fragmentos luminescentes da história sejam os mais sábios, e tenham cuidado!
Samaha, L. What's a substance that was once used widely but is now known to be toxic? QUORA
Trad.: PGCS
Arquivo
495 - O trono do conhecimento
993 - O teste de Marsh
quinta-feira, 9 de fevereiro de 2023
1294 - Zoonoses
Classicamente, consideramos zoonose apenas as doenças de transmissão entre vertebrados. Entretanto, há autores que também consideram como parte desse grupo as infecções transmitidas por artrópodes, tais como carrapatos, pulgas, piolhos e mosquitos.
As doenças zoonóticas podem ser causadas por vírus, bactérias, protozoários, fungos e helmintos. Frequentemente, os animais que transmitem esses germes são domesticados e têm aparência saudável.
São mais de 200 as doenças que podem ser transmitidas entre animais e homens.
Também é oportuno lembrar que diversas zoonoses são transmitidas por animais domesticados, mas não caseiros, como porcos, bois, ovelhas, patos e galinhas.
As principais formas de transmissão das zoonoses são:
- Contato direto: com saliva, sangue, pus, urina, fezes, secreções respiratórias e outros fluidos corporais de um animal infectado. Mordidas e arranhões entram nesse grupo.
- Contato indireto: com áreas onde os animais vivem, incluindo objetos, meios ou superfícies que possam ter sido contaminados.
- Vetores: picadas de carrapato, mosquito, percevejo ou pulga.
- Alimentos: ingestão de alimentos contaminados, como leite não pasteurizado, carne ou ovos mal cozidos ou frutas e vegetais crus contaminados com dejetos de um animal infectado. Manuseio de comidas para pets.
Fonte: http://www.gov.uk/government/publications/list-of-zoonotic-diseases/list-of-zoonotic-diseases
quinta-feira, 2 de fevereiro de 2023
1293 - Óculos para o olfato
A equipe desenvolveu seu protótipo e agora está se preparando para iniciar testes clínicos. O principal problema não é exatamente restaurar o olfato de uma pessoa, mas sim ensinar o aparelho a simular cada cheiro. Embora os seres humanos não tenham o melhor olfato do mundo animal, nossos narizes têm um número respeitável de 400 receptores olfativos que podem reconhecer milhares de cheiros diferentes. Mapear esses odores em um processador requer treinamento personalizado para cada paciente.
Nesse caso, os pesquisadores esperam começar um pouco mais humildes. O primeiro objetivo é restaurar a capacidade dos pacientes de perceber odores que são importantes para eles.
- Não tenho certeza até que ponto uma pessoa estaria disposta a se submeter a uma cirurgia para recuperar o olfato.
- Ninguém dá valor ao que tem até perdê-lo.
https://es.gizmodo.com/estas-gafas-no-son-gafas-de-ver-son-gafas-de-oler-1849680797
https://spectrum.ieee.org/covid-smell-prosthetic
quinta-feira, 26 de janeiro de 2023
1292 - Experimento. Seis médicos engolem cabeças de LEGO
Quatro anos depois, os médicos contam tudo o que passaram para testar a passagem das cabeças de LEGO:
https://defector.com/an-oral-history-of-the-time-six-doctors-swallowed-lego-heads-to-see-how-long-theyd-take-to-poo/
https://www.neatorama.com/2018/11/27/How-Long-Does-It-Take-to-Pass-a-LEGO-Piece/
https://www.metafilter.com/197353/Its-a-One-Way-Trip-to-Brown-Town
quinta-feira, 19 de janeiro de 2023
1291 - Homem é atingido por um disparo de sua arma de fogo durante a realização de um exame de RM
O caso ocorreu dentro do Laboratório Cura, no Jardim Paulista, na região central de São Paulo.
Aparelhos de ressonância magnética são ímãs superpotentes (capazes de criar campos magnéticos até 100.000 vezes maiores do que o da Terra). Por isso, é proibido haver objeto ferromagnético na sala de RM, durante o funcionamento do aparelho.
quinta-feira, 12 de janeiro de 2023
quarta-feira, 4 de janeiro de 2023
1289 - O brasileiro que criou a abreugrafia
Este exame do pulmão, que começou a ser desenvolvido há cerca de 100 anos e revolucionou o diagnóstico e o tratamento da tuberculose, foi inventado pelo médico brasileiro Manoel Dias de Abreu — daí o seu nome — e que, por isso, ele foi indicado três vezes ao Prêmio Nobel, em 1946, 1951 e 1953.
