domingo, 21 de agosto de 2011

290 - Declaração de óbito : documento necessário e importante


Nós médicos somos educados para valorizar e defender a vida.
Sempre nos ensinaram que a morte é a nossa principal inimiga, contra a qual devemos envidar todos os nossos esforços.
Este raciocínio reducionista, porém real; equivocado, porém difundido, é fonte de incontáveis prejuízos para as pessoas.
A morte não é a falência da Medicina ou dos médicos. Ela é apenas uma parte do ciclo da vida. É a vida que se completa.
Neste cenário, uma das principais vítimas é a própria documentação da morte, a declaração do óbito.
Este documento, cuja importância somente é igualada pela certidão de nascimento, não é apenas algo que atesta o fechamento das cortinas da existência; ele possui um significado muito maior e mais amplo. Ele é um instrumento de vida.
A declaração de óbito é uma voz que transcende a finitude do ser e permite que a vida retratada em seus últimos instantes possa continuar a serviço da vida.
Para além dos aspectos jurídicos que encerra, a declaração de óbito é um instrumento imprescindível para a construção de qualquer tipo de planejamento de saúde. E uma política de saúde adequada pode significar a diferença entre a vida e a morte para muitas pessoas.
O seu correto preenchimento pelos médicos é, portanto um imperativo ético.
Dr. Edson de Oliveira Andrade

In: Brasil. Ministério da Saúde. Declaração de óbito : documento necessário e importante / Ministério da Saúde,Conselho Federal de Medicina. – Brasília : Ministério da Saúde, 2006. 40 p. : il. – (Série A. Normas e Manuais Técnicos)

Ilustração: Reprodução da obra do artista plástico Paulo Camargo, criada em 1997 (3x6 metros), que se encontra no saguão do prédio do Departamento de Patologia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP.

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