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sexta-feira, 21 de setembro de 2012

419 - Pneumotórax catamenial

Artistas buscam inspirações para seus trabalhos em muitas coisas na vida. Lorraine Ashley faz isso de uma forma bastante singular.
Ela sofre de uma doença chamada pneumotórax catamenial. Uma rara entidade que foi descrita pela primeira vez em 1958 e da qual há apenas 65 casos relatados e revisados na literatura médica mundial. Ocorre em mulheres, principalmente nas 3ª e 4ª décadas da vida e, em 90% dos casos, esta forma de pneumotórax (vazamento de ar do pulmão para o espaço pleural) incide à direita.
O pneumotórax catamenial tem caráter recidivante e coincide com o período do fluxo menstrual. São sugeridas três prováveis etiopatogenias para a doença: fenestrações diafragmaticas, endometriose pulmonar e ação das prostaglandinas.
Após dolorosas cirurgias, Lorraine decidiu tornar sua experiência em arte. E, fazendo pequenas perfurações numa placa de ardósia, ela recriou a imagem de seus pulmões como eram mostrados nas tomografias do hospital.
Artist turned menstruating lungs into art, Neatorama
Frazatto, CR, Frazatto Júnior, C, Lima, JAB - Pneumotórax catamenial - relato de um caso. Jornal de Pneumologia 17(3):141-143, setembro de 1991

sábado, 20 de fevereiro de 2010

19 - Algumas implicações literárias da tuberculose no Brasil

Antes do surgimento da quimioterapia específica os pacientes tuberculosos eram tratados com repouso e medidas higieno-dietéticas. Com esses objetivos terapêuticos, eram internados em sanatórios construídos em regiões às quais se atribuíam condições climáticas favoráveis para a cura da enfermidade. Em tais sanatórios os doentes também se submetiam a procedimentos cirúrgicos, como o pneumotórax terapêutico preconizado por Forlanini.
A necessidade de sanatórios para atender o grande número de tuberculosos no Brasil ensejou a que essas instituições de saúde proliferassem em nosso país. Concentrando-se as construções delas nas décadas de 20, 30 e 40 do século passado. E sendo a primeiro delas o Sanatório de Palmira, em Minas Gerais.
As histórias dos tísicos por longos tempos internados, com as suas desventuras e esperanças, foram por eles ou por seus familiares convertidas em obras literárias, no Brasil e no mundo. No Brasil, ganhou destaque o romance Floradas da Serra (1939), de Dinah Silveira de Queiroz, cuja trama se passava em Campos do Jordão (São Paulo). Um sucesso de público que foi depois ampliado com as adaptações do romance para o cinema e a televisão.
Diversos poetas brasileiros, afligidos pela tuberculose, dedicaram-lhe versos. Como fizeram, em alguns momentos de suas vidas, Castro Alves, Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu, Raymundo Correia, Augusto dos Anjos, Martins Fontes e Manuel Bandeira. É deste último vate o célebre poema Pneumotórax. Nas mãos do professor Edmundo Blundi (Policlínica Geral do Rio de Janeiro), eu tive a oportunidade de ver uma das radiografias dos pulmões de Bandeira. Que só viria a falecer na idade provecta, porém vitimado por outra moléstia.


Recomendo a leitura do artigo Tuberculose - aspectos históricos, realidades, seu romantismo e transculturação, do professor José Rosemberg, publicado no Jornal de Pneumologia Sanitária de dezembro de 1999. Clique.

Publicado em EntreMentes