A ideia, que demorou mais de uma década para ser desenvolvida, consistia em fotografar com um filme comum, bem mais barato, pois a fotografia com câmeras portáteis já era uma prática disseminada no começo do século passado.
"Assim, a imagem dos raios-x atravessando a pessoa examinada era gerada em uma tela de material fluorescente, que fazia parte do aparelho", explica Schulz. "E essa imagem, agora em luz visível, era fotografada da mesma forma como fotografamos uma paisagem qualquer."
Segundo o médico radiologista Cesar Higa Nomura, presidente da Sociedade Paulista de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (SPR), "a abreugrafia era um método rápido e eficiente para diagnóstico de tuberculose com baixo custo, uma vez que os filmes fotográficos eram mais baratos que os radiográficos. Além disso, era um método portátil que permitiu o uso em larga escala", acrescenta. Enquanto um filme radiográfico tem um tamanho de 30 x 40 cm, os usados nas câmeras comuns — e na abreugrafia, portanto — medem apenas 35 mm ou 70 mm.
Abreu nasceu na cidade de São Paulo, no dia 4 de janeiro de 1892, terceiro filho do português da Província do Minho, Júlio Antunes de Abreu, e da paulista Mercedes da Rocha Dias, de Sorocaba. Ele ingressou na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro com apenas 15 anos e se formou aos 21, em 1913. Pouco depois ele e a família partiram para Paris, onde Abreu pretendia continuar e aperfeiçoar seus estudos. Por causa da 1ª Guerra Mundial, no entanto, teve de ficar em Lisboa até 1915, quando enfim se mudou para a capital francesa, onde permaneceu por 8 anos.
Em Paris, Abreu se convenceu de que a fotografia da tela fluorescente, o écran, nos exames feitos com raios-x, poderia ser uma forma barata de diagnosticar a tuberculose em massa. Ele até tentou, por volta de 1919, fazer a fotografia da tela, mas esbarrou em obstáculos técnicos. A luminosidade da fluorescência do écran era muito fraca, longe de ser suficiente para ficar marcada nos filmes com sais de prata das máquinas fotográficas comuns em tão mínima fração de segundo.
Finalmente em 1936, no Rio de Janeiro, ele conseguiu obter a radiofotografia do écran, então com nova tecnologia que dava maior fluorescência à tela. Abreu batizou seu invento de roentgenfotografia, em homenagem ao descobridor dos raios x (Wilhelm Conrad Röntgen). O nome foi usado no Brasil até 1939, quando o presidente do 1º Congresso Brasileiro de Tuberculose, Ary Miranda, propôs a mudança para abreugrafia, em honra de seu inventor. A proposta foi aprovada por unanimidade.
"A invenção ganhou destaque internacional", diz o médico Fabiano Reis, da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp. "A técnica rapidamente se disseminou e foi incorporada pelos serviços públicos de saúde do Brasil e de outros países." Na época, ela era 100 vezes mais barata que uma radiografia tradicional.
A médica e mestre em Saúde Coletiva, Dilene Raimundo do Nascimento, da área de Pesquisa em História das Ciências e da Saúde, da Casa de Oswaldo Cruz da Fiocruz, lembra que na época a abreugrafia só tinha vantagens. "Pelo seu custo baixo e pela facilidade de operar, tornou possível o exame em massa para o diagnóstico precoce da tuberculose", explica."O diagnóstico precoce da doença possibilitou iniciar o tratamento antes que fosse tarde demais, reduzindo assim o número de mortes".
De acordo com Nomura, a inovação de Abreu teve impacto grande na saúde pública brasileira da época, que lutava contra a tuberculose, com grande número de acometidos pela doença, diagnosticados em estágio avançado e crescente número de mortes. "Só no Rio de Janeiro no início da década de 1920 as estimativas apontavam cerca de 300 mortes por grupo de 100 mil pessoas", diz.
