quinta-feira, 7 de novembro de 2024

1386 - O banimento do amianto no Brasil. Conclusão

Mas o amianto já não foi banido em 2017?! – algum leitor talvez questione.
Em 29 de novembro de 2017, numa decisão histórica, o STF o aprovou o banimento do amianto crisotila, ou amianto branco, em todo o País.
Desde então, extração, fabricação, comércio e uso de produtos e equipamentos contendo amianto estão explicitamente proibidos no Brasil.
Porém, em flagrante afronta e desrespeito à decisão da Suprema Corte, a Assembleia Legislativa do Estado de Goiás aprovou e o governador Ronaldo Caiado promulgou, em 16 de julho de 2019, a Lei n.º 20.514.
Essa lei permite à Sama Minerações, subsidiária do grupo Eternit, continuar explorando o amianto crisotila na mina de Cana Brava, em Minaçu, para fins de exportação. É a única mina ainda em atividade nas Américas.
Dizer que é para "fins exclusivos de exportação" é um eufemismo para esconder toda a cadeia produtiva do amianto:
  • Extração
  • Beneficiamento
  • Embalagem
  • Armazenamento
  • Destinação de resíduos
  • Transporte por rodovias
  • Novo armazenamento em recintos de exportação nos portos brasileiros, onde as embalagens paletizadas são movimentadas por empilhadeiras
  • Colocação em containers e embarque em navios
Em 19 de julho de 2019, imediatamente após a sanção da lei goiana, a Associação Nacional dos Procuradores do Trabalho (ANPT) ajuizou no STF uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI 6200), para pedir a sua revogação.
A ADI 6200 versa sobre a decretação da ilegalidade da lei e o estabelecimento de um prazo para o fechamento da mineradora em Goiás.
Para a ANPT, a lei goiana afronta os direitos fundamentais à saúde. É direito de todo cidadão e dever do Estado dar proteção em face dos riscos laborais e de promover o meio ambiente adequado, previstos na Constituição da República.
Em 9 de junho de 2023, o STF começou a julgá-la.

https://www.viomundo.com.br/saudetrabalho/fernanda-giannasi-fim-definitivo-do-amianto-no-brasil-esta-nas-maos-do-stf.html
https://www.asbestosnation.org/facts/asbestos-bans-around-the-world/?utm_medium=website&utm_source=archdaily.com.br

280 - Vítimas de amianto na Itália
296 - A toalha de mesa de Carlos Magno
355 - Amianto: a polêmica do óbvio
494 - Uma vitória contra o amianto
594 - A ocorrência natural de amianto em Nevada, EUA
606 - A cidade fantasma do amianto
662 - Fahrenheit 451
778 - O legado do amianto
1022 - A utilização de amianto no Brasil ofende postulados constitucionais, diz STF
1103 - O processo de banimento do amianto no Brasil
1121 - Talco e preocupações com asbesto
1271 - Talco e amianto

quinta-feira, 31 de outubro de 2024

1385 - Humor pop-up

ELA É MUITO CAUTELOSA QUANDO VAI LER UM LIVRO POP-UP.


Os livros pop-up são ilustrados com recortes tridimensionais em papel que se movem, ao abrir o livro ou movimentar suas páginas, captando a atenção do leitor e despertando sua curiosidade.

sexta-feira, 18 de outubro de 2024

1384 - O quadro "The Doctor" (O Médico), de Luke Fildes

O pintor e ilustrador britânico Samuel Luke Fildes (1843 - 1927) perdeu seu primeiro filho, Philip, acometido de febre tifóide, no Natal de 1877. O desvelo do médico que o assistiu deixou em sua memória uma imagem de devoção profissional que inspirou, em 1891, o quadro "The Doctor", ora em pauta. Nela, provavelmente, Samuel retrata seu próprio drama pessoal e homenageia o Dr. Murray que assistiu, impotente, seu filho no leito de morte.
Neste vídeo, postado em 2020 em seu canal no YouTube, a médica e historiadora Ana Margarida Arruda Furtado Rosemberg faz uma apreciação crítica da obra de Luke Fildes.

quinta-feira, 17 de outubro de 2024

1383 - Árvore de Hipócrates

Prezado(a) doutor(a):

Conta a tradição que, sob a sombra de uma árvore, o Plátano (Platanus orientalis), na Ilha de Kós, na Grécia, Hipócrates, o pai da Medicina, reunia-se com seus discípulos e transmitia seus conhecimentos e seus valores.

Neste sentido, em comemoração ao Dia do Médico, convidamos Vossa Senhoria para participar do plantio da árvore de Hipócrates que acontecerá no dia 17 de outubro (hoje), às 17h, na sede do CREMEC, na Avenida Antônio Sales, n.º 485, Fortaleza – CE.

Esta árvore, plantada na casa da ética médica cearense, representa um símbolo do respeito dos médicos do Estado do Ceará aos princípios éticos.

A Diretoria do CREMEC
Gestão 2023/2028

quinta-feira, 10 de outubro de 2024

1382 - Quem se lembra do pager?

O pager, também conhecido no Brasil como bipe, foi um dispositivo muito popular em diversos países nas décadas de 1980 e 1990, época em que os celulares ainda começavam a ganhar força no mercado. Cada aparelho tinha um código próprio utilizado para receber mensagens.
Ele foi inventado em 1949 pelo canadense Alfred J. Gross. Seu sistema de rádio, similar a um Walkie Talkie (também inventado por Gross, em 1938), foi aprimorado com o passar do tempo.
Em 1956, a Motorola apresentou o primeiro pager portátil capaz de exibir mensagens de texto em uma pequena tela de LCD. Em pouco tempo, a novidade foi adotada por profissionais de diversas áreas das atividades humanas, principalmente por médicos.
Basicamente, um pager era um pequeno receptor de rádio que o usuário carregava no bolso. Por meio de um código pessoal, qualquer pessoa podia enviar uma mensagem discando esse número e citando a mensagem que desejava enviar.
As mensagens eram recebidas em uma central telefônica ou escritório de transmissão, onde outro profissional as enviava imediatamente, como uma transmissão de rádio normal.
Uma vez que a mensagem chegava, o pager vibrava ou emitia um bipe (daí o apelido entre os brasileiros), exibindo a mensagem ("torpedo") seguida de data e hora. O pager funcionava com uma pilha do tipo AAA, capaz de fornecer carga para cerca de um mês de uso.
No Brasil, o bipe chegou ao varejo em 1992 com custo médio em torno de US$ 400 (cerca de R$...). E, no ano de estreia, já conquistou mais de 10 mil assinantes. 
Modelo de pager usado no Brasil, na década de 1990.
Era um equipamento realmente indispensável aos médicos que cumpriam escalas de sobreaviso ou que trabalhavam em complexos hospitalares de grande porte (...).
Vale ressaltar que os pagers não foram feitos para competir diretamente com os telefones celulares da época. Ambos tinham finalidades diferentes. A do bipe era receber mensagens rápidas e instantâneas de forma eficiente, o que nem sempre era viável nos celulares.
Uma vantagem do pager é que eles enviavam mensagens através de sinais de rádio VHF (semelhante aos programas de rádio FM), o que significa que a recepção chegava mais longe, precisava de menos transmissores e sofria com menos interferência do que os sinais de telefonia celular.
Era mais fácil receber uma mensagem de pager em uma área remota, por exemplo, do que efetuar uma chamada de celular no mesmo local, onde muitas vezes nem mesmo era possível captar um sinal. Por isso, até hoje, o sistema dos pagers ainda é usado por equipes de resgate. 
Outra vantagem dos pagers é que eles eram mais simples de usar do que os telefones celulares, além de pequenos, leves, e, como já foi dito, funcionavam com bateria de longa duração.
(https://olhardigital.com.br/2022/02/09/tira-duvidas/tecnologias-antigas-o-que-era-pager-bipe/)

quinta-feira, 3 de outubro de 2024

1381 - Ciência, pesquisa e política da COVID longa


RESUMO
A COVID longa representa a constelação de efeitos de saúde pós-agudos e de longo prazo causados ​​pela infecção por SARS-CoV-2; é um distúrbio complexo e multissistêmico que pode afetar quase todos os sistemas orgânicos e pode ser gravemente incapacitante. A incidência global cumulativa da COVID longa é de cerca de 400 milhões de indivíduos, o que é estimado em um impacto econômico anual de aproximadamente US$ 1 trilhão — equivalente a cerca de 1% da economia global. Várias vias mecanicistas estão implicadas na COVID longa, incluindo persistência viral, desregulação imunológica, disfunção mitocondrial, desregulação do complemento, inflamação endotelial e disbiose do microbioma. A COVID longa pode ter impactos devastadores nas vidas individuais e, devido à sua complexidade e prevalência, também tem grandes ramificações para os sistemas de saúde e economias, até mesmo ameaçando o progresso em direção ao alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Enfrentar o desafio da COVID longa requer uma estratégia global de pesquisa e resposta política ambiciosa e coordenada — mas até agora ausente. Nesta revisão interdisciplinar, fornecemos uma síntese do estado das evidências científicas sobre a COVID longa, avaliamos os impactos da COVID longa na saúde humana, nos sistemas de saúde, na economia e nas métricas globais de saúde, e fornecemos um roteiro de pesquisa e política com visão de futuro.

quinta-feira, 26 de setembro de 2024

1380 - Pesquisa no campo da imunologia para a cura do câncer

Uma descoberta no campo da oncologia tem trazido otimismo para a cura do câncer. Uma vacina contra a doença está em desenvolvimento clínico em diferentes centros de pesquisa do mundo. Alguns voluntários já estão participando de testes clínicos em vários países, inclusive aqui no Brasil.
No Ceará, a pesquisa está sendo coordenada pelo médico Eduardo Cronemberger e conduzida pela equipe de pesquisa clínica do Centro Regional Integrado de Oncologia (Crio), em uma parceria internacional com os laboratórios MSD e Moderna.
O estudo, que se encontra em fase de recrutamento, é destinado para pacientes com câncer de pulmão, e todos os participantes irão receber doses de medicamento usado no tratamento imunoterápico da doença.
O médico Eduardo Cronemberger, explica que a vacina (que é personalizada) funciona como um "treinamento" para o sistema imunológico, semelhante à tecnologia das vacinas de RNA mensageiro (mRNA) para a prevenção da Covid-19.
Fonte: Rafael Santana, Jornal O POVO, Notícia. Acessado em 19/09/2024
 
