sexta-feira, 30 de abril de 2010

88 - Você é o que você come

É uma frase para destacar a influência que a alimentação exerce sobre a qualidade de vida de uma pessoa. Não significa que um determinado tipo de alimento possa promover modificações morfológicas numa pessoa, tão profundas a ponto de ela ser confundida com o alimento que ingere. Como aquelas que a gente vê numas imagens que foram postadas no Worth1000.
Mas que essas imagens ficaram interessantes, ficaram. E foi, por isso, que eu fiz uma seleção delas para este slideshow.

Exceção
A medicina registra uma entidade nosológica chamada carotenodermia. Na qual a pele assume uma cor amarelada, sendo essa coloração mais intensa nas palmas das mãos e plantas do pé. E que não se apresenta nas escleróticas (branco dos olhos) como acontece na icterícia, uma síndrome que é causada por diversas doenças (a hepatite, por exemplo).
No caso da carotenodermia, esta é uma situação inteiramente benigna para o portador. O que a ocasiona é a ingestão, em geral em quantidades aumentadas, de alimentos que são ricos em caroteno. Um pigmento que confere a cor amarela a certos alimentos, tais como cenoura, mamão, manga, abóbora etc.

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quinta-feira, 29 de abril de 2010

87 - Altura x envergadura

O comprimento total dos braços humanos abertos corresponde à altura da pessoa (Wikipédia).

Comentário
Aproximadamente. Medida a envergadura, isto é, o comprimento total dos braços abertos, há necessidade de dividir o número obtido por outros números para se ter, com precisão, a altura da pessoa: por 1,06, se homem, e por 1,03, se mulher.
Em espirometria, medimos a envergadura e realizamos esses pequenos cálculos quando a altura:
1) não pode ser medida (o paciente é cadeirante, por exemplo);
2) sofre influência significativa de alguma deformidade da coluna (cifoscoliose).
PGCS


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quarta-feira, 28 de abril de 2010

86 - Cisternas no Semi-Árido

O gasto médio de água de um cidadão norte-americano é de 575 litros por dia (deste total 50 litros são gastos dando descargas nos aparelhos sanitários). A média europeia de consumo de água por pessoa é menor, fica entre 200 e 300 litros por dia. Aqui no Brasil, gastamos em média por pessoa 180 litros de água por dia.
A Organização Mundial de Saúde estabelece um mínimo de 20 litros por pessoa. É essa a quota diária de água que o ser humano precisa para preservar o seu bem-estar físico e a sua dignidade em questão de higiene pessoal.
Contudo, há milhões de pessoas no mundo, muitas delas no Nordeste brasileiro, que não conseguem ter acesso a essas quotas mínimas de água.

jornal ambiente brasil, de 08/01/2009
Comentário

Uma experiência interessante, em curso no Semi-Árido brasileiro, está sendo o Programa 1 Milhão de Cisternas. Dele participam setores da sociedade civil (que constroem e operam as cisternas), organizações não governamentais (que articulam os meios necessários) e o governo federal (que banca a maior parte dos recursos financeiros do programa). E, como resultado dessa junção de esforços, é que dezenas de milhares de cisternas já se espalham pelo Nordeste brasileiro, beneficiando habitantes de regiões com dificuldades hídricas.
Cada cisterna (imagem) custa cerca de R$ 1.600, incluindo todas as capacitações necessárias para a construção e o uso. O equipamento tem capacidade de armazenar 16 mil litros de água captada das chuvas. E essa reserva, acumulada nos quatro meses de chuva, é suficiente para atender, nos oito meses restantes do ano, as necessidade em água potável de uma pequena família (PGCS).

Post scriptum
A partir da experiência cearense, pode-se dizer que uma das consequências positivas da construção dessas cisternas tem sido a redução do número de casos de silicose relacionados com a perfuração artesanal de poços.

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terça-feira, 27 de abril de 2010

85 - Cigarros "medicinais"

Um grande absurdo para os conhecimentos atuais. A crença que aqui existiu de que o tabaco, através de seus fumos, pudesse apresentar propriedades terapêuticas para as doenças respiratórias.
Mauro Motta, em seu livro “História em Rótulos de Cigarros”, registrou a ocorrência desses cigarros pretensamente medicinais, no Brasil oitocentista. Que eram apregoados como benéficos para “as doenças do peito”, havendo inclusive uma marca de nome “Peitoraes”.
A Fundação Joaquim Nabuco mantém um acervo digital de 1157 documentos, referentes a rótulos de cigarros impressos em técnica litográfica, que, em 1964, foram doados ao então Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais pela família pernambucana Brito Alves. Constitui-se em um raro e valioso patrimônio cultural e artístico, registrando fatos históricos, usos, costumes e aspectos da vida cultural da sociedade brasileira e particularmente da pernambucana, no final do século XIX até as primeiras décadas do século XX.

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segunda-feira, 26 de abril de 2010

84 - Zoster sine herpete

Pergunta
Gostaria de saber se o herpes zoster pode ocorrer sem erupção cutânea?
A propósito de um caso de dor torácica com a hipótese de ter essa causa em pessoa da família.

Resposta
Cara ******, olá.
Em minha vida profissional (sou pneumologista), ainda não me deparei com a situação de um paciente com dor torácica, a qual eu desse como causa o herpes zoster SEM erupção cutânea. É justamente essa erupção, de natureza vesicular e que acompanha o trajeto de um nervo (um intercostal, por exemplo), que permite fazer o diagnóstico clínico da enfermidade.
No entanto, a possibilidade de o paciente apresentar exclusivamente a nevralgia sem a exteriorização cutânea do herpes zoster parece ocorrer. Há relatos a respeito dessa situação que, na literatura médica, toma o nome de zoster sine herpete.
Coloco link (erro 404 - não encontrado) para a leitura de um desses relatos. Que foi publicado em novembro de 2005, na revista da Sociedade Portuguesa de Neurologia, a "Sinapse" (página 26), tendo como seus autores Rita Simões, Elsa Parreira e Vasco Salgado.
Cordialmente, PGCS.

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domingo, 25 de abril de 2010

83 - Abre-te, Sésamo!

Esta exclamação era a fórmula usada pelo herói das "Mil e Umas Noites", na história intitulada "Ali Babá e os Quarenta Ladrões", para fazer abrir uma porta misteriosa de um caverna em que os salteadores escondiam seus tesouros. Convém notar que a palavra sésamo - em árabe semen - corresponde ao gergelim (na imagem ao lado), que designa uma planta cujas sementes pequeninas e amareladas acham-se contidas numa cápsula que se abre com facilidade.
De sésamo originou-se a palavra sesamóide. Utilizada na expressão ossos sesamóides, com a qual se designa os pequenos ossos inseridos em tendões e que estão presentes em número variável no corpo humano.
O maior dos ossos sesamóides do corpo humano é a patela (antiga rótula), a qual se localiza no joelho.

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sábado, 24 de abril de 2010

82 - Descargas atmosféricas

Em 2008, o número de mortes por raios no Brasil foi o maior desta década: ao todo foram 75. E, no mesmo ano, o número de raios incidentes no país superou a marca de 60 milhões, com uma forte ocorrência deles nas regiões Norte e Nordeste.

Locais perigosos
Segundo o INPE, são estes os locais considerados perigosos, a serem evitados durante uma tempestade:
- topos de morros e de serras;
- topos de prédios;
- áreas abertas como campos de futebol e estacionamentos;
- veículos sem capota;
- proximidade de cercas de arame, varais metálicos e trilhos;
- proximidade de árvores isoladas;
- estruturas altas como torres, linhas telefônicas e linhas de energia elétrica.

