quarta-feira, 30 de junho de 2010

149 - "Benzetacil"

É o nome comercial da penicilina G benzatina do laboratório Eurofarma. Nos velhos tempos, sob o nome de Benzetacyl, foi produzida em nosso país pelo laboratório Fontoura-Wyeth. No tratamento de infecções (dentre as quais, a sífilis) essa forma da penicilina já prestou inestimáveis serviços à Saúde Pública. Mas... quem não sabe da dor que a aplicação das injeções (nas nádegas, geralmente) desse antibiótico provoca localmente?
O compositor e cantor João Bosco é um dos que certamente carregam uma sofrida recordação a respeito. Daí ter composto esta música, "Benzetacil", com letra de Francisco Bosco. É uma gravação para a gente apreciar, não apenas o suíngue de João Bosco, como também as acrobacias musicais do gaúcho Yamandú Costa (o maior violão do Brasil), o qual acompanha o compositor mineiro neste vídeo.

(...)
Mas na verdade tenho que dizer
Tem uma dor tão vil
Que dói só de pensar
Você não sabe, amigo, o que é levar
Um Benzetacil
Naquele lugar
Ai, ai, ai…
(...)

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terça-feira, 29 de junho de 2010

148 - O tabagismo no Brasil

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad), que foi realizada em 2008 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), incluiu em seus trabalhos a Pesquisa Especial do Tabagismo no Brasil, cujos resultados estão sendo agora divulgados.
Eis alguns números resultantes dessa pesquisa sobre o tabagismo:
  • 24,6 milhões de brasileiros com mais de 15 anos são fumantes.
  • 14,8 milhões são homens e 9,8 milhões são mulheres.
  • 87 por cento fumam regularmente, consumindo entre 15 e 24 unidades (cigarros) por dia.
  • 70 por cento vivem com até 1 salário mínimo e gastam em média R$ 78 por mês com o vício.
  • 93 por cento dos fumantes conheciam os malefícios do fumo como o câncer do pulmão, o ataque cardíaco e o derrame cerebral.
  • 47 por cento não pensavam em largar o hábito na data da entrevista e 33,5 por cento pensavam nisso, mas não nos próximos 12 meses.

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segunda-feira, 28 de junho de 2010

147 - Assaduras, nunca mais

O Baby Bottom Fan (algo como “ventilador de bunda de bebê”) serve para dar uma arejada em cada troca de fraldas, prevenindo assaduras e dando mais conforto ao bebê. Tudo com muita segurança, pois suas pás são forradas com espuma para não fatiar a sua (dele) bunda.
E tem mais! O seu design aerodinâmico reduz o ruído de fricção do ar, garantindo que a hora de o bebê refrescar as nádegas seja um momento agradável.
E isso não é tudo! Como você sabe, mesmo a coisa mais "cuti-cuti" da mamãe é capaz de produzir odores bastante desagradáveis. Por isso, o Baby Bottom Fan também libera "fragrâncias bactericidas" que “aliviam o seu bebê das agonias” (e você também).
O site do fabricante apresenta mais detalhes sobre esse lixo tecnológico miniventilador, inclusive o de como se dá a sua transição tranquila "de pequeno dínamo a anjo adormecido”.
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domingo, 27 de junho de 2010

146 - Visceralmente vegetal


Esta peça publicitária foi produzida pela agência JWT Kuwait, em agosto deste ano, para ser divulgada pela International Vegetarian Union.
Na parte inferior do cartaz (ilegível na imagem ao lado) está escrito:

VEGETABLES ARE ALL YOU BODY NEEDS

Comentário
No lugar do tomate um pimentão vermelho representaria melhor o coração.

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sábado, 26 de junho de 2010

145 - Você e as bactérias

De acordo com o último censo realizado no corpo humano, você é mais bactéria do que você mesmo.

Esquisito, não é?! Mas com todas as bactérias que vivem dentro de você se pode encher uma jarra de dois litros. Em seu corpo, há mais células bacterianas do que células humanas - até dez vezes mais, segundo alguns estudos. Apesar de seu vasto número, essas bactérias só não ocupam um espaço proporcionalmente maior porque elas são menores do que as células humanas. No entanto, ainda que pareça algo assustador, a participação delas na economia humana deve ser vista como um fato salutar.

Saiba mais sobre o assunto lendo o artigo (em inglês) Humans Carry More Bacterial Cells Than Human Ones, publicado na Scientific American.

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sexta-feira, 25 de junho de 2010

144 - O placebo: agradando demais?

O número das novas drogas testadas em ensaios clínicos controlados e que não mostram a sua efetividade em seres humanos está a aumentar. E a culpa dessa tendência vem sendo atribuída ao efeito placebo, o qual parece ser atualmente mais forte do que já foi no passado.
Obviamente, se uma nova droga testada não alcança um resultado significativamente superior ao de uma pílula de açúcar, isto significa que ela não tem condições de ser lançada no mercado farmacêutico. Um problema que inclusive começa a se verificar com algumas antigas drogas, como a fluoxetina (Prozac), cuja efetividade já foi questionada em ensaios clínicos mais recentes.
Leitura adicional
Placebo (do latim placere, significando "agradarei") é como se denomina uma substância (ou procedimento) inerte, e que apresenta efeitos terapêuticos devido aos efeitos fisiológicos da crença do paciente de que está sendo tratado.
O efeito placebo é usado para testar a validade de medicamentos ou técnicas verdadeiras. Consiste, por exemplo, no uso de cápsulas desprovidas de substâncias com propriedades terapêuticas, isto é, contendo substâncias conhecidamente inertes e inócuas, que são administrados a grupos de pacientes (voluntários) para comparar o efeito da sugestão no tratamento de doenças, evitando-se assim atribuir possíveis resultados terapêuticos a tratamentos sem valor. O princípio subjacente é o de que, num ensaio controlado por placebo, parte do sucesso da substância ativa é devido não a esta, mas sim ao efeito placebo da mesma.


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quinta-feira, 24 de junho de 2010

quarta-feira, 23 de junho de 2010

142 - O prazer em suas mãos

Os estudantes de uma província espanhola, situados na faixa dos 14 aos 17 anos, estão recebendo aulas de educação sexual em suas escolas. No entanto, o conteúdo dessas aulas vem causando fortes polêmicas, principalmente entre pais e educadores, por incluir técnicas de masturbação e o uso de brinquedos eróticos.

Notícia: Portal G1 / Imagem: BBC

Bem, é só uma agradável coincidência o nome dessa província ser Extremadura.