 

quinta-feira, 19 de setembro de 2024

1379 - Esteatose hepática

A esteatose hepática uma enfermidade complexa que afeta até 25% da população mundial.
Originada por uma combinação de fatores genéticos, metabólicos e ambientais, esta patologia pode aparecer em todas as idades, mas é mais prevalente em adultos de meia-idade, idosos e em pacientes com fatores de risco como obesidade e diabetes, quadros que duplicam sua incidência. O consumo de bebidas alcoólicas tem, por sua vez, um efeito potencializador na progressão do problema.
A doença hepática esteatótica associada à disfunção metabólica pode causar inflamação hepática, dano celular e acúmulo de tecido cicatricial no fígado, resultando no surgimento de esteatose hepática não alcoólica, fibrose hepática e até cirrose em estágio avançado.
Apesar de se tratar de uma das doenças crônicas mais comuns, os sintomas podem ser vagos e inespecíficos, o que dificulta o diagnóstico. Alguns pacientes apresentam fadiga, mal-estar abdominal, dor no hipocôndrio direito e, em casos mais avançados, icterícia. No entanto, em muitos casos são assintomáticos.
Atualmente, existem algoritmos diagnósticos baseados na avaliação de parâmetros analíticos indicativos do risco da doença hepática que podem confirmar a doença por meio da ultrassonografia.
Obesidade, resistência à insulina, dietas ricas em gorduras e em carboidratos refinados são algumas das causas desta patologia e de outras doenças hepáticas cujas taxas só crescem, e a detecção precoce pode ajudar a implementar mudanças no estilo de vida. Entre elas, limitar o consumo de álcool, seguir uma dieta saudável e realizar exercícios regularmente, bem como controlar as comorbidades associadas, como a obesidade e o diabetes, que podem contribuir para a progressão da enfermidade.
Sem um tratamento disponível, os especialistas recomendam controlar os fatores de risco e adotar um estilo de vida saudável para reduzir o acúmulo de gordura no fígado e evitar o progresso da doença. Segundo a SEEN, em alguns casos, a perda de peso significativa e a reversão dos fatores de risco podem influenciar parcialmente o dano hepático.
Por isso, a Dra. Elena González, endocrinologista da Sociedad Española de Endocrinología y Nutrición, destacou algumas recomendações nutricionais baseadas na dieta mediterrânea, que reduzem a gordura hepática, exercem um efeito anti-inflamatório e melhoram a sensibilidade hepática à insulina, independentemente do exercício e da perda de peso.
"É recomendável limitar o consumo de carnes pouco saudáveis (carnes gordurosas e processadas) e de carboidratos refinados, especialmente em refrigerantes e sucos de fruta, que têm maior índice glicêmico e devem ser substituídos por fontes de carboidratos com baixa carga glicêmica", concluiu.
Este conteúdo foi traduzido de Univadis.

quinta-feira, 12 de setembro de 2024

1378 - A "vacina inversa"

Pesquisadores da Escola Pritzker de Engenharia Molecular (PME) da Universidade de Chicago desenvolveram uma nova vacina que, em testes de laboratório, pode reverter completamente doenças autoimunes como esclerose múltipla, diabetes tipo 1 e doença de Crohn – tudo sem desligar o resto do sistema imunológico.
Uma vacina típica ensina o sistema imunológico humano a reconhecer um vírus ou bactéria como um inimigo que deve ser atacado. A nova “vacina inversa” faz exatamente o oposto: remove a memória de uma molécula do sistema imunológico. Embora esse apagamento da memória imunológica seja não desejado para as doenças infecciosas, ele pode interromper as reações autoimunes como as observadas na esclerose múltipla, diabetes tipo I, artrite reumatóide ou doença de Crohn, nas quais o sistema imunológico ataca os tecidos saudáveis de uma pessoa.

quinta-feira, 5 de setembro de 2024

1377 - Existe diferença entre a lente do SUS e a lente importada?


Vídeo da Dra. Claudia Del Claro 
Cirurgia de catarata: a lente importada é melhor do que a nacional?
Opinião recente de um velho oftalmologista:
1) Sim. Claro que há lentes melhores do que outras, mas a questão não é essa. Em que uma lente é melhor do que outra e quanto ela é melhor? 1%? 2% ? E há lentes nacionais melhores do que importadas, portanto, esqueçamos essa polêmica "nacional x importado".
2) Recomendo as lentes monofocais pela simples razão da visão ruim das lentes com mais de um foco, alem de serem muito mais caras.
3) Recomendo o uso dos óculos para ir corrigindo as mudanças que vão aparecendo com o tempo.
4) Se é assim por que os médicos insistem em recomendar as lentes importadas e condenar as nacionais em troca de um gordo pagamento adicional?
5) Preciso responder?
Dr. Nelson José Cunha
N. do E.
Antes dos meus cinquent'anos apresentei uma catarata que evoluiu rapidamente em OD. O cristalino opacificado foi removido, e uma lente intra-ocular unifocal foi implantada. À época, pouco se falava de lentes multifocais. Após a facectomia, senti fotofobia e dor ocular, precisando de usar colírios com corticoide e antiinflamatórios durante meses. E cheguei a perder a visão no olho operado, mas nada que o laser não pudesse resolver. Restaram-me desse período umas moscas volantes de estimação. Aí pelos 65 anos, surgiu-me a catarata em OE. Fui colocado num dilema: lente uni ou multifocal? A primeira ficaria por conta do plano de saúde e a segunda, para implantá-la, eu teria que pagar um adicional. Optei por não inovar, e desta vez o pos-operatório foi ótimo.

quinta-feira, 29 de agosto de 2024

1376 - O júri de matronas

Por centenas de anos, a lei britânica dizia que uma mulher condenada à morte não deveria ser executada enquanto estivesse grávida. Naturalmente, muitas mulheres em tais circunstâncias alegavam estar grávidas, estivessem ou não. Foi aí que o "júri de matronas" entrou em cena. Esses eram compostos de mulheres mais velhas, às vezes incluindo parteiras, que eram consideradas especialistas em detectar gravidez. Elas também eram usadas para determinar sinais de bruxaria ou se uma mulher havia dado à luz. Em outras palavras, elas investigavam alegações que não seriam apropriadas para os homens realizarem, mesmo que soubessem o que estavam fazendo. O júri de matronas era considerado o especialista médico antes da ginecologia surgir. E, claro, elas não tinham voz na culpa ou inocência dos homens.
Esses júris existiam nas colônias britânicas, como América e Austrália, bem como na Grã-Bretanha. A prática só desapareceu quando os homens se tornaram especialistas médicos qualificados com instrumentos modernos como o estetoscópio.
https://www.neatorama.com/2024/07/11/The-First-All-Women-Juries-had-a-Peculiar-and-Unique-Role/

quinta-feira, 22 de agosto de 2024

1375 - "Planta da alegria"