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sexta-feira, 23 de abril de 2010

81 - Oxigênio é vida

Qual é o nível mais baixo de oxigênio no sangue que uma pessoa pode suportar?
Uma pessoa jovem e saudável, estando ao nível do mar, apresenta cerca de 100 mmHg (1) de oxigênio em seu sangue arterial (2). Num paciente quando este nível se reduz para menos de 60 mmHg torna-se preocupante e a sua morte pode sobrevir se o nível cair para menos de 45 mmHg (3).
Imagine-se, portanto, a surpresa de quatro médicos pesquisadores quando, após chegarem ao topo do Monte Everest (imagem) e lá se submeterem a medições dos níveis de oxigênio em amostras de sangue, tomaram conhecimento dos resultados obtidos. Encontravam-se entre 30 e 18 mmHg, sendo este último número o mais baixo nível registrado em pessoa viva.
Comentários do editor
(1) Abreviatura para milímetros de mercúrio, uma unidade de medida da pressão parcial de um gás no sangue. No texto em inglês a unidade de medida foi o kilopascal. Realizei as conversões para milímetros de mercúrio.
(2) No sangue venoso os valores normais são mais baixos.
(3) Um paciente pulmonar crônico pode se adaptar a valores ainda mais baixos.
PGCS

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quinta-feira, 22 de abril de 2010

quarta-feira, 21 de abril de 2010

79 - Uso inadequado de medicamentos

- 15% das pessoas consomem mais de 90% da produção farmacêutica mundial.
- 50 a 70% das consultas médicas geram prescrição.
- Somente 50% dos pacientes seguem o tratamento corretamente.
- 40% dos pacientes atendidos nas emergências por intoxicação são vítimas de medicamentos.
- 20% dos orçamentos dos hospitais são gastos com as complicações relacionadas com medicamentos.
Dados da OMS - 2006, via "O Médico e Você"



Nos EUA, os eventos adversos a medicamentos respondem pela quarta causa de morte no país, ultrapassando as doenças pulmonares e a AIDS como causas de óbitos.

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terça-feira, 20 de abril de 2010

78 - Bem bolado

Bolas de soprar, à primeira vista.


Mas, quando se infla uma delas, o que está inscrito na bola torna-se legível. É o cartão de visitas de uma clínica pneumológica.


Via CrookedBrains.
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segunda-feira, 19 de abril de 2010

77 - O Clube dos ENTA

Digna de elogios a atual campanha (dezembro de 2008) contra a AIDS do Ministério da Saúde, focando a população heterossexual com mais de 50 anos de idade - as pessoas do "Clube dos ENTA". Assim consideradas porque pertencem às faixas etárias dos cinquenta, sessenta e setenta anos de idade.
A escolha desse público-alvo se deu, principalmente, porque a incidência de AIDS dobrou nessa população nos últimos dez anos, Ao contrário do que muitos pensam, os homens maduros têm uma vida sexualmente ativa e os últimos estudos em nosso país mostram que eles, nas comparações feitas com os homens jovens, vêm usando menos os preservativos nas relações sexuais.
É um público que ainda não tinha sido alvo das campanhas contra a AIDS. E que, agora, diante do que os novos números da AIDS estão a mostrar, torna-se importante ser conscientizado sobre as práticas de sexo seguras.


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domingo, 18 de abril de 2010

76 - "Bombinhas" sem CFC

A partir de 2011, as "bombinhas" para doenças pulmonares que usam os CFC como gás propelente terão o uso proibido em todo o território nacional. É o que estabelece a Resolução Nº. 88, de 25 de novembro de 2008, aprovada pela Direção Colegiada da Anvisa.
CFC é a sigla que identifica os clorofluorcarbonos, um grupo de gases ainda utilizados (mas que estão sendo gradativamente abolidos em escala mundial) para "dar impulso" a medicamentos encontrados nessas "bombinhas". E estas, por sua vez, constituem um recurso prático e quase indispensável para a administração desses medicamentos, por via inalatória, em casos de asma e de outras pneumopatias.
No Brasil, 12 medicamentos que usam CFC como gás propelente encontram-se registrados na Anvisa. Seus fabricantes, porém, vão dispor de um prazo (até 01/01/2011) para se adequarem à proibição, substituindo-o por outro gás (o hidrofluoralcano - HFA, por exemplo).
O motivo da proibição dos CFC nas "bombinhas" é que a emissão destas substâncias contribui para destruir a camada de ozônio da atmosfera, de modo a resultar em efeitos adversos à saúde humana (câncer de pele, danos à visão, supressão do sistema imunológico) e ao meio ambiente.

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sábado, 17 de abril de 2010

75 - A tafofobia de Freud

Tafofobia é o medo de ser enterrado vivo (e quem não o tem?). Já o Freud do título desta nota não se trata do Pai da Psicanálise. É o cidadão Freud, 73 anos, da cidade de Hidrolândia, GO, que sofre do medo doentio de ser enterrado vivo.
Acometido por pesadelos frequentes em que se vê nessa situação, Freud criou uma tumba a seu jeito. É uma cripta que apresenta sistema de ventilação, água corrente, estoque de alimentos, televisão e, ainda, um sistema rudimentar de comunicação formado por tubos plásticos e megafone, para o caso de ter que pedir socorro. Partindo do princípio de que um homem prevenido vive por dois.
Assista ao vídeo. O "The Wall Street Journal" fez uma reportagem a respeito.


P.S.>
A "Wikipedia" traz uma lista das fobias, com os respectivos significados, que vai de A (abissofobia) a Z (zoofobia). Aqui.
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Das fobias relacionadas em "Wikipédia", são de interesse para a pneumologia:
Aerofobia - medo de engolir ar, de aspirar substâncias tóxicas.
Amatofobia - medo de poeiras.
Anemofobia - medo de ventos.
Coniofobia (= amatofobia) - medo de poeiras.
Ftisiofobia - medo de tuberculose.
Radiofobia - medo de radiação, de raios-x
Vacinofobia - medo de vacinas.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

74 - Instituições de saúde sexagenárias do Ceará

Foi o tema de uma das mesas-redondas do XIII Congresso Brasileiro de História da Medicina, que aconteceu no Iate Plaza Hotel, em Fortaleza - Ceará, no período de 12 a 15 de novembro de 2008.
Pela ordem de apresentação, os subtemas e os expositores da mesa foram os seguintes:

Hospital de Messejana - Dr. Paulo Gurgel
Sociedade de Assistência aos Cegos - Ass. Social Dra. Josélia Almeida
Instituto do Câncer do Ceará / Hospital do Câncer - Dr. Marcelo Gurgel
Faculdade de Medicina da UFC - Dr. Elias Boutala Salomão

A mesa-redonda, que teve a coordenação do médico e professor Marcelo Gurgel, contou ainda com a intervenção do Dr. Pedro Almino que fez comentários esclarecedores sobre o Centro Médico Cearense (a atual Associação Médica Cearense) e o Sindicato dos Médicos, outras duas instituições de saúde históricas do Ceará.
Na presidência do importante congresso, esteve o professor Dary Alves Oliveira, MD, a quem agradeço a atenção que me dispensou durante o evento.
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quinta-feira, 15 de abril de 2010

