domingo, 31 de maio de 2015

743 - ARTE para sensibilizar

Diz respeito a engajar as pessoas, especialmente os jovens.
Número de fumantes cai 30,7% nos últimos nove anos
O ato de fumar está cada vez menos popular no Brasil. Segundo dados do Vigitel 2014, atualmente, 10,8% dos brasileiros ainda mantêm o hábito de fumar – o índice é maior entre os homens (12,8%) do que entre as mulheres (9%). Os números representam uma queda de 30,7% no percentual de fumantes nos últimos nove anos. Em 2006, 15,6% dos brasileiros declaravam consumir o produto. A redução no consumo é resultado de uma série de ações desenvolvidas pelo governo federal para combater o uso do tabaco.
"Outras ações importantes são a proibição da propaganda do cigarro e ao fumo em ambientes coletivos, além da oferta crescente de tratamento para quem quer deixar de fumar. Em 2013, mais de 70% dos brasileiros que tentaram parar foram atendidos pelo SUS", destacou o ministro da saúde, Arthur Chioro.
O tabagismo é um fator importante para o desenvolvimento de doenças como câncer, doenças pulmonares e cardiovasculares e continua sendo a principal causa de mortes evitáveis. Ainda segundo o Vigitel 2014, o uso de cigarros é maior na faixa etária de 45 a 54 anos (13,2%) e menor entre os jovens de 18 a 24 anos (7,8%).
Os homens fumam mais em Porto Alegre (17,9%), Belo Horizonte (16,2%) e Cuiabá (15,6%) e as mulheres em Porto Alegre (15,1%), São Paulo (13%) e Curitiba (15,6%). O tabagismo é menos frequente em Fortaleza (8,6%), Salvador (9%) e São Luís (9,3%) entre os homens, e no público feminino em São Luís (2,5%), Palmas (3%) e Teresina (3,1%).
Em março deste ano, o Brasil recebeu reconhecimento da Fundação Bloomberg pelo monitoramento e controle do tabaco no País.
31/05 - Dia Mundial sem Tabaco
Em 2015, a Campanha do Dia Mundial Sem Tabaco integra as ações de Promoção da Saúde –SUS, Controle do Tabagismo. O conceito "Da saúde se cuida todos os dias" é tema das campanhas de promoção da saúde. No eixo controle do tabagismo o slogan usado é "Das escolhas certas se cuida todos os dias". A campanha fala do consumo dos produtos derivados do tabaco por jovens, facilitado pelos baixos preços que são oferecidos os cigarros através do comércio ilícito. Além de alertar sobre os malefícios do hábito de fumar, a campanha entrega a mensagem de que é necessário fazer escolhas certas para uma vida mais saudável. A campanha será veiculada na rádio, internet e redes sociais.

quarta-feira, 27 de maio de 2015

742 - Conheça Alice Ball

Esta é Alice Ball (foto), a química farmacêutica que, em 1919, desenvolveu um tratamento médico para a hanseníase e deu esperança a milhões de enfermos. Sua droga foi o principal tratamento para a hanseníase até a década de 1940 quando os antibióticos foram desenvolvidos. Antes de Alice, a lepra era considerada uma doença sem esperança. Portadores de hanseníase eram retirados à força de suas casas e detidos indefinidamente em colônias afastadas. O tratamento de Alice permitiu que centenas deles fossem colocados em liberdade condicional dos centros de detenção e retornassem para o convívio com suas famílias.
Nascida em 1892, Alice era neta do artista icônico JP Ball. Ela se formou em farmácia  pela Universidade de Washington e especializou-se em química farmacêutica pela Universidade do Havaí. Sua tese de mestrado foi intitulada "Os componentes químicos da Piper methysticum" e envolvia a extração de ingredientes ativos da raiz kava. Seu trabalho foi considerado tão impressionante que ela foi convocada pelo Diretor de Saúde Pública dos EUA, Dr Harry Hollmann, para trabalhar com o óleo de chaulmoogra (Taraktogenos kurzii).
Durante séculos, os profissionais de saúde indianos e chineses vinham utilizando o óleo de chaulmoogra (foto da árvore, ao lado) para o tratamento da hanseníase, porém com sucesso limitado. O óleo era aplicado topicamente, o que, na melhor das hipóteses, fornecia apenas algum alívio aos pacientes. Como o óleo não é solúvel em água, injetá-lo era extremamente difícil, quase impossível. E os pacientes descreviam as injeções do óleo como uma "queima com o fogo através da pele".
Este é o ponto em que Alice entra. Ela foi convocada para usar suas habilidades técnicas para extrair os ingredientes ativos de óleo de chaulmoogra. Ela isolou o ácido contido no óleo e criou o primeiro tratamento injetável, solúvel em água, para a hanseníase. Aos 24 anos de idade, ela conseguiu fazer algo que havia frustrado os pesquisadores durante anos.
Contudo, ela não viveu para vê-lo em uso. Durante o seu trabalho de laboratório, ela inalou o gás cloro e ficou gravemente doente. Após sua morte, o Dr. Arthur L Dean concluiu e publicou o trabalho de Alice Ball (sem lhe dar crédito), intitulando-o de "Método Dean". Felizmente, Dr. Harry Hollmann restabeleceu o crédito a ela:
"Depois de uma grande quantidade de trabalho experimental, a senhorita Ball resolveu o problema para mim .... [Esta preparação é conhecida como] ...... o Método Ball"
Alice foi a primeira pessoa negra a fazer um mestrado na Universidade do Havaí. Embora não fosse uma cura, o seu tratamento foi um grande feito na luta contra a hanseníase. Ela deu ânimo aos investigadores e esperança aos hansenianos para que cura fosse buscada. E a cura para a doença foi encontrada em 1940 a partir das sulfonas.
Este artigo traz agradecimentos a Stanley Ali e Kathryn Takara. Duas pessoas que vasculharam os arquivos para descobrir a verdade sobre essa mulher. Sem seu trabalho, ninguém saberia sobre Alice Ball (até mesmo na Universidade do Havaí não o sabiam). Em 2000, ela foi homenageada (in memoriam) com uma chaulmoogra plantada no campus, e o governador do Havaí declarou 29 de fevereiro como sendo o  Alice Ball Day.
Referências
http://womenrockscience.tumblr.com/post/68918185810/meet-alice-ball-the-pharmaceutical-chemist-who
http://io9.com/we-had-a-cure-for-leprosy-for-centuries-but-we-couldnt-1703005163
http://www.agencia.fiocruz.br/artigo-apresenta-enfoque-hist%C3%B3rico-sobre-o-tratamento-da-hansen%C3%ADase-e-o-uso-de-planta

domingo, 24 de maio de 2015

741 - A "amnésia imunológica" do sarampo

Já se sabia que o vírus do sarampo abala o sistema imunológico das crianças temporariamente, deixando-as expostas ao contágio de outras doenças oportunistas. Até agora, os cientistas acreditavam que essa vulnerabilidade se estendia por um ou dois meses após a infecção. Mas um novo estudo mostra que o sarampo pode enfraquecer as defesas do organismo das crianças por até três anos — deixando-as altamente suscetíveis a outras doenças mortais ao longo desse tempo. A pesquisa, realizada por cientistas da Universidade de Princeton (Estados Unidos), foi publicado neste mês (dia 8) na revista Science.
Com base nas conclusões do artigo, os autores afirmam que a vacinação contra o sarampo não oferece proteção apenas contra o vírus dessa doença, mas também impede que diversas outras doenças infecciosas tirem proveito do enfraquecimento do sistema imunológico causado por ela. De acordo com eles, a descoberta ajuda a explicar porque as campanhas de vacinação contra o sarampo têm impedido muito mais mortes do que se previa.
Para o autor principal do artigo, Michael Mina, da Universidade Emory, que participou do estudo como pesquisador pós-doutorando em Princeton, "o sarampo acaba aumentando a predisposição das pessoas às doenças mais prevalentes na população".
— Na maior parte, são infecções respiratórias bacterianas, como a pneumonia, a sepse, a bronquite e a bronquiolite. Mas o sarampo também abre caminho, em menor número, para doenças como diarreia e disenteria.
Segundo Mina, o estudo apresenta provas epidemiológicas de que o sarampo leva o organismo, por longo tempo, a um estado de "amnésia imunológica". As células de memória do sistema imunológico — capazes de identificar as partículas infecciosas que já tiveram contato com o organismo — são parcialmente exterminadas.
Outra dos autores do estudo, Jessica Metcalf, professora de Ecologia e Biologia Evolutiva de Princeton, disse que "já sabíamos que o sarampo ataca a memória imunológica — e que a doença enfraquece o sistema imunológico por algum tempo".
— Mas esse artigo sugere que a supressão imunológica dura muito mais do que se suspeitava. Em outras palavras, se você pegar sarampo, ao longo de três anos você poderia morrer de algo que não seria capaz de matá-lo sem a infecção por sarampo.
De acordo com Mina, a descoberta sugere que a vacinação contra o sarampo traz benefícios bem maiores que a proteção contra a própria doença. "É uma das intervenções com melhor custo benefício para a saúde global", disse ele sobre as campanhas de vacinação.
Extra dividends from measles vaccine
Science 8 May 2015: Vol. 348 no. 6235 pp. 694-699 DOI: 10.1126/science.aaa3662

quinta-feira, 21 de maio de 2015

740 - A iniciativa Wi-Fi à Sombra

O que você vê na foto acima foi instalado na praia de Agua Dulce, no Peru, para aumentar a conscientização do público sobre os riscos dos banhos de sol em excesso, especialmente entre 12 e 16 horas.
É uma estrutura que oferece internet sem fio unicamente para o lado em que faz sombra. Para que isso seja possível, um sensor detecta a posição do sol e ajusta a direção da antena para atualizar durante o dia a área de cobertura, tal como é explicado neste vídeo.
O sistema permite que mais de 250 usuários se conectem ao mesmo tempo.
A instalação também fornece informações sobre como prevenir o desenvolvimento de câncer de pele.

