domingo, 17 de agosto de 2014

648 - O mel como arma

65 a.C. – Os soldados de Pompeu, o Grande, estavam exaustos. As legiões romanas haviam marchado em torno da margem sul do Mar Negro e lutado contra Mitrídates VI, o governante do Ponto. Então, algo mágico aconteceu: As tropas romanas descobriram estoques de favos de mel espalhados pelo caminho e se lançaram sobre essas guloseimas pegajosas como ursos famintos.
Dentro de pouco tempo, as tropas começaram a cambalear às cegas e a cair no chão. E os partidários de Mitrídates, que haviam plantado os favos de mel ao longo da rota dos soldados, prontamente apareceram e massacraram seus inimigos incapacitados.
Pompeu perdeu três esquadrões nas escaramuças, uma derrota que ele poderia ter evitado se tivesse estudado a história militar da região. Num livro publicado quase 400 anos antes, o general grego Xenofonte relatou que os seus homens, depois de banquetearem-se com o mel silvestre da região, "acabaram todos nocauteados".
Somente em 1891, é que os cientistas descobriram a causa do "mel louco": rododendros (ao lado, a imagem de uma das espécies). As abelhas que frequentam as flores dessas plantas sugam, não só o néctar, como também a graianotoxina, um veneno que perturba o funcionamento das células nervosas.
Os sintomas da ingestão da toxina pelo ser humano são: náuseas, dor de cabeça, tonturas, perda do controle muscular, e inconsciência, podendo assemelhar-se a uma intoxicação pelo álcool.
Mas Mitrídates não precisava saber disso para usar o mel como arma. Seus soldados venceram a batalha, atrasando (embora não impedindo) a transformação do reino do Ponto em uma província romana.
Quanto aos romanos, nunca mais cometeriam esse erro em particular. Décadas mais tarde, o escritor Plínio, o Velho, ainda advertia das "qualidades perniciosas do mel dourado do Mar Negro".
Extraído de 4 Toxic Moments in History, Neatorama

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