"No verão passado, a OMS publicou "Deixados para trás com dor", um relatório que centra especificamente na falta de acesso à morfina, que considera ser "o requisito mais básico para a prestação de cuidados paliativos". Em todo o mundo, cerca de metade de todas as mortes todos os anos ocorrem enquanto os pacientes sofrem "graves sofrimentos relacionados com a saúde", devido à pobreza, ao preconceito racial, ao acesso limitado aos cuidados de saúde – incluindo cuidados paliativos – e às leis que restringem a distribuição de opiáceos".
Arthur Charpentier, Mastodonte
O ópio e seus derivados são os analgésicos mais eficazes conhecidos pelo homem. Os seres humanos usam papoulas desde os tempos pré-históricos, embora haja apenas conjecturas sobre por que a papoula evoluiu para produzir alcalóides que alteram a mente. (Uma teoria sustenta que a relação da papoula com os humanos é simbiótica, os poderes produzidos na planta garantem o seu cultivo contínuo.) Sementes e vagens de papoula foram encontradas em aldeias neolíticas na Suíça. Eles foram cultivados na Mesopotâmia por volta de 3.400 aC. Os sumérios chamavam a papoula de hul gil, "planta da alegria". O ópio foi encontrado na tumba egípcia de Cha, datada do século XV aC. Também era comum na Grécia antiga e é provavelmente o nepenthe que Homero registra ao Helena misturar com vinho na Odisseia.
O efeito do ópio, segundo Booth, autor de Opium: A History, é que ele “altera o reconhecimento e a percepção de certas sensações”. Os médicos medievais dependiam muito do ópio, incluindo o láudano, que na década de 1660 se referia à combinação de pílulas ou pastilhas de ópio e álcool, que cortavam o sabor amargo do ópio. O ópio tem sido usado para tratar quase todas as doenças, desde diarreia e supressão do apetite até tosse; desde dores de cabeça, dores musculares e doenças venéreas até cólera; da dor até mesmo ao vício em opiáceos. Seu uso acompanhou o advento da medicina moderna, erradicando as primeiras práticas médicas, como ventosas, sangrias e aplicação tópica de sanguessugas.
Até meados de 1800, o ópio era amplamente considerado inofensivo e era amplamente prescrito, até mesmo para crianças. O nível de consumo em toda a Grã-Bretanha, Europa Ocidental e América "era impressionante", escreve Booth. Mas algumas mortes proeminentes, atribuídas ao consumo de ópio, e a publicação de "Confessions of  an English opium-eater" (Confissões de um opiômano inglês), de Thomas De Quincey, que apareceu pela primeira vez na década de 1820 e foi reeditado em 1856, começaram a mudar a forma como o ópio era visto. "“As estatísticas de mortalidade começaram a registar o ópio como causa de morte. Em 1860, um terço de todos os envenenamentos fatais foram causados por opiáceos", escreve Booth na Grã-Bretanha. O número de mortes foi provavelmente devido à força não confiável do ópio e das misturas de ópio, então não regulamentadas e não padronizadas. Isso mudou com a Lei de Venenos e Farmácia de 1868, que restringiu a venda de ópio aos químicos. Posteriormente, todos os pacotes de ópio foram marcados com "veneno" e uma caveira com ossos cruzados. A lei tornou-a uma substância controlada, no domínio do mundo médico e jurídico.
Enquanto isso, em 1805, Friedrich Wilhelm Sertürner, assistente de um farmacêutico alemão, conseguiu isolar o alcalóide morfina. Foi nomeado em homenagem a Morfeu, o deus grego dos sonhos. O alcalóide provou ser dez vezes mais forte que o ópio. Também era barato de produzir e tinha uma medida padronizada de resistência. Foi ingerido principalmente por via oral ou usado como supositório até cerca de cinquenta anos depois, quando as seringas foram introduzidas. A injeção de morfina diretamente na corrente sanguínea contornou o sabor amargo da droga, bem como as náuseas e distúrbios intestinais que ela causava, proporcionando alívio imediato. De acordo com Booth, os médicos presumiram que, ao contrário do ópio, a morfina não viciava e o uso de injeções se espalhava entre as classes média e abastada, sendo as seringas muito caras para os pobres. Mas acabou por surgir uma onda de pânico devido ao vício, fazendo com que as autoridades reprimissem mais uma vez o consumo.
Em 1874, um farmacêutico britânico ferveu morfina com anidrido acético, na esperança de produzir uma alternativa não viciante à morfina. Ele criou a diacetilmorfina, que foi adquirida pela empresa farmacêutica alemã Bayer Laboratories, desenvolvedora da aspirina, em 1898. Ela provou ser incrivelmente poderosa na redução da dor. Chamavam-lhe heroína, da palavra alemã heroisch, ou heróico. A heroína era simples e barata, e sua potência fácil de controlar. "A história se repetiu", escreve Booth. "Assim que a heroína estava disponível gratuitamente, foram feitas alegações extravagantes sobre ela. Foi até discutido como uma cura para o vício em morfina." Seguiu-se ainda outro ciclo de uso, abuso e controle. Em algum momento, todas essas drogas foram responsabilizadas pelo vício; a disciplina médica tinha pouca compreensão de como o vício funciona no cérebro humano.
Hoje chamamos a extensa família de drogas derivadas do ópio de opiáceos , mas o termo obscurece a diferença entre os opiáceos, os alcalóides extraídos da planta da papoula ou derivados dela – morfina, codeína, heroína – e os opiáceos, as mais de quinhentas drogas totalmente ou parcialmente sintetizado a partir de componentes químicos do ópio. Os parcialmente sintetizados incluem hidrocodona (Vicodin), hidromorfona (Dilaudid) e oxicodona (OxyContin, Percocet). Os totalmente sintetizados incluem dextrometorfano (NyQuil, Robitussin, Theraflu, Vicks), dextropropoxifeno (Darvocet-N, Darvon), metadona (Dolophine), meperidina (Demerol) e o infame (sic) fentanil (Sublimaze, Duragesic). O termo genérico é, então, uma manifestação linguística da forma como a dependência influenciou a nossa compreensão de toda uma classe de drogas, algumas das quais continuam a ser clinicamente indispensáveis.
Extraído de: Pain and Suffering, by Ann Neumann. The Baffler, no.70 (June 2024)

quinta-feira, 8 de agosto de 2024

1373 - Perfuração de traqueia por espirro

Segurar um espirro, por mais inofensivo que pareça, pode levar a consequências graves e inesperadas para a saúde. É o que mostram pesquisadores do Reino Unido, que publicaram na revista científica BMJ Case Reports o relato de um caso em que o paciente sofreu uma perfuração na traqueia devido ao aumento da pressão interna causado por esta simples ação.
O acontecimento é raro. Os médicos estimam que a pressão nas vias aéreas superiores durante um espirro é de 1 a 2 kPa (quilopascal, unidade padrão de pressão); entretanto, "se a boca e o nariz estiverem fechados, a pressão pode aumentar em até 20 vezes".
"Suspeitamos que a traqueia do paciente tenha sido perfurada devido ao rápido aumento de pressão na interior da traqueia ao espirrar com o nariz comprimido e a boca fechada", disseram. "Todos devem ser orientados a não abafar os espirros apertando o nariz e mantendo a boca fechada, pois isso pode resultar em perfuração traqueal, conforme relatado aqui".
No caso, um homem de 30 anos com rinite alérgica sentiu fortes dores no pescoço imediatamente depois de um episódio em que segurou espirros. Ao sentir o incômodo, buscou a emergência hospitalar.
Um exame de tomografia computadorizada de pescoço e tórax revelou uma ruptura na traqueia de 2 mm x 2 mm x 5 mm com pneumomediastino (presença de ar no espaço existente entre os dois pulmões). 
Ele foi tratado com analgésicos para a dor e antialérgicos para a rinite.
Nenhuma intervenção cirúrgica foi indicada, pois o paciente estava sistemicamente bem. Ele permaneceu internado em observação por 48 horas, período em que não precisou de intervenções adicionais. Ao fim, recebeu alta com indicação de uso de analgésicos, tratamento prolongado para rinite alérgica e orientação para evitar atividades físicas e evitar segurar os espirros.
Cinco semanas depois, uma nova tomografia computadorizada revelou a resolução do problema, sem a ruptura na traqueia ou qualquer outra anormalidade.
https://www.osul.com.br/segurar-um-espirro-por-mais-inofensivo-que-pareca-pode-levar-a-consequencias-graves/
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quinta-feira, 1 de agosto de 2024

1372 - O poder de Marie Curie

De olho na descoberta da radioatividade e no trabalho memorável de Marie Curie sobre o rádio, Jenn Shapland (autor de "Thin Skin") escreveu:
Logo após a sua descoberta, o rádio tornou-se um negócio multimilionário. Durante quatro décadas, foi possível comprar creme rejuvenescedor para a pele com rádio, batom, chá, sais de banho, tônico de crescimento capilar, “um saco contendo rádio usado perto do escroto”, do qual se dizia que "restaurava a virilidade”. Havia creme dental com rádio para potencializar o clareamento. A radioterapia, chamada Curieterapia na França, começou a ser usada para tratar o câncer. Foi inicialmente inserido por meio de cinquenta agulhas no tecido mamário, ou por “sementes” de radônio que causaram reações graves. Existia uma “bomba vaginal de rádio constituída por uma esfera de chumbo sustentada por uma haste para a inserção” para tratamento do câncer. Marie e sua filha Irene levaram um carro radiológico para o front na Primeira Guerra Mundial para radiografar soldados. Mais tarde, ela forneceu lâmpadas de rádio ao serviço de saúde francês para tratar militares e civis feridos e doentes com radioterapia.
A descoberta da radioatividade é uma história de ignorância intencional, de saber, mas desejar não saber, fingindo não saber, quão poderosa e prejudicial ela era. Cientistas e vendedores acreditavam em seu poder de curar. O rádio era prejudicial o suficiente para matar o câncer, para queimar a pele de Pierre através do frasco de vidro no bolso do colete, mas de alguma forma não era considerado prejudicial o suficiente para matar os cientistas que o manuseavam o dia todo, nem as pessoas que escovavam os dentes com ele. Marie mantinha um frasco na mesa de cabeceira para aproveitar seu brilho enquanto dormia. Ela o chamou de filho.
Esta recusa científica em acreditar no que é óbvio porque não pode ser provado, porque é tecnicamente incerto, acompanha até hoje a nossa compreensão das substâncias tóxicas.
Esta cegueira em relação à ligação, à causalidade e às consequências da radioatividade não é surpreendente: para alcançar o que conseguiu, contra as probabilidades do seu tempo e lugar, Marie Curie teve de ser rígida. Talvez uma pele mais fina, com o seu consequente poder de ver a permeabilidade e a interdependência das coisas, teria salvado sua vida, tê-la-ia poupado da tragédia que Adrienne Rich capturou de forma tão pungente nas palavras finais do seu magnífico tributo a Curie:
Ela morreu como uma mulher famosa
negando que seus ferimentos
vinham da mesma fonte que seu poder.
Extraído de: The Power of a Thin Skin, de Maria Popova
Arquivo Nov'Acta:

quinta-feira, 25 de julho de 2024

1371 - Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica. Revisão

A doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) é caracterizada por um declínio persistente da função pulmonar que está associado a sintomas progressivos, comprometimento funcional e propensão a infecções e exacerbações respiratórias. Estima-se que entre 300 e 400 milhões de pessoas vivam atualmente com DPOC em todo o mundo, e esta já é a terceira principal causa de morte em todo o mundo. Dispneia, tosse e/ou produção de expectoração são os sintomas mais comuns. A maioria dos pacientes com DPOC apresenta comorbidades significativas, o que aumenta ainda mais a morbimortalidade. O diagnóstico e o tratamento precoces são fundamentais para retardar a progressão da doença e maximizar os resultados.

A principal causa da DPOC é a exposição à fumaça do tabaco. No geral, o tabagismo é responsável por até 90% do risco de DPOC. No entanto, a DPOC ocorre em indivíduos que nunca fumaram. A síndrome de Marfan, bem como outras doenças hereditárias do tecido conjuntivo, como a síndrome de Ehlers-Danlos e Cutis laxa, têm sido associadas ao desenvolvimento da DPOC. Além disso, certos fatores ambientais (por exemplo, poluição, produtos químicos, poeira ou gases de escapamento), deficiência de alfa1-antitripsina, uso de drogas intravenosas, síndromes de imunodeficiência (por exemplo, HIV) e síndromes de vasculite também têm sido associados à DPOC.

No geral, a prevalência da DPOC é maior nos homens do que nas mulheres. No entanto, a doença grave e de início precoce representa um fenótipo clínico distinto e é mais comum em mulheres do que em homens. Aqueles com histórico familiar de DPOC, assim como os negros, também apresentam risco aumentado para esse tipo específico de DPOC.