segunda-feira, 18 de maio de 2015

739 - A prevenção de acidentes nas crianças

A prevenção é a principal solução para o problema dos acidentes, porém fazer dela uma medida efetiva, no Brasil, ainda permanece um desafio.
Hoje, no país, a cultura de prevenção ainda não é encarada como prioridade, sendo necessário, muitas vezes, que os problemas ocorram para só depois se rever os prejuízos.
Com a conscientização da sociedade, até 90 por cento dos acidentes podem ser evitados com atitudes como:
  • Ações Educativas
  • Modificações no meio ambiente 
  • Modificações de engenharia
  • Criação e cumprimento de legislação e regulamentação específicas
Dicas também podem ser seguidas para diminuir os riscos dos acidentes. A ONG Criança Segura traz muitas delas, voltadas para a prevenção de acidentes nas crianças.
No Acta
660 - O colar de âmbar

sexta-feira, 15 de maio de 2015

738 - De Semmelweis aos dias atuais

Há 168 anos...
"A partir de hoje, 15 de maio de 1847, todo estudante ou médico, é obrigado, antes de entrar nas salas da clínica obstétrica, a lavar as mãos, com uma solução de ácido clórico, na bacia colocada na entrada. Esta disposição vigorará para todos, sem exceção". ~ Semmelweis
Semmelweis e a queda na mortalidade materna após a lavagem das mãos
Leitura recomendada: Semmelweis: uma história para reflexão, por Dr. Antonio Tadeu Fernandes
Segurança do paciente e prevenção de infecção hospitalar
Foi provado – e continua valendo até os dias atuais – que a higienização das mãos dos profissionais que lidam com os pacientes é a medida mais eficaz (e também a mais econômica) para a prevenção dos eventos adversos (que comprometem a segurança dos pacientes internados), sem desprezar, obviamente, o conjunto das demais (técnica adequada nos procedimentos invasivos, pressupostos de esterilização e desinfecção, precauções de isolamento, uso racional de antibióticos etc.). [...] É dentro deste contexto que se apela a todos os colegas médicos para que, ao lado das suas boas práticas, não deixem, também, de aderir sempre a todas as medidas que visem à prevenção das infecções nosocomiais, a partir daquela que é a mais simples, econômica e eficaz: a higienização das mãos, com água e sabão ou com álcool a 70%, mesmo que vá usar luva. Os seus pacientes lhe serão agradecidos. ~ Eduilton Girão (Informativo do CREMEC, nº. 107)

segunda-feira, 11 de maio de 2015

737 - Como tratar laringites

Perder a voz para a laringite é uma coisa que ninguém quer experimentar. Embora as laringites sejam quase todas causadas por vírus, portanto muito comuns, algumas medidas podem ajudar a reduzir os sintomas da doença.
1 Tratando a doença em casa
1. 1 Faça gargarejos para matar as bactérias. Além dos vírus, algumas bactérias podem causar laringites, então você poderá combater esses agentes usando água para eliminá-los. O gargarejo também ajuda a umidificar a faringe. Coloque meia colher de sopa de sal em uma xícara de água morna e faça gargarejos duas ou três vezes ao dia. Misture partes iguais de vinagre e água e faça o gargarejo de três a quatro vezes ao dia. O sabor pode ser bastante forte, mas o ácido do vinagre ajuda a desestabilizar o ambiente em que as bactérias crescem. O suco de limão também é indicado, mas tomá-lo puro pode ser forte demais. Tente misturar o suco com água morna e fazer gargarejos duas vezes ao dia.
1. 2 Mantenha-se hidratado. Possivelmente, o melhor remédio para a laringite é a água, ajudando a manter o seu corpo bem hidratado. Então beba! A água em temperatura ambiente é melhor para quando se está doente, pois causa menos impacto aos receptores de temperatura e ao sistema nervoso.
1. 3 Descanse sua voz. Uma das causas da laringite é a sobrecarga nas cordas vocais, então utilize-as pouco. Ao contrário da crença popular, sussurrar não é a solução. É melhor simplesmente evitar falar e, quando necessário, fale em tons mais suaves, menos irritantes para sua garganta.
1. 4 Umidifique sua garganta. O alho é um remédio antigo para as laringites. Coloque um dente de alho na boca, e tente chupá-lo até que você não consiga mais tolerar o gosto. Isso ajuda a produzir muita saliva e libera alguns antimicrobianos naturais da planta que ajudam na resolução. Gengibre também é um ótimo recurso. Você pode comer alguns blocos de gengibre cortados, que são produtores de saliva e ricos em anti-inflamatórios naturais para a laringe. As tradicionais pastilhas para dor de garganta também são boas opções. Algumas são formuladas com mel, limão, própolis, gengibre, menta e auxiliam no alívio da dor e na produção de saliva.
2 Evitando os irritantes
2. 1 Fique longe de drogas e álcool. Fumaça de cigarro ou drogas inaladas podem causar irritação intensa na garganta, piorando muito a laringite. O álcool funciona causando desidratação, deixando a laringe seca e piorando o quadro.
2. 2 Evite poeira e ambientes sujos. A inalação de partículas de pó podem, literalmente, "arranhar" a garganta. Tente ficar em ambientes limpos.
2. 3 Evite "pigarrear". Embora seja algo extremamente tentador para dar a sensação de limpeza na garganta e de retomada da voz, os pigarros forçam a laringe.
2. 4 Evite lugares secos. Sua garganta precisa de lugares úmidos, então evite ligar aquecedores e criar ambientes que removam a umidade natural do ar. Em casos de climas muito secos, você poderá comprar um umidificador para a sua casa.
2. 5 Fique longe da cafeína. Isso significa evitar beber café, refrigerantes, energéticos e chás. A cafeína desidrata a garganta, e não queremos que isso aconteça. As versões dessas bebidas sem cafeína são toleráveis.
3 Procure um Médico
3. 1 Caso os sintomas não se resolvam em poucos dias ou estejam causando falta de ar, procure um médico. Fique atento especialmente às laringites nas crianças, porque suas vias aéreas são muito pequenas e pequenos edemas na laringe já podem ser motivo de grandes repercussões na respiração, podendo até mesmo causar asfixia. Sempre procure um médico nesses casos.
3. 2 Uso de corticóides. Se você estiver precisando retomar a voz urgentemente, em caso de uma apresentação, palestra ou trabalho, o médico poderá prescrever corticóides que auxiliam na redução da inflamação da laringe.
3.3 Associação com Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE). Esta doença faz com que haja refluxo do conteúdo ácido do estômago para o esôfago. A condição pode ser tão intensa a ponto de atingir as vias aéreas superiores, causando dano na laringe. A DRGE, portanto, causa laringites recorrentes e precisa ser identificada e tratada individualmente. Se você tem DRGE, consulte um médico para obter o tratamento adequado.
3. 4 Em caso de sintomas persistentes, procure ajuda. Se a laringite não se resolver em alguns dias (5 a 7 dias), busque atendimento. Você pode ter uma doença associada ou outra doença, que podem exigir tratamentos diferentes da laringite.
Dicas
Como em muitas outras doenças, o repouso é também remédio. Durma e descanse bastante, e se possível, tire folga do trabalho ou da escola.
Tome cuidado com a sua voz depois que se recuperar da laringite. Se a causa tiver sido abuso da voz, você poderá ter novos episódios.
Não faça uso de auto-medicação, e evite principalmente o uso de antibióticos por conta própria.

sexta-feira, 8 de maio de 2015

736 - Paracetamol inibe a dor, mas também as emoções

Um estudo recente demonstrou que o paracetamol (acetaminofen), popular remédio contra a dor,
também pode tornar as pessoas insensíveis a emoções positivas e negativas.
Em uma experiência randomizada e controlada, 85 pessoas tomaram 1.000 miligramas de paracetamol ou um placebo. Uma hora depois, os investigadores apresentaram-lhes 40 imagens em sequência aleatória. As imagens eram muito agradáveis (por exemplo, crianças a rir com gatinhos num parque), neutras (espaguete em cima de uma mesa) ou muito desagradáveis (uma vaso sanitário cheio de excrementos). O estudo foi publicado online na revista Psychological Science.
Os participantes que tomaram paracetamol estavam 20% menos propensos a classificar as imagens como sendo muito desagradáveis e 10% menos propensos a classificá-las como bastante agradáveis, em comparação com os que tomaram placebo.
Embora os mecanismos permaneçam incertos, pesquisas anteriores sugeriram que o paracetamol reduz a dor agindo no lobo da  ínsula (imagem), parte do cérebro que influencia as emoções sociais, entre outras funções.
«Não queremos dar conselhos sobre o uso do paracetamol. Essas diferenças são modestas e foram obtidas num ambiente muito controlado. Recomendamos seguir o conselho do seu médico para o controle da dor com o paracetamol», afirmou Geoffrey R.O. Durso, doutor em Psicologia Social da Universidade Estadual de Ohio.
Durso também planeja realizar estudos para investigar se outros analgésicos, como o ibuprofeno e a aspirina, têm o mesmo efeito.

