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segunda-feira, 11 de julho de 2011

279 - Órgão sintético. O 1º transplante no mundo

Cirurgiões no Karolinska University Hospital, Suécia, deram um enorme passo à frente em medicina regenerativa ao realizarem com sucesso o primeiro transplante de um órgão sintético no mundo. Este transplante sem doador salvou a vida do paciente Andemariam Beyene, 36, portador de um grave câncer de traqueia.
Scans 3-D da traquéia e brônquios principais de Beyene foram inicialmente enviados para a University College London (UCL), onde uma equipe, liderada pelo médico Alex Seifalian, criou um molde à base de vidro com diversos poros para o órgão. Esse molde, por sua vez, foi embebido em células-tronco da medula óssea do próprio Beyene, na Suécia. As células-tronco "pegaram" e, em apenas dois dias, já revestiam o molde de forma a criar uma nova traqueia com os próprios tecidos de Beyene.
The replacement windpipe was grown in the lab.
Uma operação de 12 horas, comandada por um cirurgião italiano, Paolo Macchiarini, especializado em operações do gênero, removeu a traqueia cancerosa de Beyene e a substituiu pelo novo órgão fabricado em laboratório.
Isso foi há um mês. Hoje, Beyene está se recuperando bem. E, como o órgão transplantado foi produzido a partir de sua próprias células, não há indicação para ele se submeter a um severo regime de drogas anti-rejeição, como é necessário a pacientes que recebem transplantes. PGCS
Using a Lab-Grown Trachea, Surgeons Conduct the World's First Synthetic Organ Transplant, POPSCI

sábado, 27 de fevereiro de 2010

26 - Espirometria e obstrução alta

Dados clínicos
Paciente AFMM, sexo masculino, 51 anos, cabeleireiro, residente em Fortaleza, internado no Hospital de Messejana.
Tabagismo: 56 anos-maço, abstinente há 9 anos.
1ª internação: 04/08/05 => 29/08/05
Queixa principal: dispnéia há 2 meses.
Admitido com parada cardiorrespiratória na Emergência do HM.
Diagnósticos: pneumonia aspirativa + insuficiência cardíaca congestiva + hipertensão arterial + insuficiência renal crônica + hipotiroidismo + ...
Houve intubação prolongada para ventilação mecânica no período em que esteve na UTI.
2ª internação: 26/09/05 => 24/10/05
Queixas: dispnéia, tosse e estridor.
Tomografia computadorizada de alta resolução do tórax: normal.
Primeira Espirometria (05/10/05, por Dra. Inês Gurgel)


Comentário: as duas alças das curvas de fluxo-volume, antes e após o broncodilatador, se sobrepõem e apresentam um aspecto achatado – em box – o que é sugestivo da ocorrência de uma obstrução aérea alta, de natureza fixa.
Após serem conhecidas estas alterações funcionais, o paciente se submeteu a uma endoscopia que mostrou: estenose traqueal concêntrica, cicatricial, madura, 4 cm abaixo das cordas vocais. Foi realizada uma dilatação traqueal.
3ª internação: 19/11/05 => 05/12/05
Repetida a endoscopia para a realização de uma segunda dilatação traqueal.
4ª internação: 21/02/06 => 27/02/06
O paciente se submeteu a uma traqueoplastia. Acesso cirúrgico pelo 2º anel traqueal, seguido da ressecção do segmento estenosado (por Dr. Newton e equipe).
Alta hospitalar para acompanhamento ambulatorial.
Segunda Espirometria (16/11/06, por Dra. Inês Gurgel)


Comentário: as duas alças das curvas de fluxo-volume, antes e após o broncodilatador, se sobrepõem, porém não dão mais o aspecto de box ao espirograma.
Modificações quantitativas ocorridas da primeira para a segunda espirometria:
CVF (litros): de 3,48 para 4,14 (+19%)
VEF1 (litros): de 0,98 para 2,57 (+162%)
Índice de Tiffeneau: de 0,28 para 0,62 (normal = ou > 0,70)
FEF25-75%/CVF: de 0,23 para 0,52 (normal = ou > 0,60)
PFE (litros/seg): de 1,06 para 3,50 (+230%)
O distúrbio ventilatório obstrutivo passa do grau acentuado para o grau leve.

Obstruções aéreas altas - Quando suspeitar para realizar espirometria:
• História de cirurgia de cabeça e/ou pescoço
Intubação prolongada ou de repetição
• Disfonia
Estridor
Dispnéia refratária a broncodilatador
• Apnéia obstrutiva do sono
Neste caso que apresentei, em 22/05/07 (ontem), na sessão do Serviço de Pneumologia do Hospital de Messejana, estavam presentes três indicações (em negrito) para a realização das espirometrias.
Na primeira das espirometrias, o exame se mostrou importante para o diagnóstico; na segunda, após as dilatações traqueais e a traqueoplastia realizadas, o exame possibilitou avaliar, de forma objetiva, os resultados alcançados com esses tratamentos.

Publicado em EntreMentes