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quinta-feira, 24 de agosto de 2023

1322 - Apesar de ser muito produzido na Terra, como pode o dióxido de carbono ser tão pouco na atmosfera?

O dióxido de carbono (CO2) tem sido um componente menor da atmosfera terrestre nos últimos milhões de anos e continua sendo (cerca de 0,04%), mesmo com a emissão maciça ocorrida desde o início da revolução industrial. Mas o seu valor absoluto já dobrou em relação ao do século XIX. Só nos últimos 50 anos, sua quantidade na atmosfera saltou de 300 para 400 ppm (partes por milhão).
Fonte: https://www.estadao.com.br/ciencia/herton-escobar/dioxido-de-carbono-atinge-marca-perigosa-na-atmosfera/
Quando se fala em parte por um milhão, muitos são induzidos a pensar que a coisa seja desprezível. Ledo engano. Uma boa comparação é com um veneno potente. Digamos que um veneno seja capaz de matar uma pessoa com uma dose de um centésimo de miligrama. Se dobrarmos essa dose para dois centésimos, com certeza vai matar.
Mitsuru Arai, Quora

quinta-feira, 19 de setembro de 2019

1115 - Everest, a prova física dos pulmões

As imagens dos engarrafanentos dos alpinistas - ou deveriam ser chamados de turistas? - a poucos metros do cume do Everest já foram suficientemente divulgadas pelo mundo. Os onze mortos em uma recente temporada, juntamente com os controles frouxos sobre os que praticam essa escalada extrema, nos lembram que subir essa montanha significa atingir o limite, não apenas da sobrevivência, mas do razoável.
O corpo no limite
Ao extraordinário esforço de subir a encosta de uma montanha acidentada, precisamos acrescentar as condições ambientais que afetarão o funcionamento do nosso corpo.
A mais de 5.000 metros, a atmosfera que nos protege é extremamente fina. A pressão atmosférica no topo é reduzida para menos de um terço daquela que teríamos ao nível do mar. A temperatura pode estar em torno de -20 ° C e cair para -60 ° C. Ao frio e à pressão muito baixa, acrescentem-se ainda a redução do oxigênio, a baixa umidade e o vento. As condições de sobrevivência são terríveis. Tudo isso sem considerar o risco de uma queda onde o resgate pode ser impossível.
Acima de 8.000 metros, portanto, estaremos na "zona da morte".
O ar em contato com o sangue
Respirar é um processo muito preciso que envolve uma série de princípios físicos fundamentais. O ar deve estar quase em contato direto com o sangue para que o oxigênio entre e o dióxido de carbono saia. Isso ocorre nos pulmões, em estruturas muito pequenas chamadas alvéolos. Suas paredes devem ser muito finas, mas ao mesmo tempo rígidas o suficiente para manter sua forma durante a respiração.
Isso é conseguido pelo corpo humano através do surfactante pulmonar, um complexo de lipídios e proteínas cuja síntese é essencial para evitar o colapso dos alvéolos. Ao nascer, por exemplo, um bebê prematuro não será capaz de produzi-lo em quantidade suficiente, o que dificulta a respiração e obriga os profissionais de saúde a intervir.
Além disso, para o suprimento adequado de oxigênio às células, é necessária uma grande quantidade de minúsculos transportadores no sangue, os glóbulos vermelhos, para transpotá-lo aos pulmões. O organismo, naturalmente, aumenta o número de glóbulos vermelhos no sangue de quem vive em local de altitude elevada para compensar a deficiência de oxigênio no ambiente. Daí o treinamento de atletas profissionais em locais montanhosos e a permanência de alpinistas em campos de base com altitudes crescentes ao escalar.
A redução de oxigênio nos tecidos (hipóxia tecidual) estimula a produção de um hormônio no rim, a eritropoietina, que favorece a formação de glóbulos vermelhos.
Por outro lado, para que o ar entre nos pulmões, estes devem criar uma pressão interna negativa. É o que precisamos fazer, por exemplo, quando chupamos um canudinho para que o refrigerante suba através dele. Se a pressão do ar externo for muito baixa, será muito mais difícil reduzir a pressão dentro dos pulmões para forçar a entrada de ar.
As pressões dos gases dissolvidos no sangue devem atender a condições precisas para que todo o processo funcione bem. Ao nível do mar, o sangue contém oxigênio a uma pressão três vezes maior do que poderíamos ter no Everest. Neste último, o aporte de oxigênio feito pelos pulmões torna-se muito menor, o que pode levar nosso corpo a uma situação de hipóxia, uma deficiência de oxigênio no sangue que afetará drasticamente as funções de nossas células.
A menor pressão atmosférica com a consequente menor disponibilidade de oxigênio não serão os únicos fatores que levarão o corpo do alpinista ao limite da sobrevivência. Excesso de esforços físicos, temperatura muito baixa e diminuição da umidade atmosférica também exercerão efeitos adversos sobre o corpo. [...]
El Everest, un turismo que pone a prueba la física de nuestros pulmones, Grandes Medíos
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Superlotação no pico do Everest, Blog EM

