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quinta-feira, 5 de agosto de 2021

1214 - A invenção da seringa hipodérmica

O médico escocês Alexander Wood é amplamente reconhecido como o inventor da seringa hipodérmica dos dias modernos. Wood pode não ter tido muita noção da importância de sua invenção na década de 1850. Mas sua criação — uma seringa toda de vidro com êmbolo e agulha de orifício fino — se tornaria um dispositivo médico tão simbólico quanto o estetoscópio.
As seringas, de uma forma ou de outra, existem pelo menos desde a época do médico grego Hipócrates no século 5 a.C. As primeiras versões eram rudimentares. Feitas a partir de bexigas de animais, tubos ou penas, eram amplamente usadas para irrigação — a prática de limpar ou lavar uma ferida ou corpo — ou enemas (lavagem que injeta água no intestino). No século 11, um oftalmologista egípcio usou a primeira ferramenta semelhante à seringa hipodérmica para remover cataratas. Mas somente em meados do século 17 que os primeiros experimentos confirmados de injeção intravenosa foram realizados.
Em experimentos com cães em 1656, o britânico Christopher Wren — mais conhecido como arquiteto — injetou drogas nos cachorros usando uma bexiga de animal presa a uma pena de ganso oca. Ele injetou ópio, álcool e crocus metallorum (emético, indutor do vômito, do século 17) em cães diferentes", explica a anestesista Christine Ball, curadora honorária do Museu Geoffrey Kaye de História da Anestesia em Melbourne, na Austrália.
Como era de se esperar, o primeiro foi dormir, o segundo ficou muito bêbado e o terceiro bem morto.
Em meados do século 19, a medicina começou a se concentrar em um sistema mais eficiente de administração de medicamentos. Em 1844, o cirurgião irlandês Francis Rynd inventou o que foi indiscutivelmente a primeira agulha oca do mundo. Mas era um dispositivo que usava a gravidade para fazer o líquido fluir e envolvia romper a pele com uma ferramenta conhecida como trocarte.
Em 10 anos, no entanto, surgiu a versão moderna da agulha hipodérmica.
Em 1853, o médico Alexander Wood, nascido em Fife, na Escócia, adicionou um êmbolo e desenvolveu a primeira seringa totalmente de vidro (fig. 1) que permitia aos médicos estimarem a dosagem com base na quantidade de líquido observada através do vidro. Sua primeira paciente foi uma mulher de 80 anos que sofria de uma forma de neuralgia. Preocupado em aliviar a dor local, ele injetou nela 20 gotas de solução vínica de morfina (morfina dissolvida em vinho xerez) na parte do ombro onde a dor era mais forte. Na sequência, ela adormeceu profundamente, mas depois se recuperou.
A invenção de Wood coincidiu, ao que tudo indica completamente por acaso, com a criação no mesmo ano de um instrumento semelhante pelo cirurgião francês Charles Pravaz.
Mas, enquanto o dispositivo de Wood era feito de vidro e apresentava um êmbolo, a invenção de Pravaz (fig. 2) era composta em grande parte por prata e usava um parafuso que precisava ser girado para empurrar o medicamento para dentro do corpo.
O Royal College of Physicians de Edimburgo (RCPE) diz que há duas razões pelas quais Wood, um dos ex-presidentes da organização, deve receber o crédito em vez de Pravaz.
"Em primeiro lugar, Wood testou sua nova seringa usando-a para injetar remédio (morfina) em uma paciente, enquanto Pravaz testou a sua numa ovelha. Portanto, a eficácia do método de Wood era mais clara", explica Daisy Cunynghame, gerente de biblioteca e patrimônio do RCPE. "Em segundo lugar, Pravaz morreu antes de publicar suas descobertas — enquanto Wood publicou sobre sua descoberta."
A agulha hipodérmica dos dias modernos mudou muito pouco em relação ao design de Wood. A principal diferença está no material de que a seringa é feita — mais plásticos descartáveis, menos vidro e metal —, mas, fora isso, o design permanece praticamente inalterado. A dosagem precisa que é necessária para muitos medicamentos, incluindo vacinas, só foi possível com a invenção de Wood.