73 - Vacinação em idosos

Contra influenza
A influenza (gripe) é uma doença infecciosa aguda de natureza viral, altamente contagiosa, que acomete o trato respiratório e cuja ocorrência se observa em maior intensidade no final do outono e durante o inverno. Embora tipicamente de pouco relevância, quando em sua forma não complicada, é uma doença que se dissemina rapidamente e que pode apresentar complicações (pneumonia primária pelo vírus, pneumonia secundária por bactérias, pneumonia mista, exacerbação de doença pulmonar obstrutiva e descompensação cardíaca), inclusive óbitos, principalmente nos grupos de maior vulnerabilidade. As pessoas idosas, especialmente aquelas institucionalizadas (em asilos, casas de repouso e hospitais) e aquelas portadoras de doenças crônicas de base (pulmonares e cardíacas) formam os grupos de risco. No Brasil, a vacina contra influenza é oferecida a esses grupos, anualmente, no período do outono, por ocasião da Campanha Nacional de Vacinação dos Idosos.
Contra pneumococos
A partir dos 60 anos de idade, as pessoas devem receber uma dose desta vacina, uma só vez. No entanto, para aquelas que se encontram institucionalizadas, indica-se uma dose de reforço, 5 anos após a aplicação da primeira. Esta vacina reduz o risco de contrair a pneumonia pneumocócica.
Contra difteria e tétano
À maneira do que é recomendado para os adultos jovens, a vacina dT deve ser administrada nos idosos a cada 10 anos. Em caso de ferimentos considerados de risco para o tétano, recomenda-se um reforço desta vacina após 5 anos.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Envelhecimento e saúde da pessoa idosa. Brasília, 2007 (Caderno de Atenção Básica).

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quarta-feira, 14 de abril de 2010

72 - O aleitamento materno

Um cuidado para toda vida
A amamentação é vital para a saúde da mãe e da criança durante toda a vida. A recomendação da Organização Mundial de Saúde e do Ministério da Saúde é que as crianças sejam amamentadas exclusivamente com leite materno até os 6 meses de idade e, após essa idade, deve-lhes ser dada a alimentação complementar apropriada, continuando, entretanto, a amamentação até pelo menos a idade de 2 anos. Essa continuidade na amamentação das crianças objetiva ampliar-lhes a disponibilidade de energia e micronutrientes, particularmente do ferro.
A exceção à prática do aleitamento materno é para as mães portadoras de HIV/AIDS ou de outras doenças de transmissão vertical, as quais devem ser orientadas para as adaptações necessárias à correta alimentação de seus filhos.
Dentre outras vantagens, o aleitamento materno confere importante proteção contra a morbimortalidade (doenças e óbitos) por doenças infecciosas nos primeiros anos de vida, sendo reconhecido como importante fator de redução da mortalidade infantil no mundo. Outra questão diz respeito aos efeitos a longo prazo do aleitamento materno. Estudos recentes mostram que as crianças amamentadas tendem a apresentar menor prevalência de obesidade infanto-juvenil.
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Guia alimentar para a população brasileira. Brasília - DF, 2008. 210 p.

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07/06/2014 - Atualizando...
Mãe de João Freitas Kattah, 6 meses, a produtora de eventos Danielle Kattah descobriu, pesquisando em grupos de apoio ao aleitamento materno, uma estratégia diferente para driblar o incômodo que o filho começava a sentir com o nascimento dos primeiros dentes: dar a ele um picolé feito com seu leite. [...]
UOL Mulher, via diHITT

terça-feira, 13 de abril de 2010

71 - O sopro protetor

A varíola (também chamada antigamente de "bexiga") era uma enfermidade que hoje se encontra extinta em todo o mundo. Foi, no entanto, um terrível problema para a humanidade durante séculos.
Em seu excelente livro Contágio , Dr. Roberto de Andrade Martins relata que diversos povos adotavam práticas primitivas de proteção contra a varíola. Muito tempo depois, algumas delas levariam à descoberta da vacinação, a qual consiste em produzir nas pessoas sadias um ataque atenuado da varíola. Sabendo-se que essas pessoas ficam a seguir protegidas contra a doença, pois ela só atinge cada pessoa uma vez.
Desses processos que já foram usados para proteger contra a varíola, um deles foi desenvolvido na China.
"Conta-se que uma monja chinesa vivia como eremita em uma montanha próxima ao Tibet. Para proteger as crianças, ela preparou um pó utilizando cascas secas das feridas de varíola, que eram pulverizadas e misturadas com uma planta (Uvularia grandiflora). Em dias propícios, especialmente escolhidos, esse pó era soprado na narina de crianças sadias, utilizando-se um canudo de prata. Para as meninas, era utilizada a narina esquerda, e para os meninos, a direita. Essas crianças, após alguns dias, desenvolviam uma forma branda de varíola, recuperavam-se e ficavam depois protegidas durante o resto da vida contra a doença. Não se sabe atualmente como essa monja chegou a tal prática. A população da época a atribuiu a uma inspiração divina."
Foi apenas no final do século XVIII que o médico inglês Edward Jenner (1749-1823) realizou estudos que levaram à substituição dessas práticas de variolação pela vacinação. A partir da observação de que as pessoas que já haviam apresentado lesões cutâneas pustulosas, relacionadas com a ordenha de vacas acometidas por cow-pox, a varíola das vacas, mostravam-se, depois disso, imunes à varíola.

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segunda-feira, 12 de abril de 2010

70 - Ao ar livre

-
Assim foi este concerto que a lendária Sousa Orchestra deu, em setembro de 1927, para o entretenimento dos enfermos tuberculosos do Saskatoon San, um sanatório canadense.
A fotografia do evento (reproduzida acima) pertence ao www.lung.ca, cujo acervo sobre a chamada Era dos Sanatórios é dos melhores.

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domingo, 11 de abril de 2010

69 - Doenças raras

Para a National Organization for Rare Disorders, a NORD, doença rara é a que afeta menos de 200 mil pessoas nos Estados Unidos da América. Como existem, segundo este critério da NORD, mais de 6 mil enfermidades raras nos Estados Unidos, elas afetam em conjunto aproximadamente 25 milhões de norte-americanos.
Visitando o site da NORD, o interessado pode encontrar informações a respeito de 1.150 dessas doenças consideradas incomuns. Como também clicar em links que o conduzirão a sites referenciados de organizações governamentais e não governamentais, sociedades médicas, centros de pesquisas, fundações, bancas de advocacia, associações de pacientes e/ou de seus familiares.

Referência: www.rarediseases.org

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Vai, selenita

A atual postagem sobre o site da NORD serviu também para que eu pudesse desarquivar uma imagem que, há tempos, guardava em meu computador. Esta (ao lado) que reproduz o desenho de uma mulher desnuda, sentada nos cornos da lua, e cuja autoria não foi por mim identificada.
Isso porque a imagem traz algumas semelhanças pictóricas com o símbolo da NORD (comparem), o que é aliás um bom pretexto para publicá-la.

sábado, 10 de abril de 2010

68 - Câncer do pulmão. Slideshow

Material de apresentação da aula que ministrei, em 28 de agosto de 2008, para os alunos do 7º semestre do Curso de Medicina da Universidade Estadual do Ceará.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

67 - Gato de asas


O blogueiro Luciano Rocha, do Vida e Arte, enviou-me a imagem de um gato que vive na província de Qingyan, China, e que tem uma particularidade que provoca a curiosidade pública. Em seu dorso, o gato exibe duas formações que se assemelham a asas. Sem que estas, porém, apresentem qualquer funcionalidade para o ato de voar.