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Aparelho de abreugrafia e técnicos (Vitória, ES) |
Por isso, em 1974, a Organização Mundial da Saúde (OMS) se pronunciou contra o uso da abreugrafia em massa, por expor desnecessariamente a população a doses de radiação. "Atualmente, o exame para detecção de tuberculose é feito pela pesquisa do bacilo de Koch no escarro", conta Reis. "Para rastreamento de algumas patologias pulmonares, são preconizados estudos tomográficos dque permitem detecção de eventuais lesões em seus estágios iniciais."
Apesar disso, a abreugrafia continua sendo lembrada, pelo menos no Brasil, onde o seu Dia Nacional é comemorado em 4 de janeiro, data do nascimento de seu inventor. A homenagem foi estipulada pelo presidente Juscelino Kubitschek, por meio do Decreto nº 42.984, de 3 de janeiro de 1958. Por uma ironia de destino, Abreu viria a morrer quatro anos depois, no dia 30 abril, por causa de uma doença do pulmão — no caso, câncer.
P.S. Em 1963, o corpo clínico do Hospital de Messejana, em Fortaleza-CE, homenageou o insigne médico paulista ao colocar seu nome no Centro de Estudos da instituição. Tive a honra de presidir durante quatro anos (2003 - 2006) o referido Centro de Estudos, contando com a imprescindível colaboração do Sr. Vinício Firmeza de Brito.
Texto extraído de: http://www.bbc.com/portuguese/brasil-62695479
Em arquivo: Post 11 - Abreu, inventor da abreugrafia, blog Nova Acta
quinta-feira, 29 de dezembro de 2022
1288 - Novos potenciais benefícios da vitamina B12
O potencial benefício das vitaminas é um tema sempre em alta. Novos achados sugerindo que a vitamina B12 possa ter um papel protetor contra a doença de Parkinson, a progressão da esclerose lateral amiotrófica e a gravidade da esteatose hepática, recentemente aumentou o interesse dos leitores do Medscape sobre o tema.
No International Congress of Parkinson's Disease and Movement Disorders (MDS) 2022, pesquisadores apresentaram resultados de um estudo feito com mais de 80.000 mulheres e quase 50.000 homens. A análise avaliou informações sobre alimentação, suplementação e ingestão total de ácido fólico, vitamina B6 e vitamina B12 ao longo de cerca de 30 anos até 2012. Durante o acompanhamento, 495 mulheres e 621 homens foram diagnosticados com doença de Parkinson. Os pesquisadores ajustaram por possíveis fatores de confusão como idade, ano, tabagismo, atividade física, ingestão de bebidas alcoólicas ou cafeína, uso de hormônios (mulheres), ingestão de laticínios e flavonoides, e pontuação na dieta mediterrânea. Eles encontraram uma relação significativa entre o consumo durante o intervalo de 20 anos e o diagnóstico da doença de Parkinson. De modo geral, os resultados respaldam um possível efeito protetor do consumo precoce de vitamina B12 em termos da ocorrência da doença de Parkinson.
Em outro estudo do início de 2022, foi considerado que a administração de uma dose ultra-alta de metilcobalamina (uma forma ativa de análogo da vitamina B12) diminuiu em 43% o declínio funcional de pacientes com esclerose lateral amiotrófica em estágio inicial. A dose de 50 mg foi administrada duas vezes por semana por via intramuscular. No estudo de fase 3, a eficácia foi maior para os participantes que também estavam tomando riluzol, que foi aprovado pela Food and Drug Administration dos EUA para tratar a esclerose lateral amiotrófica. O estudo foi feito com pacientes ambulatoriais de 25 centros de neurologia no Japão com diagnóstico (definitivo ou provável) de esclerose lateral amiotrófica e cujos sinais e sintomas haviam iniciado no ano anterior. Após 12 semanas de observação, os 130 participantes que permaneceram ambulatoriais e tiveram apenas uma redução de um ou dois pontos na pontuação total da Revised Amyotrophic Lateral Sclerosis Functional Rating Scale (ALSFRS-R) foram designados para um tratamento com 16 semanas de duração. A diferença na escala de classificação funcional da esclerose lateral amiotrófica revista entre o medicamento ativo e o placebo foi de 43% em todos os pacientes e de 45% nos pacientes em uso de riluzol.
