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domingo, 10 de julho de 2011

278 - Gravidez de alta duração

A maioria das gestações na espécie humana dura cerca de 9 meses e os médicos decidem induzir o parto se a gestação continua por mais tempo. No entanto, é possível uma mulher permanecer grávida durante um ano inteiro. A mais longa gestação do mundo durou 375 dias e o bebê tinha ao nascer um pouco mais de três quilos.


Gestações de um ano ou mais já deram à luz personagens da mitologia e da literatura. O fato é justificado pela necessidade de a mãe gerar uma obra-prima, muitas vezes destinada a fazer proezas. Com efeito, diz Homero que, tendo Netuno engravidado a Ninfa, esta só deu à luz um ano depois. Como informa Aulo Gélio, tão longo tempo era exigido pela majestade de Netuno, a fim de que o filho fosse formado com perfeição. Pelo mesmo motivo, Júpiter fez durar quarenta e oito horas a noite em que dormiu com Alcmena. Embora aqui se trate de uma fecundação, em menos tempo Júpiter não teria podido forjar Hércules, que limpou o mundo de monstros e tiranos.
Já Gargantua (na gravura ao lado, de Gustave Doré), personagem principal do romance homônimo de Rabelais, passou onze meses no ventre de sua mãe. E, por causa do inconveniente de ter ela comido tripas quando grávida, é que o bebê Gargantua passou por entre "os cotilédones superiores da matriz, entrou na veia cava e, subindo pelo diafragma até ao alto das espáduas, onde aquela veia se ramifica em duas, encaminhou-se para a esquerda e saiu pelo ouvido".

Bem, saiu pelo ouvido e quem quiser que conte outra.

sábado, 14 de agosto de 2010

194 - Albert Camus

Albert Camus (Mondovi, 7 de novembro de 1913 — Le Petit-Villeblevin, 4 de janeiro de 1960) foi um escritor e filósofo francês nascido na Argélia. Em sua terra natal viveu sob o signo da guerra, fome e miséria, elementos que, aliados ao sol, formam alguns dos pilares que orientaram o desenvolvimento do pensamento do escritor.
O absurdo da existência humana se manifestou por diversas vezes na vida do escritor franco-argelino. Numa destas, quando concluiu seu doutoramento, Camus se viu impedido de ser professor por haver adoecido de tuberculose. Esta doença inclusive lhe deu a real dimensão da possibilidade cotidiana de morrer, o que foi fundamental no desenvolvimento de sua obra filosófica /literária.
A tuberculose também o impediu de continuar a praticar um esporte que tanto amava: o futebol. Camus era o goleiro da seleção universitária (conta-se que um bom goleiro). E o seu amor ao futebol seguiu-o durante toda a vida. Muito o impressionava a paixão do brasileiro pelo futebol. Por isso, ao visitar o Brasil em 1949, logo pediu que o levassem para assistir a uma partida de futebol.
Em 1957, Albert Camus recebeu o Prêmio Nobel de Literatura "pelo conjunto de sua obra que punha em evidência os problemas que surgem na consciência do homem moderno".

Ler algumas de suas frases mais conhecidas em EntreMentes.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

19 - Algumas implicações literárias da tuberculose no Brasil

Antes do surgimento da quimioterapia específica os pacientes tuberculosos eram tratados com repouso e medidas higieno-dietéticas. Com esses objetivos terapêuticos, eram internados em sanatórios construídos em regiões às quais se atribuíam condições climáticas favoráveis para a cura da enfermidade. Em tais sanatórios os doentes também se submetiam a procedimentos cirúrgicos, como o pneumotórax terapêutico preconizado por Forlanini.
A necessidade de sanatórios para atender o grande número de tuberculosos no Brasil ensejou a que essas instituições de saúde proliferassem em nosso país. Concentrando-se as construções delas nas décadas de 20, 30 e 40 do século passado. E sendo a primeiro delas o Sanatório de Palmira, em Minas Gerais.
As histórias dos tísicos por longos tempos internados, com as suas desventuras e esperanças, foram por eles ou por seus familiares convertidas em obras literárias, no Brasil e no mundo. No Brasil, ganhou destaque o romance Floradas da Serra (1939), de Dinah Silveira de Queiroz, cuja trama se passava em Campos do Jordão (São Paulo). Um sucesso de público que foi depois ampliado com as adaptações do romance para o cinema e a televisão.
Diversos poetas brasileiros, afligidos pela tuberculose, dedicaram-lhe versos. Como fizeram, em alguns momentos de suas vidas, Castro Alves, Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu, Raymundo Correia, Augusto dos Anjos, Martins Fontes e Manuel Bandeira. É deste último vate o célebre poema Pneumotórax. Nas mãos do professor Edmundo Blundi (Policlínica Geral do Rio de Janeiro), eu tive a oportunidade de ver uma das radiografias dos pulmões de Bandeira. Que só viria a falecer na idade provecta, porém vitimado por outra moléstia.


Recomendo a leitura do artigo Tuberculose - aspectos históricos, realidades, seu romantismo e transculturação, do professor José Rosemberg, publicado no Jornal de Pneumologia Sanitária de dezembro de 1999. Clique.

Publicado em EntreMentes