De acordo com as diretrizes atuais da Iniciativa Global para Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica, a tosse crônica que piora pela manhã e produz uma pequena quantidade de expectoração incolor é frequentemente o primeiro sinal de DPOC e é frequentemente descartada pelos pacientes como resultado do tabagismo ou de exposições ambientais. Os indivíduos podem inicialmente sentir uma tosse intermitente, mas eventualmente esta progride para uma tosse diária, muitas vezes ao longo do dia. A tosse associada à DPOC pode ser produtiva ou improdutiva. Fadiga e inchaço no tornozelo são sintomas típicos de DPOC grave e avançada.

A DPOC está associada à hipoxemia progressiva . Medicamentos orais e inalados são usados ​​para reduzir a dispneia e melhorar a tolerância ao exercício em pacientes com doença estável, mas não têm como alvo a hipoxemia progressiva. A administração de oxigênio tem efeitos favoráveis ​​na hemodinâmica pulmonar e, como resultado, reduz as taxas de mortalidade em pacientes com DPOC avançada. A oxigenoterapia de longo prazo melhora a sobrevida em duas ou mais vezes em pacientes hipoxêmicos com DPOC. Portanto, os especialistas recomendam oxigenoterapia de longo prazo para pacientes com PaO 2 < 55 mm Hg, PaO 2 < 59 mm Hg com evidência de policitemia ou cor pulmonale.

A maioria dos medicamentos orais e inalados usados para a DPOC são direcionados às seguintes causas de limitação do fluxo aéreo que podem ou não ser reversíveis:

  • Contração do músculo liso brônquico
  • Congestão e edema da mucosa brônquica
  • Inflamação das vias aéreas
  • Aumento das secreções das vias aéreas

Foi demonstrado que a reabilitação pulmonar melhora os níveis de atividade em pacientes com DPOC e pode melhorar as capacidades funcionais mais do que um inalador sozinho.

quinta-feira, 18 de julho de 2024

1370 - Vasectomia

O seu nome técnico é deferentectomia. Basicamente, a vasectomia é um procedimento cirúrgico simples realizado por urologistas para tornar um homem estéril. É um método comum de contracepção, considerado simples, seguro e eficaz.
Consiste na realização de um corte no canal deferente, tubo que carrega esperma do testículo para se tornar parte do sêmen. É feita a secção bilateral de ambos os canais deferentes, utilizando uma via de acesso mínima. Após esta secção, as bordas criadas dos canais são ligadas (amarradas) ou então eletrocauterizadas, para minimizar o risco de recanalização, pois o organismo tentará curar a “lesão”.
Embora o homem continue a ter relação sexual e ejaculação como antes do procedimento, seu sêmen não vai ter esperma. Consequentemente, ele não será mais capaz de engravidar uma mulher.



Humor
Paciente: "Eu estava pensando em fazer vasectomia."
Médico: "Essa é uma grande decisão, você já conversou sobre isso com sua esposa e filhos?"
Paciente: "Sim, eles votaram e são a favor, 17 a 1."

quinta-feira, 11 de julho de 2024

1369 - Programa Farmácia Popular

O Programa Farmácia Popular do Brasil - PFPB é um programa do Governo Federal que complementa a disponibilização de medicamentos utilizados na Atenção Primária à Saúde, por meio de parceria com farmácias da rede privada. Dessa forma, além das Unidades Básicas de Saúde e farmácias municipais, o cidadão pode obter medicamentos nas farmácias credenciadas ao Farmácia Popular.
O Farmácia Popular disponibiliza medicamentos gratuitos para diabetes, asma, hipertensão, osteoporose, anticoncepção e, a partir de 10 de julho de 2024, também para dislipidemia (colesterol alto), rinite, doença de Parkinson e glaucoma. O programa também oferece medicamento de forma subsidiada para o tratamento de diabetes mellitus associada a doença cardiovascular, além de fraldas geriátricas para incontinência. Nesses casos, o Ministério da Saúde paga parte do valor dos produtos (até 90% do valor de referência tabelado) e o cidadão paga o restante, de acordo com o valor praticado pela farmácia. Ao todo, o Farmácia Popular contempla 12 indicações, incluindo absorventes higiênicos gratuitos paras as beneficiárias do Programa Dignidade Menstrual.
Além disso, os 55 milhões de brasileiros que são beneficiários do Bolsa Família têm acesso a todos os medicamentos e fraldas disponíveis no programa de forma totalmente gratuita. Para retirar, basta o usuário ir até uma farmácia credenciada e apresentar a receita médica, documento de identidade e CPF. O reconhecimento do vínculo do beneficiário com o Bolsa Família é feito automaticamente pelo sistema, não sendo necessário fazer cadastro prévio.

quinta-feira, 4 de julho de 2024

1368 - Muita informação em pouco espaço no cérebro





De acordo com um experimento recente, em um milímetro cúbico de tecido cerebral humano existem nada mais nada menos que 57 mil células individuais, 230 milímetros de vasos sanguíneos e 150 milhões de sinapses, que são as conexões através das quais os neurônios se comunicam. Convertido em informação, isso equivale a cerca de 1.500 terabytes de dados.
A microscopia eletrônica de varredura mostra neurônios individuais em um pedaço do córtex cerebral. Os dados estão na escala daquilo que os pesquisadores de Harvard e do Google produzirão com o novo projeto do conectoma.
[Fonte: Uma equipe de Harvard liderada pelo professor Jeff Lichtman junto com Google AI / Interesting Engineering + Nature + The Havard Gazette, via Slashdot.]

quinta-feira, 27 de junho de 2024

1367 - Hemoglobina glicada

O que é este exame - pelo Dr. Samuel Dalle (vídeo):

quinta-feira, 20 de junho de 2024

1366 - A utilidade da cannabis medicinal

A utilidade dos canabinóides para tratar a maioria das condições médicas permanece, na melhor das hipóteses, incerta, mas para pelo menos três indicações os dados pendem a favor da eficácia, disse Ellie Grossman, MD, MPH, recentemente aos participantes no 2024 American College of Physicians Internal Medicine. Essas são 1) dores neuropáticas, 2) náuseas ou vômitos induzidos por quimioterapia e 3) espasticidade em pessoas com esclerose múltipla.
A pesquisa é extremamente escassa e de baixa qualidade na área por vários motivos. A maioria dos produtos testados vem de fora dos Estados Unidos e, muitas vezes, são sintéticos e tomados por via oral – o que não corresponde ao uso no mundo real quando os pacientes vão aos dispensários para comprar cannabis derivada diretamente das plantas (ou do próprio produto vegetal). Além disso, os estudos muitas vezes dependem de autorrelatos.
A dor crônica, portanto, é a principal razão pela qual os pacientes afirmam usar cannabis medicinal, disse Grossman. Uma revisão Cochrane de 16 estudos descobriu apenas que os benefícios potenciais da cannabis podem superar os danos potenciais da dor neuropática crónica.

quinta-feira, 13 de junho de 2024

1365 - Emissões mundiais de carbono. Perspectivas

Os carros e as centrais elétricas recebem mais atenção, mas as emissões provêm de várias atividades humanas.
Este gráfico as divide:
Perspectivas
Indústria. O cimento e o aço são duas das maiores fontes de emissões nesta categoria. Processos de baixo carbono estão sendo desenvolvidos.
Eletricidade. Boa notícia: os custos das energias renováveis, como a solar e a eólica, continuam a diminuir.
Agricultura. Para reduzir as emissões, precisamos de substituir os fertilizantes sintéticos que libertam óxido nitroso, um gás com efeito de estufa, quando decomposto pelos micróbios do solo.
Transporte. Um dos problemas com os veículos elétricos tem sido a baixa autonomia, a qual está a aumentar.

quinta-feira, 6 de junho de 2024

1364 - Vidas em fusão

Pela primeira vez em pelo menos um bilhão de anos, duas formas de vida fundiram-se num único organismo.
O processo, denominado endossimbiose primária, só aconteceu duas vezes na história da Terra , sendo que a primeira vez deu origem a toda a vida complexa tal como a conhecemos através das mitocôndrias.
A segunda vez que isso aconteceu foi no surgimento de plantas.
Agora, uma equipe internacional de cientistas observou o evento evolutivo acontecendo entre uma espécie de alga comumente encontrada no oceano e uma bactéria.
"A primeira vez que pensamos que isso aconteceu, deu origem a toda a vida complexa", disse Tyler Coale, pesquisador de pós-doutorado na Universidade da Califórnia, em Santa Cruz, que liderou a pesquisa em um dos dois estudos recentes que descobriram o fenômeno. "Tudo o que é mais complicado do que uma célula bacteriana deve a sua existência a esse acontecimento. Há cerca de um bilhão de anos, aconteceu novamente com o cloroplasto, e isso nos deu plantas."
O processo envolve as algas engolindo a bactéria e fornecendo-lhe nutrientes, energia e proteção em troca de funções que ela não poderia desempenhar anteriormente – neste caso, a capacidade de "fixar" o nitrogênio do ar.
As algas então incorporam a bactéria como um órgão interno chamado organela, que se torna vital para a capacidade de funcionamento do hospedeiro.
Os investigadores dos EUA e do Japão que fizeram a descoberta afirmaram que esta irá oferecer novas perspectivas sobre o processo de evolução , ao mesmo tempo que possui o potencial para mudar fundamentalmente a agricultura.
"Este sistema é uma nova perspectiva sobre a fixação de nitrogênio e pode fornecer pistas sobre como tal organela poderia ser transformada em plantas cultivadas", disse o Dr. Coale.
Os artigos que detalham a pesquisa foram publicados nas revistas científicas Science e Cell.
Os cientistas envolvidos vieram do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), da Universidade de Rhode Island, da Universidade da Califórnia, São Francisco, da UC Santa Cruz, do Laboratório Nacional Lawrence Berkeley, do Instituto de Ciências del Mar em Barcelona, da National Taiwan Ocean University. e a Universidade de Kochi, no Japão.

