quarta-feira, 21 de março de 2012

358 - Colonterapia

Acta Pulmonale, em três notas anteriores (112 - Uma obsessão por enemas, 118 - A fumigação em seres humanos e 152 - Um monumento ao enema) já se referiu, ainda que de forma superficial, à preocupação das pessoas com o problema da constipação intestinal. É justificável que elas recorram a enemas para resolvê-lo?
Leia-se a opinião do renomado proctologista Dr. P. H. Saraiva Leão, no artigo Colonterapia, o qual foi publicado em 21/07/2010, no Jornal "O Povo":
(trecho final)
"Modernamente, à luz da ciência, reconhece-se a imprecisão dessas verdades nocionais (hipotéticas). Está comprovado que a “estase intestinal crônica” não traz autointoxicação. Normalmente, a maioria dos constipados crônicos, “enfezados”, precisa menos de lavagens do que – principalmente – de dieta apropriada, baseada em fibras (frutas e verduras), para o exercício satisfatório de suas funções alvíneas (ligadas à evacuação). E na inércia crônica total dos cólons, justifica-se a operação para sua retirada parcial.
Tais considerações me ocorrem a propósito de notícias do sudeste do país, onde lavagens intestinais estão sendo realizadas periodicamente (ao preço mínimo de R$ 120 por sessão) em consultórios biomédicos e SPAs. Indicam-nas como analgésico (inclusive dores reumáticas), enxaqueca, “raivas antigas”(!) e até, pasme o leitor, contra depressão. Sobre revalidar crenças há muito ultrapassadas, a aludida técnica, como todo procedimento invasivo, tem contraindicações e riscos próprios, como perda acentuada de minerais, assim afetando a musculatura, inclusive o músculo cardíaco; outro risco é a perfuração do intestino pelo excesso de líquido introduzido. Este perigo é maior nos portadores de divertículos, os quais – prevalentes entre a terceira e a quinta décadas – tornam-se frequentes nos mais idosos. Fica, assim, um aviso aos pacientes incautos, amantes dos modismos e “novidades”, ainda e sempre vigente entre os desavisados.
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Prezado Paulo,
Concordo com o colega Pedro Henrique na contra-indicação de tal procedimento.
Para constipação ou prisão de ventre, além do uso de novos medicamentos, a dieta, o tratamento comportamental e a fisiocinesioterapia, através da massoterapia abdominal com estímulo das zonas de hipersensibilidade de Vougler, são os novos horizontes para a melhora deste distúrbio funcional, que sempre é associado a outras disfunções do assoalho pélvico ou do próprio intestino.
Roberto Misici, médico coloproctologista

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