quinta-feira, 16 de agosto de 2018

1058 - Os óculos bifocais de Ben

A habilidade de focar claramente objetos e lugares próximos diminui com a idade. Isso é conhecido como presbiopia, e explica porque as pessoas mais velhas tendem a segurar objetos afastados dos olhos. Óculos bifocais incorporam duas lentes para cada olho. A parte inferior de cada lente corrige a presbiopia, colocando os objetos próximos em foco.
Benjamin Franklin (1706-1790) é considerado o inventor das lentes bifocais, ainda que ninguém saiba ao certo quem as projetou ou quando foram fabricadas. Ben e outras poucas pessoas usaram lentes bifocais desde a década de 1760, e a primeira menção feita por ele a respeito de seus "óculos duplos" está numa carta de 21 de agosto de 1784.
Nessa carta, ele escreveu da França para um amigo descrevendo a solução das lentes bifocais para o problema de carregar dois pares de óculos para ver objetos a distâncias diferentes, com o comentário de que "tenho apenas que mover meus olhos para cima e para baixo, quando quero ver longe ou perto".
Com certeza, Benjamin Franklin foi o responsável pela divulgação das lentes bifocais e, como o homem da ciência - e com a visão fraca -, ele, sem dúvida, compreendia os princípios por trás de seu funcionamento. A lente dos óculos bifocais de Ben consistia em dois pedaços distintos de vidro, cada um com um poder de focagem diferente. Mas, já no fim do século XIX, Louis de Wecker (1832-1906) criou a maneira de fundir as duas lentes numa só. O termo "bifocal" foi, na verdade, criado por John Isaac Hawkins (1772-1854), em 1826, para diferenciar dos óculos inventados por ele e que incorporavam três lentes.
As lentes "trifocais" de Hawkins solucionaram um problema enfrentado por idosos que usavam lentes bifocais: ainda que objetos próximos e distantes estivessem em foco, a visão de média distância ficava comprometida. Hoje, os óculos dispõe de uma variedade muito maior de distâncias focais, e não apenas de duas ou três. Estas lentes "multifocais" foram vistas pela primeira vez na década de 1950 e permitiram uma transição suave de uma distância focal a outra.

segunda-feira, 28 de março de 2016

843 - A invenção do estetoscópio

René Laennec é o autor do clássico "De l'Auscultation Médiate", publicado em agosto de 1819. Este refere-se à sua ideia de utilizar um instrumento, ou mediador, para ouvir os sons espontâneos do interior do corpo humano.
Prefácio de "De l'Auscultation Médiate"
"Em 1816, eu fui consultado por uma jovem mulher com sintomas de uma doença cardíaca, e nesse caso a percussão, bem como a apalpação, eram de pouca serventia, em virtude do grande grau de adiposidade da paciente. E o método da escuta direta era inadmissível, tendo em vista a idade e o sexo dela. De repente, me lembrei de um simples e bem conhecido fato da acústica: a grande nitidez com que se ouve o arranhar de um pino em uma extremidade de uma peça de madeira ao se aplicar o ouvido no outro lado. Então, eu transformei uma folha de papel em uma espécie de cilindro, apliquei uma das extremidades na região do coração da paciente e a outra, em meu ouvido. E fiquei surpreso e satisfeito ao descobrir que eu podia, assim, perceber os batimentos do coração de uma maneira mais clara e distinta do que, em alguma vez, eu tivesse sido capaz de perceber pela aplicação imediata do meu ouvido."
De cilindro de papel, o estetoscópio tornou-se de madeira e, em seguida, na segunda metade do século XIX, passou a ser flexível e com dois auriculares.
153 - Ouçam esta!
774 - "Sine cera"