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quinta-feira, 20 de junho de 2019

1102 - Correlação entre posse de armas de fogo e tamanho do pênis

Se alguém discute sobre as restrições de armas de fogo frequentemente se depara com a afirmação de que os donos compram suas armas para compensar terem pênis pequenos.
Embora a associação entre a posse de armas e o tamanho pequeno do pênis seja lembrada com frequência nas discussões sobre essas armas, até agora não houve o apoio de evidências científicas.
O presente estudo tenta preencher esta lacuna, comparando os dados sobre o tamanho do pênis com a posse de armas para confirmar que a relação reivindicada possa existir.
Para obter informações sobre a taxa de posse de armas por estado (nos Estados Unidos), a equipe de pesquisa usou dados de um estudo da Universidade de Columbia de 2015 que avaliou as taxas de posse de armas com base em uma pesquisa de 2013, fornecendo uma porcentagem de residentes de cada estado que possuem armas.
Para determinar o tamanho do pênis, a equipe de pesquisa utilizou os resultados de um estudo de 2010 por condomania.com, que se apresenta como "a primeira loja de preservativos da América". O estudo classificou os 50 estados em ordem decrescente de tamanho, com base nas vendas de preservativos para cada estado.
Plotar o tamanho do pênis como uma função da taxa de posse de armas revela claramente uma correlação, com a classificação do tamanho do pênis de um estado diminuindo à medida que aumenta a porcentagem de posse de armas. Observe que uma classificação baixa indica um tamanho de pênis maior, ficando entre o número 1 (maior - New Hampshire) e # 50 (menor - algum estado pobre que não é New Hampshire). Com base nos dados, um estado como o Alasca, com uma taxa de propriedade de armas de 61,7%, pode ser classificado como 61 em 50 (sobre isto ver nota explicativa 3 no artigo original), comparado a New Hampshire no topo do ranking com uma taxa de posse de armas de apenas 14,4%.
Deve-se notar que o estudo mostra apenas uma correlação e não um efeito causal. Ou seja, enquanto os dados mostram claramente que o tamanho pequeno do pênis e a posse de armas de fogo estão correlacionados, não se pode dizer com certeza que compensar o tamanho do pênis pequeno seja a motivação para possuir uma arma. Pesquisas adicionais podem ser úteis para apoiar essa relação causativa.
Extraído de: Study Confirms Gun Owners Have Smaller Penises, publicado em The Truth About Guns, site que reúne praticantes de caça nos EUA. O controlador do Nova Acta não endossa a metodologia utilizada no presente estudo, embora concorde com a ideia de que uma correlação não implique uma causalidade.
624 - Correlações espúrias
627 - Guia rápido para detetar a "Má Ciência"
1017 - Ronald Fisher. Teste e controvérsias