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

1085 - Nuvens marrons e CFC

Veerabhadran Ramanathan (24 de novembro de 1944), cientista atmosférico indiano que, em 1999, descobriu a"Asian Brown Cloud" (foto WIKI) - camadas errantes de poluição do ar tão amplas quanto um continente e mais profunda que o Grand Canyon. As partículas escuras nessas nuvens marrons podem reduzir a chuva, secar a superfície do planeta, resfriar os trópicos e reduzir a luz solar - escurecimento global.
Em 1975, Ramanathan foi o primeiro a demonstrar que os CFCs são os principais gases do efeito estufa. Seus cálculos mostraram que cada molécula de CFC na atmosfera contribui mais para o efeito estufa do que 10.000 moléculas de dióxido de carbono.
Arquivo
76 - "Bombinhas" sem CFC
922 - "O homem que matou um bilhão de pessoas"

quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

1074 - Salvando a camada de ozônio: um esforço internacional

Antarctic ozone hole on 16 September 1987. Credit: NASA Earth Observatorypor Annabel Sturgess
O ozônio, uma molécula gasosa altamente reativa que consiste em três átomos de oxigênio, forma uma camada que é encontrada na estratosfera da Terra, a parte da atmosfera a cerca de 10 a 50 km acima do nível do mar. A existência da camada de ozônio é essencial para proteger toda a vida na Terra, uma vez que absorve eficazmente a radiação ultravioleta (UV) prejudicial do Sol. Sem a camada de ozônio, essa radiação causaria danos genéticos, resultando em problemas como câncer de pele em humanos e problemas de crescimento em plantas.
Em 1985, cientistas que trabalhavam para a British Antarctic Survey descobriram que a camada de ozônio sobre a Antártida tinha se esgotado. O monitoramento do ozônio havia começado em 1957. Os dados mostraram que os níveis de ozônio haviam diminuído na primavera durante os anos 80. Em seguida, cientistas da Nasa confirmaram que esse esgotamento do ozônio se estendia a todo o continente antártico. Em 1992, o buraco na camada de ozônio era do tamanho da América do Norte.
Esta degradação relativa do ozônio é causada principalmente pela liberação de clorofluorcarbonos (CFCs), substâncias químicas que antes eram amplamente utilizadas em aerossóis. Uma vez que os CFCs atingem a estratosfera da Terra, eles são expostos à radiação UV do Sol, o que faz com que eles se decomponham em substâncias que incluem o cloro. A presença de cloro livre na estratosfera em combinação com a luz solar ocasiona a contínua quebra das moléculas de ozônio.
A destruição da camada de ozônio tem sido particularmente proeminente na Antártida. As baixas temperaturas na região produzem nuvens estratosféricas polares, que aumentam o cloro livre através de reações químicas nas superfícies das nuvens. Isso, além dos longos períodos de sol durante as estações de primavera e verão, fez com que até 65% do ozônio fosse destruído, comparado a 20% no Ártico e cerca de 5-10% em outras regiões do mundo.
Muitas pessoas estavam preocupadas com o esgotamento da camada de ozônio e as implicações que isso poderia ter para a saúde humana. Em 1987, um acordo internacional para proteger a camada de ozônio, chamado Protocolo de Montreal, foi assinado. Este acordo levou a uma redução na liberação de CFCs na atmosfera. O Protocolo de Montreal foi o primeiro tratado da história a alcançar a ratificação universal - o que significa que foi ratificado por todos os Estados membros das Nações Unidas. Seu sucesso levou à recuperação da camada de ozônio sobre a Antártida e à redução da destruição do ozônio em todo o mundo nos últimos anos. O longo tempo de vida atmosférica dos CFCs significa que pode ser 2060 ou 2080 até que o dano seja totalmente reparado, mas a ação rápida realizada em nível internacional ajudou a evitar uma catástrofe global.
Saving the ozone layer: an international effort. Trad.: PGCS
In: https://royalsociety.org/stay-in-touch/blogs/
Ver também postagem 922 de Nova Acta: "O homem que matou um bilhão de pessoas".

terça-feira, 4 de julho de 2017

997 - "Um oceano de ar"