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terça-feira, 22 de junho de 2010

141 - Silicosis Blues

"Ultimamente, tenho procurado através da literatura referências de pneumoconiose na vida de personagens em livros como Cidadela, Germinal, e qual não foi minha surpresa em ficar sabendo que, na década de 30, um cantor de blues, Josh White, escreveu uma música em protesto ao grande número de trabalhadores negros acometidos de silicose aguda durante a construção de um túnel nos EUA. Depois disso, o compositor foi convidado a visitar a Casa Branca, tornando-se amigo de Franklin Rooseelvet e, a partir daí, foi quando se iniciou nos EUA toda uma mobilização social, que culminou com a criação de uma legislação específica para a área da mineração."
Transcrição (parcial) de uma mensagem
que me foi enviada pelo Dr. Jefferson Freitas,
médico pneumologista em São Paulo.

Hawk's nest
De fato, a construção desse túnel para uma hidrelétrica em West Virginia, Estados Unidos, no início da década de 1930, resultou no adoecimento e morte de centenas de trabalhadores norte-americanos por silicose aguda. Uma tragédia que envolveu um grande número de operários da Union Carbide (empresa responsável pela condução do projeto) e que passou à história com o nome de "Hawk's Nest Disaster".
Quanto ao blues em questão, desconhecia eu a sua existência. Pesquisando, porém, na internet encontrei a letra de "Silicosis is killin' me", esse blues que Josh White compôs em 1936.

Silicosis is killin' me
---------------(music and words by Josh White)
"Silicosis, you made a mighty bad break of me
Silicosis, you made a mighty bad break of me
Robbed me of my youth and health
All you brought poor me was misery.
Silicosis, you're a dirty robber and a thief
Yes, silicosis, you're a dirty robber and a thief
Robbed me of my right to live and all you brought poor me is grief.
I was there diggin' that tunnel for just six bits a day
I was diggin' that tunnel for just six bits a day
Didn't know I was diggin' my grave — silicosis was eatin' my lungs away.
Six bits I got for diggin' — mmm, diggin' that tunnel hole
I got for diggin' — six bits for diggin' that tunnel hole
Takes me 'way from my baby and sure done wrecked my soul
I says Mama, Mama, Mama, please cool my fevered head
I says Mama, Mama, Mama, cool my fevered head
Going to mee my Jesus, God knows I'll soon be dead.
Now tell all my buddies, tell my friends you see
Tell all my buddies, tell my friends you see
I'm going 'way up yonder and please don't grieve for me."

A seguir, continuando a pesquisa no YouTube, encontrei a canção interpretada pelo próprio Josh White. Passei essa informação também ao Dr. Jefferson.


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segunda-feira, 21 de junho de 2010

140 - A ruína através da cocaína

A COCAÍNA APAGA A LINHA DE SUA VIDA


Um vídeo com La Linea, o histórico personagem de Osvaldo Cavandoli. Ler a respeito deles - criador e criatura - aqui.

DIGA NÃO ÀS DROGAS

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domingo, 20 de junho de 2010

139 - Empatia

:-)
Traduzido do Reader's Digest

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sábado, 19 de junho de 2010

138 - A modelo Cervie

Uma mulher de 25 anos, nulípara (sem partos), e contando com a colaboração de Cervie, montou este belíssimo site. Chamado de Beautiful Cervix Project, o site documenta com fotografias as modificações que acontecem no colo uterino, dia após dia, ao longo de um ciclo menstrual completo.


Cervie é como ela carinhosamente apelida o seu colo uterino (cérvice), o qual serviu de modelo para a galeria de imagens do projeto.

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sexta-feira, 18 de junho de 2010

137 - As tecelãs da Natureza

Cerca de 50 mil espécies de aranha são capazes de produzir teias. Existem muitas variedades de teias, próprias a cada espécie, e com utilidades as mais diversas. As aranhas usam-nas para caçar, se proteger e reproduzir.
A aranha diadema (clique no localizador abaixo) durante 1 hora, e na qual segue um ritual preciso, faz a sua teia com 30 metros de fio.


Vídeo (com legendas em francês) sugerido por Nilom através de e-mail.

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quinta-feira, 17 de junho de 2010

136 - Vacinadores voadores

A malária, uma doença causada por protozoários do gênero Plasmodium, é um grave problema de saúde pública no mundo. Está presente em mais de 100 países, nos quais ocasiona entre 300 e 500 milhões de casos novos e cerca de 1 milhão de mortes, anualmente.
Apesar de décadas de investigação, uma vacina realmente eficaz contra a doença ainda não está disponível. Este insucesso, em grande parte, se atribui à dificuldade de induzir a imunidade contra a malária, quer através da exposição natural, quer artificialmente através de vacinação. E outro factor crítico é a nossa compreensão incompleta a respeito dos fenômenos envolvidos no desenvolvimento da imunidade a essa doença em seres humanos.
A vacinação de seres humanos contra a malária inicialmente foi tentada através de mosquitos infectados, após terem sido irradiados para a atenuação dos esporozoítos da malária presentes em suas glândulas salivares. No entanto, a exigência de um mínimo de 1000 picadas por mosquitos irradiados durante cinco ou mais sessões, a fim de induzir a imunidade em seres humanos torna pouco prático esse método de imunização.
A proteção contra a malária pode ser mais facilmente alcançada através da inoculação de esporozoítos intactos quando as pessoas são concomitantemente tratadas com cloroquina, uma droga que mata os parasitas no sangue mas não em sua fase hepática. É o que parece mostrar um trabalho recentemente conduzido em voluntários pelos Drs. Roestenberg, Mc Call e colaboradores, do Departamento de Microbiologia do Centro Médico da Universidade Radboud, em Nijmegen, Holanda.

Protection against a Malaria Challenge by Sporozoite Inoculation. In: The New England Journal of Medicine, volume 361:468-477, publicado em 30 de julho de 2009 (artigo em inglês).

Bônus
Link para a página Esquemas Animados da Editora Saraiva. Na mesma clique em Ciclo do Plasmodium.

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quarta-feira, 16 de junho de 2010

135 - Em caso de emergência

Em suas várias categorias, os prêmios Ig Nobel são anualmente concedidos às pessoas que, com suas pesquisas e invenções, fazem a gente rir e, logo após, pensar. A sua cerimônia de premiação este ano (em sua 19ª edição) aconteceu a 1º de outubro.
Aqui (na fotografia), um dos ganhadores do Prêmio de Saúde Pública, a Dra. Elena Bodnar, dos Estados Unidos, na presença de três outros laureados, faz uma demonstração de como funciona o seu invento: um sutiã que, em caso de emergência, pode ser rapidamente convertido em um par de máscaras faciais (antigás), uma para a usuária e a outra para alguém por perto que também esteja em apuros.

Link para ver a relação completa dos ganhadores do Ig Nobel 2009.

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terça-feira, 15 de junho de 2010

134 - Cérebros masculino e feminino

Saiba como funcionam os dois tipos de cérebro: o masculino, formado por "caixas que jamais se tocam", sendo uma delas a "caixa do nada", e o feminino, que é comparado à "supervia da internet, com tudo se conectando a tudo".



