quinta-feira, 28 de julho de 2011

284 - O triângulo da morte

Nós o temos bem sob os nossos olhos. O "triângulo da morte", apelido que é dado a essa região do rosto que que vai do lábio superior até as sobrancelhas (ver imagem), a qual apresenta uma peculiaridade em sua drenagem venosa.
As veias, ao contrário das artérias, possuem válvulas que ajudam a direcionar o fluxo do sangue, impedindo-o de refluir. Só que as veias que drenam essa área são desprovidas de válvulas.
Onde está o problema, você pode perguntar. Imagine que você tenha um furúnculo nessa região do corpo e que o manipule. Ora, não vai existir nenhum obstáculo para que o sangue retorne com um trombo infectado para as veias intracranianas, especialmente o seio cavernoso ou um de suas tributárias como as veias oftálmicas.
Esses eventos de tromboflebite séptica, apesar de raros, podem custar a vida de 20 a 30 por cento dos pacientes. E, dentre aqueles que sobrevivem, muitos podem ficar com sequelas, devido ao comprometimento dos nervos oculomotores ou a uma meningite secundária.
Daí a recomendação de nunca manipular os focos infecciosos que apareçam no "triângulo da morte". Isso pode transportar bactérias a locais em que as patologias que elas causam são extremamente graves.

El triángulo de la muerte, Per Ardua ad Astra

Visitemos el Feneis (5ª Edición, pág. 278):
6. V. angularis (vena angular). Origen de la vena facial en el ángulo medial del ojo, por unión de las venas supratroclear y supraorbitaria. Se anastomosa con la vena oftálmica. Está relacionada con la vena oftálmica superior a través de la vena nasofrontal y, al igual que ellas, carece de válvulas. Posible vía de infección de la cara hacia la órbita y compartimento encefálico.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

283 - Tendências e preditores de alterações na função pulmonar após tratamento para tuberculose pulmonar

Pacientes geralmente apresentam alterações da função pulmonar após o término do tratamento para tuberculose pulmonar. A evolução temporal para alterações da função pulmonar e os fatores de risco para a deterioração ainda não foram bem estudados.
No total, 115 pacientes com 162 resultados de função pulmonar foram analisados. Foram obtidos dados demográficos e clínicos, escores radiográficos, dados bacteriológicos e de função pulmonar. Um modelo aditivo generalizado com técnica de suavização de curva de dispersão ponderada foi utilizado para avaliar as tendências de alterações da função pulmonar. Um modelo de equação de estimativas generalizadas foi utilizado para determinar os fatores de risco associados à deterioração da função pulmonar.
A mediana do intervalo entre o término do tratamento anti-tuberculose e o teste de função pulmonar foi de 16 meses (variação: 0 a 112 meses). O nadir (ponto inferior das observações) da função pulmonar ocorreu aproximadamente 18 meses após o término do tratamento. Os fatores de risco associados à deterioração da função pulmonar incluíram doença com pesquisa de bacilos álcool-ácido resistentes positiva no escarro, acometimento pulmonar extenso antes do tratamento contra tuberculose, tratamento prolongado contra tuberculose e melhora radiográfica reduzida após o tratamento.
Os pesquisadores concluíram que, após o término do tratamento contra tuberculose, vários fatores de risco foram preditores de deterioração da função pulmonar. Para pacientes com sintomas respiratórios significativos e múltiplos fatores de risco, o teste de função pulmonar deve ser acompanhado para monitorar a progressão para prejuízo funcional, principalmente nos primeiros 18 meses após o término do tratamento contra tuberculose.

Uma resenha de CHUNG, Kuei-Pin and TAMI GROUP et al. Trends and predictors of changes in pulmonary function after treatment for pulmonary tuberculosis. Clinics [online]. 2011, vol.66, n.4, pp. 549-556. ISSN 1807-5932. doi:10.1590/S1807-59322011000400005.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

282 - A floresta dos suicídios

A floresta Aokigahara, localizada na base do Monte Fuji, é o mais popular local de suicídios no Japão. Depois que o romance "A Floresta Negra", de Seicho Matsumoto, foi publicado (1960), no qual um jovem amante comete suicídio nessa floresta, as pessoas começaram a se suicidar por lá, a uma taxa de 50 a 100 mortes por ano. A região acumula tantos corpos que a Yakuza, a Máfia japonesa, paga mendigos para que entrem na floresta e roubem os cadáveres. As autoridades japonesas alegam que a floresta é demasiado densa para patrulhar adequadamente.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

281 - A flauta-de-bexiga

A “flauta-de-bexiga” (bladder pipe, em inglês) é um raro instrumento de música que remonta à época medieval.
O aspecto mais curioso é que faz parte do instrumento uma bexiga animal que, soprada através de uma fina peça bucal, funciona como um reservatório de ar para a flauta.



