sábado, 27 de fevereiro de 2016

833 - Crianças. Convivendo com a alergia

Por muito tempo admitiu-se que era necessário evitar os alérgenos. Hoje em dia, este princípio foi desacreditado, desde que certas regras sejam respeitadas
por Anne Prigent - Le Figaro
Uma vez que a alergia aparece é necessário conviver com ela. A única solução para evitar uma rinite, uma crise de asma, um edema…será fugir do alérgeno ou recorrer à dessensibilização, quando isso for possível. No entanto, algumas medidas tomadas antes mesmo do nascimento da criança limitarão os riscos de desenvolver uma alergia.
Não fumar durante a gravidez e depois do nascimento da criança
"A primeira regra a seguir é não fumar durante a gravidez" explica o Dr. Étienne Bidat, pediatra alergologista em Paris. Todos os estudos comprovam: isso favorece alergias na criança. Tal fato poderia estar diretamente ligado à modificação da expressão dos genes e, portanto ter uma influência sobre as gerações futuras: o tabagismo da avó gera asma nos netos”. Parar de fumar deverá obviamente continuar depois do nascimento. Por outro lado, nenhum regime alimentar específico é recomendado. Não é necessário evitar amendoins ou nozes, isso não protegerá o bebê, muito pelo contrário! Assim como é inútil hospedar o gato na vizinha ou tentar acabar constantemente com os ácaros, a menos que alguém na casa seja alérgico.
A diversificação alimentar é necessária
De fato, quando o assunto for alergia, nada é simples. Ao longo dos anos, pesquisas sobre a diversificação alimentar nas alergias, assim como o papel da amamentação se revelaram contraditórias. Mas hoje em dia, todos os especialistas parecem concordar: a amamentação continua sendo recomendada, sem dúvida, mas não traz nenhuma proteção contra as alergias e, sobretudo, não deve atrasar a diversificação alimentar, mesmo nas famílias com histórico de alergias. "Contrariamente ao que temos praticado por muitos anos, percebemos que era necessário introduzir alérgenos alimentares o mais cedo possível, explica o Dr. Jacques Robert, alergologista, consultor no CHU de Lyon. O melhor período para a diversificação alimentar situa-se entre 4 e 6 meses para induzir uma tolerância".
Nenhum alimento deve ser banido, até mesmo os mais alergênicos como o amendoim, embora especialmente temido por muitos anos. De fato, alimentar bebês com amendoins, considerados como de risco, reduz de 70 a 80% a ameaça que eles se tornem efetivamente alérgicos a este alimento, como revelou um estudo publicado em fevereiro deste ano no New England Journal of Medicine (NEJM). "É essencial introduzir como prioridade o que se come em casa, já que esses alérgenos alimentares se encontram em todos os ambientes do bebê e também podem entrar em contato com ele através da pele ou pelas vias respiratórias", especifica o Dr. Étienne Bidat.
A pele, uma barreira essencial
Se a presença de um eczema nos bebês é o sinal de um quadro alérgico, eles não se tornarão necessariamente todos asmáticos. " Pensava-se, há alguns anos, que todas as crianças alérgicas entravam numa marcha atópica. Isto é, elas começavam com um eczema, seguido por alergias alimentares e, finalmente, por alergias respiratórias, incluindo a asma", explica a Prof. Jocelyne Just, chefe do departamento de Asma e Alergologia do Hospital Trousseau em Paris. No entanto, vários estudos demonstraram que não era nada disso, certas crianças só apresentam uma alergia, outras desenvolvem duas e outras ainda, três em seguida ou simultaneamente. A questão é saber reconhecer quais são as crianças que entrarão nesta marcha atópica e, claro, se é possível impedir esta escalada.
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