Ao fazer alguns cálculos muito fáceis, descobri que a causa atribuída por mim (ou seja, o peso da atmosfera) deveria por si só oferecer uma resistência maior do que quando tentamos produzir um vácuo."
 "Vivemos submersos no fundo de um oceano de ar." ~ Evangelista Torricelli (1608—1647), cientista italiano e inventor do barômetro.
Ver também: o higrômetro e o termômetro.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

549 - Organização Mundial da Saúde classifica poluição do ar como cancerígena

Genebra – A Organização Mundial da Saúde (OMS) classificou a poluição do ar como cancerígena para os seres humanos, anunciou hoje (17) o Centro Internacional para Pesquisa do Câncer (Iarc, da sigla em inglês), uma agência especializada da organização.
“O ar que respiramos se tornou poluído com uma mistura de substâncias causadoras de câncer. Sabemos hoje que a poluição é, não só um risco importante para a saúde em geral, como também uma das principais causas das mortes por câncer”, afirmou Kurt Straif, da Iarc, em uma conferência de imprensa em Genebra.
Os pesquisadores da Iarc concluíram que “há provas suficientes” de que “a exposição à poluição do ar provoca câncer de pulmão” e aumenta “o risco de câncer da bexiga”, depois de analisarem estudos envolvendo milhares de pessoas acompanhadas durante várias décadas.
Embora a composição da poluição e os níveis de exposição variem acentuadamente entre diferentes locais, a agência afirma que esta classificação se aplica “a todas as regiões do mundo”. A poluição do ar já era cientificamente considerada como causa de doenças respiratórias e cardiovasculares.
Em comunicado, a agência afirma que os níveis de exposição à poluição aumentaram significativamente em algumas zonas do mundo, principalmente aquelas que se estão se industrializando rapidamente e são muito populosas.
Segundo a Iarc, dados de 2010 indicam que 223.000 mortes por câncer de pulmão foram causadas pela poluição do ar. A agência mediu a presença de poluentes específicos e misturas de químicos no ar e as conclusões apresentadas hoje se baseiam na qualidade do ar em geral.
“A nossa tarefa era avaliar o ar que todas as pessoas respiram e não focarmos em poluentes específicos”, explicou Dana Loomis, da agência. “Os resultados dos estudos apontam na mesma direção: o risco de desenvolver câncer de pulmão aumenta significativamente para as pessoas expostas à poluição do ar”, acrescentou.
A Iarc vai publicar as conclusões do estudo, de forma pormenorizada, na semana que vem, na revista médica britânica The Lancet.

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

542 - Número de mortes por poluição é superior ao de mortes por acidentes no Estado de São Paulo

Foi a conclusão de uma pesquisa intitulada “Avaliação do impacto da poluição atmosférica sob a visão da saúde no Estado de São Paulo”, realizada com informações de 2006 a 2011, tendo como base a análise dos níveis do poluente PM 2,5 (material particulado), comparados aos níveis considerados seguros pela OMS, para levantar dados de adoecimento, mortalidade e gastos públicos atribuídos à poluição.
“São números atualizados e de extrema importância para a sociedade”, explica a responsável pelo estudo, Evangelina Vormittage, presidente do Instituto Saúde e Sustentabilidade. “No corpo humano, essa partícula tem efeitos causadoras de doenças respiratórias, doenças isquêmicas cardiovasculares e cerebrovasculares e câncer de pulmão”, ressalta Evangelina.
A análise avalia a situação ambiental da poluição no Estado de São Paulo e de seus efeitos sobre a saúde de duas maneiras: pela mortalidade atribuível e pelo DALY (Disability Adjusted Life Years, que possui dois componentes: o número de anos perdidos por morte precoce e o número de anos de vida vividos com incapacidade), um parâmetro criado pela OMS para indicar a carga de dano de doenças no mundo. Essa medida não mostra apenas a mortalidade, mas também a perda de qualidade de vida por doenças respiratórias, cardiovasculares e câncer de pulmão, atribuíveis à poluição atmosférica – especificamente o poluente material particulado, objeto do estudo. A pesquisa ainda contempla a valoração do DALY e os gastos públicos em saúde.
O estudo teve apoio dos pesquisadores Prof. Dr. Paulo Saldiva, da Faculdade de Medicina da USP e sua equipe, e da Dra. Cristina Guimarães Rodrigues, pesquisadora da Faculdade de Economia e Administração da USP.