terça-feira, 5 de maio de 2015

735 - Médicos usam impressoras 3D para salvar a vida de crianças

Em um novo marco na impressão em 3D, médicos estadunidenses foram capazes de salvar a vida de três crianças que sofrem de uma doença respiratória fatal.
Três bebês que estavam à beira da morte por uma traqueobroncomalácia, um transtorno incurável que provoca o colapso da traqueia, tiveram talas aplicadas que lhes permitiram recuperar e respirar normalmente - segundo o estudo publicado nesta quarta-feira na revista Science Translational Medicine.
Os pesquisadores usaram tomografias computadorizadas das vias respiratórias das crianças para criar talas de policaprolactona, um material concebido para expandir à medida que suas vias respiratórias fossem crescendo. Suturadas por fora da traquéia, passaram a dar sustentação ao tubo traqueal (como stents externos).
Embora a técnica ainda não tenha sido oficialmente aprovada nos Estados Unidos, esses dispositivos personalizados, criados por uma impressora 3D, receberam uma exceção médica de emergência para estes casos particulares e ainda são considerados de alto risco.
Kaiba Gionfriddo, o primeiro que recebeu o tratamento, tinha três meses de idade quando passou pela cirurgia. Agora, ele é uma criança saudável de três anos que vai à pré-escola, disseram os pesquisadores.
As outras duas crianças tinham cinco e 16 meses quando foram submetidas à operação. Eles passam bem e não sofreram complicações.
"Esta é a primeira cura para a doença", afirmou o principal autor do estudo, Glenn Green, professor de otorrinolaringologia pediátrica do Hospital Infantil C.S. Mott da Universidade de Michigan.
Cerca de uma em cada 2.000 crianças nasce com traqueobroncomalácia em todo o mundo, explicou Green.
Referências
Doctors use 3-D printing to help a baby breathe
Vídeo: 3D Technology for Surgery

sábado, 2 de maio de 2015

734 - A mais antiga múmia budista

Esta estátua de Buda contém restos humanos de um monge que provavelmente viveu por volta de 1100.
Na figura da direita – com R-X  – um esqueleto em posição de lótus é claramente visível,
Há órgãos internos que foram retirados e muitas camadas de papel com caracteres chineses foram colocadas ao redor do corpo para estabilizá-lo.
De acordo com pesquisadores, pode ser a mais antiga múmia desse tipo. Acredita-se que o monge tenha auto-aplicado uma prática extremamente dolorosa chamada Sokushinbutsu.
Este procedimento, que remonta ao sacerdote Kuukai falecido em 835, associa-se a uma dieta radical para negar a si mesmo e alcançar a fase final da Iluminação.

quarta-feira, 29 de abril de 2015

733 - As vacinas funcionam!

Mortes por não vacinar
Segundo a Unicef estes são os números anuais de mortes por enfermidades que seriam evitadas por vacinas em todo o mundo:
Não obstante os comprovados benefícios das vacinas, muitas pessoas desconhecem como elas funcionam e inclusive desconfiam de sua ação. As vacinas sempre são mais seguras do que as enfermidades infecciosas que elas protegem. Contra algumas dessas enfermidades não há sequer tratamento efetivo, e as vacinas são a única opção para lutar contra elas.
As vacinas salvam milhões de vidas.
Cartoon
Vídeo
675 - As vacinas funcionam!

domingo, 26 de abril de 2015

732 - A mudança no uso do tabaco por escolares nos EUA

O uso do cigarro eletrônico (e-cigarette) entre os jovens já ultrapassou o uso do cigarro tradicional, pela primeira vez, de acordo com dados recém-divulgados pelos Centers for Diseases Control and Prevention (CDC) dos Estados Unidos.
Embora o uso do cigarro esteja em baixa entre os jovens, isso não significa que menos adolescentes estejam consumindo tabaco. O aumento do uso do narguilé e dos cigarros eletrônicos - que produzem vapor em vez de fumaça, mas que ainda contêm nicotina - vem anulando o declínio no consumo dos cigarros tradicionais pelos jovens.
O estudo, publicado no Morbidity and Mortality Weekly Report, identificou uma grande mudança no uso do tabaco por eles. Nos últimos anos, os cigarros tradicionais, que  sempre foram a forma mais popular de tabaco, caíram para o terceiro lugar. Entre os estudantes do ensino médio, 9,2 por cento disseram que tinham fumado um cigarro no mês que antecedeu o estudo, em comparação com 13,4 por cento que disseram que tinha fumado um e-cigarette e 9,4 por cento que tinham fumado o narguilé.
"E-cigarettes são baratos e altamente disponíveis, vêm em sabores apelativos para a juventude, e são novidade. Então, não é surpresa que os jovens procurem experimentá-los. A experimentação é da natureza de uma pessoa jovem" disse Robin Koval, CEO e presidente da organização Legay for Health, ao site The Huffington Post.
A Food and Drug Administration (FDA), que regula a venda e comercialização de cigarros tradicionais, bem como de muitos outros produtos, atualmente não tem autoridade sobre os cigarros eletrônicos e o narguilé. Em abril de 2014, propôs estender a sua autoridade de regulamentação a esses produtos, mas a regra ainda precisa entrar em vigor.
Tom Frieden, diretor do CDC, disse que os jovens acreditam amplamente - e de forma imprecisa - que estes produtos são de alguma forma mais seguros do que os cigarros tradicionais. "A nicotina é perigosa para crianças e adolescentes de qualquer idade", disse ele. "O cérebro humano ainda está em desenvolvimento durante esses anos, e o uso de nicotina está associado com o retardo do processo cognitivo".
Os defensores da saúde pública estão agora dirigindo o foco para as regras propostas pela FDA a serem implantadas em breve. Para Villanti, diretor associado do Schroeder Institute for Tobacco Research and Policy Studies,"somos sempre os azarões na luta contra o Big Tobacco. Eles vão montar desafios legais a qualquer coisa que o FDA coloque em sua frente, mas isso não é uma razão pela qual não sigamos essas regras."
Fonte
E-Cigarettes Are Now More Popular With Young People Than Regular Cigarettes, por Jesse Rifkin. In: HUFFPOST
Leitura complementar
Comparação dos anos escolares Brasil-EUA. VIVER NOS EUA
267 - O uso do narguilé, Acta Pulmonale
352 - A moda do cigarro eletrônico, Acta Pulmonale
632 - As conclusões da AHA sobre os cigarros eletrônicos, Acta Pulmonale

quinta-feira, 23 de abril de 2015

731 - Dez sinais de câncer frequentemente ignorados

Ao longo da vida, o nosso risco de desenvolver câncer é influenciado pela nossa exposição a diversos fatores. Produtos químicos, radiação e estilo de vida podem aumentar as probabilidades contra nós.
Uma pesquisa da organização Cancer Research UK listou dez sintomas de câncer que muitas vezes são ignorados pelos cidadãos britânicos. A ONG diz que isso pode atrasar possíveis diagnósticos da doença.
Veja abaixo os sintomas e a que tipo de câncer eles podem estar relacionados:
  • Tosse e rouquidão (câncer de pulmão)
  • Aparecimento de caroços pelo corpo (dependendo da região do corpo, pode indicar câncer)
  • Mudança nos hábitos intestinais (câncer de intestino)
  • Alteração nos hábitos urinários (câncer de bexiga) 
  • Perda de peso inexplicável (pode estar ligada a diversos tipos da doença)
  • Dor inexplicável (pode indicar vários tipos de câncer)
  • Sangramento inexplicável (pode estar ligado a cânceres de intestino, de medula ou de vulva)
  • Ferida que não cicatriza (pode estar ligada a diversas tipos da doença)
  • Dificuldade de engolir (câncer de esôfago)
  • Mudança na aparência de uma verruga (câncer de pele)
De acordo com a Cancer Research UK, muitas pessoas tendem a achar que sintomas como esses são triviais e, por isso, não procuram seus médicos.
Outro fator que motivaria os britânicos a não procurar ajuda seria o receio de "desperdiçar" o tempo dos médicos com esse tipo de suspeitas.
Os pesquisadores da entidade entrevistaram 1.700 pessoas com mais de 50 anos de idade. Mais da metade (52%) afirmou ter sentido ao menos um dos sintomas nos três meses anteriores à pesquisa.

segunda-feira, 20 de abril de 2015

730 - O método mais fácil para estimar o volume intranasal

Uma forma de medir o volume intranasal de uma pessoa é realizar uma ressonância magnética do crânio e, em seguida, analisar os dados resultantes em um software de imagem volumétrica computadorizada .
Mas será que existe uma maneira mais fácil?
Sim, existe. Leia este trabalho:
Size of nostril opening as a measure of intranasal volume. In: Physiology and Behavior. Volumes 110–111, fevereiro de 2013, páginas 3–5
Conclusão
"No presente estudo, exploramos a relação entre o volume intranasal e o tamanho das aberturas das narinas com o objetivo de usar a medição delas como um potencial preditor do volume intranasal. Os nossos resultados sugerem que o volume intranasal está correlacionado positivamente com as aberturas das narinas. Em conclusão, é possível obter uma boa estimativa do volume intranasal utilizando as medições das aberturas das narinas."
Os tamanhos das várias partes do corpo tendem a se correlacionar em um mesmo indivíduo. Por exemplo, um indivíduo alto com pernas longas tende também a ter braços longos.