A propósito deste assunto, eu recomendo a leitura de "Winged cats - what are they?".
Neste artigo, a autora Sarah Hartwell, entre as muitas considerações que faz, aponta as causas possíveis para a referida anomalia:
- excessivo crescimento da pelagem nos flancos (comum em gatos com hipertiroidismo);
- pernas supranumerárias (vestigiais);
- pele elástica (cutaneous asthenia).
Esta última condição é também vista na espécie humana. E corresponde à Síndrome de Ehlers-Danlos, cuja elasticidade cutânea e motilidade articular - refletindo uma patologia genética do colágeno - são realmente extrordinárias nos portadores desta síndrome. Dando oportunidade a que, por vezes, eles se apresentem em espetáculos públicos.
Quando era estudante de medicina, eu vi uma criança com esta síndrome no Ambulatório de Dermatologia da Faculdade de Medicina da UFC.

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quinta-feira, 8 de abril de 2010

66 - Pneumopatias ocupacionais. Slideshow

Material de apresentação de uma aula que ministrei, em 22 de agosto de 2008, para os alunos do 7º semestre do Curso de Medicina da Universidade Estadual do Ceará.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

65 - A contagem de Apgar

Também conhecida por teste, índice ou escore de Apgar, esta contagem foi um sistema criado pela Dra. Virginia Apgar, uma anestesiologista norte-americana, para avaliar as condições físicas dos recém-nascidos em seus primeiros instantes de vida.
Leva em consideração a freqüência cardíaca, a respiração, a tonicidade muscular, as respostas aos estímulos e a coloração da pele (normal x patológica) apresentadas pelo recém-nascido em seu primeiro minuto de vida, ao estabelecer para cada um destes itens 0, 1 ou 2 pontos.
O escore máximo total é 10.
Constatando-se um escore baixo (7 ou menos), isto indica a ocorrência de algum problema a exigir cuidados imediatos para que o bebê sobreviva. E a contagem deve ser repetida, 5 minutos após, para avaliar se as medidas adotadas estão sendo eficazes para a recuperação do bebê.
No Journal of the American Medical Association já foi publicado um acrônimo que ajuda a memorizar (em inglês) os componentes da contagem de Apgar.


Appearance (skin colour)
Pulse
Grimace (reflex irritability)
Activity (muscle tone)
Respiration

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terça-feira, 6 de abril de 2010

64 - Pneumonias. Slideshow

Material de apresentação de uma aula que ministrei, em 15 de agosto de 2008, para os alunos do 7º semestre do Curso de Medicina da Universidade Estadual do Ceará.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

63 - Captação de órgãos e tecidos para transplantes

O Ministério da Saúde (MS), através da portaria 1.752, determinou que todos os hospitais (públicos, privados e filantrópicos) com mais de 80 leitos constituíssem suas comissões de doação de órgãos e tecidos para transplantes.
Publicada em 23 de setembro de 2005, esta portaria foi uma medida do MS para envolver, de forma efetiva e organizada, os hospitais do Sistema Único de Saúde - SUS no esforço coletivo de captação de órgãos.
No Hospital de Messejana Dr. Carlos Alberto Studart Gomes, onde funciona uma dessas comissões, a medida tem mostrado bons resultados. Pois essa comissão vem conseguindo coordenar a captação, entre vários órgãos e tecidos, de cerca de 20 córneas por mês (dado de 13/08/08), no referido hospital.
O que certamente vai contribuir para reduzir o tamanho da fila de espera para transplantes de córneas no Ceará. E, até mesmo, para que essa fila desapareça, como arrisca predizer o cardiologista Dr. João David, um dos responsáveis por colocar o Hospital de Messejana entre os principais centros transplantadores de coração no Brasil.

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Post scriptum
"É importante conscientizar as pessoas sobre este ato de solidariedade e amor ao próximo para salvar mais vidas. Divulgue o nosso link sobre doação de órgãos:
http://bit.ly/cHLx34
Converse com a família e seja um doador de órgãos."
(mensagem enviado ao blog por Fernanda Scavacini - Assessoria de Comunicação do Ministério da Saúde)

domingo, 4 de abril de 2010

62 - Tuberculose pulmonar. Slideshow

Material de apresentação de uma aula que ministrei, em 8 de agosto de 2008, para os alunos da disciplina de Clínica Médica II do Curso de Medicina da Universidade Estadual do Ceará.

sábado, 3 de abril de 2010

61 - Leituras recomendadas em silicose

Para os profissionais e estudantes da área de saúde que pretendem fazer monografias sobre a silicose, ou que apenas desejam conhecer melhor esta enfermidade, recomendo ler sobre o assunto nas seguintes fontes:
No livro de René Mendes, "Patologia do Trabalho" (pela Editora Atheneu), que é uma espécie de bíblia da medicina do trabalho no Brasil.
Nos livros de textos de pneumologia como o de Affonso Tarantino, o de Newton Bethlem e o de Luiz Carlos Corrêa.
No site Sílica e Silicose, do Portal da Fundacentro que, em sua seção Publicações, disponibiliza vários artigos e livros sobre o tema. Dentre estes últimos, o "Sílica - Manual do Trabalhador" e o "Pneumoconioses", do Ministério da Saúde.
Na página web da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), em sua seção Publicações, o consenso de "Doenças Respiratórias Ambientais Ocupacionais", de 2006. Também no "Jornal de Pneumologia", editado pela SBPT nos formatos impresso e eletrônico, alguns números que trazem artigos assinados por Ana Paula Scalia, Antonio de Deus, Eduardo Algranti, Eduardo Capitani, Márcia Alcântara e outros.
No site Pneumoatual, em sua seção Temas, o artigo de Ericson Bagatin intitulado "Doenças Pulmonares Ocupacionais", que é apresentado sob a forma de perguntas e respostas e com uma prova de auto-avaliação final. Todavia, o acesso deste site é restrito a médicos e estudantes de medicina.
E, ainda, nos grandes motores de busca na internet: Bireme, Lilacs, Scielo Brasil, PubMed, Colaboração Cochrane (para ensaios clínicos e revisões sistemáticas) e no onipresente Google.

Links >
www.fundacentro.gov.br
www.sbpt.org.br
www.jornaldepneumologia.com.br
www.pneumoatual.com.br

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sexta-feira, 2 de abril de 2010

60 - Tuberculose pulmonar inativa

Oi, Dr. Paulo: Tudo bom?
Estava pesquisando alguma informação sobre tuberculose na internet quando achei seu blog (EntreMentes). Estou atualmente no Canadá passando uns meses com minha filha que já está morando aqui há um ano.
A questão é que para permanecer mais tempo nesse país precisei me submeter ao raio X. Por causa de uma pequena cicatriz no pulmão os médicos canadenses estão achando que estou com tuberculose inativa e querem fazer um acompanhamento médico comigo.