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segunda-feira, 14 de junho de 2010

133 - O ruibarbo do deserto

As plantas que vivem em regiões desérticas geralmente apresentam folhas pequenas ou transformadas em espinhos como formas de reduzir suas perdas de água. No entanto, uma que é muito comum nos desertos de Israel e da Jordânia, a Rheum palaestinum, conhecida como o ruibarbo do deserto (imagem ao lado), tem folhas de grande tamanho.
Cientistas israelenses acabam de desvendar o mistério dessa aparente contradição. É que as folhas do ruibarbo do deserto, que chegam a alcançar o tamanho de um metro, dispõem de um eficiente sistema de canaletas para recolher a água da chuva e transportá-la até as raízes da planta. Possibilitando que ela obtenha uma quantidade de água muito maior (até 16 vezes) do que conseguem captar outras plantas da região.
A Rheum palaestinum, portanto, trata-se de uma planta que irriga a si mesma, numa situação talvez única no mundo.

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domingo, 13 de junho de 2010

132 - Pelas paredes

- Por que a lagartixa pode escalar paredes e tetos?
- Porque existem nas cerdas de suas patas as forças de van der Waals.
- Que são essas forças?
- São as forças que se relacionam com a polarização das moléculas?
- Como as moléculas se polarizam?
- Pela movimentação de sua nuvem eletrônica.

Mas... paremos por aqui essa sequência de perguntas e respostas. E passemos a apreciar a fotografia ao lado. É o close-up de uma pata de lagartixa, clicada no exato momento em que ela caminhava sobre uma parede de vidro. Suspeitasse o réptil da complexidade envolvida em seu seu ato de caminhar, talvez se entregasse ao desânimo. E a força de gravidade cumpriria então o seu papel.


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sábado, 12 de junho de 2010

131 - A música corporal

Numa campanha publicitária que fez para a Orquestra de Câmara de Zurique, a Agência Euro ESCG criou alguns cartazes do tipo.
Tendo como idéia central a figura de um músico a tocar um "instrumento", e sendo este algum detalhe da anatomia humana.
Ilustra a presente nota o cartaz do Olho (olá, oftalmologista Nelson Cunha).


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sexta-feira, 11 de junho de 2010

130 - O uso do jaleco

Para Ynot Nosirrah

O jaleco ou a bata (como o chamávamos no Ceará uns 40 anos atrás) é uma peça de roupa, geralmente de tecido branco, utilizada como uma forma de barreira corporal em hospitais, laboratórios, fábricas, restaurantes, escolas, entre outros locais. Em muitos desses lugares, onde é importante haver uma boa higiene, o seu uso costuma ser obrigatório. Noutros, o seu uso pode ser facultativo, caso não existam problemas reais de biossegurança.
É frequentemente usado por médicos, odontólogos, enfermeiros, farmacêuticos, fisioterapeutas, e outros profissonais das áreas de saúde, de ensino e de pesquisa, sendo a sua imagem associada a estes grupos sociais. No entanto, é também utilizado por profissionais de outros grupos sociais, em cujos trabalhos a higiene é fundamental, dado ser mais fácil detectar alguma sujidade sobre um tecido de cor branca. E usam-no, ainda, os estudantes que estão a cursar as profissões já citadas.
Ao vestir um jaleco, e tornar-se identificável pelos pacientes de uma unidade de saúde, o médico está a praticar um dos princípios da medicina baseada em ética. Principalmente se esse jaleco ostenta - com legibilidade - o seu nome e a sua função na unidade. E, dessa forma, o médico pode ainda reforçar, por conta da forte simbologia de seu traje, a ação terapêutica (não desprezível) de sua presença junto aos pacientes que assiste.

Importante - O jaleco deve ser usado exclusivamente em ambiente de trabalho.

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quinta-feira, 10 de junho de 2010

129 - Espinhela caída

A espinhela é a denominação vulgar do apêndice xifóide, um prolongamento cartilaginoso que fica na porção inferior do osso esterno. E a espinhela caída, segundo a crença popular, seria o relamento dessa estrutura de modo a causar, no portador da anormalidade, um debilitamento acompanhado de dores vagas propagantes do tórax ao abdome e vice-versa.
É uma moléstia vaga, talvez imaginária, e para a qual os compêndios médicos não dedicam sequer um verbete.
E só muita reza para curar o que a gente nem sabe se existe.

Arte sobre foto de Catherine Krulik

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quarta-feira, 9 de junho de 2010

128 - A vacina contra o pneumococo na criança

A partir de 2010, o Sistema Único de Saúde (SUS) passará a oferecer, gratuitamente, a todas as crianças com até um ano de idade uma vacina contra o pneumococo, uma espécie de bactéria que provoca pneumonia, bronquite, meningite, sinusite e otite média.
Estima-se que, com a inclusão da vacina no calendário básico de vacinação das crianças, aconteça no Brasil uma redução de cerca de 10 mil mortes por ano em todas as faixas etárias. Visto que, com a imunização das crianças contra o pneumococo, por resultar disso uma diminuição na circulação ambiental da bactéria, o efeito positivo da vacinação poder ser observado também entre os adultos.
Esta medida a ser implantada resulta de um acordo firmado entre o Ministério da Saúde e a empresa farmacêutica britânica GlaxoSmithKline (GSK). E o convênio prevê ainda a transferência de tecnologia para a Fiocruz, a qual, no futuro, assumirá a produção desse imunizante no território nacional.
Pelo acordo oficializado, o governo brasileiro se compromete a adquirir cerca de 13 milhões de doses por ano da vacina da GSK, a Synflorix, até que a mesma possa ser plenamente produzida em uma fábrica a ser construída no campus da Fiocruz, uma situação que só deve se verificar em 2017.
Segundo o Ministério da Saúde, essa quantidade é suficiente para imunizar todas as 3,2 milhões de crianças nascidas a cada ano no país, que precisarão receber doses aos dois, quatro e seis meses de idade. Uma quarta injeção, de reforço, deve ser aplicada até o 12º mês de vida.
A nova vacina, que protege contra dez sorotipos do pneumococo, deverá ser mais eficaz do que a vacina heptavalente, que é atualmente encontrada nas clínicas particulares. E, ao incluí-la em seu calendário básico de vacinações da criança, o Ministério da Saúde atende a antigas reivindações de sociedades brasileiras especializadas como a de pediatria e a de alergia e imunologia.