sexta-feira, 17 de abril de 2015

729 - Os resultados das pesquisas nos meios de comunicação

Em 2003, em um artigo na revista JAMA (Journal of American Medicine) pesquisadores escreveram algo que deveria mudar a forma como você recebe as notícias médicas. Eles revisaram 101 estudos, publicados nas principais revistas científicas entre 1979 e 1983, que anunciavam como muito promissora uma nova terapia ou uma nova tecnologia médica . Apenas cinco, descobriram eles, haviam chegado ao mercado dentro de uma década. E apenas um, formado pelo grupo dos inibidores da ECA (enzima conversora da angiotensina), ainda era amplamente utilizado no momento da revisão.
"Há uma grande, grande diferença entre a forma como a mídia pensa sobre as notícias e como os cientistas pensam sobre notícias," Naomi Oreskes , um professor de Harvard da história da ciência, me disse recentemente em uma entrevista:
"Para você, o que faz ser notícia é o que há de novo – o que cria um viés nos meios de comunicação em sua busca pelos resultados novíssimos. Em meu ponto de vista, os resultados novíssimos com maior probabilidade vão estar errados."
This is why you shouldn’t believe that exciting new medical study, por Julia Belluz. In; Vox, 23/03/2015
Tudo o que comemos pode causar ou prevenir câncer

Atualização
Esta nota foi republicada, em 22/05/2015, no Jornal GGN. Foi comentada por 3 leitores do portal.

terça-feira, 14 de abril de 2015

728 - Pneumocistose

A pneumocistose é uma infecção oportunista causada pelo fungo unicelular Pneumocystis jirovecii (antes referido como Pneumocystis carinii). Acomete, em geral, pessoas imunodeprimidas por AIDS, por alguns cânceres ou pessoas que estão sob algumas medicações que afetam o sistema imune.
Os sintomas da pneumocistose são febre, tosse seca (não produtiva, porque o escarro é muito viscoso para a tosse se tornar produtiva), dispneia, perda ponderal e suores noturnos. Além do pulmão, o fungo pode eventualmente invadir outros orgãos como o figado, o baço e os rins.
Suspeita-se da enfermidade na presença de febre e tosse seca em pacientes imunocomprometidos. Alterações pulmonares na radiografia de tórax, como infiltrados intersticiais difusos, uma desidrogenase lática aumentada no soro e uma hipoxemia mostrada pela gasometria arterial também reforçam a suspeita.
O diagnóstico é confirmado pela identificação do parasita (imagem) no escarro, em lavado brônquico ou em biopsia do parênquima pulmonar.
Pneumocystis jirovecii, formerly known as Pneumocystis carinii, is present in this lung impression smear, using Giemsa stain.Pneumocystis jirovecii, is found in the environment, as well as in the lungs of healthy humans and animals, causing disease in immunosuppressed individuals, and is arguably the most important cause of pneumonia in the immunocompromised host.
O tratamento é realizado com medicamentos específicos que atuam contra o microorganismo, classicamente o co-trimoxazol (trimetoprim-sulfametoxazo). É comum a administração concomitante de corticoterapia para atenuar a reação inflamatória. Outras medicações usadas, quer isoladamente quer combinadas, são a pentamida, a dapsona, a primaquina, a clindamicina, entre outras. O tratamento tem geralmente a duração de 21 dias.
Mesmo com o tratamento a doença tem uma letalidade entre 10 e 30 por cento. Para prevenir a sua recorrência, os doentes com AIDS em que a pneumonia por Pneumocystis foi tratada com êxito usam profilaticamente o co-trimexazol ou a pentadimina em aerossol.
Carta do pneumologista Carlos Alberto de Castro Pereira ao editor do Jornal Brasileiro de Pneumologia
Senhor Editor:
A surpresa está na página 1475 da edição 2004 do Current Medical Diagnosis and Teatment: Pneumocystosis (Pneumocystis jiroveci Pneumonia). Nas considerações gerais o autor do capitulo diz que o Pneumocystis carinii é um fungo que foi encontrado nos pulmões de uma variedade de animais selvagens e domesticados e que o Pneumocystis jiroveci, a espécie que afeta os humanos, é distribuída mundialmente. A fonte citada destas afirmações é um artigo de Stringer Jr e col, publicado em 2002.
Senhor Editor: P. carinii foi primeiramente descrito em 1909 por Carlos Chagas, que o confundiu com uma forma cística de Trypanosoma cruzi em um cobaio experimentalmente infectado com T. cruzi. Em 1910, o ítalo-brasileiro, Antonio Carini observou cistos semelhantes em ratos com tripanossomíase experimental, mas ele suspeitou que os cistos eram de um agente desconhecido. Ele enviou amostras a seu colega Laveran, do Instituto Pasteur, para exames. Em 1912, os estudantes de Laveran e Delanoe, encontram cistos semelhantes em ratos livres de Trypanossoma e chamaram o novo agente de P.carinii, em homenagem ao pesquisador brasileiro.
Senhor Editor: P. carinii foi inicialmente associado com pneumonia clínica em humanos logo após a Segunda Guerra Mundial em órfãos europeus desnutridos e submetidos a aglomerações. Daquela época até os anos 80, a pneumonia por P. carinii era incomum, ocorrendo primeiramente em pacientes imunocomprometidos por terapia para o câncer ou deficiências imunológicas congênitas. Sua incidência então subiu acentuadamente, coincidindo com o surgimento da AIDS.
Senhor Editor: Técnicas elaboradas de biologia molecular na última década, por análise de DNA, demonstraram que o Pneumocystis é um fungo, embora impar, não tendo ergosterol e sendo de difícil crescimento em cultura. Logo após a classificação apropriada do Pneumocystis, estudos adicionais de DNA mostraram que os Pneumocystis de diversas espécies são bastante diferentes, o que levou Frenkel em 1999 a propor o nome P.jiroveci, em homenagem ao parasitologista tcheco Otto Jirovec, a quem o autor credita a descrição do agente em humanos. O artigo de Stringer fortalece a sugestão de Frenkel, e o nome foi adotado por este popular livro de medicina.
Senhor Editor: Em uma carta à revista onde Stringer e cols sugeriram a mudança de nome, Walter T. Hughes, do Tennesee, questiona esta sugestão, com base em duas afirmações: 1) O arrazoado para a escolha de jiroveci não é convincente. O código Internacional de Nomenclatura Botânica afirma que a nomenclatura de um grupo taxonômico é baseada na prioridade de publicação e; 2) a publicação de Jirovec em 1952 não foi a primeira a relatar a infecção por P.carinii em pulmões humanos, o que foi feito em 1942 por dois investigadores alemães.
Continuemos com Antonio Carini. Lembram da recente discussão Santos Dumont vs irmãos Whight?
CAC Pereira
Jornal Brasileiro de Pneumologia
Print version ISSN 1806-3713
J. bras. pneumol. vol.30 no.1 São Paulo Jan./Feb. 2004
http://dx.doi.org/10.1590/S1806-37132004000100017

sábado, 11 de abril de 2015

727 - Alimentos Regionais Brasileiros

Ministério da Saúde lança livro que estimula o consumo de alimentos saudáveis
Somente um quarto dos brasileiros consome a quantidade de frutas e hortaliças recomendadas pela OMS. O livro "Alimentos Regionais Brasileiros" traz dicas saudáveis da culinária brasileira.
 Em comemoração ao Dia Mundial da Saúde, que este ano tem como tema a alimentação, o ministro da Saúde, Arthur Chioro, lançou nesta terça-feira (7/4) o livro "Alimentos Regionais Brasileiros", com informações sobre comidas típicas de cada região e dicas de como cozinhar para obter mais saúde.
O principal objetivo desse livro, portanto, é estimular a população para o consumo de alimentos saudáveis que, reduzindo a obesidade, o diabetes, a hipertensão e outras doenças, promovam a saúde e melhorem a qualidade de vida dos brasileiros.
Confira aqui a apresentação do livro pelo ministro da Saúde.
Em arquivos PDF: 1) O livro Alimentos Regionais Brasileiros e 2) O material da  campanha Dia Mundial da Saúde 2015.
(assunto lembrado pelo colaborador Fernando Gurgel Filho)