Esta é uma situação clínica muito observada no Brasil, onde a tuberculose ainda é uma doença com importante prevalência.
Exemplifica-se com a pessoa que, ao fazer uma radiografia de tórax, descobre ser portadora de lesões sugestivas de tuberculose pulmonar. No entanto, ela não se queixa de sintomas.
Nos antecedentes clínicos desta pessoa, poderá constar a informação de uma tuberculose pulmonar que já foi tratada. Como poderá nada constar a respeito, já que a tuberculose pode haver cursado com poucos sintomas (confundindo-se com uma gripe) e também haver curado espontaneamente.
É bastante comum que esta doença, após a cura espontânea ou pelo tratamento, deixe lesões residuais permanentes no pulmão.
Encontrando-se a pessoa sem sintomas e sendo comparadas as lesões observadas na radiografia atual com aquelas que estão presentes em radiografias anteriores (caso a pessoa disponha delas) é que poderá se falar em tuberculose pulmonar inativa. Na hipótese de que essas lesões, consideradas sugestivas de tuberculose, estejam se mostrando realmente estáveis ao longo do tempo.
Não havendo, porém, radiografias anteriores disponíveis, as lesões são a priori consideradas de origem recente. Outras causas possíveis para as lesões pulmonares, além da tuberculose, precisam ser investigadas através da tomografia computadorizada do tórax, da broncoscopia e de outros exames. Só então, após excluídas as demais causas, é que se tornará a falar em tuberculose - com atividade a ser determinada. Pois aqui se necessitará de controles radiológicos periódicos até o médico assistente estar convencido da estabilidade das lesões pulmonares.
Em qualquer tempo, se a pessoa passar a apresentar sintomas respiratórios, como tosse e expectoração, e mesmo sintomas gerais, deverá ser clinicamente reavaliada. Sendo indispensáveis, que se atualize a radiografia de tórax e que se coletem duas ou três amostras de escarro para as baciloscopias, inclusive para a cultura do bacilo de Koch (BK).
Constatando-se a presença do BK em secreções respiratórias, a tuberculose passará a ser considerada ativa e a pessoa deverá se submeter à terapia específica. Sob tratamento, muito antes de sua conclusão, a enfermidade perderá o poder infectante.
Mas, não se encontrando a pessoa atualmente enferma, esse tratamento torna-se desnecessário. Além disso, ela não representa um problema sanitário para a coletividade.

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quinta-feira, 1 de abril de 2010

59 - Epônimos médicos

O whonamedit.com é um site em inglês que dicionariza os epônimos médicos. Já descrevendo 8.141 deles, relacionados com os nomes de 3.223 pessoas, pode-se dizer que o site é o mais completo no gênero. Inclusive por trazer as biografias das pessoas associadas aos epônimos que registra.
Epônimo, para quem não sabe, é uma expressão formada com a incorporação do nome de uma ou mais pessoas.
Eis alguns exemplos de epônimos (em português) com as categorias a que pertencem:
- Reflexo de Babinski (semiologia)
- Espaço de Traube (anatomia)
- Manobra de Valsalva (fisiologia)
- Paralisia de Bell (clínica)
- Bacilo de Koch (microbiologia)
- Ciclo de Krebs (bioquímica)
- Incisão de McBurney (cirurgia)
- Cateter de Swan-Ganz (equipamento)
Muitos dos epônimos colocados no site apresentam-se em desuso, mas é inegável que o registro mesmo destes tem importância histórica.

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quarta-feira, 31 de março de 2010

58 - Provas de função pulmonar. Slideshow


Material de apresentação de uma aula que ministrei, em 18 de julho de 2008, para os alunos da disciplina de Clínica Médica II do Curso de Medicina da Universidade Estadual do Ceará.

terça-feira, 30 de março de 2010

57 - A oração de Hutchison

“Da incapacidade de não interferir; do entusiasmo exagerado pelo que é recente e desdém pelo que é tradicional; de valorizar mais o conhecimento do que a sabedoria, a ciência mais do que a arte, e o talento mais do que o bom senso; de tratar os pacientes como casos, de fazer a cura da doença mais penosa do que a tolerância da mesma... livrai-nos, Senhor.”

British Medical Journal, 1953; 1: 671

Ler sobre quem escreveu isto, o médico Dr. Robert Hutchison em www.whonamedit.com.

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segunda-feira, 29 de março de 2010

56 - Bombons, anti-sépticos bucais e a nova lei

A lei federal 11.705, de 16 de junho de 2008, que tornou mais severas as penas aplicáveis aos motoristas brasileiros que são flagrados dirigindo sob o efeito do álcool, passou também a ser mais exigente quanto aos níveis de álcool no sangue que são tolerados. Para efeito de sanção penal, tiveram os seus limites reduzidos de 6 para 2 decigramas de álcool, o que coloca o Brasil entre os países de legislação rígida sobre o assunto.
O equipamento que mede - de forma indireta - esses níveis de álcool no sangue é o etilômetro, popularmente chamado de bafômetro. E o aparelho faz isto a partir do ar exalado, cuja concentração em álcool guarda uma relação fixa com a que esteja presente no sangue, já que seria impraticável puncionar as veias de tantos motoristas nas ruas e estradas para realizar a medição direta.
Com a intensificação do emprego deste tipo de equipamento, nas blitzes de trânsito em nosso país, passou a ser divulgado que atos inocentes como ingerir algum bombom recheado de licor ou usar anti-sépticos bucais (não são todos), caso tenham ocorrido um pouco antes do teste do bafômetro, poderiam ocasionar resultados comprometedores.
É que esses bombons e anti-sépticos bucais, ao impregnarem de álcool por algum tempo a boca de quem os consome, levam a uma leitura de valores elevados de álcool pelo bafômetro.
A defesa, para quem se envolva com tão desconfortável situação, é pedir a repetição do teste uns dez minutos após. Quando esses valores anormais terão certamente retornados ao patamar da normalidade, ao contrário do que se verificará com eles se a pessoa de fato estiver alcoolizada.

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domingo, 28 de março de 2010

55 - Técnico em função pulmonar

Um dos fatores importantes para a boa qualidade de um laboratório de função pulmonar é o trabalho do técnico. Apenas um técnico competente e treinado pode conseguir a cooperação necessária do paciente e operar corretamente o equipamento de modo a assegurar resultados confiáveis para os exames relativos à função pulmonar.
Estas habilidades e conhecimentos são obtidos através de educação apropriada (que inclui conhecimentos básicos de fisiologia respiratória, matemática e informática), treinamento e supervisão. No setor da espirometria, que é um dos métodos de avaliação da função pulmonar, como exemplo, o tempo de treinamento de um novo técnico deve ser de pelo menos 80 horas, com a realização e análise de pelo menos 200 exames.
Conforme as Diretrizes para Testes de Função Pulmonar - 2002, da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), estão na responsabilidade do técnico de função pulmonar:
1) Preparação e calibração do equipamento.
2) Preparação e instrução dos pacientes.
3) Realização dos testes.
4) Verificação dos critérios de aceitação e reprodutibilidade das curvas obtidas.
5) Obtenção e cálculos dos dados finais e preparação dos relatórios para interpretação.
6) Realização dos procedimentos para controle de qualidade periódicos.
7) Limpeza e antissepsia do equipamento e seus acessórios.

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sábado, 27 de março de 2010

54 - Medicina Baseada em Etiqueta

O New England Journal of Medicine, em recente edição, traz um artigo do Dr. Michael W. Kahn, professor de psiquiatria da Harvard Medical School, em Boston, com o título Etiquette-Based-Medicine. No qual ele discorre sobre a importância de o médico, durante as relações médico-paciente, não negligenciar as regras de boas maneiras.
No artigo do Dr. Kahn, há inclusive um check list a ser seguido pelo médico em seu atendimento inicial de um paciente hospitalizado:

1. Peça permissão antes de entrar no quarto; aguarde a resposta.
2. Apresente-se, mostrando o crachá de identificação.
3. Estenda a mão para o cumprimento.
4. Sente-se; sorria (se isto for apropriado).
5. Explique de forma sucinta qual é o seu papel na equipe.
6. Pergunte como ele(a) se sente estando internado(a) no hospital.