quinta-feira, 30 de maio de 2024

1363 - Fucsina

O nome fucsina foi dada ao composto por seu primeiro fabricante, a firma Renard frères et Franc. Aparentemente a etimologia deste nome resulta da semelhança da cor de sua solução com a cor das flores das plantas do gênero Fuchsia, cujo nome foi atribuído em honra do botânico Leonhart Fuchs. Uma explicação alternativa atribui a origem do nome fucsina a uma tradução para a língua alemã do nome da firma, já que Renard (em português: raposa) corresponde à palavra alemã Fuchs.
Um artigo publicado em 1861 no Répertoire de Pharmacie afirma que o nome foi escolhido por ambas as razões.
A fucsina (fenicada de Ziehl-Neelsen) é um dos componentes correntemente utilizados em laboratórios de histopatologia e microbiologia. Como exemplo, no decorrer do processo de coloração pela técnica de Gram, o qual permite diferenciar as bactérias gram-positivas das gram-negativas.
É também utilizada em odontologia para detectar a placa bacteriana nos casos iniciais (em que esta ainda não é visível).

quinta-feira, 23 de maio de 2024

1362 - O declínio da fertilidade é global

Serge Cannasse
1.º de março de 2024
Em 2021, o indicador global de fertilidade total indicou 2,1 filhos para cada mulher (5,1 em 1965, 2,8 em 2000). Vale lembrar que este indicador avalia o número de filhos que uma mulher teria se vivesse todo o seu período de potencial fertilidade nas condições atuais. O declínio da fertilidade não é o mesmo em todos os lugares. Geralmente é representado por país, o que tem duas desvantagens: a variabilidade entre estados é apagada, embora possa ser considerável, e não fornece nenhuma indicação do número de habitantes em questão. Para remediar isso, dois pesquisadores belgas (Université libre de Bruxelles) estão propondo um método cartográfico original.
Os pesquisadores identificaram 235 regiões com um tamanho de população semelhante (em média 33,7 milhões de habitantes), o que se aproxima da subdivisão em 239 países. No mapa-múndi, essas regiões são representadas por círculos de tamanhos muito similares. Quanto mais esparsos forem os círculos, menor será a densidade populacional. Por outro lado, os círculos próximos destacam áreas de alta concentração humana. Os dados mais recentes são de 2021.
Os autores construíram uma tipologia de oito categorias, cruzando os níveis atuais de fertilidade (2021) com as mudanças ocorridas desde 2000.

quinta-feira, 16 de maio de 2024

1361 - Síndrome de Tourette

Belo momento em que a multidão ajuda Lewis Capaldi a cantar a música "Someone You Loved" no Festival de Glastonbury. Ele é portador da síndrome de Tourette, uma condição que faz com que uma pessoa emita sons e movimentos involuntários chamados tiques.
Imaginem a onda de emoções que ele deve ter sentido. Inicialmente, pelo constrangimento e a frustração de sofrer em pleno show um episódio de sua doença. E, na sequência, com o carinho, o apoio e o conforto que recebeu dos fãs que deram continuidade à canção.
O que é a síndrome de Tourette
É um distúrbio neurológico caracterizado por tiques motores e vocais repetitivos e involuntários. Esses tiques podem variar em intensidade, frequência e tipo ao longo do tempo. Geralmente, os sintomas da síndrome de Tourette se manifestam na infância, entre as idades de 2 e 15 anos, e podem persistir ao longo da vida, embora possam diminuir em gravidade na idade adulta para muitas pessoas.
Os tiques motores são movimentos repentinos e involuntários, como piscar os olhos, franzir a testa, mexer o nariz, balançar a cabeça, encolher os ombros, entre outros. Os tiques vocais são sons ou palavras involuntários, como pigarrear, fungar, tossir, grunhir, repetir palavras ou frases aleatórias (ecolalia) ou proferir obscenidades (coprolalia) — este último é um sintoma raro e afeta apenas uma minoria dos indivíduos com síndrome de Tourette.
A causa exata da síndrome de Tourette não é completamente compreendida, mas parece envolver uma combinação de fatores genéticos e ambientais. Estudos sugerem que anormalidades em certas áreas do cérebro e desequilíbrios químicos, como níveis anormais de neurotransmissores como dopamina e serotonina, podem desempenhar um papel no desenvolvimento da síndrome.
Apesar de ser um distúrbio que pode causar desconforto e constrangimento, a maioria das pessoas com síndrome de Tourette pode levar uma vida plena e produtiva com o tratamento adequado. O tratamento pode incluir terapia comportamental, medicamentos para reduzir a gravidade dos tiques e outras intervenções, dependendo da gravidade dos sintomas e das necessidades individuais de cada paciente.

quinta-feira, 9 de maio de 2024

1360 - Braquidactilia

É uma anomalia genética que provoca o encurtamento de dedos da mão. Pode ocorrer somente em um dedo das mãos, mais comumente no polegar ou no dedo mínimo.
Esta característica genética pode ocorrer tanto como uma má-formação isolada ou como parte de uma síndrome da má-formação complexa. Algumas formas desta mutação também podem resultar em baixa estatura.
O diagnóstico é clínico, antropométrico e radiológico.
A cirurgia plástica é indicada apenas se a braquidactilia estiver afetando a função da mão ou por razões estéticas, mas normalmente não é necessária.
O polegar direito deste rapaz tem uma braquidactilia tipo D, o que faz com que o referido polegar seja mais curto.
Bem, esse é um fenômeno do qual esses pais devem se orgulhar. O filho deles realmente herdou um polegar de cada um deles. [rsrsrsrsrs]
Arquivo
559 - Nomenclatura para os dedos dos pés
1021 - O dedo de Morton
1189 - Adermatoglifia
1238 - A pentadactilia humana
1247 - Como as pontas amputadas dos dedos se regeneram

quinta-feira, 2 de maio de 2024

1359 - Os orifícios nas tampas das canetas esferográficas

Esses pequenos orifícios que existem nas tampas das canetas esferográficas foram colocados com um propósito que muitas pessoas desconhecem. Não são a consequência de um erro de fabricação nem foram feitos para evitar que a tinta seque.

A verdadeira razão por trás deles é evitar a asfixia no caso de alguém acidentalmente "engolir" a tampa. Há o temor de que as pessoas, em geral crianças, possam se asfixiar com elas.
Então, foi acrescentado esse furo na tampa de cada caneta, o qual permitirá a passagem de ar pela traqueia da pessoa engasgada até ser socorrida.
https://www.247mirror.com/pt/hidden-uses-features-common-everyday-items?ly=native_one

Como agir quando uma criança engasga 
http://www.tudoporemail.com.br/video.aspx?emailid=7273

quinta-feira, 25 de abril de 2024

1358 - Que é superdotação?

por André Gurgel
Superdotação ou altas habilidades é um dos temas mais fascinantes da psicopedagogia e da psicologia. Trata-se de uma condição em que o indivíduo demonstra uma capacidade de ter habilidades superiores ou um desempenho excepcionalmente alto ou potencial em uma ou mais áreas específicas, quando comparado à média da população.
Os estudos sobre superdotação começaram já no começo do século XX. No Brasil descobri que a primeira obra sobre o assunto "Educação dos Supernormais" foi publicada em 1926. Porém, o assunto é ainda completamente desconhecido do grande público, e a maioria dos professores, psicopedagogos e profissionais da saúde não têm ciência de como reconhecer que um aluno ou paciente tenha a condição. Projetos de lei na área nunca saem do papel!
Porém, qual a importância de saber reconhecer as características? Por que pessoas superdotadas precisam fazer o teste neuropsicológico? Muitas destas pessoas passam por muitos conflitos durante a infância e a adolescência. Em geral são vistos como "estranhos no ninho" e o sistema educacional não tem o preparo necessário para guiá-las. Em geral têm poucos amigos e são vistos pela maioria dos colegas como "doidos", "esquisitos" etc. As pessoas superdotadas podem enfrentar desafios únicos em suas vidas, incluindo questões de identidade, aceitação social e ajuste emocional.
Há quem ache que, superdotados, por serem inteligentes, estão com a vida ganha, terão lugar garantido como cientistas renomados como Einstein. Ledo engano! Muitos possuem hiperfoco, o que os torna obcecados por determinados temas mas mostram desinteresse total por outros, resultando algumas vezes em baixo rendimento escolar, podendo posteriormente chegar até a abandonar os estudos formais. Por exemplo: um indivíduo com talento excepcional para números, pode ter total desinteresse por outras disciplinas obrigatórias como português e literatura.
Há muitas questões que se devem levantar sobre o tema. Como surgem altas habilidades? Devem existir turmas especiais? Como treinar os professores para reconhecer alunos superdotados? Altas habilidades podem decorrer de genética?
Estamos negociando com uma instituição de ensino para oferecer o treinamento "Desvendando a Superdotação", um curso completo para capacitar os profissionais da saúde e da educação sobre o tema. Em breve teremos mais informações sobre a data e o horário.
Confira os detalhes do conteúdo no link: https://polimatiablog.wixsite.com/polimatia
Ver também: Atendimento Psicopedagógico