quarta-feira, 8 de abril de 2015

726 - A fala dos gêmeos

As gêmeas Grace e Virginia Kennedy cresceram em San Diego, California, nos anos 70. Com a idade de seis anos não sabiam falar inglês, porém, conversavam entre si em uma língua aparentemente complexa e que era incompreensível para as demais pessoas. A esse tempo, seus pais buscaram a ajuda profissional. O que descobriram causou uma grande sensação na mídia, provocando manchetes do tipo:
GÊMEAS INVENTAM UM IDIOMA PRÓPRIO
Os linguistas ficaram fascinados com estas duas pequenas sábias e, assim como os antropólogos quando estudam uma cultura indígena, passaram a investigar as regras de acesso ao idioma de Grace e Virginia, uma sociedade de duas pessoas.
Mas, depois de estudar minuciosamente as gêmeas, uma história diferente foi dada a conhecer: eram duas crianças muito isoladas que sofriam da falta de estímulos mentais e de contato social. Como, na infância, se lhes haviam diagnosticado – erroneamente – insuficiência mental (posteriormente se descobriu que tinham o QI normal), elas nunca foram matriculadas em escolas e raramente saíam de casa. Na maior parte do tempo, eram criadas por uma avó que raramente falava com elas – e só o fazia em alemão! Desprovidas da atenção dos adultos e da companhia de outras crianças, e inclusive de informações sobre o mundo exterior, o idioma inventado por Grace e Virginia preenchia-lhes um grande vazio.
Os pesquisadores chegaram à conclusão de que essa língua, que aparentava ter uma construção engenhosa, não era mais do que uma mistura de palavras em ingês a que faltavam uma gramática e uma sintaxe consistentes. Com a ajuda de terapeutas da fala, as meninas finalmente aprenderam a falar inglês, mas nunca com a fluência das crianças de sua idade e de uma maneira que pudessem integrar-se plenamente na sociedade.
Felizmente, a maioria dos gêmeos se salva desse destino trágico, já que eles estão suficientemente expostos a sua língua materna, a qual vai predominar sobre a fala dos gêmeos. A fala dos gêmeos não tem a complexidade necessária para funcionar no mundo exterior e, por isso, a maioria dos gêmeos criptofásicos tende a abandonar a sua "língua secreta" com cerca de três anos de idade.
Criptofasia
A linguagem secreta das irmãs Kennedy, provavelmente, não teria evoluído se elas não fossem gêmeas. Acontece que a fala dos gêmeos não é incomum. Este fenômeno, também chamado de criptofasia, é uma linguagem desenvolvida pelos gêmeos na primeira infância e falada por eles sozinhos.
A maioria dos jovens cria alguns códigos e gírias para se comunicarem secretamente sob os narizes dos adultos. Como os gêmeos passam muito tempo juntos desde o nascimento e apresentam o desenvolvimento da linguagem afinado, são particularmente suscetíveis de inventar uma linguagem própria que exclui as demais pessoas. Acredita-se que a criptofasia ocorra em quase 50% dos gêmeos (idênticos e fraternais).
Uma análise mais aprofundada revela que, em quase todos os casos, a criptofasia consiste numa pronúncia errônea da língua materna em crianças de 1-2 anos. Embora seja na fase em que isso também acontece a outras crianças, como os gêmeos podem entender um ao outro, eles tenderão a fortalecer esses erros se a língua materna não for praticada ao redor deles. Em casos excepcionais, como o das irmãs Kennedy na década de 1970, a fala dos gêmeos pode desenvolver-se ainda mais em detrimento da língua materna.
Extraído de: Gemelos e idiomas secretos, por John-Erik Jordan. In: Babbel

domingo, 5 de abril de 2015

725 - Como os pulmões funcionam?

Muitos de nós temos centenas de coisas em mente a cada momento. É um grande esforço lembrarmo-nos de tudo que temos de fazer. Mas, felizmente, há uma coisa importante que não temos de nos preocupar em lembrar: respirar.
Quando respiramos, transportamos oxigênio para as células do corpo para mantê-las ativas e precisamos limpar do nosso corpo o dióxido de carbono que essa atividade gera. Respirar, em outras palavras, mantém o corpo vivo.
Como é que cumprimos esta crucial e complexa tarefa sem ao menos pensarmos nisso?
A resposta está em nosso sistema respiratório. Como qualquer máquina, este sistema consiste de componentes especializados e requer um gatilho para funcionar. Aqui, os componentes são as estruturas e tecidos que compõem os pulmões, assim como o são os outros órgãos ligados a eles. E para pôr esta máquina em movimento, precisamos do sistema nervoso autônomo, o centro cerebral de controle inconsciente para as nossas funções vitais.
Comandando os pulmões para inspirar o ar rico em oxigênio, este sistema envia um sinal aos músculos em volta dos pulmões, abaixando o diafragma e contraindo os músculos intercostais (entre as costelas) de modo a criar mais espaço para os pulmões se expandirem. O ar então entra pelo nariz e pela boca, através da traqueia, para os brônquios que partem da base da traqueia entram em cada pulmão. Como ramos, estes tubinhos dividem-se em milhares de passagens menores chamadas bronquíolos. É tentador pensar nos pulmões como enormes balões, mas em vez de serem ocos, são na verdade esponjosos no interior, com os bronquíolos a correr ao longo do parênquima. No fim de cada bronquíolo está um pequeno saco de ar chamado alvéolo, cercado por capilares cheios de glóbulos vermelhos que contêm uma proteína especial chamada hemoglobina.
O ar que inspiramos preenche esses sacos, causando o enchimento dos pulmões. É aqui que ocorrem as trocas gasosas. Neste ponto, os capilares estão cheios de dióxido de carbono, e os sacos de ar estão cheios de oxigênio. Mas, devido a um processo básico de difusão, as moléculas de cada gás movem-se para os locais onde estão em menor concentração. Então, quando o oxigênio atravessa para os capilares, a hemoglobina capta-o, enquanto o dióxido de carbono é descarregado para os alvéolos. A hemoglobina rica em oxigênio é em seguida transportada por todo o corpo através da corrente sanguínea.
Mas, o que fazem os nossos pulmões com todo aquele dióxido de carbono? Expiram-no, claro. O sistema nervoso autônomo atua novamente, ocasionando a subida do diafragma e o relaxamento dos músculos intercostais, tornando menor a cavidade torácica e forçando a compressão dos pulmões. O ar rico em dióxido de carbono é expelido, e o ciclo começa novamente.
É assim que estes órgãos esponjosos mantêm o nosso corpo eficientemente abastecido de ar. Os pulmões inspiram e expiram entre 15 e 25 vezes por minuto, o que acumula uns incríveis 10 000 litros de ar por dia. É muito trabalho, mas não se preocupe. Os seus pulmões e sistema nervoso autônomo tomam conta do assunto.
(transcrito e revisado por Paulo Gurgel)

quinta-feira, 2 de abril de 2015

724 - A gripe em adultos e em crianças

Um novo estudo sugere que adultos só têm uma gripe a cada cinco anos.
Apesar de muitos ficarem doentes com uma frequência maior do que essa, infecções parecidas à gripe geralmente são as responsáveis por esses episódios, segundo uma equipe internacional de cientistas.
Em um estudo feito na China, os cientistas examinaram amostras de sangue de 151 voluntários com idades entre 7 e 81 anos para analisar a frequência da ocorrência de gripe.
A pesquisa, publicada na revista especializada PLoS Biology, analisou as nove principais variedades de gripe conhecidas e em circulação no mundo entre os anos de 1968 e 2009.
Todas estas variedades eram do vírus da influenza A (H3N2).
Os pesquisadores, do Imperial College de Londres e de institutos nos Estados Unidos e China, procuraram anticorpos no sangue dos voluntários para tentar descobrir se eles realmente tinham sido infectados com os vírus da gripe e com qual frequência.
Eles descobriram que, enquanto as crianças pegaram gripe a cada dois anos aproximadamente, as infecções ficavam menos frequentes com o passar dos anos.
Steven Riley, um dos autores do estudo, do Centro de Pesquisa Médica para Análise de Epidemias, do Imperial College, a frequência exata dessas infecções está sujeita a variantes como os níveis de vacinação contra a doença.
Para Ron Eccles, do Centro de Resfriado Comum da Universidade de Cardiff, na Grã-Bretanha, "existe muita confusão entre resfriados e gripe".
Resfriado ou gripe?
Resfriados e gripes são causados por vírus, mas pode ser difícil diferenciar as duas doenças levando em conta apenas os sintomas. As duas doenças podem causar febre e dor de garganta, além de tosse e espirros. Aliás, ambas são transmitidas de pessoa para pessoa através de espirros e tosse.
O que uma pessoa considera gripe, outra pode chamar de um resfriado forte, por exemplo.
No caso do resfriado comum, os sintomas chegam de forma gradual e, geralmente, são mais suaves e afetam principalmente o nariz e a garganta.
A gripe é mais grave e normalmente faz com que a pessoa queira ficar na cama. Os sintomas incluem dores, nariz entupido ou escorrendo.
A gripe é desagradável, mas não é uma ameaça para a maioria dos adultos saudáveis. No entanto, pode trazer consequências graves para idosos e pessoas com outros problemas crônicos de saúde, como asma.
Por isso, os médicos recomendam que os grupos da população que correm mais riscos se vacinem contra a gripe todos os anos.
O problema é que o vírus da gripe está em constante mutação, o que torna mais difícil a previsão de qual variedade deva ser usada na vacina.
Fonte: Michelle Roberts, Editora de Saúde do site BBC

segunda-feira, 30 de março de 2015

723 - O teste rápido da tuberculose

O Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen), unidade da Secretaria da Saúde, foi habilitado pelo Ministério da Saúde para ser o coordenador da realização do teste rápido de tuberculose. Com a habilitação, o Lacen fica responsável pelo treinamento e supervisão do serviço no Estado.
O teste é feito através do equipamento Gene Xpert (foto), apto a emitir o diagnóstico laboratorial da doença em apenas duas horas, agilizando assim o início do tratamento dos pacientes bacilíferos.
O diagnóstico de tuberculose é normalmente realizado pelo exame da baciloscopia do escarro pela coloração de Ziehl-Neelsen, um exame simples que pode ser realizado em todos os laboratórios. O processo todo, desde a chegada do material a ser examinado ao laboratório até a emissão do resultado, demora entre 24 e 48 horas.
O novo equipamento tem alta sensibilidade e especificidade que diminuem as chances de um laudo falso negativo e ainda indica se o paciente tem resistência a um dos medicamentos utilizados no tratamento.
O equipamento, fornecido pelo Ministério da Saúde, está funcionando em vários hospitais e unidades: Hospital de Messejana Dr Carlos Alberto Studart Gomes; Unidade Prisional Otávio Lobo; Centro de Saúde de Sobral; Centro de Especialidades Médicas José de Alencar; Hospital Abelardo Gadelha Rocha, em Caucaia: e, em breve no Hospital São José de Doenças Infecciosas, que está em fase de recebimento e implantação da metodologia.
Na realização do exame por meio do Gene Xpert coloca-se a amostra de escarro a ser examinada em um cartucho, semelhante ao de uma impressora, o qual, em seguida, é colocada no equipamento Gene Xpert e, em 50 minutos, sai o resultado como positivo ou negativo. O teste é muito mais sensível que a baciloscopia comum, ou seja, ele detecta mais resultados positivos e ainda indica se existe resistência à rifampicina, um medicamento utilizado no tratamento da tuberculose.

