quinta-feira, 22 de maio de 2025

1414 - Notas e entrevistas como contribuição à história da medicina no Ceará

Notas em livros e revistas
SILVA, Paulo Gurgel Carlos da. O CENTRO DE ESTUDOS DO HOSPITAL DE MESSEJANA. Histórias da Saúde: Fortaleza, 2004. p.31-32.
SILVA, Paulo Gurgel Carlos da. BREVE HISTÓRIA DO HOSPITAL DE MESSEJANA. Revista Hospital de Messejana Dr. Carlos Alberto Studart Gomes (edição especial): Fortaleza, 2006. p.12-13.
SILVA, Paulo Gurgel Carlos da. A UTI RESPIRATÓRIA DO HOSPITAL DE MESSEJANA: Do início aos dias atuais. Histórias da Saúde: Fortaleza, 2006. p.18-19. 
COSTA, Joel Isidoro; AMORIM, Luiza Helena. Terapia Intensiva no Ceará. UTI – Lugar de Vida (transcrição). Fortaleza: Expressão, 2012. p.39-42. ISBN 978-85-420-0073-3
SILVA, Paulo Gurgel Carlos da. HOSPITAL SÃO JOSÉ: Uma história a ser contada. Anais da Academia Cearense de Medicina. Volume n.º 17. Fortaleza: Expressão, 2017. p.443-444.
SILVA, Paulo Gurgel Carlos da. HOSPITAL DE MARACANAÚ (e sua "estação de rádio"). Anais da Academia Cearense de Medicina. Volume n.º 21. Fortaleza: Expressão, 2025. p.539-542.

Entrevistas
Ao médico e polígrafo Marcelo Gurgel Carlos da Silva, publicadas no livro PORTAL DE MEMÓRIAS: Paulo Gurgel, um Médico de Letras. Fortaleza: Expressão, 2011. ISBN
Médicos formados pela UFC: a turma de 1971. p.98-102.
Hospital São José: o início de uma história a ser contada. p.103-109.
A Casa de Saúde Santa Mônica (em Petrópolis-GB). p. 110-113.
Exercendo a clínica privada. p. 114-118.
Face to face: a criação da UTI Respiratória do Hospital de Messejana. p. 119-123.
Enfrentando a silicose no Ceará. p.124-127.
Bate-papo formal com um mestre informal. p.128-132

quinta-feira, 15 de maio de 2025

1413 - Vem aí a XXI Bienal da Academia Cearense de Medicina!

De 15 a 17 de maio, participe desse grande encontro que traz como tema principal "Inteligência Artificial e Humanismo na Medicina".
O evento é gratuito com certificação de participação e de apresentação de trabalhos.
Os trabalhos científicos sobre ética, história da medicina do Ceará e científica médica serão premiados e publicados nos anais da Revista da Unifor e da Interagir (Unichristus).
Serão três dias de muita troca, prática e aprendizado com grandes nomes da medicina.
Aguardamos vocês!
O PROGRAMA CIENTÍFICO DA XXI BIENAL DA ACADEMIA CEARENSE DE MEDICINA
Blog do Marcelo Gurgel

quinta-feira, 8 de maio de 2025

1412 - O comércio de sanguessugas entre a Espanha e a França no século 19 e suas consequências

Este artigo na Medical History estuda o impacto causado pelo sucesso e disseminação das teorias de Broussais sobre o uso de sanguessugas (hirudoterapia) como um suprimento médico nas relações comerciais hispano-francesas, bem como suas consequências para o mercado espanhol no século 19. Analisar os documentos produzidos pelas diferentes administrações públicas, juntamente com fontes de jornais e arquivos na Espanha e na França e a literatura e legislação daquele período, nos permite entender a evolução deste comércio e o forte impacto que teve na população autóctone deste recurso animal. O artigo revela como, no início da década de 1820, as sanguessugas se tornaram um importante suprimento médico e como a demanda por elas aumentou significativamente. Isso deu origem a uma relação comercial entre Espanha e França que levou à superexploração do recurso, à emissão de regulamentações sobre o assunto e à busca de soluções tecnológicas para aumentar a produção de sanguessugas.
doi.org/10.1017/mdh.2024.5
Relacionadas:

quinta-feira, 1 de maio de 2025

1411 - "Olhar à direita"

Oliver Sacks foi um neurologista que reivindicou para o saber médico uma nova abordagem descritiva, que aproxima os "relatos de casos" a técnicas romanescas, transformando estudos científicos em peças lierárias, com personagens e enredos tão imponderáveis quanto universais.
Um dos casos que ele relatou é o de uma mulher brilhante, na casa dos sessenta anos, chamada Sra. S., cujo hemisfério direito foi devastado por um derrame maciço. Embora isso a tenha deixado com "inteligência perfeitamente preservada — e humor", também a deixou vivendo em apenas metade do mundo.
Extraído do relato "Olhar à direita", in "O homem que confundiu sua mulher com o chapéu":
Às vezes, ela reclama com as enfermeiras que elas não colocaram sobremesa ou café em sua bandeja. Quando elas dizem: "Mas, Sra. S., está bem ali, à esquerda", ela parece não entender o que elas dizem e não olha para a esquerda. Se sua cabeça for gentilmente virada, de modo que a sobremesa fique visível, na metade direita preservada de seu campo visual, ela diz: "Ah, é isso — não estava lá antes". Ela perdeu totalmente a ideia de "esquerda", com relação ao mundo e ao seu próprio corpo. Às vezes, ela reclama que suas porções são muito pequenas, mas isso ocorre porque ela só come da metade direita do prato — não lhe ocorre que ele também tem uma metade esquerda. Às vezes, ela passa batom e maquia a metade direita do rosto, deixando a metade esquerda completamente negligenciada: é quase impossível tratar dessas coisas, porque sua atenção não pode ser atraída para elas e ela não tem concepção de que elas estão erradas. Ela sabe disso intelectualmente, e pode entender, e rir; mas é impossível para ela saber diretamente. Sabendo intelectualmente, sabendo por inferência, ela desenvolveu estratégias para lidar com sua impercepção. Ela não pode olhar para a esquerda diretamente, não pode virar à esquerda, portanto o que faz é virar para a direita — até completar um círculo. Por isso, ela pediu, e lhe foi dada, uma cadeira de rodas giratória. E agora, se ela não consegue encontrar alguma coisa que sabe que deveria estar ali, ela vai girando para a direita, formando um círculo, até que o que ela deseje fique à vista. A sra. S. descobriu que isso tem excelentes resultados quando não consegue encontrar o café ou a sobremesa. Pareceria muito mais simples para ela girar o prato em vez de a si mesma. Ela concorda, e já tentou fazer isso — ou pelo menos tentou fazer a tentativa. Mas é estranhamente difícil. [...]
Negligência unilateral
Pacientes com negligência unilateral se comportam não apenas como se nada estivesse realmente acontecendo em um de seus hemiespaços, mas também como se nada de importante pudesse ocorrer ali.