Parece um rol de obviedades, não é? No entanto, são regras de etiqueta indispensáveis a todo profissional que se interesse em praticar uma medicina realmente humanizada.

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quinta-feira, 25 de março de 2010

52 - Resposta a um jateador

A atividade de jateamento com areia é proibida em todo o território nacional, desde janeiro de 2005, por força da Portaria 99/2004 do Ministério do Trabalho e Emprego.
Para a aprovação desta portaria, o MTE considerou que as medidas existentes para o controle da exposição à sílica (no que se refere à atividade de jateamento com areia) são inadequadas ou insuficientes.
Assim, deve o senhor deixar esta atividade (a menos que, em seu atual trabalho, possa substituir a areia por granalha, gelo seco etc) e procurar um especialista para ser avaliado, clínica e radiologicamente, quanto à possibilidade de estar apresentando lesões pulmonares compatíveis com silicose.
Para afastar a possibilidade desta doença não se pode guiar exclusivamente pela ocorrência de sintomas. Estes costumam ser precedidos, até por vários anos, de lesões pulmonares que podem ser já detectadas em radiografias do tórax.

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quarta-feira, 24 de março de 2010

51 - O Dia da Tuberculose

O dia 24 de março (hoje) foi escolhido pela Organização Mundial da Saúde para ser o Dia Mundial de Combate à Tuberculose. Por representar esta doença, que tem ocorrência milenar na espécie humana, um dos graves problemas de saúde pública em grande parte do mundo, ainda na atualidade.
Por isso, foi instituído o Dia da Tuberculose. A data se destina a divulgar a todos sobre o problema que a tuberculose ainda representa, a fim de que a população e os serviços de saúde estejam em alerta para a realização das ações de controle da enfermidade.
Como medida de maior impacto, porque interrompe a cadeia de transmissão da doença, está o diagnóstico precoce. Confirmado através dos exames de escarro que mostram a presença do agente infeccioso nas secreções respiratórias dos indivíduos sintomáticos. A radiografia de tórax, nos locais em que o recurso é disponível, ao evidenciar lesões pulmonares suspeitas dessa doença, também contribui para o diagnóstico.
Reconhecido o caso de tuberculose, este deve ser logo tratado com o esquema padronizado. Usado em caráter ambulatorial, pois só excepcionalmente o paciente tuberculoso necessitará de hospitalização. As doses, a combinação das drogas, a frequência das administrações e a duração do tratamento deverão ser corretas para que a cura seja alcançada (o que acontece na grande maioria dos casos). E assim evitar as situações de persistência e resistência bacterianas em que os tratamentos posteriores serão menos efetivos além de mais onerosos.
Outra medida é a vacinação pelo BCG intradérmico, o qual protege na infância das formas graves da tuberculose (formas meníngea e disseminadas). No Brasil, esta vacina é obrigatória no primeiro ano de vida e prioritária abaixo dos 5 anos.
Existe ainda a quimioprofilaxia, que é feita com a isoniazida (uma das drogas para a tuberculose), isoladamente, durante seis meses, Utilizada no indivíduo não infectado (quimioprofilaxia primária) poderá protegê-lo da infecção tuberculosa; administrada no indivíduo já infectado (quimioprofilaxia secundária) reduzirá o seu risco de adoecimento por tuberculose.

terça-feira, 23 de março de 2010

50 - Distúrbios do sono e habilitação para conduzir veículos

Em 25 de fevereiro de 2008, foi publicada e entrou em vigor a Resolução 267, do Conselho Nacional de Trânsito - CONTRAN, que, entre outras providências, estabeleceu a exigência da avaliação para distúrbios do sono nos candidatos a condutores de veículos das categorias C (caminhão), D (ônibus) e E (carreta). Isto porque os portadores de distúrbios do sono costumam ter as capacidades de atenção e de reação reduzidas, principalmente aqueles que passam mais tempo ao volante como os motoristas de transportes de passageiros e de cargas.
Pela Resolução 267, os candidatos a essas categorias devem ser avaliados por parâmetros objetivos, como pressão arterial sistêmica, índice de massa corporal (IMC), circunferência do pescoço e Classificação de Mallampati (usada para prever o grau de dificuldade para a intubação orotraqueal), e por parâmetros subjetivos como os que figuram na Escala de Sonolência de Epworth.
Na avaliação por esses parâmetros, são considerados como tendo indícios de distúrbios do sono os candidatos à habilitação que apresentem os seguintes resultados:

Pressão arterial sistólica > 130mmHg e diastólica > 85mmHg;
Índice de massa corporal > 30kg/m2;
Perímetro Cervical > 45cm em homens e > 38cm em mulheres;
Classificação de Mallampati nas classes 3 ou 4;
Escala de Sonolência de Epworth > ou = 12.

Aqueles candidatos com este último resultado e/ou com dois ou mais indícios objetivos de distúrbios do sono, a critério médico, poderão ser:
1) aprovados temporariamente;
2) encaminhados para avaliação médica específica com realização de polissonografia.

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segunda-feira, 22 de março de 2010

49 - Uma história que foi contada

Com o título de "Sanatório de Messejana - uma história a ser contada", este livro (cuja imagem da capa é vista ao lado) representa a principal fonte de consulta para quem deseja conhecer a história do Hospital de Messejana, referente ao período de 1933 a 1983.
O período corresponde aos 50 anos em que o pequeno sanatório, inicialmente particular e dedicado a pacientes tuberculosos, cresceu até se transformar num hospital público de grande porte, que atende a pacientes cardíacos e pulmonares do Ceará e dos estados vizinhos.
O livro "Sanatório de Messejana" foi escrito pelo tisiopneumologista Dr. Carlos Alberto Studart Gomes que, por 39 anos, dirigiu a modelar instituição. Em homenagem a ele, o Hospital de Messejana foi renomeado, em 2006, com a inclusão de seu nome.

domingo, 21 de março de 2010

48 - A calculadora de Hutchon

Facilita a vida de quem faz pesquisas clínicas este programa criado pelo médico ginecologista DJR Hutchon.
A partir de quatro dados básicos (verdadeiros positivos, verdadeiros negativos, falsos positivos e falsos negativos), obtidos estes pela comparação de um teste com outro considerado padrão-ouro para o diagnóstico de uma doença, o usuário desse programa (cuja apresentação é sob a forma de uma calculadora) pode, instantaneamente, obter as seguintes informações relativas ao teste pesquisado:

- Sensibilidade
- Especificidade
- Valor preditivo positivo
- Valor preditivo negativo
- Acurácia
- Prevalência da doença
- Razão de probabilidade

Endereço da calculadora na internet: www.hutchon.net

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sábado, 20 de março de 2010

47 - A maldição de Ondina

São conhecidos cerca de 400 casos desta doença em todo o mundo. No entanto, por ser uma causa de morte súbita, acredita-se que este número represente apenas a ponta de um iceberg. E que, por conseguinte, uma em cada 200 mil crianças nascidas possa ter a doença.
A causa é apenas parcialmente conhecida. Atribui-se principalmente a uma ou várias mutações de natureza autossômica dominante no gene PHOX2B. Com isso, o mecanismo de controle da respiração involuntária, no portador dessa alteração, deixa de funcionar adequadamente durante o sono. Embora fique nele preservada a respiração voluntária, a qual acontece em estado de vigília.
Há formas leves da enfermidade, cujo principal sintoma é a sonolência diurna, em conseqüência das noites mal dormidas. E há as formas graves, em que os portadores da doença, devido ao risco de morte por paradas respiratórias, são obrigados a dormir sob ventilação mecânica assistida.