sexta-feira, 27 de março de 2015

722 - Uma corrida contra uma epidemia

Crédito da imagem: FC
Em 1925, uma epidemia de difteria varreu Nome, no Alasca. O soro salva-vidas estava a milhares de quilômetros de distância, e uma nevasca estava se formando. Aviões não podiam voar nessas condições: apenas os cães poderiam chegar lá.
The Cruelest Miles
Este livro (2003), de Gay Salisbury e Laney Salisbury, relata a heróica história de homens e cães em uma corrida através do deserto do Alasca para levar o soro antidiftérico a uma população atacada pela epidemia.
No Central Park, há uma estátua de Balto, que liderou os dogsleds para Nome. Sob a qual se lê:
"Dedicado ao espírito indomável dos cães de trenó, que transportaram a antitoxina por 600 milhas, sobre o gelo áspero, através das águas traiçoeiras e das tempestades de neve do Ártico, de Nenona para o alívio de Nome."

terça-feira, 24 de março de 2015

721 - O iogurte da Ceci

Janet Jay, em Motherboard
Uma experiência ousada com um probiótico de origem humana
Cecilia Westbrook é uma estudante de MD/PhD na Universidade de Wisconsin, Madison.
Sabendo das propriedades probióticas da vagina, um dia ela brincou dizendo que iria fazer iogurte com secreções vaginais.
Mas Cecília não estava brincando. Com a curiosidade aguçada, ela começou a pesquisar a sério. Uma busca no Google foi realizada sobre o assunto: nada encontrado. Nem mesmo na literatura médica.
Então, que melhor escolha existiria do que experimentar a partir de si mesma?
Cada vagina é o lar de centenas de diferentes tipos de microrganismos. Estes organismos – coletivamente conhecidos como flora vaginal – produzem ácido láctico, peróxido de hidrogénio e outras substâncias que mantêm a vagina saudável. As bactérias predominantes na flora são os lactobacillus, que são também os que estão na cultura do leite, queijo e iogurte.
Mas Cecília não fez o iogurte apenas para ouvir algumas piadas previsíveis (sobre os benefícios da dieta eating pussy). E ela certamente não o fez porque estava com fome. Ela sabia o suficiente sobre a biologia da vagina para pensar que comer um lote de iogurte de seus sucos vaginais seria bom para ela. Sério.
Acredita-se que os probióticos, com suas bactérias amigas, quando ingeridos ajudem a manter nossos intestinos saudáveis. Certamente você já viu os anúncios de iogurtes probióticos para os seus intestinos. Mas há probióticos específicos para manter a vagina saudável, como a confirmar que lá em baixo há mais bactérias "boas" do que "más".
"Você pode tomar um probiótico por via oral e essas bactérias também irão para a vagina", diz Larry Forney, um microbiologista da Universidade de Idaho. "Assim, a idéia de comer iogurte para tratar a vagina de alguma forma funciona ".
Em teoria, de alguma maneira. E o que poderia ser mais saudável do que tomar bactérias saudáveis ​​da própria vagina?
O "método de coleta" consistiu de uma colher de pau. Ela criou um controle positivo (feito com iogurte real como cultura-mãe) e um controle negativo (leite puro sem nada adicionado), e usou seu próprio ingrediente caseiro para o terceiro lote de iogurte. Durante a noite, a magia da biologia criou uma tigela de respeitável porte.
O primeiro lote desse iogurte tinha um sabor amargo, picante e produziu um pequeno formigamento na língua. Ela comparou-o com um iogurte indiano, e comeu-o com alguns blueberries.
Mas esta não foi, ao que parece, uma idéia muito boa em tudo.
De acordo com Forney, "Quando você toma secreções vaginais, você não está apenas tomando os lactobacilos. Você está levando de tudo." E é possível que, de um dia para outro, ou de uma mulher para outra, "o que você está tomando em seu iogurte já não seja dominado por lactobacilos, mas por outras bactérias, algumas das quais patogênicas ", explica. Às vezes, esse desequilíbrio pode causar infecções fúngicas e outras infecções também desagradáveis. "É uma má idéia em geral", diz Forney. "Mas há um elemento da mesma que tem algum apelo: ela está usando bactérias de sua própria vagina".
"Uma vez que cada mulher tem um equilíbrio diferente de lactobacilos, os probióticos vaginais podem ser de utilidade questionável. Mas se uma empresa ou universidade desenvolve probióticos personalizados para a flora microbiana vaginal de uma mulher, estes seriam mais eficazes", explica Forney.
Os benefícios para a saúde de comer probióticos pessoais poderiam não ter sido tão diretos como Cecília esperava, mas, pelo menos, o seu plano teve algum mérito. "Eu gosto do que ela está fazendo, em princípio, mas é arriscado. Porque ela pode acabar com um lote ruim", diz Forney.
A Food and Drug Administration (FDA) dos EUA também concorda. De acordo com Theresa Eisenman, assessora de imprensa no Centro da Agência para a Nutrição e Segurança Alimentar e Nutrição Aplicada", as secreções vaginais não são consideradas "alimentos" e podem transmitir doenças.
Em outras palavras, como o leite cru e certos tipos de queijo fedorento, você não vai encontrar o "Iogurte da Ceci" à venda em uma prateleira de supermercado muito em breve.
Cecilia já tinha feito um segundo lote (antes de aprender que fazer iogurte com sua flora vaginal não era uma coisa que deveria continuar fazendo). Mas, apesar do desânimo de todos, de Forney ao FDA, ela está se sentindo bem. Apenas não vai mais cultivar seus bacilos para ingeri-los.
"De certa forma, é tão óbvio. Pensar que você pode fazer iogurte com sua flora natural. Mas quem pensaria em fazê-lo? ", diz Cecília. "A feminista que há em mim, claro. Que tem algo a dizer sobre a beleza que existe em ligar o corpo à comida e explorar o poder da vagina. Parte disso é uma coisa do tipo hippie místico, mas parte também é querer ficar confortável com o próprio corpo, especialmente em uma sociedade que é tão incômoda com relação aos corpos das mulheres."
No blog EM
Um tratamento ortodoxo - 1 e 2

sábado, 21 de março de 2015

720 - À prosaica aspirina

O poeta João Cabral de Melo Neto, falecido em 1999, transcorreu parte de sua vida sob a tortura de uma terrível enxaqueca. Não foi para menos, portanto, que o pernambucano dedicou uma verdadeira ode àquilo a que ele sempre recorria para aliviar sua cefaléia e, com a cabeça mais leve, então arquitetar intrincados poemas. O seu poema "Num monumento à aspirina" produz, já pelo título, um certo estranhamento no leitor, dada a combinação, meio estrondosa, dos substantivos "monumento" e "aspirina". Pois, em geral, fazemos monumentos às coisas grandes, aos acontecimentos e personagens históricos de relevo. Mas, a um prosaico comprimido de aspirina...

Cinquenta e sete anos atrás, Joe Farris publicou seu primeiro desenho em The New YorkerAo longo dos anos, ele publicaria 269 mais. Este, ao lado, foi um deles.
Joe faleceu neste mês, aos 90 anos.