domingo, 21 de outubro de 2012

429 - Fontes de poluição atmosférica

Uma pessoa adulta inspira cerca de 10 mil litros de ar por dia. Este valor varia em função da atividade física de cada um. Em geral, não é necessário, nem possível, corrigir a composição do ar que se respira, sendo esta a principal diferença entre o consumo de ar e o consumo de água. A água passa por um tratamento prévio, o que a torna um produto industrial para ser consumido. O ar, ao contrário, deve ser consumido exatamente como existe na natureza, “in natura”. Por este motivo, é muito importante que a sociedade entenda e respeite as medidas de preservação da qualidade do ar.
O ser humano, ao interagir com o meio ambiente, produz resíduos que podem poluir o ar. A poluição atmosférica pode ser causada por fontes fixas ou móveis, dependendo dos processos que liberam os poluentes no ar.
Fontes fixas - As indústrias são as fontes mais significativas, ou de maior potencial poluidor. Também se destacam as usinas termoelétricas, que utilizam carvão, óleo combustível ou gás, bem como os incineradores de resíduos, com elevado potencial poluidor. Existem ainda as fontes fixas naturais, como maresia e vulcanismo, que também podem influenciar a composição do ar.
Fontes móveis - Os veículos automotores, juntamente com os trens, aviões e embarcações marítimas são as chamadas fontes móveis de poluentes atmosféricos. Os veículos se destacam nas cidades como as principais fontes poluidoras e são divididos em: leves de passageiro (utilizam principalmente gasolina ou álcool como combustível); leves comerciais (utilizam gás natural veicular, o GNV, ou óleo diesel); e veículos pesados (somente de óleo diesel).
Os poluentes podem ser divididos, de acordo com sua origem, em duas categorias:
- Poluentes primários: aqueles diretamente emitidos pelas fontes;
- Poluentes secundários: aqueles formados na atmosfera através da reação química entre poluentes primários e os constituintes naturais da atmosfera.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

297 - O relógio carbônico

Uma funcionalidade recém-instalada no Acta, o relógio carbônico tem o objetivo de mostrar o incremento do CO2 na atmosfera a cada instante, apresentando em tempo real uma estimativa da concentração desse gás na atmosfera. Para funcionar, o relógio carbônico utiliza os dados gerados pelo Laboratório de Monitoramento e Diagnóstico do Clima, localizado a 3500 metros de altitude no observatório de Mauna Loa, no Havaí.
O laboratório é considerado um dos mais confiáveis do mundo para esse tipo de avaliação, uma vez que o ar por ele coletado não sofre a influência de fontes evidentes de poluição industrial ou de absorção de CO2 como uma floresta. Além disso, o laboratório possui a maior série histórica de amostragens, com dados coletados desde 1955.
Os valores exibidos são uma projeção baseada nos últimos dois meses e descartam as variações sazonais causadas por alterações na taxa de absorção do poluente por plantas e oceanos.
Dióxido de carbono
Descoberto em 1754 pelo escocês Joseph Black, o dióxido de carbono é um gás fundamental para a manutenção da vida no planeta. Sem ele, plantas e outros organismos não realizariam o processo da fotossíntese, que transforma a energia solar em energia química. Este processo é uma das fases do chamado ciclo do carbono, vital para a manutenção dos seres vivos.
Entre os séculos 18 e 19, o nível do dióxido de carbono presente na atmosfera era de aproximadamente 280 ppm (partes por milhão), mas após a Revolução Industrial, no final do século 19, esse valor não parou mais de crescer e atualmente já atinge quase 390 ppm, um aumento de 39%.
Devido ao aumento da temperatura do planeta nos últimos 100 anos, diversos cientistas associaram o fenômeno ao incremento da concentração de CO2 e hoje o gás é considerado o maior responsável pelo aquecimento global.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

98 - Analisadores de gases para a SEMACE

A Superintendência Estadual do Meio Ambiente do Ceará (SEMACE) recebeu dois analisadores de gases atmosféricos para efetuar o controle da qualidade do ar. Estes equipamentos foram adquiridos por compensação ambiental (mecanismo jurídico pelo qual uma empresa poluidora custeia materiais para instituições públicas de proteção ao meio ambiente), no valor de R$ 111.833,56.
A SEMACE é a única entidade ambiental pública no Nordeste que possui esse tipo de analisador, o qual apresenta a tecnologia mais avançada da categoria.
Os novos analisadores, que são de fabricação alemã, medem diretamente nas chaminés a presença e a concentração dos gases emitidos para a atmosfera, fornecendo os resultados de suas medições instantaneamente. Com esse grau de precisão e rapidez, a Semace vai estar em melhores condições técnicas para conceder licenciamentos e fazer fiscalizações sobre a qualidade do ar no Estado do Ceará.