Fonte: www.music.iastate.edu
Para ouvir em mp3 como é o som emitido pelo instrumento, clique aqui.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

280 - Vítimas de amianto na Itália

Famílias de pessoas que morreram na Itália
por causa do contato com o amianto pedem justiça.

ANDEVA (Association Nat. de Défense des Victimes de l'Amiante)
Um processo para apurar responsabilidades
O maior processo já realizado na Itália para apurar as responsabilidades pela morte de cerca de três mil pessoas vítimas do amianto pede a condenação a penas que vão até 20 anos de prisão para os ex-proprietários e acionistas da multinacional suíça Eternit.
O anúncio do veredito será só no fim do ano, mas as famílias das vítimas do amianto no norte da Itália comemoram esta primeira decisão do Tribunal de Turim, anunciada em 04/07. O bilionário suíço Stephan Schmidheiny, ex-proprietário da Eternit Itália, e o belga Jean-Louis Marie Ghislain de Cartier de Marchienne, ex-sócio da empresa, são acusados de ter provocado uma catástrofe ambiental, de violar normas de segurança do trabalho e de ter causado, através da atividade da usina, a morte de cerca de três mil pessoas.
As vítimas não eram apenas funcionários, mas também moradores do entorno da fábrica italiana, que faliu em 1986 após 80 anos de funcionamento. O símbolo dessa luta na Justiça é a italiana Romana Blasotti, que perdeu marido, irmão, filhos, netos e amigos, todos expostos ao amianto. Esta fibra de origem mineral (também chamada de asbesto) é usada principalmente em materiais de construção, como telhas e pisos, por ser barata e resistente ao calor. A substância pode provocar doenças pulmonares e alguns tipos de câncer.
No início da década de 90, o amianto foi banido da Itália e é proibido em outros 50 países. O mineral ainda é utilizado no Brasil, terceiro maior produtor e exportador mundial do amianto. Inclusive o empresário suíço que está sendo acusado na Itália já esteve à frente da Eternit do Brasil.
A Organização Internacional do Trabalho estima que cem mil trabalhadores morram por ano devido a doenças relacionadas ao amianto.
Por Daniel Leiras, rfi português
Publicado em 05/07/11 / Acessado em 13/07/11
16/02/2012 - Atualizando...
Itália condena empresários por mortes causadas pelo contato com amianto
Dirigentes da Eternit até 1986, quando a empresa encerrou as operações no território italiano, são condenados a 16 anos de prisão e ao pagamento de indenizações que ultrapassam os 100 milhões de euros; produto já foi banido em mais de 50 países.
Em um processo que cria jurisprudência e é apontado por especialistas como histórico, uma corte italiana decidiu ontem que a negligência de dois empresários causou a morte de 2,1 mil pessoas em decorrência da contaminação pelo amianto.
Cada um dos condenados - um magnata suíço e um megaempresário belga - terão de cumprir 16 anos de prisão e pagar indenizações que superam a marca de 100 milhões.
"Sem exagerar, essa decisão foi histórica", comemorou o ministro da Saúde da Itália, Renato Balduzzi. "Mas a batalha contra o amianto não terminou", disse o ministro à tevê Sky, lembrando que o problema é mundial.
A conclusão da corte de Turim foi de que o belga Jean-Louise de Cartier e o suíço Stephan Schmidheiny, acionistas principais da empresa de construção Eternit, não protegeram os trabalhadores das fábricas de amianto nem os cidadãos dos locais onde essas fábricas estavam instaladas.
Os ex-diretores também foram condenados por desastre ambiental doloso e por não cumprirem os requisitos de segurança do trabalho.
O processo foi aberto em 2009, diante da queixa conjunta de mais de 6 mil pessoas que acusavam a empresa de não ter tomado, ao longo de 40 anos, medidas suficientes para proteger trabalhadores e moradores do impacto do amianto usado principalmente em telhados, estradas e outras obras. Segundo a acusação, as fibras do produto causariam câncer.
Siga lendo em Notícias - SBPT

segunda-feira, 11 de julho de 2011

279 - Órgão sintético. O 1º transplante no mundo

Cirurgiões no Karolinska University Hospital, Suécia, deram um enorme passo à frente em medicina regenerativa ao realizarem com sucesso o primeiro transplante de um órgão sintético no mundo. Este transplante sem doador salvou a vida do paciente Andemariam Beyene, 36, portador de um grave câncer de traqueia.
Scans 3-D da traquéia e brônquios principais de Beyene foram inicialmente enviados para a University College London (UCL), onde uma equipe, liderada pelo médico Alex Seifalian, criou um molde à base de vidro com diversos poros para o órgão. Esse molde, por sua vez, foi embebido em células-tronco da medula óssea do próprio Beyene, na Suécia. As células-tronco "pegaram" e, em apenas dois dias, já revestiam o molde de forma a criar uma nova traqueia com os próprios tecidos de Beyene.
The replacement windpipe was grown in the lab.
Uma operação de 12 horas, comandada por um cirurgião italiano, Paolo Macchiarini, especializado em operações do gênero, removeu a traqueia cancerosa de Beyene e a substituiu pelo novo órgão fabricado em laboratório.
Isso foi há um mês. Hoje, Beyene está se recuperando bem. E, como o órgão transplantado foi produzido a partir de sua próprias células, não há indicação para ele se submeter a um severo regime de drogas anti-rejeição, como é necessário a pacientes que recebem transplantes. PGCS
Using a Lab-Grown Trachea, Surgeons Conduct the World's First Synthetic Organ Transplant, POPSCI