258 - Plantas que se comunicam

quarta-feira, 18 de março de 2015

719 - Luigi Galvani

O italiano Luigi Galvani nasceu em 9 de setembro de 1737, em Bolonha, a cidade em que viveu a vida quase toda.
Foi médico, professor e pesquisador, destacando-se por seus estudos sobre a bioeletricidade. Usando pernas de rãs mortas, Galvani demonstrou que a aplicação de metais nos músculos ou nos respectivo nervos poderiam fazer as pernas contrairem-se.
Seus experimentos também serviram de inspiração para o romance gótico "Frankenstein", de Mary Shelley, publicado em 1818, em que o monstro criado por um cientista adquiria vida através da aplicação de energia elétrica
Muito da personalidade de Galvani foi condicionada pelo século em que viveu. Sendo profundamente religioso, ele nunca considerou que a religião atrasasse sua pesquisa. Ao contrário, considerava que ciência e fé se auto-interpretavam.
Seus contemporâneos o descreviam como gentil, generoso e um dedicado chefe de família.
Em 1778, perdeu o cargo de professor da Universidade de Bolonha porque, por razões religiosas e princípios, ele se recusou a jurar obediência à República Cisalpina.
Ele morreu pobre, em 4 de dezembro de 1798, antes que pudesse aproveitar a pensão de sua reintegração como professor emérito da Universidade pelas suas contribuições à ciência.
O nome Galvani sobrevive nas células galvânicas, no galvanômetro e no processo chamado de galvanização. A cratera Galvani, na superfície da Lua, também foi assim nomeada em sua homenagem.
Galvani x Volta 
Dois acadêmicos italianos que, no final do século 18, ajudaram a impulsionar o mundo para a era moderna: Luigi Galvani, em Bolonha (que fazia parte dos Estados Pontifícios, o que significa que a cidade era efetivamente governada pela Igreja Católica), e Alessandro Volta, em Pavia, a cerca de 150 quilômetros de Bolonha.
Contemporâneos, ambos fascinados pela eletricidade, mas discordando entre si frontalmente no plano teórico.
Galvani tornara-se atraído pelo uso da energia elétrica nos tratamentos médicos. Ela fora usada, por exemplo, para estimular eletricamente os músculos de um homem paralítico, em 1759. Um relatório da época relatou como o estímulo impactara o paciente. O corpo do homem respondera aos estímulos elétricos. Para Galvani, isso aconteceu porque o corpo humano funciona com uma eletricidade animal, na forma fluida, que flui a partir do cérebro através dos nervos para os músculos onde produz o movimento.
Suas experiências pareciam provar que ele estava certo. Em seus experimentos com rãs, Galvani utilizou o gerador eletrostático de Hauksbee. Ele aplicou a carga da máquina, por meio de um fio de cobre, a um nervo logo acima da perna de uma rã. Assim como Galvani esperava, a perna de rã se contraiu. Ele acreditou que o fenômeno se devera a um tipo de energia elétrica que é intrínseco aos seres vivos.
Para Volta, um racional, mas também um homem religioso, a mera idéia de animais com eletricidade parecia mágica. Ele achava que tal idéia não tinha lugar na pesquisa científica. A perna da rã havia se movido, afirmou Volta, não por causa de uma eletricidade animal, mas por causa da eletricidade (produzida artificialmente e aplicada) fora da rã. Galvani, por outro lado, não podia acreditar no que Volta estava dizendo. Para Galvani, as idéias de Volta parecia incrivelmente obtusas (e contra o peso da evidência objetiva).
O debate entre os dois cientistas foi dos mais importantes e, dado a estrutura de tempo, teve conotações religiosas. Poderia o tipo de eletricidade que o homem produziu (artificialmente) ser o mesmo que Deus produzia (naturalmente)? ​​Galvani respondeu a essa pergunta "sim". Volta respondeu a essa pergunta "não", acreditando, e até mesmo a afirmando, que a ideia do oponente beirava à blasfêmia.
Quem estava certo ?

domingo, 15 de março de 2015

718 - Das colheres de medição ao soro caseiro

Aqui estão as cinco razões pelas quais estas colheres de medição são as melhores que existem:
  • São mais facilmente armazenadas e separadas do que as colheres de medição convencionais.
  • Suas extremidades estreitas cabem nos frascos de especiarias, evitando que os grãnulos sejam derramados. As extremidades redondas são para os líquidos.
  • Você pode colocar uma colher sobre o balcão que o seu conteúdo permanece nivelado.
  • Elas são feitas de plástico ABS - o mesmo material de que é feito o Lego. Em outras palavras, elas são quase indestrutíveis.
  • As diferentes cores em que são apresentadas tornam fáceis de serem lembradas ("A azul claro é uma colher de sopa").
Soro caseiro
O soro caseiro é uma tecnologia social que consiste na preparação e administração de uma solução aquosa de açúcar e sal de cozinha, recomendada para prevenir a desidratação resultante de vômitos e diarreias. Com a diarreia ou vômito ocorre perda de água e sais minerais pelo organismo. A função do soro caseiro, por via oral, é a de reposição das perdas dessas substâncias.
Para evitar erros nas concentrações de açúcar e sal na solução, a UNICEF divulga a utilização de uma colher-padrão que apresenta as medidas exatas para a preparação do soro.
O soro caseiro é preparado dissolvendo-se duas medidas rasas de açúcar (medida maior da colher-padrão) e uma medida rasa de sal (medida menor da colher-padrão) em um copo de água limpa (filtrada ou fervida).
12/08/2018 - Atualização
Já existe a colher (c/ balança) medidora digital. Pesquise no Google.

quinta-feira, 12 de março de 2015

717 - No cruzamento da astronomia com a oncologia

Novas ferramentas na luta contra o câncer
"A astronomia e a oncologia não são parceiras óbvias, mas a busca de novas estrelas e galáxias tem semelhanças surpreendentes com a busca de células cancerosas. Isto tem conduzido a novas formas de acelerar a análise de imagens na pesquisa do câncer." 
Adaptando um software de análise de imagens de uso dos astrônomos, o  PathGrid, os pesquisadores estão sendo capazes, por exemplo, de analisar as imagens de tumores para reconhecer os três tipos de células presentes nas amostras de tecidos: células cancerosas, células do sistema imunológico e células do estroma.
Assim como a identificação de objetos em astronomia revela padrões ocultos e outras informações, as informações obtidas a partir das lâminas contam aos investigadores como os diferentes tipos de células se relacionam entre si.
E a coloração das amostras para seleccionar elementos, tais como proteínas potencialmente importantes, poderá também ajudar os investigadores a identificar novos biomarcadores de utilidade no diagnóstico e no prognóstico do câncer.
Leia mais em: http://phys.org/news/2015-02-astronomy-image-analysis-algorithms-cancer.html#jCp

domingo, 8 de março de 2015

716 - Dia Internacional da Mulher

Mensagem do Conselho Federal de Medicina:
Postagem do Acta, em 8 de março de 2013:
474 - Rita Lobato (e Maria Estrela, nos comentários da postagem)

sexta-feira, 6 de março de 2015

715 - Descoberta do fóssil mais antigo do gênero "Homo"

Uma equipe de cientistas confirmou nesta quarta-feira (4) a descoberta de um fóssil de um hominídeo de 2,8 milhões de anos, que se torna assim o mais antigo encontrado até agora do gênero "Homo", ao qual pertence o homem atual.
Trata-se de parte da mandíbula de um hominídeo (foto) achada em 2013 na Etiópia, cuja análise em dois estudos publicados na revista "Science" aponta que a divisão do gênero "Homo" ocorreu quase meio milhão de anos antes do que se tinha concluído anteriormente.
Os pesquisadores indicam que o fóssil combina os traços primitivos do "Australopithecus" com as características mais modernas do "Homo", que situariam este gênero antes no tempo, pelo menos de maneira incipiente.
"Apesar de muitas buscas, os fósseis da linhagem 'Homo' de mais de 2 milhões de anos são muito raros", afirmou Brian Villmoare, da Universidade de Nevada, um dos principais cientistas envolvidos na descoberta do fóssil.
Villmoare e sua equipe estudaram a fundo a mandíbula, que conta com cinco de seus dentes intactos, e descobriram que, embora a idade e localização do fóssil o coloquem perto do "Australopithecus afarensis", sua arcada dentária coincide mais com as primeiras espécies do "Homo".
O acadêmico explicou que o período que abrange entre 2 e 3 milhões de anos é um dos que tem mais lacunas a respeito do estudo das origens do homem. "Ter uma ideia da fase mais antiga da evolução de nossa linhagem é particularmente emocionante", afirmou.

terça-feira, 3 de março de 2015

714 - Leonard Nimoy (1931-2015)


Na última sexta-feira (27/02), faleceu em sua casa em Bel Air, Los Angeles, aos 83 anos, Leonard Nimoy, o Sr. Spock, o personagem meio humano, meio vulcano de "Star Trecks" (Jornada nas Estrelas).
Nimoy sofria de doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) e seu estado clínico era grave há algum tempo.
Esta doença está relacionada ao tabagismo. Ele foi fumante durante décadas, mas havia abandonado o vício há mais de 30 anos. Era crítico severo do cigarro e usava a si mesmo ("Don't smoke. I did. Wish I never had."), como exemplo, para tentar conscientizar outras pessoas a largarem o vício.
Seu último tweet, de 23/02:
"Uma vida é como um jardim. Podem ser vividos momentos perfeitos, mas não conservá-los eternamente, exceto na memória."
Descanse em paz, Leonard Nimoy. Spock vive. E nele o senhor viverá para sempre.
Leitura 
Leonard Nimoy, Spock of ‘Star Trek’, dies at 83, The NYT

sábado, 28 de fevereiro de 2015

713 - Duas razões para estudar as enfermidades raras

"Un ser humano está construido en base a la información contenida en aproximadamente 20.000 genes. Cada uno de esos genes es una pieza que desde el mismo momento de la unión entre óvulo y espermatozoide comienza a funcionar para conformar lo que poco a poco irá creciendo y completándose hasta ser un ser adulto e independiente. Durante toda la vida de dicho ser, esas 20.000 instrucciones seguirán presentes: algunas estarán constantemente siendo utilizadas, otras permanecen latentes, otras se silenciarán en determinado momento; pero el ser adulto no necesitará nueva información para seguir viviendo hasta el fin de sus días. En un caso ideal, las 20.000 dosis de información contendrán un número de errores o imperfecciones lo bastante pequeño como para que el individuo lleve una vida relativamente cómoda, consiga reproducirse (si lo desea) y viva tantos años como físicamente sea posible (obviando muerte por causas accidentales). No hace falta ser matemático para imaginar que este caso ideal es altamente improbable: todos, absolutamente todos y cada uno de nosotros portamos tal cantidad de errores en nuestros genes que es más probable que ninguno encajásemos en lo que se pudiese definir como un “ser humano estándar”; como se suele decir, todos tenemos “nuestras teclas” y en cierto modo es reconfortante pensar que en realidad no existe una norma a la que nos acercamos en mayor o menor medida, sino que la especie humana conformamos un conglomerado de variedades genéticas en cuya diversidad reside un gran potencial, así como una gran belleza. Pero hay algunas de estas variedades genéticas que traen acarreados graves problemas para la salud, y su proporción en un grupo humano de gran tamaño es tan baja, que constituyen una rareza. Esto es, a grandes rasgos, lo que define a las enfermedades raras. Es fácil entender que esta “rareza” se debe, pues, a una mínima presencia comparada con otras enfermedades debidas a causas más comunes, y por eso se llaman también enfermedades minoritarias."
jindtres.blogspot.com.br