Outro estudo constatou que a vitamina B12 e o ácido fólico também podem desempenhar algum papel na prevenção ou no retardo da progressão da doença na esteatoepatite não alcoólica (NASH, do inglês NonAlcoholic SteatoHepatitis).Em modelos pré-clínicos, os pesquisadores descobriram que complementar a alimentação com vitamina B12 e ácido fólico aumenta os níveis de sintaxina hepática 17, restaura o seu papel na autofagia e diminui a progressão da esteatoepatite não alcoólica, revertendo a inflamação e a fibrose hepáticas.
quinta-feira, 22 de dezembro de 2022
1287 - Os cinco estágios do luto
Foram levantados dados sobre esse tema por meio de entrevistas com pacientes em fase terminal. Durante a realização do estudo surgiram muitas questões e ela observou nos relatos que apareciam algumas situações comuns aos pacientes, sendo elencados pela autora como os cinco estágios ou atitudes diante da morte e do morrer.
- O primeiro estágio é marcado pela negação e o isolamento, onde o paciente nega aquele diagnóstico e isola-se como forma de evitar as comunicações que poderiam acabar com sua negação.
- O segundo estágio é a raiva, quando não é mais possível manter a negação do diagnóstico. Diante da nova realidade o paciente pergunta indignado: “Por que isto foi acontecer comigo”?
- A autora segue relatando os estágios e o terceiro é a barganha. Após a revolta com Deus e com as pessoas, a nova tentativa é barganhar ou tentar adiar o inevitável. Na maioria das vezes as barganhas são feitas com Deus.
- O quarto estágio é a depressão. Nesse estágio já não se pode mais negar, e a revolta e a raiva cederão lugar a um sentimento de grandes perdas. A depressão é um instrumento na preparação da perda eminente para facilitar o estado de aceitação.
- O quinto e último estágio é a aceitação. Ele pode ser visto como uma fuga de sentimentos. Seria como se a luta tivesse cessado e fosse chegando o momento de repouso, preparação para o descanso final.
A morte no dicionário da filosofia, por Bárbara Figueiredo. Academia Médica.
quinta-feira, 15 de dezembro de 2022
terça-feira, 6 de dezembro de 2022
1285 - O mundo grisalho
Criada em 1948, com o objetivo principal de garantir que todas as pessoas do planeta tenham acesso ao mais elevado nível de saúde, a OMS (que é ligada à Organização das Nações Unidas, a ONU) classifica o processo de envelhecimento hunano em quatro estágios:
- meia-idade, de 45 a 59 anos;No Brasil, é a Lei nº 10.741/2003 que reconhece a idade de 60 anos como a passagem para essa fase da vida e que instituiu, no dia 1º de outubro, o "Estatuto do Idoso", destinado a regular os direitos assegurados às pessoas com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos. Desde que entrou em vigor, este estatuto já foi alterado em mais de 20 pontos, por 11 leis. Uma das mais recentes, de 2017, deu prioridade especial no atendimento a idosos que tenham a partir de 80 anos.
- idoso, de 60 a 74;
- ancião, de 75 a 90;
- velhice extrema, acima de 90 anos.
Arquivo
73 - Vacinação em idosos
580 - Que é envelhecer?
842 - Saúde dom idoso
980 - A confusão mental dos idosos
1131 - Kane Tanaka e os supercentenários
1138 - O direito do paciente hospitalar a ter acompanhante

Um segmento do painel "Tratamento da Tuberculose". Poty, óleo sobre madeira, 1957. Acervo do Centro de Referência Professor Hélio Fraga (Rio de Janeiro, Brasil).
Quem sou eu

- Paulo Gurgel
- 72 anos, natural de Fortaleza (onde resido), Ceará, Brasil. Casado com Elba, pai de Érico e Natália, avô de Matheus e Renan. Médico aposentado do Ministério da Saúde. Curriculum vitae na Plataforma Lattes. Blogs que publico: EntreMentes, Linha do Tempo, Nova Acta, Preblog e Slideshows do PG.
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“A vida é curta, a arte é difícil e longo tempo é necessário empregar-se na sua aprendizagem. A oportunidade é fugidia; a experiência, cheia de encruzilhadas, e o julgamento trabalhoso de formular. Ante problemas tão árduos e situações tão perigosas o médico deve ser modesto e ter a mínima convicção de que não são só seus cuidados que podem fazer voltar a saúde perdida, porque a experiência demonstra como, muitas vezes, as enfermidades se curam por si mesmas." HipócratesOutras Citações
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