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terça-feira, 8 de junho de 2010

127 - Da vulcanologia para a pneumologia

Atualmente, a mais longa palavra em língua inglesa é... pneumonoultramicroscopicsilicovolcanoconiosis. Que designa uma rara doença pulmonar causada pela inalação prolongada de poeiras de cinzas vulcânicas.
Foi criada em 1935 por Everett M. Smith mediante a combinação de termos gregos e latinos:
pneumon (pulmão) + ultra (além) + mikros (pequeno) + skopein (examinar) + silicium (rocha) + vulcanus (vulcão) + kónis (poeira)
Com 45 letras, pneumonoultramicroscopicsilicovolcanoconiosis ao ser criada destronou electrophotomicrographically.
Em língua portuguesa a palavra mais longa é pneumoultramicroscopicossilicovulcanoconiótico, que designa o portador dessa doença. Com 46 letras, ela ganhou o seu registro no Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa em 2001. Outras idiomas, porém, utilizam-se de formas simplificadas para designar a doença: neumoconiosis (em castelhano), pneumoconiose (em francês), pneumoconiosi (em italiano) e Staublunge (em alemão, quem diria?).

Na ilustração: a deusa havaiana Kilauea
Comentários
Doctoreverettmsmith, ao criar a sua palavra de 45 letras, pensou certamente em entrar para a história da língua inglesa. Tirando inclusive proveito de que era ele o presidente da National Puzzlers' League naquela época. Quanto a Houaiss, ao incluir uma palavra de 46 letras em seu dicionário, pode ter sido uma provocação a Aurélio.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

126 - Me arde o "oi"

É uma versão "mineira" (criada em Goiás) para o sucesso internacional "We are the world". Este vídeo relaciona, de uma forma divertida, doenças e incômodos que o fumo provoca nas pessoas - com ênfase para as irritações oculares.
Com o objetivo de abrir os olhos dos fumantes, peço ao oftalmologista mineiro Nelson Cunha (o vídeo é especialmente para ele) que insira na caixa de comentários um apanhado das afecções oculares causadas ou agravadas pelo hábito de fumar.



"Me arde o "oi"
Me arde o ouvido
"Ocê" vai pitando
E o mundo vai ficando
Bem mais poluído."

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domingo, 6 de junho de 2010

125 - O cumprimento saudável

Nestes tempos gripais o que um brasileiro deve fazer para se proteger da doença?
Seguir as orientações das autoridades de saúde, que estão sendo amplamente divulgadas pela mídia, tais como:
- evitar as aglomerações humanas;
- usar a máscara facial nos locais de risco;
- passar álcool gel nas mãos de acordo com a necessidade;
- e substituir o aperto de mãos ocidental pelo cumprimento à moda indiana.
A bem da verdade, esta última ainda não figura no rol das medidas oficialmente divulgadas. Mas se encontra no bojo da Campanha Cumprimento Saudável que o deputado Wilson Picler (PDT-PR) pretende lançar.

Namastê, deputado. Eu sei de onde Vossa Excelência foi tirar essa idéia.

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sábado, 5 de junho de 2010

124 - Rutilismo e dor

Um artigo recém-publicado no JADA (The Journal of the American Dental Association), com repercussão no site BBC Brasil, sugere que os indivíduos ruivos são mais sensíveis à dor do que os demais indivíduos. O que faz com que os ruivos sejam menos assíduos nos consultórios odontológicos e com que, quando se submetem a procedimentos dentários, venham a necessitar de doses maiores de anestésicos locais.
A explicação está relacionada ao gene MC1R (responsável pela produção de melanina) do cromossoma 16 que, nos indivíduos ruivos, por causa de uma mutação genética, produz uma outra substância que lhes confere a cor avermelhada aos cabelos.
É também devido a essa variação no gene MC1R que os ruivos apresentam seus receptores cerebrais com maior sensibilidade para a dor.
À consideração de JV, do Blog do Dentista.

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sexta-feira, 4 de junho de 2010

123 - Dimorfismo sexual

Considera-se haver dimorfismo sexual quando os indivíduos do sexo masculino e feminino de uma espécie se apresentam com características físicas não sexuais marcadamente diferentes. Essas diferenças, em muitos casos, estão relacionadas com a reprodução, já que os indivíduos das espécies dimórficas usam essas características físicas para disputarem parceiros ou mesmo para impressioná-los.
Exemplos claros de dimorfismo sexual podem ser observados em leões (cujo macho possui uma juba, ausente na fêmea), mandris (cujo macho possui a face intensamente colorida), cervos (cujo macho possui uma galhada, ausente na fêmea) e em muitas espécies de aves.
Na Natureza, em questão de dimorfismo sexual, nenhuma espécie foi tão radical quanto a Bonnelia viridis. Neste tipo de verme marinho (no desenho ao lado), a fêmea apresenta um corpo pigmentado que, na fase adulta, mede cerca de 15 centímetros (não computado o tamanho de uma longa tromba que ela usa para se alimentar de detritos orgânicos no fundo do mar), enquanto o macho é não pigmentado e plano, mede de 1 a 3 milímetros e vive sobre ou dentro do corpo da fêmea.
O dimorfismo sexual na Bonellia não é de natureza genética. Quando a larva eclode do ovo, se este ainda está no corpo materno, dá origem a um verme macho; se este, porém, já se encontra no ambiente origina outra fêmea.

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quinta-feira, 3 de junho de 2010

122 - Guillotin e seu invento



"A verdade, meu amor, mora num poço
É Pilatos lá na Bíblia quem nos diz
E também faleceu por ter pescoço
O inventor da guilhotina de Paris."

(Noel Rosa e Mário Reis)

Joseph Ignace Guillotin (1738-1814), médico e político francês, que esteve envolvido com a causa da Revolução Francesa, é principalmente lembrado por ter sido o inventor (ou o reinventor) de um instrumento destinado à execução da pena capital, a guilhotina, a qual inclusive recebeu seu nome.
Antes da guilhotina, quando a execução era levada a efeito com a espada ou com o machado, a mão do carrasco nem sempre era firme e certeira. E a vítima acabava sofrendo vários golpes antes de morrer, tendo a sua agonia prolongada. Foi para evitar o prolongamento de tais sofrimentos que o médico Guillotin, em 1789, propôs à Assembléia Nacional que adotasse o seu instrumento.
Entre 1792 e 1799, foram executados na guilhotina cerca de 15 mil condenados (2794 dos quais considerados "inimigos da Revolução"). O primeiro a ser decapitado foi o operário Nicolas Pelletier. Luís XVI, Maria-Antonieta, Danton, Lavoisier e Robespierre foram os seus decapitados mais célebres. Em 1977, o aparelho de cortar cabeças foi pela última vez acionado. E, com o fim da pena de morte na França, que foi abolida nesse país em 1981, saiu de cena definitivamente a guilhotina.
Costuma-se dizer (ver acima os versos da canção "Positivismo", de Noel Rosa e Mário Reis) que o inventor da guilhotina de Paris tenha sido guilhotinado, o que é um equívoco. Para o qual, talvez, deve ter contribuído a morte na guilhotina de outra pessoa de sobrenome Guillotin, um médico de Lion. Joseph Ignace Guillotin até esteve por algum tempo com o pescoço sob risco (ao ser preso por causa de uma carta enviada por um condenado), mas veio a falecer de causas naturais.
Quanto a seus atuais descendentes, já peticionaram ao governo francês por uma mudança no nome que designa a guilhotina - mas sem sucesso. Então, resolveram mudaram o nome da família.