quinta-feira, 18 de abril de 2024

1357 - O desconhecido mundo dos nanoplásticos

A partir de uma nova técnica de microscopia, pesquisadores estadunidenses descobriram que há 100 mil moléculas de nanoplásticos por litro de água comercializada em garrafas plásticas e, pelo tamanho dessas partículas, elas podem penetrar no sangue e nas células. Segundo os cientistas, essas moléculas podem ser tóxicas, o que gera preocupação. O estudo que revelou essas informações foi publicado recentemente no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences.
Nos últimos anos, aumentou a preocupação com a presença de microplásticos no planeta; atualmente, essas partículas podem ser encontradas no gelo das calotas polares, no solo, na água potável e nos alimentos. Formadas à medida que os plásticos se decompõem em partes menores, as partículas são consumidas por humanos e seres de outras espécies, com potenciais efeitos ainda desconhecidos na saúde e no ecossistema.
As partículas foram encontradas em vários órgãos humanos nos últimos anos, por exemplo, no pulmão e no fígado. No que diz respeito aos humanos, a questão da sua presença tem sido uma preocupação desde que um estudo publicado em 2018 mostrou que, de 259 garrafas examinadas provenientes de nove países diferentes, 93% tinham sinais de contaminação.
Feito graças a um novo método de espectrometria com maior definição, a originalidade deste trabalho reside no interesse pelo mundo pouco conhecido dos nanoplásticos, que resultam da decomposição dos microplásticos. Pela primeira vez, pesquisadores estadunidenses — principalmente biofísicos e químicos — contaram e identificaram estas minúsculas partículas na água engarrafada. Eles descobriram que, em média, um litro continha cerca de 240 mil fragmentos de plástico detectáveis, 10 a 100 vezes mais do que previam as estimativas anteriores, que analisaram sobretudo em moléculas de tamanhos maiores.
Os microplásticos são definidos como fragmentos cujo tamanho varia de 5 milímetros a 1 micrômetro, ou seja, 1 milionésimo de metro. (O diâmetro do fio de cabelo humano mede cerca de 70 micrômetros.) Os nanoplásticos, que são partículas menores que 1 micrômetro, são medidos em bilionésimos de metro.
Diferentemente dos microplásticos, os nanoplásticos são tão pequenos que podem passar pelas paredes do intestino e do pulmão e cair diretamente na circulação sanguínea, chegando a órgãos como o coração e o cérebro, bem como ao feto através da placenta.
O novo estudo usou uma técnica chamada Stimulated Raman Scattering Microscopy*, inventada pelo coautor o Dr. Wei Min, Ph.D., biofísico afiliado à Columbia University. Esta técnica consiste em sondar amostras usando dois lasers simultâneos que são ajustados para fazer ressoar determinadas moléculas.
Os pesquisadores testaram três marcas populares de água engarrafada vendidas nos EUA, analisando partículas de plástico de até 100 nanômetros. Os autores identificaram 110 mil a 370 mil partículas de plástico por litro, das quais 90% eram nanoplásticos — invisíveis por técnicas convencionais de imagem — e o restante era de microplásticos. Os pesquisadores também determinaram qual dos sete plásticos específicos eram as partículas encontradas.
O tipo mais abundante é resultante da poliamida, um tipo de náilon. Ironicamente, segundo o Dr. Beizhan, isso provavelmente vem dos filtros de plástico usados para supostamente purificar a água antes de ser engarrafada. [2] Em segundo lugar, vem o tereftalato de polietileno (PET), o que não é surpreendente, já que muitas garrafas d’água são feitas deste material (assim como outros recipientes alimentares). Por fim, os pesquisadores encontraram outros plásticos comuns, como o poliestireno, o cloreto de polivinilo e o polimetilmetacrilato, todos usados em vários processos industriais.
O que é mais preocupante é que os sete tipos de plástico analisados pelos pesquisadores representavam apenas cerca de 10% de todas as nanopartículas encontradas nas amostras e os autores não fazem ideia da composição dos 90% restantes. Se todas forem nanopartículas, a concentração pode ser de dezenas de milhões por litro.
Os pesquisadores vão agora para além da água engarrafada. "Há um vasto mundo de nanoplásticos a ser estudado", disse Dr. Wei. O biofísico observou que, em termos de massa, os nanoplásticos são muito menos numerosos do que os microplásticos, mas "não é o tamanho que conta, e sim a quantidade, porque quanto menores as partículas, mais facilmente podem entrar no organismo”.
*A espectroscopia Raman e a microespectroscopia Raman (Stimulated Raman Scattering Microscopy) são métodos não destrutivos de observar e caracterizar a composição molecular e a estrutura externa de um material, explorando o fenômeno físico pelo qual um meio altera ligeiramente a frequência da luz que o penetra.
http://portugues.medscape.com/verartigo/6510636, Medscape.

quinta-feira, 11 de abril de 2024

1356 - Por que a urina é amarela?

É uma pergunta que as crianças fazem assim quando perguntam por que o céu é azul. Então, por que o xixi é amarelo? Qualquer resposta além de "não sei" é provavelmente mais divertida do que a verdade que os cientistas nos revelaram. Uma enzima até então desconhecida chamada bilirrubina redutase está por trás disso. A bilirrubina redutase não é amarela, mas comanda o processo.
Nosso corpo está sempre produzindo novos glóbulos vermelhos e eliminando os antigos. Os glóbulos vermelhos velhos liberam um pigmento laranja chamado bilirrubina à medida que morrem. Várias espécies de micróbios intestinais em nosso corpo usam a enzima bilirrubina redutase para decompor a bilirrubina em urobilinogênio, o qual fica amarelo à medida que se degrada. Os bioquímicos que estudam a questão há mais de um século (não os mesmos cientistas o tempo todo) sabiam sobre a bilirrubina e o urobilinogênio, mas a relação entre eles é a descoberta que faz tudo funcionar. Esses micróbios que produzem a bilirrubina redutase estão nos fazendo um grande favor, porque o excesso de bilirrubina causa icterícia. Você pode ler sobre os experimentos que revelaram a nova enzima na Ars Technica.
Mas e se a sua urina não for amarela? Talvez você precise consultar um médico.
Fontes:
https://www.neatorama.com/2024/01/30/Scientists-Finally-Know-Why-Urine-is-Yellow/
https://www.healthline.com/health/urine-color-chart
https://arstechnica.com/science/2024/01/gotta-go-weve-finally-found-out-what-makes-urine-yellow/
https://doi.org/10.5281/zenodo.10058858

quinta-feira, 4 de abril de 2024

1355 - Entre médicos e farmacêuticos

Caligrafia, a arte da escrita bela, é uma arte visual afim ao desenho. Sua técnica consiste em traçar uma determinada forma de escrita de forma elegante, harmoniosa e regular. Por extensão de sentido, a caligrafia passou a denominar a escrita em geral e a forma pessoal como cada indivíduo escreve.
Criada por Alexis Moyano, o Médico Regular é uma fonte livre com a aparência da caligrafia típica dos médicos. Tão "legível" quanto deveria ser: com maiúsculas "razoavelmente" claras, minúsculas quase iguais e lineares e números que "podem ser entendidos", embora alguns considerem estes últimos "muito legíveis".
Então, agora os profissionais podem ter todas as vantagens dos dois mundos. O valor estético da caligrafia e a praticidade de escrever ao computador e imprimir em papel. Além disso, esse tipo de letra consegue preservar o indevassável segredo entre médicos e farmacêuticos, ocultando criptograficamente a mensagem para que apenas aqueles que deveriam lê-la possam lê-la, mas não os mortais comuns.
https://www.microsiervos.com/archivo/arte-y-diseno/tipografia-gratuita-letra-medicos.html
Arquivo
539 - Letra de médico
694 - Letra de médico (slideshow)
1156 - É verdade que só farmacêutico entende letra de médico?
1172 - Letra de médico (teorias)

quinta-feira, 28 de março de 2024

1354 - A expedição de Magalhães e a vitamina C

Dos 250 marinheiros que partiram da Espanha em viagem com Fernão de Magalhães e Juan Sebastián Elcano, apenas 18 completaram a circum-navegação da Terra há mais de 500 anos.
Um dos grandes problemas durante a travessia foi o escorbuto, uma doença que surge após grandes períodos sem o consumo de alimentos frescos.
A falta de ingestão de vitamina C faz com que seus níveis se reduzam, o que nos impede de sintetizar uma proteína – o colágeno – que é essencial para manter e regenerar muitos dos nossos tecidos.
Nosso organismo possui um mecanismo de síntese da vitamina C, mas incompleto. Isso explica por que não podemos produzi-la e precisamos consumir a vitamina em alimentos frescos.
Os gatos não têm esta necessidade porque são capazes de sintetizar sua própria vitamina C. Por isso, eles nunca sofrem de escorbuto.
Arquivo
32 - Os bebedores de limão
479 - Agnotologia
1043 - Linus Pauling e as vitaminas
1218 - Scott e o escorbuto

quinta-feira, 21 de março de 2024

1353 - Más notícias

Em "Três Homens em um Barco" (1889), o narrador lê um livro de medicina e fica impressionado com a certeza de que tem todas as condições ali descritas:
Cheguei à febre tifóide - li os sintomas - descobri que estava com febre tifóide, devo tê-la há meses sem saber - e me perguntei o que mais eu tinha contraído; procurei a Dança de São Vito - descobri, como eu esperava, que eu também tinha isso... Procurei conscientemente nas vinte e seis letras do alfabeto, e a única doença que pude concluir que não contraí foi o joelho da empregada doméstica (bursite pré-patelar).

Este é um fenômeno reconhecido. Em 1908, o neurologista de Boston George Lincoln Walton relatou:
Os instrutores médicos são continuamente consultados por estudantes que temem ter as doenças que estudam. O conhecimento de que a pneumonia produz dor num determinado local leva a uma concentração de atenção naquela região, o que faz com que qualquer sensação ali dê alarme. O mero conhecimento da localização do apêndice transforma as sensações mais inofensivas daquela região em sintomas de uma grave ameaça.
Em 2004, o psiquiatra da Universidade de Toronto, Brian Hodges, observou que se diz que a "doença dos estudantes de medicina" afeta 70 a 80 por cento dos estudantes, muitas vezes invadindo os seus sonhos. Walton escreveu: "O estudante sensato aprende a acalmar esses medos, mas a vítima de 'hipos' (hipocondria) retorna repetidamente para exame, e talvez finalmente chegue ao ponto de transmitir, em vez de obter, informações".

