Mostrando postagens com marcador protocolo. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador protocolo. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

1074 - Salvando a camada de ozônio: um esforço internacional

Antarctic ozone hole on 16 September 1987. Credit: NASA Earth Observatorypor Annabel Sturgess
O ozônio, uma molécula gasosa altamente reativa que consiste em três átomos de oxigênio, forma uma camada que é encontrada na estratosfera da Terra, a parte da atmosfera a cerca de 10 a 50 km acima do nível do mar. A existência da camada de ozônio é essencial para proteger toda a vida na Terra, uma vez que absorve eficazmente a radiação ultravioleta (UV) prejudicial do Sol. Sem a camada de ozônio, essa radiação causaria danos genéticos, resultando em problemas como câncer de pele em humanos e problemas de crescimento em plantas.
Em 1985, cientistas que trabalhavam para a British Antarctic Survey descobriram que a camada de ozônio sobre a Antártida tinha se esgotado. O monitoramento do ozônio havia começado em 1957. Os dados mostraram que os níveis de ozônio haviam diminuído na primavera durante os anos 80. Em seguida, cientistas da Nasa confirmaram que esse esgotamento do ozônio se estendia a todo o continente antártico. Em 1992, o buraco na camada de ozônio era do tamanho da América do Norte.
Esta degradação relativa do ozônio é causada principalmente pela liberação de clorofluorcarbonos (CFCs), substâncias químicas que antes eram amplamente utilizadas em aerossóis. Uma vez que os CFCs atingem a estratosfera da Terra, eles são expostos à radiação UV do Sol, o que faz com que eles se decomponham em substâncias que incluem o cloro. A presença de cloro livre na estratosfera em combinação com a luz solar ocasiona a contínua quebra das moléculas de ozônio.
A destruição da camada de ozônio tem sido particularmente proeminente na Antártida. As baixas temperaturas na região produzem nuvens estratosféricas polares, que aumentam o cloro livre através de reações químicas nas superfícies das nuvens. Isso, além dos longos períodos de sol durante as estações de primavera e verão, fez com que até 65% do ozônio fosse destruído, comparado a 20% no Ártico e cerca de 5-10% em outras regiões do mundo.
Muitas pessoas estavam preocupadas com o esgotamento da camada de ozônio e as implicações que isso poderia ter para a saúde humana. Em 1987, um acordo internacional para proteger a camada de ozônio, chamado Protocolo de Montreal, foi assinado. Este acordo levou a uma redução na liberação de CFCs na atmosfera. O Protocolo de Montreal foi o primeiro tratado da história a alcançar a ratificação universal - o que significa que foi ratificado por todos os Estados membros das Nações Unidas. Seu sucesso levou à recuperação da camada de ozônio sobre a Antártida e à redução da destruição do ozônio em todo o mundo nos últimos anos. O longo tempo de vida atmosférica dos CFCs significa que pode ser 2060 ou 2080 até que o dano seja totalmente reparado, mas a ação rápida realizada em nível internacional ajudou a evitar uma catástrofe global.
Saving the ozone layer: an international effort. Trad.: PGCS
In: https://royalsociety.org/stay-in-touch/blogs/
Ver também postagem 922 de Nova Acta: "O homem que matou um bilhão de pessoas".