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quarta-feira, 2 de junho de 2010

121 - Conversa ao pé do ouvido

Precisando de algo? Fale em minha orelha direita


Nós, seres humanos, preferimos ser abordados por nossa orelha direita. Solicitados, através dela, para que realizemos uma determinada tarefa, também somos mais propensos a executá-la (do que se houvéssemos recebido a mesma solicitação através da orelha esquerda).
Numa série de três estudos, a respeito da orelha de preferência na comunicação entre os seres humanos, Luca Tommasi e Daniele Marzoli, da Universidade "Gabriele d'Annunzio", em Chieti, Itália, demonstraram a presença desse viés natural, em decorrência da assimetria existente nos hemisférios cerebrais, e que tem implicações no comportamento humano.
Explicada essa diferença pela dominância do hemisfério cerebral esquerdo (o qual recebe os estímulos do ouvido direito) no processamento das informações verbais.

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terça-feira, 1 de junho de 2010

120 - Maçã x Pera

O Professor Jean Vague, da Universidade de Marselha, França, foi o primeiro a sugerir (em 1947) que as complicações da obesidade não dependiam apenas do excesso de gordura no corpo humano. Eram também uma consequência de como ela se distribuía no corpo das pessoas obesas. Assim, Vague cunhou os termo "andróide" para a forma de obesidade mais observada em homens (em maçã), na qual o diabetes e a doença cardiovascular são complicações comuns, e o termo "ginóide" para a forma de obesidade mais observada em mulheres (em pera), na qual a gordura se deposita nas partes inferiores do corpo e que tem caráter menos maléfico.


As observações feitas por Vague não receberam uma imediata atenção da comunidade médica. Foram necessários mais de 35 anos para que fossem avalizadas por estudos epidemiológicos prospectivos.

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segunda-feira, 31 de maio de 2010

119 - Dia Mundial Sem Tabaco

Parar de fumar é capaz de impedir a progressão da DPOC (doença pulmonar obstrutiva crônica), além de reduzir os riscos de desenvolver câncer de pulmão, infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral (derrame) e outras doenças. Mesmo para aquelas pessoas que têm o hábito de fumar, há muitos anos, sempre haverá benefícios ao parar de fumar. Esses ganhos se darão em termos de uma vida mais saudável, com menos propensão a adoecer.
Após parar de fumar muitos benefícios são experimentados por quem toma essa decisão. Conheça alguns:
- 12 horas após: O nível de monóxido de carbono no sangue cai, ficando próximo ao normal.
- 1 mês após: Começa a melhorar a capacidade respiratória, com diminuição da falta de ar e da tosse.
- 1 ano após: O risco de ter um ataque cardíaco estará em torno da metade do que tinha quando fumava.
- 5 anos após: O risco de ter derrame diminui e fica próximo ao de uma pessoa que nunca fumou.
- 10 anos após: O risco de ter câncer de pulmão estará reduzido à metade.
- 15 anos após: O risco de sofrer doenças cardíacas igualará ao de uma pessoa que nunca fumou.


Mais informações: www.respireeviva.com.br

domingo, 30 de maio de 2010

118 - A fumigação em seres humanos

A fumigação, que é o ato de expor a fumaças um determinado ambiente com o propósito de desinfetá-lo, numa certa época foi também aplicada em seres humanos. A partir de 1745, quando o médico inglês Richard Mead passou a recomendar o uso de enemas à base de fumaças do tabaco no tratamento das vítimas de afogamento, até o ano de 1835, quando esses fumigatórios entraram em descrédito na medicina.
Richard Mead, que aprendera essa prática com os índios norte-americanos, e outros médicos de sua época acreditavam que a fumaça, ao ser aplicada por via retal, graças ao calor e à presença da nicotina (cujas propriedades estimulantes já eram conhecidas), tinha a capacidade de ressuscitar as pessoas afogadas do estado de morte aparente. A esta indicação, posteriormente, outras foram sendo acrescentadas, como as indicações de usá-la na constipação, no cólera e nas convulsões.
Também se empregava o enema de fumaça com o objetivo de determinar se um paciente ainda se encontrava vivo. Com a reação do paciente ao fumigatório sendo interpretada como sinal de vida.
Obviamente, não há qualquer evidência científica que, em qualquer ocasião, autorize o emprego da fumigação per anum. E nas vítimas de afogamento, a utilização dessa prática, ao tirar de foco as medidas de reanimação cardiorrespiratória (que são insubstituíveis), pode ainda se mostrar terrivelmente danosa.
E, como vestígios dessa prática bizarra, restou apenas a expressão to blow smoke up one's ass, ainda em voga na língua inglesa.

Exemplo de um dispositivo (dos mais simples) usado na fumigação

Texto dedicado ao jornalista Nonato Albuquerque que, após trazer à baila o assunto em Antena Paranóica, solicitou a opinião deste escriba. PGCS

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sábado, 29 de maio de 2010

117 - O pintor do sonho norte-americano

É cativante esta imagem, não?
É a reprodução de "Doctor and the Doll", um Rockwell que a gente identifica sem pestanejar.

Norman Rockwell (1894-1978) foi um pintor e ilustrador muito popular em seu país, os Estados Unidos da América. Em virtude das centenas de capas que ele fez, durante mais de quatro décadas, para a revista The Saturday Evening Post e das pinturas em que ele registrou as cenas da vida estadunidense nas pequenas cidades.
Nenhum outro desenhista ilustrou de forma tão soberba o american way of life.
Seus desenhos e pinturas são famosos pela meticulosidade e pela exatidão das cores e traços. Ele gostava de dar especial atenção às expressões faciais, as quais eram por ele capturadas de um modo algo caricatural.