Um homem que mudava constantemente de médico finalmente chamou um jovem médico que estava apenas começando sua prática.
"Perco o fôlego quando subo uma colina ou um lance de escadas íngremes", disse o paciente. "Se eu me apresso, muitas vezes sinto uma dor aguda na lateral do corpo. Esses são os sintomas de um grave problema cardíaco."
"Não necessariamente, senhor", começou o médico, mas foi interrompido.
"Perdão!" disse o paciente irritado."Não cabe a um jovem médico como o senhor discordar de um inválido velho e experiente como eu, senhor!"
(https://www.futilitycloset.com/2023/12/30/bad-news-2/)

quinta-feira, 14 de março de 2024

1352 - Descobertas acidentais na história da medicina

A história da medicina está repleta de descobertas inovadoras que alteraram a forma como percebemos e tratamos as doenças. Curiosamente, muitas dessas descobertas médicas foram resultado do acaso, e não de um projeto completo ou de experimentação rigorosa, mas mudaram para sempre o rumo da medicina.
1772, Joseph Priestly: Óxido nitroso (gás hilariante; para uso em anestesiologia na década de 1840)
1895, Wilhelm Conrad Roentgen: Raios-X
1928, Alexander Fleming: Penicilina
1930, Karl Paul Link: Varfarina (anticoagulante)
1956, Wilson Greatbatch: Marca-passo cardíaco implantável 
1996, Lab. Pfizer: Sildenafil (patente para uso na disfunção erétil)
Os exemplos aqui apresentados demonstram não apenas a natureza imprevisível do avanço científico, mas também a necessidade de estar preparado para aproveitar oportunidades inesperadas na busca por uma saúde melhor.
TudoPorEmail

quinta-feira, 7 de março de 2024

1351 - "Sou médico, não juiz"

Esclarecimento do dr. Drauzio sobre a reportagem produzida e veiculada pelo @showdavida , no último domingo, 1.º de março.
"Estive na prisão e foste me visitar." (Mt. 25, 36)

quinta-feira, 29 de fevereiro de 2024

1350 - A queimadura fractal

O Conselho da American Association of Woodturners (AAW), através do seu Comitê de Segurança, enfatiza os perigos associados ao processo conhecido como Lichtenberg, ou queima "fractal", uma técnica de embelezamento que utiliza corrente eléctrica de alta tensão para queimar padrões na madeira. Esta prática muitas vezes insegura e potencialmente fatal voltou a surgir nos noticiários e nas redes sociais, após um incidente com duas vítimas em abril de 2022.
Aprenda sobre os perigos ocultos
A queima fractal representa um risco oculto significativo de eletrocussão. Muitos dos vídeos do YouTube que mostram como construir estes dispositivos em casa não abordam adequadamente as preocupações de segurança inerentes. Muitos usuários pensam que estão seguros, mas o número de feridos graves e mortes diz o contrário.
A queima fractal matou e pode matar você
A AAW proibiu o uso deste processo em todos os seus eventos e proibiu artigos sobre o uso de um queimador fractal em todas as suas publicações. Os casos relatados de mortes por queimadura fractal variam de marceneiros amadores, passando por marceneiros experientes, até um eletricista com muitos anos de experiência trabalhando com eletricidade. Basta um pequeno erro e você está morto; não ferido, morto. Alguns dos que morreram tinham experiência no uso do processo e outros não. O que é comum a todos eles: a queima fractal os matou.
A eletricidade de alta tensão é um assassino invisível; o usuário não pode ver o perigo. É fácil ver o perigo de uma lâmina de serra girar. É muito óbvio que entrar em contato com uma lâmina em movimento causará ferimentos, mas em quase todos os casos uma lâmina giratória não o matará. Com a queima fractal, um pequeno erro e você está morto.
Isso é verdade quer você esteja usando um dispositivo caseiro ou fabricado.
Existem muitas maneiras de expressar sua criatividade. Não use queima fractal. Se você tiver um gravador fractal, jogue-o fora. Se você está estudando a queima fractal, pare agora e passe para outra coisa. Isso pode salvar sua vida. — Rick Baker, presidente do Comitê de Segurança da AAW
Até o momento em que esta nota foi escrita, em julho de 2021, 30 pessoas foram mortas usando um queimador fractal ao que conhecemos. Definitivamente há mais, mas eles simplesmente não foram divulgados na mídia.
Por que a queima de Lichtenberg é perigosa
A queima de Lichtenberg funciona passando eletricidade em altíssima voltagem entre dois eletrodos enquanto eles estão em contato com um pedaço de madeira. Um eletrólito (uma solução que conduz eletricidade) é frequentemente colocado na madeira para ajudar a eletricidade a se mover entre os dois eletrodos. A eletricidade busca o caminho de menor resistência enquanto gera calor ao longo da superfície da madeira e entre os eletrodos, queimando a madeira à medida que avança.
A eletrocussão acontece quando a eletricidade de alta voltagem entra por qualquer parte do corpo, passa pelo coração e sai do corpo. Se você segurasse um eletrodo de um queimador de Lichtenberg em cada mão enquanto a voltagem estivesse ligada, a eletricidade poderia fluir de uma mão, através do seu coração, e sair pela outra. Isso pode parar seu coração e matá-lo. O contato acidental da pele com um eletrodo energizado, o eletrólito, um fio solto ou até mesmo ficar sobre um piso condutor pode contribuir para condições que causam eletrocussão.
Extraído de: Fractal Burning Kills; AAW Reiterates the Dangers

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024

1349 - O caso mais famoso de Robert Liston

Robert Liston (28 de outubro de 1794 – 7 de dezembro de 1847) foi um cirurgião escocês. Era conhecido por sua velocidade e habilidade em operar pacientes numa era anterior à anestesia, quando a velocidade fazia diferença em termos de dor e sobrevivência. Liston foi o primeiro professor de cirurgia clínica no University College Hospital, em Londres, e realizou a primeira operação pública utilizando anestesia moderna na Europa. Em 1837, publicou a "Practical Surgery", defendendo a importância das cirurgias rápidas: "estas operações devem ser realizadas com determinação e concluídas rapidamente."
O médico e romancista Richard Gordon, em "Great Medical Disasters" (apud Wikipedia) descreveu Liston como "o bisturi mais rápido de West End. Ele poderia amputar uma perna em 2 minutos". Gordon descreveu uma cena assim:
"Ele tinha um metro e noventa de altura e operava com um casaco verde-garrafa e botas de cano alto. Ele saltou sobre as tábuas manchadas pelo sangue de seu paciente desmaiado, suado e amarrado. E, como um duelista, a gritar 'Time me, gentlemen' (Tempo para mim, cavalheiros) para os estudantes que se esticavam (com os relógios de bolso nas mãos) nas galerias com grades de ferro. Todos juravam que o primeiro clarão de sua faca foi seguido tão rapidamente pelo raspar da serra no osso que a visão e o som pareciam simultâneos. Para deixar livres ambas as mãos, ele segurava a faca ensanguentada entre os dentes."
Naquela época, os cirurgiões operavam com sobrecasacas endurecidas pelo sangue - quanto mais rígido o casaco, mais prestigiado e orgulhoso o cirurgião."O pus era tão inseparável da cirurgia quanto o sangue" e "A limpeza era ao lado do pudor". Cita Sir Frederick Treves: "Não havia nenhum problema em não estar limpo... Na verdade, a limpeza estava fora de lugar. Era considerada uma doença e uma afetação. Um carrasco poderia muito bem cuidar das unhas antes de cortar uma cabeça". 
A conexão entre higiene cirúrgica, infecção e taxas de mortalidade materna no Hospital Geral de Viena só foi feita em 1847 pelo médico vienense Dr. Ignaz Philipp Semmelweis, da Hungria, após a morte de um colega próximo. Ele instituiu as práticas de higiene exortadas por Holmes e a taxa de mortalidade caiu.
Embora as contribuições pioneiras de Liston sejam homenageadas na cultura popular, elas são mais conhecidas na fraternidade médica e em disciplinas relacionadas.
  • Liston se tornou o primeiro professor de clínica cirúrgica no University College Hospital em Londres, em 1835.
  • Realizou a primeira operação pública na Europa, utilizando-se da anestesia moderna (éter), em 21 de dezembro de 1846.
  • Impactou de forma duradoura dois alunos de seus alunos: James Simpson , que viria a ser um pioneiro no uso do clorofórmio como anestésico; e Joseph Lister, pioneiro da técnica asséptica.
  • Inventou o esparadrapo transparente de cola de peixe, uma pinça bulldog (um tipo de pinça arterial de bloqueio) e uma tala para perna usada para estabilizar luxações e fraturas do fêmur, ainda usada hoje.
O caso mais famoso de Roberto Liston
Embora o livro "Great Medical Disasters", de Richard Gordon (1983), preste homenagem a aspectos do caráter e ao legado de Liston, conforme observado em outras partes deste artigo, é a descrição de alguns dos seus casos mais famosos que abriu caminho principalmente para o que é conhecido sobre Liston na cultura popular. 
Gordon descreve o que ele chama de o caso mais famoso de Liston em seu livro, conforme citado abaixo.
Estava Liston tão concentrado com a velocidade daquela amputação (dois e meio minutos) que ele, acidentalmente, cortou os dedos de seu assistente junto com a perna do paciente. E, quando ele voltou a empunhar a faca, acidentalmente cortou a aba do casaco de um espectador, que desmaiou no local.
Mais do que um simples desmaio, o espectador morreu a seguir de choque. Quanto ao paciente e ao assistente, como geralmente acontecia naqueles tempos pré-Listerianos, ambos faleceram de gangrena infecciosa nas enfermarias do hospital.
As três mortes tornaram a operação de Liston "a única com uma taxa de mortalidade de 300%". Mas, como nenhuma fonte primária confirma, é possível que essa cirurgia não tenha acontecido.
http://en.wikipedia.org/wiki/Robert_Liston
http://pt.quora.com/Qual-cirurgia-por-se-s%C3%B3-teve-a-maior-taxa-de-mortalidade (imagem)
http://www.theatlantic.com/health/archive/2012/10/time-me-gentlemen-the-fastest-surgeon-of-the-19th-century/264065/