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

712 - Como assoar o nariz

Se estiver resfriado ou com alergia, assoar o nariz pode lhe ajudar a desbloquear suas vias nasais. Assoar o nariz pode parecer uma tarefa simples, mas, na verdade, existe uma maneira certa e outra errada de fazer isto. Se assoar com muita força, as coisas podem acabar piorando e você pode ficar com dor de ouvido ou contrair uma infecção dos seios da face (sinusite). Ao invés disto, assoe uma narina por vez e certifique-se de estar fazendo isto com suavidade.
Arquivo
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sábado, 21 de fevereiro de 2015

711 - Minha própria vida

por Oliver Sacks
Este artigo foi publicado originalmente no The New York Times, em 19 de fevereiro de 2015. A tradução é de Karin Hueck.
Há um mês, eu sentia que estava em boas condições de saúde, robusto até. Aos 81 anos, ainda nado uma milha por dia. Mas a minha sorte acabou – há algumas semanas, descobri que tenho diversas metástases no fígado. Nove anos atrás, encontraram um tumor raro no meu olho, um melanoma ocular. Embora a radioterapia e o laser para remover o tumor tenham me deixado cego desse olho, apenas em casos raros esse tipo de câncer dá metástases. Faço parte dos 2 por cento azarados.
Sinto-me grato por ter recebido nove anos de boa saúde e de produtividade desde o diagnóstico original, mas agora estou cara a cara com a morte. O câncer ocupa um terço do meu fígado e, apesar de ser possível desacelerar seu avanço, esse tipo de câncer não pode ser destruído.
Depende de mim escolher como levar os meses que me restam. Tenho de viver da maneira mais rica, profunda e produtiva que conseguir. Nisso, sou encorajado pelas palavras de um dos meus filósofos favoritos, David Hume, que, ao saber que estava terminalmente doente aos 65 anos, escreveu uma curta autobiografia em um único dia de abril de 1776. Ele chamou-a de "Minha Própria Vida".
"Estou agora com uma rápida deterioração. Sofro pouca dor com a minha doença e, o que é mais estranho, nunca sofri um abatimento do ânimo. Possuo o mesmo ardor de sempre para o estudo e a mesma alegria com as companhias."
Tive sorte de passar dos oitenta anos. E os 15 anos que me foram dados além da idade de Hume foram igualmente ricos em trabalho e amor. Nesse tempo, publiquei cinco livros e completei uma autobiografia (um pouco mais longa do que as poucas páginas de Hume) que será publicada nesta primavera; tenho diversos outros livros quase terminados.[...]
Siga lendo este artigo do neurologista e escritor Oliver Sacks em Glück Project.
Adeus à vida
Oliver Sacks e outras 6 despedidas belas e inspiradoras, Época
484 - A declaração pessoal de Iain Banks, Acta

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

710 - A visão super-humana em mulheres

Quando Concetta Antico levava seus alunos ao parque para uma lição de arte, ela muitas vezes apontava para uma cena, dizendo-lhes:
"Olhem para a luz sobre a água. Vocês pode ver o rosa cintilante naquela pedra? Vocês podem ver também o vermelho na borda daquela folha?"
Os alunos acenavam positivamente.
Somente anos depois, foi que ela percebeu que eles eram muito educados para dizer a verdade. As cores que ela via de forma tão vívida eram invisíveis para eles. Hoje, ela sabe que isso é o resultado de uma condição conhecida como tetracromacia. Graças à variação em um gene do cromossoma X que influencia o desenvolvimento da retina, pessoas como Concetta (12 por cento das mulheres) podem ver cores invisíveis para a maioria de nós.
www.bbc.com

Que é tetracromacia?
É a condição de possuir quatro canais independentes para receber informações de cores, ou possuir quatro tipos diferentes de células cones no olho. Em organismos tetracromatas, o espaço sensorial de cores é quadridimensional, significando que para repetir o efeito sensorial de um espectro luminoso arbitrariamente escolhido dentro de seu espectro visível é necessária a mistura de pelo menos quatro diferentes cores primárias. Sobre o tricromatismo normal em humanos, a gama de cores que podem ser feitas com estas cores primárias não cobre todas as cores possíveis.
Wikipédia

domingo, 15 de fevereiro de 2015

709 - Como espirrar em diversos idiomas

A inserção de palavras em espirros – e as nossas respostas, tais como "saúde" (Espirros. Maneiras de responder) – são hábitos culturais que desenvolvemos.
Não há nenhum imperativo biológico para expressar o espirro de uma maneira padrão em cada idioma.
Achoo (em inglês), atchoum (em francês), hakushon (em japonês), eishi (em coreano), hatschi (em alemão), atchim (em português), e assim por diante.
Para as pessoas surdas, segundo um artigo publicado no BBC News, um espirro é só um espirro. Não tem um grito associado.
Um espirro visto de frente ►
Teve sorte.
Já houve o caso de uma mulher que, depois de um espirro desses, precisou de uma neurocirurgia.
Diagnóstico: deslocamento de duas vértebras cervicais.
No Acta
175 - Uma luz sobre um reflexo
379 - Reunião com a rainha Charlotte

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

708 - Placebo x placebo

Como converter uma simples solução salina em um tratamento útil para as pessoas com a doença de Parkinson? Diga-lhes que é um medicamento que custa 100 dólares por dose. E, se quiser torná-lo ainda mais eficaz, diga-lhes que custa 1.500 dólares.
Isso foi o que uma equipe de pesquisadores da Universidade de Cincinnati, nos EUA, confirmou em um estudo clínico incomum. Em vez de testar um placebo contra uma droga real, a pesquisa colocou em oposição dois placebos. A única diferença entre eles era o suposto preço.
A doença de Parkinson é um distúrbio neurológico que causa tremores, rigidez e problemas de equilíbrio nos portadores da enfermidade. Em 2008, uma metanálise constatou que placebos utilizados em ensaios clínicos de tratamento de Parkinson tinham seus sintomas melhorados em 16 por cento, em média.
A equipe da Universidade de Cincinnati tinha, portanto, o palpite de que os pacientes seriam mais sensíveis a uma droga falsa (que pensassem que fosse real), se ela viesse com uma etiqueta de preço mais alto. O preço mais elevado seria visto como um sinal de que o tratamento seria melhor, imaginaram eles.
Ambos os placebos melhoraram a função motora dos pacientes com relação à do teste basal. Mas, quando os pacientes receberam o placebo de 1.500 dólares, a sua melhora foi 9 pontos percentuais acima da melhora obtida com o placebo de US $ 100 por dose, relatam os pesquisadores.
Os resultados desses estudos, que foram também acompanhados por exames de ressonância magnética funcional, acabam de ser divulgados na revista "Neurology".
"As expectativas dos pacientes têm um papel importante na eficácia de terapias médicas", escrevem os pesquisadores. "Outra manifestação disso é a preferência que muitos pacientes têm pelos medicamentos de marca com relação aos genéricos".
N. do E.
O Prêmio Ig Nobel de Medicina de 2008 foi atribuído a Dan Ariely e colaboradores por terem demonstrado que medicamentos falsos caros são mais eficazes que medicamentos falsos baratos.
Referência: "Commercial Features of Placebo and Therapeutic Efficacy" Rebecca L. Waber; Baba Shiv; Ziv Carmon; Dan Ariely, Journal of the American Medical Association, March 5, 2008; 299: 1016-1017.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

707 - Com a mulher por cima

Esta é uma das conclusões de um artigo de pesquisa (n= 44) que foi publicado em uma revista de urologia:
Nosso estudo confirma que o intercurso sexual com a mulher por cima (woman on top) é a posição sexual mais arriscada para uma fratura de pênis.
Advances in Urology
Volume 2014 (2014), Article ID 768158, 4 pages
http://dx.doi.org/10.1155/2014/768158
Autores: Leonardo O. Reis et al. UNICAMP e PUC-Campinas

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

706 - A tatuagem paramédica

Basma Hameed é especialista em tatuagem paramédica. Seu trabalho é aplicar tintas que imitam a cor natural da pele em cicatrizes de vítimas de queimaduras. Por tornar essas lesões menos perceptíveis, essa tatuagem resulta em um impacto positivo para suas vidas.
Sofrer de queimaduras é terrível, e o processo de recuperação, com múltiplas operações de enxerto de pele, doloroso. Além do trauma, os pacientes são frequentemente estigmatizados devido ao aspecto final da pele lesionada.
O trabalho de Hameed faz uma grande diferença.