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sexta-feira, 28 de maio de 2010

116 - O Juramento de Hipócrates

Hipócrates (Cós, 460 - Tessália, 377 a.C.) foi um observador de raro talento que, fugindo das explicações sobrenaturais, deixou-nos acuradas descrições para enfermidades à época desconhecidas e, com isso, abriu caminho para uma medicina baseada em evidências. Além disso legou a nós, médicos, um juramento (texto original em grego, ao lado) que contém princípios éticos louváveis a serem seguidos em nosso relacionamento profissional com os pacientes.
Esse juramento, porém, tem visão corporativista e submete aos que atualmente o proferem a idéias antiquadas e inaceitáveis. É supérfluo em vários aspectos; lacunoso, em outros.
Ei-lo (com algumas emendas supressivas por mim colocadas):

"Eu juro, por Apolo, médico, por Esculápio, Higéia e Panacéia, e tomo por testemunhas todos os deuses e todas as deusas, cumprir, segundo meu poder e minha razão, a promessa que se segue: estimar, tanto quanto a meus pais, aquele que me ensinou esta arte; fazer vida comum e, se necessário for, com ele partilhar meus bens; ter seus filhos por meus próprios irmãos; ensinar-lhes esta arte, se eles tiverem necessidade de aprendê-la, sem remuneração e nem compromisso escrito; fazer participar dos preceitos, das lições e de todo o resto do ensino, meus filhos, os de meu mestre e os discípulos inscritos segundo os regulamentos da profissão, porém, só a estes.
Aplicarei os regimes para o bem do doente segundo o meu poder e entendimento, nunca para causar dano ou mal a alguém. A ninguém darei por comprazer, nem remédio mortal nem um conselho que induza a perda. Do mesmo modo não darei a nenhuma mulher uma substância abortiva.
Conservarei imaculada minha vida e minha arte.
Não praticarei a talha, mesmo sobre um calculoso confirmado; deixarei essa operação aos práticos que disso cuidam.
Em toda a casa, aí entrarei para o bem dos doentes, mantendo-me longe de todo o dano voluntário
e de toda a sedução sobretudo longe dos prazeres do amor, com as mulheres ou com os homens livres ou escravizados.
Àquilo que no exercício ou fora do exercício da profissão e no convívio da sociedade, eu tiver visto ou ouvido, que não seja preciso divulgar, eu conservarei inteiramente secreto.
Se eu cumprir este juramento com fidelidade, que me seja dado gozar felizmente da vida e da minha profissão, honrado para sempre entre os homens; se eu dele me afastar ou infringir, o contrário aconteça."

Leituras sugeridas
O juramento de Hipócrates, do Dr. Drauzio Varella
Juramento de Hipócrates - Caminhos da Medicina, do Dr. Celso, no site www.clinicaclim.com

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quinta-feira, 27 de maio de 2010

115 - O papel do granuloma na tuberculose

Amigo ou inimigo?
Granulomas são aglomerados celulares que se formam em tecidos do corpo humano como defesa a alguns tipos de infecção. Por muito tempo, aceitou-se a idéia de que o granuloma foi a forma que, com relação a essas infecções, o hospedeiro encontrou para contê-las. Como supostamente acontece na tuberculose, cuja lesão básica é também o granuloma (que tem características próprias que permitem identificar a infecção tuberculosa nos tecidos), por exemplo.
A grande maioria das pessoas infectadas pelo M. tuberculosis, o agente da tuberculose, não apresentará os sintomas da enfermidade. E cerca de 90% delas jamais adoecerão de tuberculose. Porque os granulomas (que não se formam nas pessoas com graves problemas imunitários) circunscreverão a doença localmente, evitando que ela se dissemine no corpo.
Entretanto, um trabalho de pesquisa de Davis e Ramakrishnan, publicado em "The New England Journal of Medicine" (06/06/2009), deixa sob controvérsias o aspecto "amigo" do granuloma. Por atribuirem a macrófagos (células de defesa presentes no granuloma), quando infectados pelo germe da tuberculose, o papel de nicho que responde pela continuidade da doença.
As pesquisas desses autores foram realizadas com o M. marinum em embriões do peixe-zebra (imagem). Se, por um lado, o modelo pode guardar diferenças (agente e hospedeiro são outros) com relação ao da tuberculose no ser humano, por outro, possibilitou aos pesquisadores o acompanhamento - "em tempo real" - dos vários momentos do processo infeccioso. É que os embriões do peixe-zebra são transparentes (PGCS).

Referências (em inglês)
www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed
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quarta-feira, 26 de maio de 2010

114 - Lições de paródia














À esquerda, uma reprodução da tela "Lição de Anatomia do Dr. Nicolas Tulp", pintada pelo holandês Rembrandt, em 1632.
Fonte: AS MAIS BELAS PINTURAS SOBRE TEMAS MÉDICOS, de Joffre M. de Rezende
À direita, a fotografia de uma das obras de Ju Duoqui, uma artista chinesa que recria com legumes e verduras as telas de artistas famosos.

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terça-feira, 25 de maio de 2010

113 - Acidentes com arraias (pipas)

No mês de julho, a combinação de um período de férias escolares com o aumento dos ventos que sopram em Fortaleza torna mais comum as brincadeiras com arraias (ou pipas) em nossa cidade. Essas brincadeiras, porém, não se mostram tão inocentes assim. Acompanham-se de certos riscos para os brincantes e também para aquelas pessoas que, inadvertidamente, passam pelos locais desses folguedos.
Senão, vejamos:
Há o risco de a linha da arraia, em contato com fios da rede elétrica, causar choques em quem está brincando.
Outro risco é o de a linha também poder conduzir, em dias de chuva, descargas elétricas (raios) a partir das nuvens.
Correr nas ruas, em busca das arraias cujas linhas foram cortadas, expõe quem o faz a quedas e atropelamento.
E, por fim, a questão do cerol, essa mistura de cola com pó de vidro que é passada na linha da arraia para que a mesma fique cortante. Já tem causado muitos acidentes, alguns deles fatais. E, destes últimos, as maiores vítimas têm sido os motoqueiros.

A propósito das arraias (pipas), ler aqui uma crônica de 21/07/08.

Recomendações

Empinar as arraias somente em espaços abertos (praias, campos).
Não brincar com elas sob a chuva.
Não aplicar o cerol na linha da arraias.
E (para os motoqueiros) instalar nas motocicletas antenas ou arcos protetores.

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segunda-feira, 24 de maio de 2010

112 - Uma obsessão por enemas

Imagine levar um papo com alguém que está recebendo um enema. Agora, imagine que esse alguém é um rei cercado por sua corte durante o procedimento. O Rei Luís XIV era conhecido por se submeter a enemas regularmente, sem se importar que eles acontecessem em público.
É verdade que os enemas eram procedimentos médicos bastante populares no seu tempo. Havia a crença de que a aplicação de líquidos pelo reto (ver abaixo a fotografia de equipamentos da época), com a finalidade de realizar lavagem intestinal, trazia inúmeros benefícios aos pacientes. Mas poucas pessoas eram tão adeptas dos enemas quanto o Rei Luís XIV. Estima-se que ele tenha se submetido a mais de 2.000 enemas.


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domingo, 23 de maio de 2010

111 - Urina e esterco

Normalmente, os "direitos divinos" de um rei incluiam coisas simples como violação de virgens, tomada de bens e condenação dos desafetos ao calabouço. Entretanto, em 1627, Charles I da Inglaterra ampliou seus direitos por meio de um edito inusitado. Ordenando a todos os súditos que entregassem suas urinas a um time de coletores oficiais: uma vez por dia, no verão; em dias alternados, durante o inverno.
Essas coletas rendiam-lhe o salitre, um dos componentes da pólvora, e seus aplicados coletores eram chamados de saltpeter men.
Posteriormente, Charles I incluiu entre suas prerrogativas o direito aos resíduos animais dos estábulos. Também coletados por seus saltpeter men e sem a necessidade da permissão dos donos dos animais.