Ondina, por John William Waterhouse (1872)

Na mitologia germânica Ondina foi uma ninfa. Vítima de uma traição amorosa, ela lançou sobre o amante infiel uma maldição. No resto de sua vida, para que ele não parasse de respirar, deveria permanecer acordado.

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sexta-feira, 19 de março de 2010

46 - Rhuminando...

Entraram para a história da propaganda no Brasil estes versos que o poeta Bastos Tigre fez para o Rhum Creosotado:

“Veja ilustre passageiro
O belo tipo faceiro
Que o senhor tem a seu lado
E, no entanto, acredite
Quase morreu de bronquite
Salvou-o o Rhum Creosotado.”


Eram vistos nos “reclames” dos bondes que circulavam pelo Rio antigo.
Vamos e venhamos que os versos publicitários de Bastos Tigre tenham ajudado a dar longa vida ao Rhum Creosotado, um produto que, por muito tempo, esteve à venda nas farmácias do país. Ainda que o poeta, com planos literários mais altos, não gostasse de assumir a paternidade destes seus versos.

quinta-feira, 18 de março de 2010

45 - A fantasia onipotente

De Rubem Alves, em "O Médico":
Houve um tempo em que nosso poder perante a Morte era muito pequeno. E, por isso, os homens e as mulheres dedicavam-se a ouvir a sua voz e podiam tornar-se sábios na arte de viver. Hoje, nosso poder aumentou, a Morte foi definida como inimiga a ser derrotada, fomos possuídos pela fantasia onipotente de nos livrarmos de seu toque. Com isso, nós nos tornamos surdos às lições que ela pode nos ensinar. E nos encontramos diante do perigo de que, quanto mais poderosos formos perante ela (inutilmente, porque só podemos adiar...), mais tolos nos tornaremos na arte de viver.

Ilustração: “Ciência y Caridad”, de Pablo Picasso (1897), obtida na galeria “Arte e Medicina” do e-emergencia.com, um site em que podem ser vistas reproduções de quadros de outros pintores célebres sobre o tema.

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quarta-feira, 17 de março de 2010

44 - PPD e tuberculose

Tenho publicado no Scribd o material de apresentação de algumas de minhas palestras. Foi, no referido website, que uma leitora me formulou a seguinte pergunta:
“Meu primo de oito anos fez um exame de PPD que deu o resultado de 15 mm. Ele está com tuberculose?”

PPD são as iniciais de uma expressão inglesa que significa “derivado protéico purificado”. Referente a um material antigênico, obtido a partir de bacilos da tuberculose, o qual tem utilização em medicina para identificar os indivíduos que já foram ou estão sendo infectados por esta espécie de bacilo. Trata-se, portanto, de um teste.
Através de uma seringa, esse material é injetado na pele do indivíduo a ser testado, em nível intradérmico. Três dias após, é feita a medida do maior diâmetro alcançado na área de endurecimento que se forma na pele.
São estes os resultados possíveis para o teste:
0 a 4 milímetros = não reator
5 a 9 milímetros = reator fraco
10 ou mais milímetros = reator forte
E são estas as respectivas interpretações:
Não reator: o indivíduo é não infectado (ou é portador de um estado imunológico que impede de reagir ao teste como acontece em doentes de AIDS, por exemplo).
Reator fraco: o indivíduo foi infectado por outras micobactérias (que não causam a tuberculose) ou foi vacinado pelo BCG, não recentemente.
Reator forte: o indivíduo já foi infectado, podendo ou não estar doente de tuberculose, ou foi vacinado pelo BCG, recentemente.
Na situação de reator forte, ressalvando-se a influência do BCG tomado recentemente, interpreta-se que o indivíduo testado passou pela experiência da infecção tuberculosa. Como já aconteceu a mais de 50 milhões de brasileiros da atual população do país, sem que isto signifique a ocorrência da doença. Em 95 por cento dos casos, a previsão é de que estes indivíduos já infectados não evoluam para a enfermidade (em crianças, este aspecto evolutivo “benigno” é menor).
No entanto, cerca de 100 mil brasileiros adoecem a cada ano de tuberculose. São aqueles que passam a apresentar os sintomas relacionados com esta doença: tosse, expectoração, febre, anorexia, emagrecimento etc. Nos quais, para a tuberculose ser confirmada, haverá a necessidade da realização de exames complementares, como baciloscopia e cultura de amostras de escarro e de lavado brônquico, histopatologia de tecidos biopsiados e outros exames. Em crianças, pela dificuldade na obtenção de material para tais exames, muitas vezes o diagnóstico será feito por história de contato com adulto tuberculoso, situação de reator forte (em não vacinado pelo BCG), quadro clínico compatível e imagens radiológicas sugestivas para tuberculose.
É recomendação do Ministério da Saúde do Brasil que se proceda a quimioprofilaxia pela isoniazida, durante 6 meses, na criança com idade inferior a 15 anos e que também se encontre em todas as seguintes condições:
- reatora forte ao PPD;
- não vacinada pelo BCG;
- contatante de paciente tuberculoso eliminador de bacilos;
- não doente.
Esta última exigência é muito importante ser atendida, pois se a criança estiver doente a conduta correta será o tratamento pelo esquema padronizado.

PS >
As informações prestadas nesta nota não dispensam que a criança seja levada a uma consulta médica.

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segunda-feira, 15 de março de 2010

42 - Como se fosse fotografia

Este cartum é um achado. Possivelmente, deve ser do tempo em que a radiologia médica dava os seus primeiros passos, esquadrinhando o corpo humano com o aparelho criado por Roentgen.
Neste desenho, o cartunista deu a sua versão, de uma forma bem divertida, a respeito de como seria a realização de uma radiografia de alguém no campo.
Nem o sol escapou.


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domingo, 14 de março de 2010

41 - Perguntar não ofende

Dos equipamentos de uso médico, abaixo relacionados, qual deles foi inventado há mais tempo?

1) Espirômetro (para o teste do sopro)
2) Termômetro clínico
3) Tensiômetro (para medir a pressão arterial)
4) Aparelho de raios X
5) Eletrocardiógrafo

Após haver respondido a questão, conferir as datas e os nomes dos inventores na caixa de comentários.


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sexta-feira, 12 de março de 2010

39 - O senhor das corridas

Cooper é sinônimo de corrida em diversos países, inclusive no Brasil. Trata-se do sobrenome do médico norte-americano Kenneth H. Cooper, que preconizou o emprego da atividade física como um eficaz método de prevenção para diversas doenças.
Com a experiência adquirida como médico da Air Force, avaliando e desenvolvendo o condicionamento físico de militares, Kenneth Cooper escreveu Aerobics. Publicado em 1968, o livro despertou as pessoas em todo o mundo para a necessidade de se manterem fisicamente condicionadas, através da prática regular de exercícios físicos.
É mundialmente conhecido o seu “teste de 12 minutos”. Dele também se originou o “teste de caminhada de 6 minutos”, de grande uso na pneumologia e na cardiologia.
Kenneth Cooper já tem 18 títulos publicados, traduzidos para 41 idiomas e com versões em Braille, que somam acima de 30 milhões de exemplares vendidos. O último de seus livros, Start Strong, Stay Strong, lançado em 2007, foi escrito em parceria com seu filho Tyler Cooper.Além disso, Cooper já esteve em mais de 50 países para ministrar conferências sobre o assunto, o que o transforma num autêntico “missionário da saúde”.
Em Dallas, Texas, fundado por ele funciona o Cooper Aerobics Center, um complexo empresarial dedicado à saúde e à forma física.