domingo, 10 de julho de 2011

278 - Gravidez de alta duração

A maioria das gestações na espécie humana dura cerca de 9 meses e os médicos decidem induzir o parto se a gestação continua por mais tempo. No entanto, é possível uma mulher permanecer grávida durante um ano inteiro. A mais longa gestação do mundo durou 375 dias e o bebê tinha ao nascer um pouco mais de três quilos.


Gestações de um ano ou mais já deram à luz personagens da mitologia e da literatura. O fato é justificado pela necessidade de a mãe gerar uma obra-prima, muitas vezes destinada a fazer proezas. Com efeito, diz Homero que, tendo Netuno engravidado a Ninfa, esta só deu à luz um ano depois. Como informa Aulo Gélio, tão longo tempo era exigido pela majestade de Netuno, a fim de que o filho fosse formado com perfeição. Pelo mesmo motivo, Júpiter fez durar quarenta e oito horas a noite em que dormiu com Alcmena. Embora aqui se trate de uma fecundação, em menos tempo Júpiter não teria podido forjar Hércules, que limpou o mundo de monstros e tiranos.
Já Gargantua (na gravura ao lado, de Gustave Doré), personagem principal do romance homônimo de Rabelais, passou onze meses no ventre de sua mãe. E, por causa do inconveniente de ter ela comido tripas quando grávida, é que o bebê Gargantua passou por entre "os cotilédones superiores da matriz, entrou na veia cava e, subindo pelo diafragma até ao alto das espáduas, onde aquela veia se ramifica em duas, encaminhou-se para a esquerda e saiu pelo ouvido".

Bem, saiu pelo ouvido e quem quiser que conte outra.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

277 - O fechamento do Proaica

Em 1996, um grupo de abnegados profissionais de várias entidades, tendo à frente a médica pneumologista Dra. Márcia Alcântara, implantou no Centro da Assistência à Criança Dra. Lúcia de Fátima (CAC), da Secretaria Regional IV, em Fortaleza, o Programa de Atenção Integral à Criança e ao Adolescente, o Proaica-CAC. Graças a intervenções eficazes, seguras e de baixo custo, realizadas pela equipe multiprofissional do programa, centenas de crianças asmáticas passaram a ter a doença controlada em nível ambulatorial.
O que significa dizer que, além de uma grande melhora na qualidade de vida, as crianças passaram  a ter uma importante redução nas faltas escolares, nos atendimentos de emergência e nas internações hospitalares. Resultados esses que fizeram o Proaica-CAC ser reconhecido pela Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT) como sendo um dos programas mais exitosos do Brasil. E daí não se entender o motivo por que, ao invés de institucionalizar e disponibilizar o citado programa para todos os asmáticos da Capital (estimados em 200 mil), resolva a Secretaria Municipal de Saúde encerrar as atividades do Proaica-CAC.
Exigimos dos gestores municipais na área da saúde que, reavaliando as consequências desfavoráveis para a população assistida, revertam as medidas que levaram ao fechamento do Proaica-CAC. Nessa luta, ora liderada pela Sociedade Cearense de Pneumologia e Tisiologia (SCPT), estamos plenamente convictos da justeza dessas reivindicações. PGCS

Ref.: Asfixia por omissão do Poder Municipal, artigo de Márcia Alcântara. 
In:  O Povo Online, publicado em 04/07/11 e consultado em 06/07/11

domingo, 3 de julho de 2011

276 - Uns peixes peidorreiros

Em uma sociedade civilizada, exteriorizar de forma deliberada a flatulência é geralmente uma gafe. Mas, no mundo dos peixes, as sessões de flatulência podem desempenhar um importante papel social. Esta idéia intrigante vem da descoberta de que o arenque cria um misterioso ruído subaquático emitindo gases pelo ânus. Os cientistas suspeitam de que ouvir esses ruídos de alta frequência é o que mantém o cardume reunido durante a noite como uma forma de proteção contra os predadores.
Os estudos que conduziram a esta conclusão foram feitos em grandes tanques de laboratório, com os peixes sendo monitorados por hidrafones e câmeras de infravermelho (porque é um fenômeno que só acontece na escuridão).