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sábado, 22 de maio de 2010

110 - Consumo de ovos e salmonelose

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a Anvisa, aprovou, nesta terça-feira (16), uma norma que determina, nos rótulos de todos os ovos comercializados no país, a obrigatoriedade das seguintes advertências:
"O consumo deste alimento cru ou mal cozido pode causar danos à saúde" e "Manter os ovos preferencialmente refrigerados".
A Anvisa pretende, com isso, alertar a população para os riscos do consumo deste alimento quando cru e orientá-la quanto aos procedimentos que ajudam a evitar a transmissão da Salmonella pelo ovo. Essa bactéria, que é muito comum na casca e no interior do ovo, pode causar infecções alimentares. Além disso, ela é encontrada em outros alimentos de origem animal como o leite e as carnes.
Nessa decisão, fundamentou-se a Anvisa em estudos do Ministério da Saúde que, nos surtos de doenças transmitidas por alimentos no Brasil, se considerado como agente causador a Salmonella, apontaram o ovo como o principal alimento envolvido.
A salmonelose, que é a infecção alimentar causada pela bactéria Salmonella, tem como seus principais sintomas: dores abdominais, diarréia, calafrios, náuseas e vômitos.
Com essas novas exigências nas rotulagens dos ovos comercializados (com o prazo de 180 dias para serem implantadas) não é objetivo da Anvisa reduzir o consumo do produto, já que se trata de um alimento muito importante do ponto de vista nutricional. É apenas o de esclarecer a população que, ao consumir esse produto, alguns cuidados precisam ser tomados para evitar o adoecimento pela salmonelose.

Para evitar a salmonelose
1. Lavar bem os utensílios e as mãos depois de manipular carne de aves e ovos crus.
2. Cozinhar bem os alimentos.
3. Evitar consumo de produtos preparados com ovos crus (exemplos: maionese caseira, gemada).
4. Não utilizar os mesmos utensílios para preparar alimentos crus e cozidos.
5. Guardar na geladeira os alimentos preparados no fogão, mesmo que ainda estejam quentes.
6. Proteger os alimentos do contato com animais como aves, insetos e roedores, que podem transmitir a bactéria.
"2 FILHOS DE FRANCISCO"

"Aqui diz para não consumir ovos crus."

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sexta-feira, 21 de maio de 2010

109 - Silicose e outras pneumopatias ocupacionais. Slideshow

Slideshow da palestra que, atendendo a convite da Profa. Dra. Renata Pinto, ministrei aos alunos do 4º semestre do Curso de Medicina da Faculdade Christus, no dia 09/06/09.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

108 - Poluição do ar x doenças respiratórias. Slideshow

Slideshow da palestra que, atendendo a convite da Profa. Dra. Renata Pinto, ministrei aos alunos do 4º semestre do Curso de Medicina da Faculdade Christus, no dia 09/06/09.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

107 - A maior temperatura suportável

A busca pela maior temperatura suportável pelo corpo humano se iniciou no século XVIII, por meio do médico inglês Charles Blagden, e de uma forma não muito comum: Sr. Blagden resolveu entrar num cômodo aquecido a 105 °C, tendo conseguido permanecer no local por 15 minutos.
Testes mais recentes e menos perigosos foram capazes de descobrir a exata temperatura máxima que podemos aguentar: 127 °C por 20 minutos.
Em verdade, o suor é o grande responsável por suportarmos altas temperaturas. Nesse sentido, quando o ar está seco, conseguimos suportar maiores temperaturas, uma vez que o suor rouba calor do corpo ao evaporar. Já quando o ar está úmido, qualquer temperatura acima dos 40ºC pode se tornar insuportável, pois o mesmo não encontra condições de evaporar e assim amenizar a temperatura do corpo.

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terça-feira, 18 de maio de 2010

106 - A síndrome de Münchhausen

A síndrome de Münchhausen é uma doença psiquiátrica em que o paciente, de forma compulsiva, deliberada e contínua, causa, provoca ou simula sintomas de doenças, sem que haja uma vantagem óbvia para tal atitude que não seja a de obter cuidados médicos e de enfermagem.
Nessa síndrome, a pessoa afetada exagera ou cria sintomas nela mesma para ganhar atenção, tratamento e simpatia. Em casos extremos, uma pessoa com esta síndrome (seus portadores costumam desenvolver algum grau de conhecimento sobre a medicina) consegue produzir sintomas para operações desnecessárias. Por exemplo, ao injetar na veia um material infectado que, por lhe causar uma infecção, possa prolongar a estada no hospital. Ou, ainda, ao praticar alguma forma de auto-mutilação.
A história clínica que o doente apresenta é inicialmente plausível, embora depois se verifique ser falsa. Ao ser desmascarado, ele abandona a instituição em que está internado para reaparecer na sala de emergência de outro hospital.
Um portador dessa síndrome pode ser extremamente dispendioso para um sistema de saúde. Há o relato de um paciente que custou ao serviço de saúde britânico 4 milhões de dólares, nos 50 anos em que se sumeteu a 400 operações de diversos portes, em 100 diferentes hospitais nos quais usou 22 nomes.
Observação - De forma diferente da hipocondria, o paciente com Münchhausen sabe que está exagerando, enquanto o hipocondríaco acredita que está de fato doente.

O epônimo
A denominação eponímica para essa síndrome foi dada por Richard Asher em 1951. Inspirado no Barão de Münchhausen, um tipo criado em histórias escritas pelo humorista Rudolf Erich Raspe (1737-1794), a partir de incidentes compilados em várias fontes, dentre as quais as inacreditáveis narrativas de Hyeronimus Karl Friedrich von Münchhausen, um oficial alemão que serviu no exército russo.

P.S.>
Na CID-10 (versão 2008) a síndome de Münchhausen corresponde ao código F68.1.

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segunda-feira, 17 de maio de 2010

105 - O abafador

O médico e escritor Miguel Torga refere em "Alma-Grande", em "Novos Contos da Montanha", a figura do abafador: o homem que, nas aldeias, abreviava a vida do moribundo.
"Entrava, atravessava impávido e silencioso a multidão que há três dias, na sala, esperava impaciente o último alento do agonizante, metia-se pelo quarto adentro, fechava a porta, e pouco depois saía com uma paz no rosto, pelo menos igual à que tinha deixado ao morto."
Como o abafador executava o seu trabalho?
Na estória de Miguel Torga, esganando o moribundo com as mãos e pressionando-lhe o peito com o joelho. Ou, segundo a descrição de Aurélio Buarque de Holanda em seu dicionário, sufocando-o com o emprego de almofadas. Acrescentando, ainda, o dicionarista que o abafador só aceitava atuar "se o moribundo já tivesse se confessado e comungado".

