quinta-feira, 31 de julho de 2025

1424 - O uso profilático do Lenacapavir

💉 Em 18/06/2025, a Food and Drug Admnistration (FDA) deu sinal verde para o lenacapavir, uma nova abordagem de PrEP (profilaxia pré-exposição) que promete transformar a prevenção do HIV: duas injeções por ano e uma eficácia que beira os 100%. Batizado de Yeztugo®, o medicamento é, segundo muitos especialistas, o que mais se aproxima de uma "vacina" contra o HIV, mesmo sem ser uma.
A aprovação representa um marco. Até agora, a PrEP se baseava em comprimidos diários ou injeções a cada dois meses. Essa nova formulação, de aplicação a cada 26 semanas, oferece uma opção mais simples, discreta e possivelmente mais aderente para milhões de pessoas.
🧬 Como funciona? 
O lenacapavir inaugura uma nova classe terapêutica: os inibidores do capsídeo. Ele atua bloqueando a proteína p24, peça-chave na montagem e desmantelamento do vírus dentro das células hospedeiras. Com isso, o HIV é travado em etapas críticas do seu ciclo de vida: entrada, replicação e saída do núcleo celular.
A molécula tem uma longa meia-vida e altíssima potência. O desenvolvimento não foi simples: mais de 4 mil compostos foram sintetizados até se chegar à estrutura atual. O resultado? Um antiviral de liberação lenta, capaz de manter níveis terapêuticos estáveis por meses.
📊 O que mostraram os estudos?
Dois grandes ensaios clínicos multicêntricos (realizados na África, América Latina, EUA e Sudeste Asiático) compararam o lenacapavir com o uso diário de comprimidos orais.
Os números impressionam:
Em mulheres cisgênero: nenhuma infecção por HIV entre as participantes que receberam a injeção.
Em homens que fazem sexo com homens e pessoas trans: eficácia próxima de 100%.
Os efeitos adversos foram, em sua maioria, reações no local da aplicação — dor, inchaço ou nódulos — mas raramente motivaram a interrupção da terapia (menos de 1%).
💰 Preço e acesso
A boa notícia vem com um aviso: o preço do Yeztugo nos EUA é de US$ 28 mil por ano. A Gilead, fabricante do medicamento, já anunciou programas de assistência para pacientes sem cobertura e negociações com planos de saúde privados.
Mas a grande questão é global: como garantir o acesso nos países de baixa e média renda? Organizações como o Global Fund, PEPFAR e Gates Foundation já se movimentam para incluir o lenacapavir em seus programas de saúde pública, mas ainda faltam aprovações regulatórias fora dos EUA.
http://academiamedica.com.br/blog/lenacapavir-yeztugor-a-injecao-semestral-que-muda-o-jogo-na-prevencao-do-hiv
N. do E.
Lenacapavir, um medicamento injetável que oferece praticamente 100% de proteção contra a infecção pelo HIV com uma dose a cada seis meses, foi escolhido como o "Avanço Científico do Ano" pela revista Nature.