Tradução: “É mais fácil manter a saúde através de exercícios, dieta e equilíbrio emocional do que recuperá-la depois que é perdida.”

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quinta-feira, 11 de março de 2010

38 - Tabagismo passivo

A inalação em ambientes fechados da fumaça do tabaco por indivíduos que convivem com fumantes é denominada de tabagismo passivo e os indivíduos que inalam essa fumaça são chamados de fumantes passivos.
Quanto aos efeitos do tabagismo passivo na saúde, em curto prazo os não-fumantes podem apresentar irritação nos olhos, sintomas nasais, tosse irritativa, dor de cabeça e, se forem portadores de asma, exacerbações desta enfermidade. Em longo prazo, os não-fumantes que convivem com os fumantes, entre outros problemas, elevam os riscos para o câncer de pulmão e os eventos cardíacos.
As crianças que convivem com pais que fumam em casa também apresentam mais episódios das doenças do aparelho respiratório. Segundo estudo divulgado pela OMS, as crianças adoecem em mais 70 por cento (se a mãe fuma) e em mais 30 por cento (se o pai fuma). Além disso, o risco de apresentarem a síndrome da morte súbita infantil é aumentado em até 150 por cento, se a mãe é fumante.
Trata-se de um truque no processo de videofilmagem, mas como você reagiria se a fumaça dos cigarros se apresentasse com este aspecto nos ambientes fechados?



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quarta-feira, 10 de março de 2010

37 - Asma e derrame pleural

Um paciente do sexo masculino, 63 anos, motorista de táxi, ex-fumante, procurou um médico pneumologista de seu plano de saúde para o tratamento de uma asma crônica dependente de terapia corticóide oral.
Dois meses antes, havia apresentado febre e astenia ao longo de uma semana, durante a qual a dispnéia tinha se mostrado com menor grau de resposta aos medicamentos que ele habitualmente usava para a asma. Atendido no setor de emergência de um hospital, após o exame clínico e a realização de uma radiografia de tórax, foi constatado estar apresentando um derrame pleural de médio volume à esquerda.
---__TORACOCENTESE
Submeteu-se a um esvaziamento por agulha (toracocentese) do líquido pleural. Neste procedimento, foi coletada uma quantidade de cerca de meio litro de líquido pleural, com aspecto claro, que foi encaminhado para exames laboratoriais, juntamente com uma biópsia de pleura. O paciente recebeu alta da enfermaria de observação, sendo orientado a retornar duas semanas depois para saber os resultados dos exames.
Na data aprazada, os resultados dos exames foram recebidos pelo paciente. Mas não conseguiu mostrá-los ao médico solicitante do setor de emergência, por este se encontrar de férias. Contudo, nas semanas seguintes, o paciente também não compareceu no hospital para apresentá-los a outro profissional. Foram os motivos alegados: estar sem os sintomas da intercorrência e imaginar-se que ficara curado por meio da toracocentese (sic).
Até que, por ocasião de uma consulta a outro pneumologista, os resultados daqueles exames foram enfim apresentados. A citologia do líquido (com linfocitose) e a biópsia (com granuloma caseoso) eram conclusivas para tuberculose pleural. A toracocentese, além do alívio que lhe proporcionara, fora muito importante para a confirmação diagnóstica. Mas, ao paciente, ainda faltava a adoção de uma medida indispensável: iniciar o “tratamento específico”.
É feito este tratamento com medicamentos orais, ingeridos em horário único diário, durante seis meses. Não há necessidade de o paciente se afastar do trabalho. Embora se trate de uma forma "fechada" (não contagiante) da enfermidade, a história natural da tuberculose pleural mostra que ela costuma recrudescer, apresentando-se sob a forma pulmonar, meses ou anos após, quando não houve antes o tratamento medicamentoso. E ser idoso e/ou usar cronicamente corticóide (droga depressora da imunidade) estão entre os fatores que influem para que assim evolua.

O caso é de etiologia comum para o derrame pleural. Foi aqui descrito para chamar a atenção sobre a importância de o paciente sempre mostrar os resultados de seus exames ao médico que o assiste (PGCS).

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terça-feira, 9 de março de 2010

36 - Realização da espirometria

Espirometria é a medida do ar que entra e sai dos pulmões (volumes) e da velocidade com que isto acontece (fluxos). Para a realização destes exames, usam-se equipamentos chamados espirômetros ou espirógrafos, que são em geral eletrônicos e computadorizados.
Estes aparelhos são classificados em dois tipos básicos:
1) espirômetros de volume
2) espirômetros de fluxo.
Os primeiros medem primariamente os volumes pulmonares, destes obtendo os fluxos.
---------------Volume / Tempo = Fluxo
Os segundos medem primariamente os fluxos pulmonares, a partir destes sendo obtidos os volumes.
---------------Fluxo x Tempo = Volume
Para a realização de um exame adequado, o espirômetro tem de ser exato, preciso e, se possível, validado por um laboratório independente. Além disso, deve ser o aparelho calibrado antes de cada turno de exames. Outros cuidados incluem as medidas de biossegurança, necessárias para que seja evitada a transmissão de infecções entre pacientes.
O profissional que conduz a espirometria (especialista ou técnico supervisionado) deve conhecer, além do manuseio do espirômetro, as manobras respiratórias padronizadas a serem executadas, e deve saber como explicá-las, pois terá de ensiná-las ao paciente. E, da parte deste, exigem-se compreensão, cooperação e coordenação, condições essenciais para a realização do exame.
A espirometria é feita com o paciente sentado (preferível) ou em pé, usando a boca para inspirar e expirar na peça bucal acoplada ao aparelho. Durante a realização das manobras, permanece com as narinas fechadas por um clipe nasal para evitar escapes de ar. É um procedimento perfeitamente tolerável.
Em cerca de um quinto dos casos (dado da experiência pessoal), apesar de exaustivamente tentado, não se consegue realizar o exame. Isto porque os testes, caso obtidos a partir de manobras mal entendidas e/ou mal executadas, não geram resultados aceitáveis e reprodutíveis. E estes critérios técnicos são indispensáveis para o profissional selecionar, dentre os valores e gráficos obtidos, os melhores resultados para os diversos parâmetros do exame.
Selecionados estes resultados, devem ser comparados com os valores previstos, também chamados valores de referência, que sejam apropriados para a população a que o paciente pertença. Quando os resultados escolhidos se situam abaixo dos limites inferiores da normalidade, que existem para os valores de referência, fica então evidenciada uma disfunção respiratória.
Qualificar e quantificar esta disfunção são o escopo principal da interpretação do exame. Para isto existem algoritmos (Diretrizes para Testes de Função Pulmonar - SBPT, 2002) que facilitam a tarefa de interpretação, a qual deve sempre ser feita à luz de dados clínicos e epidemiológicos. Recomendável que o laudo esteja sempre sob a responsabilidade de um especialista.
Fazendo parte do exame, também costuma ser realizada a prova broncodilatadora, que consiste na repetição dos testes, após haver sido ministrado ao paciente, por via inalatória, uma droga que dilata os brônquios. Emprega-se a prova para avaliar, diante de uma disfunção obstrutiva que foi constatada, qual é o seu grau de reversibilidade.

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