quinta-feira, 23 de maio de 2019

1098 - As primeiras práticas cirúrgicas em lesões por armas de fogo

A descoberta da pólvora tem sido consensualmente aceita na comunidade científica como originária da China no século IX. Descoberta pelos alquimistas chineses na busca do elixir da imortalidade, a pólvora resultou de séculos de experimentação. A palavra chinesa para "pólvora" significa "fogo da Medicina", estando a primeira referência às propriedades incendiárias da pólvora descrita num texto "taoista" (真元妙道要略) de meados do século IX: "... aquecidos juntos, enxofre, realgar (derivado do ácido sulfúrico) e salitre com mel originaram chamas e fumo, de tal forma que as suas mãos e rostos foram queimados, e até mesmo toda a casa ardeu." (Fig. 1).
Quando os ingleses utilizaram pela primeira vez as armas de fogo (1346), na batalha de Créçy, Guy de Chauliac, ital. Guido De Cauliaco (1298-1368), foi um dos primeiros autores que fez anotações sobre o tratamento deste tipo de lesões.
Escreveu em 1363 a sua grande obra Chirurgia magna (titulo original: Inventorium sive collectorium in parte chirurgiciali medicin) considerado até ao século XVI o grande livro, e referência da cirurgia do seu tempo. No seu livro Chauliac seleccionou e compilou de todos os seus antecessores as técnicas e as práticas cirúrgicas consideradas mais importantes e de maior referência à época, comentando e acrescentando pormenores da sua prática clínica e experiência cirúrgica. Neste incluem-se textos de Galeno, Hipócrates, Aristóteles, Razi (Rhazes), Abul Kasim (Albucasis), Avicenna (Ibn Sina), entre outros autores.
Sobre este livro, Ambroise Paré afirmou: "Guy de Chuliac escreveu um livro imortal que estará sempre ligado ao destino e aprendizagem da escola cirúrgica francesa da sua época".
As feridas causadas por armas de fogo levantaram inicialmente grandes problemas aos cirurgiões militares, por se entender que os projéteis disparados causavam três efeitos distintos no corpo do ferido e que cada um deles necessitava de tratamento próprio. O projétil provocava uma ferida contusa, o efeito da explosão provocava uma queimadura e a pólvora provocava envenenamento. A grande destruição dos tecidos fornecia consequentemente um ótimo meio de crescimento bacteriano e os cirurgiões depararam-se com um novo tipo de ferida e gangrena desconhecidos.
Depois de Guy de Chauliac, Giovanni de Vigo (1450-1525), médico italiano, escreveu sobre o tratamento de ferimentos por arma de fogo, e defendia que todas as feridas por arma de fogo descritas pelo próprio como "contusas e queimadas", não necessitavam de cauterização com ferro em brasa mas sim azeite a ferver para combater a ação tóxica da pólvora, uma vez que era esta a razão principal da evolução catastrófica das feridas por arma de fogo; "as propriedades venenosas e tóxicas da pólvora".
Em seu grande livro, "Practica Copiosa in Arte Chirurgie", reúne uma serie de autores gregos e árabes, e caracteriza e descreve os ferimentos por arma de fogo afirmando que teriam de ser tratados com óleo a ferver ao invés de cauterizados com ferro em brasa. O prestígio de Vigo no meio médico europeu pode ser avaliado pelo facto de sua obra "Practica in chirurgia", publicada em 1514, ter alcançado 30 edições.
Este tipo de pensamento arrastou-se durante muito tempo até que um cirurgião mais atento, Bartolomeo Maggi (1477-1552), cirurgião militar e professor da Universidade de Bolonha, resolveu investigar e verificar que nada se passava assim. Disparou balas de arcabuzes sobre pólvora, enxofre e fatos de soldados e verificou que a bala não fazia arder nenhum destes elementos, o que facilmente comprovava que estas, por si só, não provocavam queimaduras. Verificou também que a ingestão de pólvora ou dos seus componentes não provocava qualquer envenenamento, acabando de vez com a ideia antiga de que a pólvora tinha esse efeito.
Extraído de: "As Primeiras Lesões por Armas de Fogo – novo paradigma para o cirurgião militar – Ambroise Paré"
Autores: Miguel Onofre Domingues e Madalena Esperança Pina
Rev. Port. Cir. no.23 Lisboa dez. 2012
http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1646-69182012000400013
A seguir: Ambroise Paré (1510-1590) – O cirurgião militar

sábado, 26 de dezembro de 2015

812 - No próprio pé

Dos 69 111 casos de feridas não fatais por armas de fogo, atendidas nos serviços de urgência hospitalares dos Estados Unidos, no período de 1993 a 2010, 667 (1,0%) foram por disparos auto-infligidos no pé. Destes, 597 dos pacientes (89,6%) eram homens e 345  (51,7%) tinham a idade entre 15 e 34 anos.
A regressão logística indicou que os indivíduos mais propensos a atirar no próprio pé eram do sexo masculino (OR, 1,28; 95% CI, 1,0-1,7) e casados ​​(OR, 2,6; 95% CI, 2,1-3,4).
Incidências de tiro no próprio pé foram mais comuns em outubro, novembro e dezembro.
https://www.mja.com.au/journal/2015/203/11/americans-shooting-themselves-foot-epidemiology-podiatric-self-inflicted-gunshot
Os Estados Unidos são o lar de cerca de um terço de todas as armas de fogo que existem no mundo, com 90 armas para cada 100 cidadãos americanos. Portanto, não é surpreendente que as feridas por bala (inclusive no próprio pé) estejam entre as principais causas de acidentes no país.