Fonte: SEMACE

sábado, 6 de março de 2010

33 - Poluição atmosférica rural

Considera-se que há poluição atmosférica quando substâncias estranhas se acumulam no ar como resultado de atividades humanas ou de processos naturais (explosões vulcânicas, por exemplo). Se as concentrações dessas substâncias alcançam determinados níveis no ar, essas substâncias, ditas poluidoras, ao serem respiradas podem comprometer o bem-estar e a saúde dos seres vivos.
Uma dessas fontes de poluição atmosférica é a queima da biomassa, intencional ou acidentalmente. Biomassa é qualquer material derivado de plantas ou animais cuja combustão é produtora de energia. Se, nos centros urbanos, os combustíveis fósseis (utilizados nas fábricas, siderúrgicas, usinas de energia e veículos automotores) são os principais responsáveis pela poluição atmosférica, no meio rural é a queima da biomassa.
Uma queima que pode acontecer em ambientes fechados, sendo exemplos o uso domiciliar da lenha e o trabalho nas carvoarias, ou em ambientes abertos como nas queimadas. No Brasil, as grandes responsáveis pela poluição atmosférica rural são as queimadas. Feitas sob as mais diversas motivações: limpeza de terreno para plantio, renovação de pastagens, eliminação de pragas, supressão de detritos, como técnica de caça e, ultimamente, para a retirada das palhas dos canaviais.
Quando e por quais motivos é queimado um canavial? Na fase de pré-colheita e por razões de segurança e de produtividade. Aliás, a cana-de-açúcar é a única planta que é queimada para depois ser colhida. Do que resulta, nas regiões em que essa prática ocorre, um ônus sanitário representado pelo aumento da poluição atmosférica local. No período de safra da cana-de-açúcar, a média de material particulado alcança 88 microgramas por metro cúbico de ar (o padrão de qualidade é de até 50).
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Cria-se um desafio. De um lado, existem os trabalhos científicos que apontam para um significativo aumento da morbidade respiratória na população rural exposta à queima da biomassa (como acontece com a população urbana ao se expor à queima dos combustíveis fósseis). De outro, encontra-se em forte expansão no Brasil a indústria sucro-alcooleira, a qual requer grandes áreas dedicadas ao cultivo da cana-de-açúcar. Mas há a solução técnica que passa pela progressiva mecanização de sua colheita.
Felizmente, as medidas de controle que estão sendo tomadas (inclusive a regulamentação do setor) movem-se nesse bom sentido.

No Scribd, veja o material de minha palestra POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA E MORBIDADE CARDIORRESPIRATÓRIA. Aqui.

Publicado em EntreMentes

terça-feira, 2 de março de 2010

29 - Poluição atmosférica urbana

A degradação do ar pela poluição influi, de forma negativa, na qualidade de vida dos habitantes das cidades. Em ocasiões, quando principalmente se associa a condições climáticas críticas, pode inclusive assumir aspectos dramáticos. Por aumentar o adoecimento e a mortalidade relacionadas com enfermidades cardiorrespiratórias, naqueles que estão expostos à poluição atmosférica urbana.
Eis os exemplos mais conhecidos:
Em dezembro de 1930, no Vale do Meuse, uma região da Bélgica, onde havia uma grande concentração de indústrias que utilizavam fornos de carvão e gasogênio, em um período de cinco dias sob condições climáticas desfavoráveis para a dispersão dos poluentes atmosféricos, aconteceu um grande aumento de doenças e mortes por patologias respiratórias. Estas últimas se situaram num patamar dez vezes maior em relação ao dos anos anteriores.
Em janeiro de 1931, em Manchester, Inglaterra, durante nove dias de condições climáticas desfavoráveis, morreram 592 pessoas. Um número também muito superior ao da média histórica da cidade.
Em 1948, em Donora, EUA, uma pequena cidade com grande número de siderúrgicas e fábricas de produtos químicos, uma inversão térmica que produziu uma alta concentração de poluentes sobre a cidade, ocasionou sintomas de doenças cardiorrespiratórias na metade da população local. Registraram-se também 20 mortes, durante os seis dias em que aconteceu esse fenômeno de inversão térmica.
Em dezembro de 1952, em Londres, Inglaterra, ocorreu o mais grave episódio de efeitos nocivos da poluição aérea. A queima de grande quantidade de carvão nos lares londrinos, para enfrentar uma onda de frio de cinco dias, associada a uma inversão térmica, produziu localmente uma densa névoa de material particulado e enxofre. E isso ocasionou um aumento de quatro mil mortes, com relação à média de óbitos em períodos semelhantes, sendo a maioria delas em portadores de bronquite crônica, enfisema pulmonar e doença cardíaca.



Publicado em EntreMentes