Link para a leitura de Novos Contos da Montanha.

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domingo, 16 de maio de 2010

104 - Referenciação de publicações eletrônicas

As formas de divulgação de informações científicas por meios eletrônicos são válidas e amplamente aceitas pela comunidade científica. Mas os documentos que se encontram nesses meios (como, por exemplo, os arquivos de hipertexto da internet), caso sejam utilizados como fontes de trabalhos impressos, necessitam de ser adequadamente citados.
Para tanto, além dos elementos de uma citação convencional, devem estar presentes em sua referenciação os elementos identificadores da mídia eletrônica em que o documento foi publicado (inclusive com a data em que foi consultado). Assim, transcreve-se com exatidão cada caractere - letra, algarismo, sinal de pontuação e espaçamento - de seu endereço eletrônico (URL), a fim de que o documento possa ser localizado e recuperado pelos leitores interessados.
Usando-se esta nota num exemplo de referenciação:

SILVA, P.G.C. Referenciação de publicações eletrônicas. Disponível em: http://blogdopg.blogspot.com/2009/05/referenciacao-de-publicacoes.html. Acesso em 20 jan 2009.

Nota reproduzida do blog EntreMentes

sábado, 15 de maio de 2010

103 - Um pouco de mamba?

É um slideshow a respeito de um dos grandes dilemas da medicina.


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sexta-feira, 14 de maio de 2010

102 - Campanha Nacional da Voz

A voz é instrumento de trabalho de grande parte da população. São considerados "profissionais da voz" os professores, leiloeiros, cantores (na imagem ao lado: Fagner em fôlder da campanha), atores, advogados, telefonistas, recepcionistas, radialistas e líderes políticos e religiosos, entre outros.
Acha-se em curso no país, ao longo deste ano, a Campanha Nacional da Voz - 2009, destinada a esclarecer a população sobre a importância dos cuidados com a voz e da necessidade da realização de exames em caso de surgimento de determinados sintomas.

Cuidados com a voz
  • Usá-la no volume normal articulando bem as palavras
  • Ingerir líquidos em boa quantidade à temperatura ambiente
  • Não fumar
  • Evitar bebidas alcoólicas
  • Evitar alimentos que causem azia e refluxos estomacais
  • Evitar ambientes com poeira, mofo e odores irritantes
  • Não falar excessivamente e não gritar (principalmento quando estiver gripado ou com alguma crise alérgica respiratória)
  • Tratar adequadamente estes últimos problemas
Atenção a estes sintomas
  • Rouquidão persistente
  • Perda da voz
  • Pigarro
  • Dor ou ardência na garganta
  • Dificuldade para engolir
  • Dificuldade para respirar
Fonte: ABLV

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quinta-feira, 13 de maio de 2010

101 - O corpo humano não é automóvel...

Mas apresenta motor, capuz, transmissão, freio, plaqueta, calota, juntas, eixo, suspensão e potência.
  • Motor. Um nervo chamado motor ocular externo, o qual contribui para os movimentos dos músculos da órbita do olho.
  • Capuz. O espermatozóide tem um capuz formado quando, no estágio final da gametogênese, o aparelho de Golgi migra em direção ao núcleo.
  • Transmissão. Como a chamada transmissão neuromuscular, que é a transmissão do impulso nervoso ao músculo.
  • Freio. Diversos órgãos do corpo humano são dotados de freios. Debaixo da língua existe uma prega, que é o freio da língua. No prepúcio, a pele que recobre a glande, também existe o freio do pênis.
  • Plaqueta. No sangue existem as plaquetas, células que tomam um importante papel no mecanismo da coagulação.
  • Calota. Na cabeça existe a calota craniana.
  • Juntas. Os ossos do esqueleto humano são presos uns aos outros por meio de articulações ou juntas.
  • Eixo. É nos ossos que encontramos eixo. Existe, por exemplo, o eixo da pelve.
  • Suspensão. Na mulher, quando esta deixa de apresentar os fluxos menstruais.
  • Potência. No homem, significando a sua capacidade de manter relações sexuais.
(resumido do texto que foi publicado em "O Corpo Humano É Engraçado",
de Daniel Walker, eBooksBrasil.com)

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quarta-feira, 12 de maio de 2010

100 - Sobre o báculo

Vara ou bastão, do latim baculum, a exemplo do báculo episcopal, o cajado que simboliza a autoridade dos bispos. Outro significado é o de osso do pênis, uma estrutura auxiliar à cópula que existe em muitas espécies de mamíferos.
É com esta última acepção que vou me referir ao báculo nas próximas linhas.
Os primatas em geral possuem o báculo, sendo os seres humanos a exceção. Os canídeos, os felídeos, os ursídeos, os roedores (excetuando-se os lagomorfos) e os quirópteros (morcegos) também o possuem. Está ausente nos equídeos e nos cetáceos (baleias e golfinhos).
Nos animais em que o báculo está ausente, como na espécie humana, a ereção depende inteiramente do enchimento dos corpos cavernosos pelo sangue.



O báculo do racum (representado o grupo no Brasil pelo guaxinim) tem sido usado como amuleto da sorte ou da fertilidade. No Alasca, emprega-se o termo oosik para se referir aos báculos de ursos, focas, morsas e leões-marinhos, os quais costumam ser vendidos aos turistas pelos nativos da região.
Ofertas
E, por falar em venda de báculo, o e-bay vem hoje com 20 ofertas. Aos interessados.

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terça-feira, 11 de maio de 2010

99 - Porque é difícil batizar uma gripe

O termo "gripe suína" (swine flu, em inglês) tem recebido saraivadas de críticas. Em primeiro lugar, porque confunde as pessoas que, com medo dessa gripe, deixam de consumir a carne de porco (a qual não transmite a enfermidade). E isto particularmente desagrada aos criadores de suínos que veem suas vendas e suas ações nas Bolsas despencarem. Além disso, até o momento, nenhum porco foi identificado como foco da doença. O próprio vírus dessa gripe é uma mistura dos vírus suíno, humano e aviário.
Outro argumento a ser levado em conta é o de que o termo "gripe suína" ofende a sensibilidade de muçulmanos e judeus. Para estes povos qualquer referência a porcos é considerada insultuosa.
Tem sido tradição uma grande gripe ser adjetivada conforme o país em que começou. No caso atual, portanto seria chamada de "gripe mexicana". No México, além dos primeiros registros dessa gripe, é onde atualmente se concentra o maior número de casos da doença. Mas equívocos podem acontecer. Como aconteceu com a pandemia de 1918, logo apelidada de "gripe espanhola", e que se constatou depois não ter começado na Espanha (nos Estados Unidos, mais provavelmente).
Agora, acaba de entrar na roda a idéia de nomeá-la "gripe H1N1", um jargão técnico. Mas será que vai pegar?

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