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O corpo no limite
Ao extraordinário esforço de subir a encosta de uma montanha acidentada, precisamos acrescentar as condições ambientais que afetarão o funcionamento do nosso corpo.
A mais de 5.000 metros, a atmosfera que nos protege é extremamente fina. A pressão atmosférica no topo é reduzida para menos de um terço daquela que teríamos ao nível do mar. A temperatura pode estar em torno de -20 ° C e cair para -60 ° C. Ao frio e à pressão muito baixa, acrescentem-se ainda a redução do oxigênio, a baixa umidade e o vento. As condições de sobrevivência são terríveis. Tudo isso sem considerar o risco de uma queda onde o resgate pode ser impossível.
Acima de 8.000 metros, portanto, estaremos na "zona da morte".
O ar em contato com o sangue
Respirar é um processo muito preciso que envolve uma série de princípios físicos fundamentais. O ar deve estar quase em contato direto com o sangue para que o oxigênio entre e o dióxido de carbono saia. Isso ocorre nos pulmões, em estruturas muito pequenas chamadas alvéolos. Suas paredes devem ser muito finas, mas ao mesmo tempo rígidas o suficiente para manter sua forma durante a respiração.
Isso é conseguido pelo corpo humano através do surfactante pulmonar, um complexo de lipídios e proteínas cuja síntese é essencial para evitar o colapso dos alvéolos. Ao nascer, por exemplo, um bebê prematuro não será capaz de produzi-lo em quantidade suficiente, o que dificulta a respiração e obriga os profissionais de saúde a intervir.
Além disso, para o suprimento adequado de oxigênio às células, é necessária uma grande quantidade de minúsculos transportadores no sangue, os glóbulos vermelhos, para transpotá-lo aos pulmões. O organismo, naturalmente, aumenta o número de glóbulos vermelhos no sangue de quem vive em local de altitude elevada para compensar a deficiência de oxigênio no ambiente. Daí o treinamento de atletas profissionais em locais montanhosos e a permanência de alpinistas em campos de base com altitudes crescentes ao escalar.
A redução de oxigênio nos tecidos (hipóxia tecidual) estimula a produção de um hormônio no rim, a eritropoietina, que favorece a formação de glóbulos vermelhos.
Por outro lado, para que o ar entre nos pulmões, estes devem criar uma pressão interna negativa. É o que precisamos fazer, por exemplo, quando chupamos um canudinho para que o refrigerante suba através dele. Se a pressão do ar externo for muito baixa, será muito mais difícil reduzir a pressão dentro dos pulmões para forçar a entrada de ar.
As pressões dos gases dissolvidos no sangue devem atender a condições precisas para que todo o processo funcione bem. Ao nível do mar, o sangue contém oxigênio a uma pressão três vezes maior do que poderíamos ter no Everest. Neste último, o aporte de oxigênio feito pelos pulmões torna-se muito menor, o que pode levar nosso corpo a uma situação de hipóxia, uma deficiência de oxigênio no sangue que afetará drasticamente as funções de nossas células.
A menor pressão atmosférica com a consequente menor disponibilidade de oxigênio não serão os únicos fatores que levarão o corpo do alpinista ao limite da sobrevivência. Excesso de esforços físicos, temperatura muito baixa e diminuição da umidade atmosférica também exercerão efeitos adversos sobre o corpo. [...]
El Everest, un turismo que pone a prueba la física de nuestros pulmones, Grandes Medíos
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