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

919 - Fibrose cística. Manifestações pulmonares

A fibrose cística (FC), também chamada de mucoviscidose, é uma doença genética autossômica recessiva. Embora predomine na população caucasiana, com incidência de 1:3.000 nascidos vivos, pode estar presente em todos os grupos étnicos. No Brasil, a incidência ainda é ignorada, contudo estudos regionais mostram dados estatísticos variáveis que sugerem uma incidência em torno de 1:7.000 no país como um todo. A vida média dos pacientes com FC tem aumentado nos últimos anos, alcançando a terceira década, resultado do diagnóstico precoce e do tratamento especializado instituído nas fases iniciais da doença.
A FC é uma doença multissistêmica, sendo o acometimento pulmonar responsável pela maior morbimortalidade dos pacientes. O acúmulo de muco nas vias aéreas inferiores é uma das características-chave da fisiopatogenia da doença pulmonar, assim como a presença de reação inflamatória predominantemente neutrofílica e infecção bacteriana. As alterações pulmonares iniciam nas vias aéreas menores e são progressivas, evoluindo para o surgimento de bronquiectasias, fibrose pulmonar e cor pulmonale. Os principais componentes do muco viscoso das vias aéreas dos pacientes com fibrose cística são a mucina e o pus derivado do DNA (ácido ribonucleico) intracelular liberado pela degranulação dos neutrófilos.
Diagnóstico clínico
A tosse crônica, a esteatorreia e o suor salgado são os sintomas clássicos da FC. Entretanto, a gravidade e a frequência dos sintomas são muito variáveis e podem ser diferentes conforme a faixa etária, mas a maioria dos pacientes apresenta-se sintomática nos primeiros anos de vida. Ao nascer, 10%-18% dos pacientes podem apresentar íleo meconial.
O sintoma respiratório mais frequente é a tosse persistente, inicialmente seca e aos poucos produtiva, com a eliminação de escarro de mucoide a francamente purulento. A radiografia de tórax pode inicialmente apresentar sinais de hiperinsuflação e espessamento brônquico, mas, com o decorrer do tempo, podem surgir atelectasias segmentares ou lobares. O achado de bronquiectasias é mais tardio. As exacerbações da doença pulmonar caracterizam-se por aumento da tosse, dispneia, mal-estar, anorexia e perda de peso. Insuficiência respiratória e cor pulmonale são eventos finais.
Sinusopatia crônica está presente em quase 100% dos pacientes. Polipose nasal recidivante ocorre em cerca de 20% dos casos e pode ser a primeira manifestação da doença.
Distensão abdominal, evacuações com gordura e baixo ganho de peso são sinais e sintomas fortemente sugestivos de má-absorção intestinal que, na maioria dos casos, deve-se à insuficiência pancreática exócrina.
No sistema reprodutor, observam-se puberdade tardia, azoospermia em até 95% dos homens e infertilidade em 20% das mulheres.
Diagnóstico laboratorial
O diagnóstico da FC é clínico, podendo ser confirmado pela detecção de níveis elevados de cloreto e sódio no suor ou por estudo genético com a identificação de 2 mutações para fibrose cística. O teste mais fidedigno é a análise iônica quantitativa do suor estimulado por pilocarpina. Consideram-se positivos os valores de cloreto e sódio no suor; 60 mEq/l, em pelo menos 2 aferições.
Os exames da função pulmonar, como a espirometria, mostram distúrbio ventilatório obstrutivo. Considera-se o volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1) o melhor parâmetro da função pulmonar para a monitorização da doença respiratória.
Tratamento
O tratamento das manifestações pulmonares de pacientes com fibrose cística deve incluir um programa de fisioterapia respiratória, hidratação, tratamento precoce das infecções respiratórias e fluidificação de secreções.
Alfadornase: é uma solução purificada de desoxirribonuclease recombinante humana para uso inalatório, que reduz a viscosidade do muco por hidrólise do DNA extracelular, derivado do núcleo de neutrófilos degenerados, presente no muco dos pacientes com fibrose cística e um dos responsáveis pelo aumento da sua viscosidade. A dose recomendada para a maioria dos portadores de fibrose cística é uma ampola de 2,5 mg, 1 vez ao dia, utilizando nebulizador recomendado para alfadornase. Alguns pacientes, especialmente os de mais idade e com maior comprometimento pulmonar, podem se beneficiar com a administração 2 vezes ao dia. Recomenda-se que alfadornase seja nebulizada pelo menos 30 minutos antes da fisioterapia respiratória. Deve-se ter especial cuidado com os nebulizadores utilizados, sendo importante sua limpeza e desinfecção, de acordo com recomendações técnicas vigentes. Considerar também a possibilidade de instilação de alfadornase diretamente nas vias aéreas inferiores através de fibrobroncoscopia na presença de alterações radiológicas causadas por obstrução ou impactação mucoide das vias aéreas. O tratamento é contínuo, sem duração previamente definida. Espera-se melhora da função pulmonar desde o primeiro mês de tratamento1 e que haja redução das exacerbações pulmonares ao longo do tempo. Os possíveis benefícios esperados com o tratamento são melhora do VEF1, da qualidade de vida, da hiperinsuflação pulmonar e diminuição da frequência das exacerbações respiratórias.
(Portaria SAS/MS nº 224, de 10/05/10, retificada em 27/08/10)
O Sistema Único de Saúde (SUS) incorporou recentemente a Tobramicina inalatória no combate às infecções respiratórias que acometem esses doentes. a nova tecnologia traz vários benefícios em relação aos dados de funcionamento do pulmão, como o ganho de 12% na função pulmonar aferida pelo VEF1 e a redução nas colônias de bactérias que causam essas infecções. Outro dado importante é a redução de 26% nas internações desses pacientes.
No SUS também são disponibilizados aos pacientes de FC: acompanhamento médico regular, suporte dietético, utilização de enzimas pancreáticas, suplementação vitamínica (vitaminas A, D, E, K) e fisioterapia respiratória.
534 - A doença do beijo salgado
745 - Fibrose cística