quinta-feira, 24 de julho de 2025

1423 - Hidrocefalia de Pressão Normal

Só nos Estados Unidos, estima-se que 800 mil idosos possam estar vivendo com a doença. No entanto, a maioria das vezes o distúrbio não é diagnosticado porque seus sintomas são confundidos com declínios cognitivos inerentes à idade e demências. Principalmente nos últimos 10 anos, a ciência brasileira tem dado uma contribuição singular nessa área com uma tecnologia não invasiva que auxilia no diagnóstico e acompanhamento de pacientes com Hidrocefalia de Pressão Normal.
Via Press Manager
O artista Chico Buarque surpreendeu, em 3 de junho, fãs do Brasil e do mundo, mas, desta vez, não foi com uma música, livro ou qualquer outra atividade relacionada a seu reconhecido talento. O comunicado divulgado informou que Chico Buarque passou por uma cirurgia eletiva – uma derivação ventrículo peritoneal – , no Rio de Janeiro, para tratar um quadro de hidrocefalia de pressão normal, condição em que ocorre um acúmulo de líquido intracraniano nos ventrículos cerebrais. A mesma nota tratou de acalmar os fãs com a informação de que o procedimento transcorreu sem complicações, com alta prevista para 48 horas.
A condição vivenciada por Chico Buarque é mais comum do que se imagina, pode acometer pessoas de todas as idades, mas, especialmente, os idosos. Só nos Estados Unidos, a Hydrocephalus Association (HA), entidade sem fins lucrativos, estima que cerca de 800 mil idosos possam estar vivendo com Hidrocefalia de Pressão Normal (HPN). E mais grave: na maioria das vezes o distúrbio não é diagnosticado ou tratado.
O que é hidrocefalia de pressão normal?
O cérebro e a coluna vertebral são banhados pelo líquido cefalorraquidiano (LCR), que flui através das cavidades. A HPN é uma condição neurológica que acontece quando há acúmulo anormal desse líquido nas cavidades do cérebro, aumentando o tamanho dessas estruturas e fazendo pressão sobre esse órgão, a chamada hipertensão intracraniana.
Entre os sintomas que esse quadro pode causar e que se agravam se não forem logo tratados, estão: dores de cabeça, sonolência e alterações no estado mental, como confusão, visão turva ou dupla, náusea, dificuldade de andar e incontinência urinária.
"Um dos desafios do diagnósticos de HPN é que esses sintomas em idosos são, muitas vezes, considerados problemas inerentes à idade. Mais grave ainda quando o declínio da memória é confundido e tratado como demência", informa o diretor científico e fundador da brain4care, Gustavo Frigieri.
Segundo o neurocirurgião Raphael Bertani, membro titular da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia (SBN) e pesquisador com estudos nessa área, a HPN afeta predominantemente idosos, sendo mais comum após os 60 anos. No caso de pessoas com mais de 80 anos, por exemplo, a literatura médica aponta que aproximadamente 6% a 10% podem ter HPN. "Ou seja, das milhões de pessoas que envelhecem e começam a ter declínio cognitivo, um contingente significativo apresenta HPN. São pessoas que se diagnosticadas e tratadas podem recuperar sua qualidade de vida", afirma Bertani.
O tratamento cirúrgico da doença para inserção de uma válvula de derivação, por exemplo, pode restaurar e manter os níveis normais de líquido cefalorraquidiano no cérebro. Em geral, esse sistema é composto por dois cateteres e uma válvula que redireciona o excesso de líquido do ventrículo do cérebro para outra parte do corpo, proporcionando a regressão dos sintomas e o resgate da qualidade de vida do paciente.
Evolução tecnológica no diagnóstico
No contexto mundial do diagnóstico de HPN, a contribuição do Brasil é relevante. A ciência brasileira é pioneira no desenvolvimento da tecnologia não invasiva de monitorização do risco de hipertensão intracraniana, que tem como uma de suas aplicações importantes, auxiliar no diagnóstico assertivo de HPN, além de fornecer dados essenciais no acompanhamento e regulagem da válvula de derivação em pacientes tratados com esse recurso.
A história é curiosa e está relacionada aos estudos do físico e químico Sérgio Mascarenhas (1928-2021), que após suspeita de doença de Parkinson, percorreu uma jornada diagnóstica que o levou à confirmação de um caso de HPN. Restabelecido e inconformado com as limitações e complexidades do método invasivo a que foi submetido, voltou à bancada de pesquisa e realizou estudos iniciais com apoio da Fapesp e provou que era possível a monitorização da pressão intracraniana de modo não invasivo. Anos mais tarde, em 2014, para transformar sua descoberta em uma oferta de saúde, Mascarenhas se uniu a ex-alunos e empresários para desenvolver a tecnologia e fundar a brain4care.
Para mais informações, visite: https://brain4.care/

quinta-feira, 17 de julho de 2025

1422 - Medicamentos durante a gestação

Medicações podem ser necessárias para várias indicações durante a gestação. Os medicamentos mais comumente utilizados na gestação são antieméticos, antiácidos, anti-histamínicos, analgésicos, antimicrobianos, tranquilizantes, hipnóticos, diuréticos, antidepressivos e tranquilizantes. Uso abusivo de substâncias e uso indevido também são comuns. Apesar desta tendência, ainda faltam diretrizes sólidas baseadas em evidências para o uso seguro de medicamentos durante a gravidez.
Informações regulatórias sobre a segurança de medicamentos durante a gestação
Até a década de 2010, a Food and Drug Administration (FDA) dos EUA classificava os medicamentos vendidos sem receita (OTC) e prescritos em 5 categorias de segurança para uso durante a gravidez (A, B, C, D, X). Contudo, poucos estudos bem controlados dos fármacos terapêuticos foram realizados em gestantes. A maioria das informações sobre a segurança dos fármacos na gestação deriva de estudos com animais, estudos não controlados em seres humanos e vigilância pós-marketing. Consequentemente, o sistema de classificação da FDA levou a confusões e dificuldades para aplicar as informações disponíveis às decisões clínicas. Em Dezembro de 2014, a FDA respondeu exigindo que as categorias de gestação A, B, C, D, e X fossem removidas dos rótulos de todos os fármacos.
Em vez de categorias, a FDA agora exige que o rótulo forneça informações sobre o fármaco específico em um formato consistente [chamado the final rule (a regra final) ou Pregnancy and Lactation Labeling (Drugs) Final Rule.
As informações exigidas pela FDA têm 3 subseções:
  • Gestação: informações relevantes para o uso do fármaco em gestantes (p. ex., dosagem, riscos fetais) e informações sobre se a presença de um registro que coleta e mantém os dados sobre a maneira como as gestantes são afetadas pelo fármaco
  • Lactação: informações sobre como utilizar o fármaco durante a amamentação (p. ex., a quantidade de fármaco no leite materno, os efeitos potenciais sobre a criança amamentada)
  • Mulheres e homens com potencial reprodutivo: informações sobre testes de gravidez, contracepção e infertilidade no que se refere ao fármaco
Cada uma das subseções de gestação e aleitamento incluem 3 subtítulos (resumo do risco, considerações clínicas e dados) que fornecem mais detalhes. A “final rule" (regra final) não se aplica a fármacos de venda livre.
Fonte: Manual MSD. Ver tabela