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2024

1348 - A verdade sobre a vaporização

Noções básicas de vaporização. Estou usando o termo para abranger cigarros eletrônicos e produtos vaping. O termo utilizado na literatura científica é ENDS, que significa sistemas eletrônicos de entrega de nicotina. Nestes sistemas, uma serpentina de aquecimento vaporiza o fluido colocado no dispositivo. O fluido inclui frequentemente um veículo de propilenoglicol e glicerol, bem como nicotina. Aromas – sabores de frutas, mentol, menta, doces e sobremesas – são aditivos comuns. O tetrahidrocanabinol pode, e frequentemente é, ser adicionado ao líquido. O vapor aerossolizado, formado pelo contato do líquido com a serpentina de aquecimento, é então inalado.
Efeitos físicos da vaporização. Os constituintes dos fluidos utilizados nos cigarros eletrônicos têm efeitos individuais e combinados.
A nicotina liga-se aos receptores nicotínicos e seus efeitos são o aumento da frequência cardíaca, da contratilidade, da carga de trabalho e da pressão arterial, que teoricamente podem levar ao remodelamento cardíaco, insuficiência cardíaca e aumento da suscetibilidade a arritmias.
O propilenoglicol e o glicerol apresentam evidências emergentes de efeitos cardiopulmonares diretos em algumas pessoas, incluindo respiração ofegante, tosse seca e irritação na garganta.
Os aromas têm vários efeitos. Os adoçantes, quando aerossolizados, geram aldeídos reativos que são considerados os principais contribuintes para doenças cardiovasculares induzidas pelo cigarro e DPOC. Outros aromatizantes podem danificar o DNA nos tecidos vasculares e pulmonares.
O níquel e o cromo liberados do elemento de aquecimento também são inalados com o aerossol. Foi demonstrado em modelos de ratos que causam pneumonite e inflamação pulmonar. Acredita-se que o níquel seja cancerígeno.
Tanto os produtos que contêm como os que não contêm nicotina podem aumentar a ativação, reatividade e agregação plaquetária; rigidez vascular; e espécies reativas de oxigênio, além de diminuir a utilização de glicose no cérebro.
Pessoas que vaporizam têm maior probabilidade de desenvolver tosse crônica, maior produção de catarro e irritação das vias aéreas superiores. Estudos em animais sugeriram que o aerossol pode causar disfunção ciliar nas vias aéreas, e raspagens nasais de pessoas que usam vape mostram supressão de genes de resposta imunológica e inflamatória, sugerindo um aumento da suscetibilidade à infecção.
Alguns estudos mostram que a vaporização induz obstrução das vias aéreas. Este efeito é provavelmente maior naqueles com predisposição para doença obstrutiva das vias aéreas. Pneumonite eosinofílica, pneumonia de hipersensibilidade e doença pulmonar intersticial foram relatadas.
Além dos efeitos adversos comuns, a vaporização tem sido associada a uma nova entidade clínica, a lesão pulmonar associada ao cigarro eletrônico ou à vaporização (EVALI). Até 2020, ocorreram 2.807 hospitalizações e 68 mortes por EVALI. Os pacientes apresentam sintomas gerais, como fadiga e febre, além de sintomas gastrointestinais proeminentes, e o desconforto respiratório é um componente importante. A radiografia de tórax normalmente mostra aparência de vidro fosco bilateral simétrica e difusa. Metade desses casos exigiu internação em UTI.
Às vezes somos questionados se a vaporização pode ser usada para parar de fumar. Embora não seja aprovado pela FDA para este fim, a declaração cita uma análise recente da Cochrane que mostra que os produtos vaping contendo nicotina eram cerca de 50% mais eficazes do que a terapia de substituição de nicotina.
Efeitos a longo prazo. A maioria dos efeitos adversos conhecidos são de curto prazo porque os cigarros eletrônicos não existem há tempo suficiente para determinar os efeitos a longo prazo.
Até que esses dados estejam disponíveis, os modelos animais servem como os melhores substitutos disponíveis para a questão de saber se a vaporização aumenta o risco a longo prazo. Esses modelos animais mostram que a vaporização aumenta o estresse oxidativo, a inflamação e os danos ao DNA, o que sugere que a vaporização pode aumentar o risco de DPOC e câncer de pulmão. A declaração científica conclui que a presença destes efeitos agudos “sugere que o uso do sistema eletrônico de administração de nicotina não é benigno e levanta a possibilidade de que os impactos adversos possam se acumular ao longo do tempo”. Além disso, a declaração científica observa que os efeitos fisiológicos da vaporização são semelhantes aos resultados demonstrados nas fases iniciais do consumo de cigarros.
Meu resumo: Vaping não é uma boa ideia. A nicotina contida nos produtos torna-os viciantes e foram demonstrados efeitos colaterais de curto prazo que variam de leves a muito graves, incluindo internação em UTI. A probabilidade de danos a longo prazo aos pulmões, coração e sistema vascular é alta.
Neil Skolnik, MD. The Truth About Vaping, Medscape

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2024

1347 - Diga "trinta e três"

"É a expressão que um paciente de língua latina (fr: trente-trois, it: trentatrè, ro: treizeci şi trei , esp: treinta y tres e pt: trinta e três) deve pronunciar quando um médico está ouvindo seus pulmões com o estetoscópio. De fato, o som TR ... TR ... faz os pulmões vibrarem, facilitando a detecção de uma possível anomalia respiratória."
https://www.archimedes-lab.org/numbers/Num24_69.html
Numberopedia, onde está a explicação acima, cometeu um equívoco de semiologia respiratória. No exame físico do tórax, que consta das seguintes etapas: inspeção, palpação, percussão e ausculta, o paciente é solicitado a dizer o "trinta e três" enquanto está sendo realizada a palpação.
Na palpação (tato) é quando se confere o frêmito toracovocal (FTV), isto é, a vibração transmitida das cordas vocais à parede torácica. A sensação tátil será percebida com a face palmar inferior da mão do examinador, enquanto o paciente pruncia palavras ricas em consoantes como "trinta e três".
De um modo geral, pode-se dizer que as afecções pleurais são "antipáticas" ao FTV. Nas condensações pulmonares, desde que os brônquios estejam permeáveis, o FTV torna-se mais nítido; enquanto nas atelectasias, com os brônquios estando ocluídos, o FTV fica diminuído ou mesmo ausente..
Os resultados coincidem com a manobra do FTV, porque as vibrações são facilmente percebidas no tórax pelo tato (FTV). Por isso, a ausculta da voz é pouco usada.
Quando se ausculta com nitidez a voz falada, chama-se pectorilóquia fônica; com a voz cochichada, pectorilóquia afônica.
Conheci um cirurgião torácico, Dr. Glauco Lobo (pai), que preferia utilizar-se da palavra "fevereiro" para conferir o FTV.

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2024

1346 - Mortalidade associada à cirurgia brasileira de lifting de nádegas: a experiência do sul da Flórida

Uma trágica interação entre beleza e morte levou dois profissionais médicos a escreverem este alerta para seus colegas:
"Mortalidade brasileira associada à elevação do bumbum: a experiência do sul da Flórida", Pat Pazmiño e Onelio Garcia, Jr. , Aesthetic Surgery Journal, vol. 43, n.º 2, fevereiro de 2023, pp 162-178.
Os autores relatam:
Embora a mortalidade relacionada ao BBL (Brazilian Butt Lift) esteja geralmente associada ao sul da Flórida, ela afeta todo o país. Cirurgiões plásticos e prestadores de cuidados primários de todo os Estados Unidos telefonam rotineiramente sobre os seus pacientes que viajaram para o sul da Florida para um BBL econômico e depois regressaram a casa com complicações graves e sem meios razoáveis de contactar o médico que realizou a cirurgia. Estas questões só irão piorar à medida que as clínicas econômicas e de grande volume do Sul da Florida estão agora a espalhar-se pelos Estados Unidos, abrindo escritórios e trazendo o seu modelo de prática para novas cidades americanas.

quinta-feira, 25 de janeiro de 2024

1345 - Ascensão e queda dos dinossauros

O que aprendi lendo o livro ASCENSÃO E QUEDA DOS DINOSSAUROS de Steve Brusatte, por Ana Margarida
A Terra se formou há cerca de 4,5 bilhões de anos. As primeiras bactérias microscópicas desenvolveram-se algumas centenas de milhões de anos depois.
Durante, aproximadamente, 2 bilhões de anos, o mundo era habitado por bactérias.
Não havia plantas nem animais, nada que pudesse ser visto a olho nu.
Há, aproximadamente, 1,8 bilhão de anos, essas células simples desenvolveram a capacidade de se agruparem em organismos maiores e mais complexos.
Houve uma era glacial global - que cobriu quase o planeta inteiro com geleiras.
Os primeiros animais eram simples sacos moles de gosma, semelhantes à esponjas e águas-vivas.
Há cerca de 540 milhões de anos, no período Cambriano, surgiram formas de animais com esqueleto.
Eles foram se multiplicando e ficando diversos e abundantes. Começaram a comer uns aos outros.
Há 390 milhões de anos, alguns transformaram as nadadeiras em braços e deixaram a água com destino à terra.
Há cerca de 240 a 230 milhões de anos, os primeiros dinossauros, como o Herrerasaurus e o Eoraptor, desenvolveram-se a partir de seus ancestrais dinossauromorfos do tamanho de gatos.
Nesse período, não havia continentes individuais. O que havia era uma grande massa sólida e ininterrupta de terra - supercontinente (Pangeia) e o oceano (Pantalassa).
Os mamíferos só explodiram em diversidades na Terra - após a recuperação dos ecossistemas - 500 mil anos depois do dia mais destrutivo da história da Terra, quando um cometa ou asteroide colidiu com a Terra e sentenciou a morte os dinossauros.
Entre os mamíferos que surgiram, um do tamanho de um filhote de cachorro chamado Torrejonia viveu cerca de 3 milhões de anos depois da queda do asteroide.
Ele pulava nas árvores com seus dedinhos magrelos agarrados aos galhos.
60 milhões de anos de evolução transformariam esses humildes protoprimatas em macacos bipedes, filósofos , escritores, crentes, não crentes etc (os sapiens).
Se o asteroide não tivesse caído, provavelmente, nós não estaríamos aqui, e, sim, os dinossauros.
Os dinossauros viveram 150 milhões de anos e se extinguiram.
Se aconteceu com os dinossauros, pode acontecer conosco.
Oh!
Ana Margarida Furtado Arruda Rosemberg, blog Memórias
Sampa, 12.01.2024