sábado, 13 de abril de 2013

486 - Uma crônica em autorretratos de uma doença

Denise Grady
Quando soube, em 1995, que tinha a doença de Alzheimer, William Utermohlen, um artista americano em Londres, respondeu de forma característica.
A partir daquele momento, ele começou a tentar compreender-se, pintando a si próprio", disse sua esposa, Patricia Utermohlen, professora de História da Arte.
As pinturas (acima: em 1967, sem a doença; abaixo: em 2000) revelam nitidamente a descida do artista em sua demência com o seu mundo vivencial a se desmoronar. Sua esposa e seus médicos disseram que ele parecia consciente de que, por vezes, falhas técnicas tinham invadido o seu trabalho, mas ele não conseguia descobrir como corrigi-los.
"O sentido espacial prosseguia falhando, e eu acho que ele sabia", disse Patricia. Um psicanalista escreveu que "as pinturas de Utermohlen representavam tristeza, ansiedade, resignação e sentimentos de fraqueza e vergonha".
Dr. Bruce Miller, um neurologista da Universidade da Califórnia , San Francisco, que estuda a criatividade artística em pessoas com doenças do cérebro, disse que "alguns pacientes podem ainda produzir um trabalho poderoso. Alzheimer afeta o lobo parietal direito, em particular, o que é importante para visualizar algo internamente e, em seguida, colocá-lo em uma tela. A arte se torna mais abstrata, as imagens, borradas e vagas, e mais surrealistas. Às vezes, há o uso de uma cor bonita e sutil."

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