sábado, 20 de fevereiro de 2010

19 - Algumas implicações literárias da tuberculose no Brasil

Antes do surgimento da quimioterapia específica os pacientes tuberculosos eram tratados com repouso e medidas higieno-dietéticas. Com esses objetivos terapêuticos, eram internados em sanatórios construídos em regiões às quais se atribuíam condições climáticas favoráveis para a cura da enfermidade. Em tais sanatórios os doentes também se submetiam a procedimentos cirúrgicos, como o pneumotórax terapêutico preconizado por Forlanini.
A necessidade de sanatórios para atender o grande número de tuberculosos no Brasil ensejou a que essas instituições de saúde proliferassem em nosso país. Concentrando-se as construções delas nas décadas de 20, 30 e 40 do século passado. E sendo a primeiro delas o Sanatório de Palmira, em Minas Gerais.
As histórias dos tísicos por longos tempos internados, com as suas desventuras e esperanças, foram por eles ou por seus familiares convertidas em obras literárias, no Brasil e no mundo. No Brasil, ganhou destaque o romance Floradas da Serra (1939), de Dinah Silveira de Queiroz, cuja trama se passava em Campos do Jordão (São Paulo). Um sucesso de público que foi depois ampliado com as adaptações do romance para o cinema e a televisão.
Diversos poetas brasileiros, afligidos pela tuberculose, dedicaram-lhe versos. Como fizeram, em alguns momentos de suas vidas, Castro Alves, Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu, Raymundo Correia, Augusto dos Anjos, Martins Fontes e Manuel Bandeira. É deste último vate o célebre poema Pneumotórax. Nas mãos do professor Edmundo Blundi (Policlínica Geral do Rio de Janeiro), eu tive a oportunidade de ver uma das radiografias dos pulmões de Bandeira. Que só viria a falecer na idade provecta, porém vitimado por outra moléstia.


Recomendo a leitura do artigo Tuberculose - aspectos históricos, realidades, seu romantismo e transculturação, do professor José Rosemberg, publicado no Jornal de Pneumologia Sanitária de dezembro de 1999. Clique.

Publicado em EntreMentes

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