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quinta-feira, 14 de dezembro de 2023

1339 - Medicina baseada em raça

RESUMO
Os grandes modelos de linguagem (Large Language Models - LLMs) estão a ser integrados nos sistemas de saúde; mas estes modelos podem recapitular a medicina prejudicial baseada na raça. O objetivo deste estudo é avaliar se quatro grandes modelos de linguagem (LLMs) disponíveis comercialmente propagam conteúdo prejudicial, impreciso e baseado em raça ao responder a oito cenários diferentes que verificam a existência de medicina baseada em raça ou equívocos generalizados em torno de raça. As perguntas foram derivadas de discussões entre quatro médicos especialistas e de trabalhos anteriores sobre equívocos médicos baseados em raça, acreditados por estagiários de medicina. Avaliamos quatro grandes modelos de linguagem com nove questões diferentes que foram interrogadas cinco vezes cada uma, com um total de 45 respostas por modelo. Todos os modelos tiveram exemplos de perpetuação da medicina baseada na raça em suas respostas. Os modelos nem sempre foram consistentes em suas respostas quando a mesma pergunta foi feita repetidamente. Os LLMs estão sendo propostos para uso no ambiente de saúde, com alguns modelos já conectados a sistemas de registros eletrônicos de saúde. No entanto, este estudo mostra que, com base nas nossas descobertas, estes LLMs podem potencialmente causar danos ao perpetuar ideias racistas e desmascaradas.

quarta-feira, 8 de abril de 2015

726 - A fala dos gêmeos

As gêmeas Grace e Virginia Kennedy cresceram em San Diego, California, nos anos 70. Com a idade de seis anos não sabiam falar inglês, porém, conversavam entre si em uma língua aparentemente complexa e que era incompreensível para as demais pessoas. A esse tempo, seus pais buscaram a ajuda profissional. O que descobriram causou uma grande sensação na mídia, provocando manchetes do tipo:
GÊMEAS INVENTAM UM IDIOMA PRÓPRIO
Os linguistas ficaram fascinados com estas duas pequenas sábias e, assim como os antropólogos quando estudam uma cultura indígena, passaram a investigar as regras de acesso ao idioma de Grace e Virginia, uma sociedade de duas pessoas.
Mas, depois de estudar minuciosamente as gêmeas, uma história diferente foi dada a conhecer: eram duas crianças muito isoladas que sofriam da falta de estímulos mentais e de contato social. Como, na infância, se lhes haviam diagnosticado – erroneamente – insuficiência mental (posteriormente se descobriu que tinham o QI normal), elas nunca foram matriculadas em escolas e raramente saíam de casa. Na maior parte do tempo, eram criadas por uma avó que raramente falava com elas – e só o fazia em alemão! Desprovidas da atenção dos adultos e da companhia de outras crianças, e inclusive de informações sobre o mundo exterior, o idioma inventado por Grace e Virginia preenchia-lhes um grande vazio.
Os pesquisadores chegaram à conclusão de que essa língua, que aparentava ter uma construção engenhosa, não era mais do que uma mistura de palavras em ingês a que faltavam uma gramática e uma sintaxe consistentes. Com a ajuda de terapeutas da fala, as meninas finalmente aprenderam a falar inglês, mas nunca com a fluência das crianças de sua idade e de uma maneira que pudessem integrar-se plenamente na sociedade.
Felizmente, a maioria dos gêmeos se salva desse destino trágico, já que eles estão suficientemente expostos a sua língua materna, a qual vai predominar sobre a fala dos gêmeos. A fala dos gêmeos não tem a complexidade necessária para funcionar no mundo exterior e, por isso, a maioria dos gêmeos criptofásicos tende a abandonar a sua "língua secreta" com cerca de três anos de idade.
Criptofasia
A linguagem secreta das irmãs Kennedy, provavelmente, não teria evoluído se elas não fossem gêmeas. Acontece que a fala dos gêmeos não é incomum. Este fenômeno, também chamado de criptofasia, é uma linguagem desenvolvida pelos gêmeos na primeira infância e falada por eles sozinhos.
A maioria dos jovens cria alguns códigos e gírias para se comunicarem secretamente sob os narizes dos adultos. Como os gêmeos passam muito tempo juntos desde o nascimento e apresentam o desenvolvimento da linguagem afinado, são particularmente suscetíveis de inventar uma linguagem própria que exclui as demais pessoas. Acredita-se que a criptofasia ocorra em quase 50% dos gêmeos (idênticos e fraternais).
Uma análise mais aprofundada revela que, em quase todos os casos, a criptofasia consiste numa pronúncia errônea da língua materna em crianças de 1-2 anos. Embora seja na fase em que isso também acontece a outras crianças, como os gêmeos podem entender um ao outro, eles tenderão a fortalecer esses erros se a língua materna não for praticada ao redor deles. Em casos excepcionais, como o das irmãs Kennedy na década de 1970, a fala dos gêmeos pode desenvolver-se ainda mais em detrimento da língua materna.
Extraído de: Gemelos e idiomas secretos, por John-Erik Jordan. In: Babbel