Quando a FDA abandonou a lista de segurança para gestantes?
Deep Seek: A FDA (Food and Drug Administration) abandonou o sistema de classificação de risco de gravidez por letras (A, B, C, D e X) em 2015, substituindo-o por um novo formato chamado "Drug Pregnancy Labeling Rule" (Rótulo de Medicamentos na Gravidez). Essa mudança entrou em vigor a partir de 30 de junho de 2015, com um período de transição para as farmacêuticas se adaptarem. Principais mudanças:
1. Eliminação das categorias A, B, C, D e X – Essas classificações eram consideradas muito simplistas e podiam levar a interpretações equivocadas. 2. Informações mais detalhadas – Os novos rótulos passaram a incluir:
  • Riscos conhecidos durante a gravidez e amamentação.
  • Dados clínicos relevantes (estudos em humanos e animais).
  • Informações sobre o trabalho de parto e pós-parto, quando aplicável.
3. Maior clareza para profissionais e pacientes – O objetivo era fornecer informações mais úteis para decisões médicas, em vez de apenas uma classificação genérica.
Por que a mudança?
As categorias antigas não refletiam adequadamente os riscos e benefícios reais.
Muitos medicamentos na categoria C (risco não descartado) eram interpretados como "potencialmente perigosos", mesmo quando os dados eram limitados, mas não necessariamente negativos.
A nova regra busca maior transparência e informações baseadas em evidências. 
Se você está verificando a segurança de um medicamento na gravidez hoje, é importante consultar o rótulo atualizado ou fontes confiáveis como o FDA Labels ou bancos de dados especializados (como o LactMed para amamentação).

quinta-feira, 10 de julho de 2025

1421 - Entidades médicas do Ceará

Conselho Regional de Medicina do Ceará (CREMEC)
https://cremec.org.br/

Sindicato dos Médicos do Ceará (SIMEC)
http://sindicatodosmedicosdoceara.org.br/

Academia Cearense de Medicina (ACM)
http://acm.med.br/

Associação Médica Cearense (antigo Centro Médico Cearense)
http://amc.med.br/

Sociedade Brasileira de Médicos Escritores, Regional do Ceará (SOBRAMES CEARÁ)
http://blogdasobramesceara.blogspot.com/

Academia Cearense de Médicos Escritores (ACEMES)
https://cnpj.biz/31593556000162

Centro Acadêmico XII de Maio
Rua Alexandre Baraúna, 949 – R. 60430-160 Fortaleza – CE . (85) 3366-8001 / (85) 3366-8003
http://www.medicina.ufc.br/centro-academico-xii-de-maio/

quinta-feira, 3 de julho de 2025

1420 - Herpes-zóster

O herpes-zóster é uma doença infecciosa causada pelo vírus varicela-zóster - o mesmo responsável pela catapora. Geralmente adquirido na infância - momento em que a maioria dos brasileiros manifesta as feridas clássicas e o prurido da catapora -, ele pode ficar dormente por anos no organismo humano e "acordar" a qualquer fase da vida. Quando desperta, o vírus faz surgir dolorosas vesículas no corpo.
"O vírus fica alojado em gânglios nas regiões do tórax ou do abdômen e um dia, por causa da queda da imunidade ou por que a pessoa está mais velha, ele aparece como herpes-zoster", explica Maisa Kairalla, presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia.
Embora tenham o mesmo nome, herpes e herpes-zóster são doenças totalmente distintas. A primeira é provocada pelo germe HSV-1, enquanto a segunda é resultado da ação do vírus da varicela/catapora.
A doença é mais comum após os 50 anos. O estresse, diz a médica, é um dos fatores que vem mudando o perfil daqueles afetados pela infecção, fazendo a doença aparecer mais cedo.
Tudo o que diminui a imunidade pode levar ao herpes-zoster. O estresse acorda o vírus."
Tratamento
O tratamento envolve medicamentos antivirais e analgésicos e, quanto mais cedo o paciente buscar o hospital, maiores as chances de sucesso. O princípio ativo utilizado para conter a herpes-zoster, o aciclovir, evita a expansão das lesões, mas só tem efeito se tomado até 72 horas após o aparecimento dos sintomas. Por isso, rapidez na busca de ajuda é essencial.
Prevenção
A única forma de prevenir o herpes-zóster é por meio da vacina em adultos (em geral administrada após os 50 anos). No Brasil, a mais usada é a Shingrix, produzida pela GlaxoSmithKline (GSK). Promete uma eficácia de 90% contra a doença, além de evitar a ocorrência da neuralgia pós-herpética. A vacina está disponível apenas na rede privada e custa, em média, 1 mil reais por dose. São administradas duas doses com o intervalo de 60 dias.

Vacina contra herpes zoster pode reduzir risco de Alzheimer e demência, apontam estudos com mais de 500 mil participantes. Marcelo Valadares, neurocirurgião da Unicamp comenta achados promissores para a prevenção das condições e reforça a importância da cautela diante de dados ainda preliminares. Via Press Manager (releases@releases.pressmanager.com.br)