quinta-feira, 24 de abril de 2025

1410 - Mentiras e verdades sobre a vacina contra a gripe

Veja abaixo as explicações da presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Monica Levi, que desmentem algumas das informações falsas que mais circulam contra a vacina da gripe e colocam em risco a vida das pessoas:

MENTIRA: "A vacina pode fazer algumas pessoas pegarem a gripe"

VERDADE: De acordo com a especialista, esta é a época do ano em que mais circulam o rinovírus, o metapneumovírus, o vírus sincicial respiratório, entre outros vírus, mas as pessoas chamam qualquer quadro respiratório de gripe. Mesmo que a pessoa tenha febre, dor de garganta e tosse, pode ser outro vírus respiratório, como o da covid, por exemplo. Além disso, se a pessoa já tiver sido infectada, e estiver incubando o vírus, os sintomas podem aparecer depois que ela tomou a vacina. E é preciso duas semanas, no mínimo, para desenvolver a proteção. Nesse período, a pessoa continua vulnerável, inclusive à gripe, como quem não foi vacinado.

MENTIRA: "A vacina contra a gripe não é segura e pode provocar a morte de pessoas mais velhas"

VERDADE: Essa é uma vacina extremamente segura, tanto que os grupos prioritários escolhidos para tomar a vacina são os que têm maior comprometimento da imunidade. Uma pessoa que faz um transplante de medula óssea, a primeira vacina que ele tem que tomar, três meses pós-transplante, é a vacina contra a gripe. Por que ela é segura? Porque é uma vacina inativada, ou seja, o vírus é morto, fracionado e você só usa uma fração dele na produção de anticorpos. Então, em qualquer pessoa, seja imunocompetente ou imunocomprometida, seja uma pessoa que tenha alguma comorbidade, ela vai ser extremamente segura.

MENTIRA: "A vacina não evita totalmente o contágio, logo, não tem eficácia"

VERDADE: A vacina contra a gripe é eficaz principalmente para proteger contra a doença grave e suas complicações e contra o óbito. Dependendo da faixa etária e do grau de resposta imunológica da pessoa vacinada, ela pode ter uma menor eficácia contra o contágio pelo vírus, mas ela continua sendo muito importante para prevenir a forma grave da doença. Por isso, a recomendação é que as pessoas que são mais vulneráveis se vacinem todos os anos para não correr esse risco.

MENTIRA: "A gripe é uma doença comum, sem gravidade. Por isso, não é importante se vacinar"

VERDADE: A gripe é uma doença potencialmente grave. Nem todos casos vão ser assim, tem gente que vai ter sintomas, por mais ou menos uma semana, sem consequências. Mas algumas pessoas vão desenvolver pneumonia, vão desenvolver uma descompensação de outras doenças, como, por exemplo, diabetes, cardiopatia ou doença pulmonar obstrutiva crônica. Por isso, esta é uma vacina muito importante na faixa etária dos idosos, porque eles apresentam mais quadros graves, com mais internações e mais óbitos. Depois, as pessoas com comorbidades e as crianças pequenas são as mais atingidas pelas formas graves.

MENTIRA: "Os profissionais de saúde estão misturando a vacina da gripe com a vacina da covid"

VERDADE: Não se faz alquimia com nenhuma vacina. Cada uma tem os seus ingredientes, o seu volume, o seu conteúdo e jamais, nunca houve essa história de vacinas serem misturadas. O que existe são vacinas combinadas, que protegem contra várias doenças, mas elas já são fabricadas assim pelo próprio laboratório, com todas as quantidades e excipientes de cada um dos componentes, calculados, testados, com estudos clínicos e a aprovação de órgãos regulatórios.

quinta-feira, 10 de abril de 2025

1408 - "Tadala", o uso recreativo de um medicamento

De tema de música a uma espécie de mascote da torcida do Vitória. Já faz um tempo que o medicamento tadalafila, um inibidor da fosfodiesterase-5 (PDE5) utilizado para disfunção erétil, adentrou a cultura popular.
A promessa de uma ereção certa e prolongada, com a impressão de aumento peniano, além do preço acessível, o “tadala”, como é carinhosamente chamado, caiu no gosto de jovens saudáveis e, em 2024, foi o quinto medicamento genérico mais vendido no Brasil, com mais de 60 milhões de unidades comercializadas.
Principalmente diante de grandes festas populares e a tendência de alto consumo de álcool, cresce a preocupação diante do uso impróprio e abusivo de medicamentos para fins não-medicinais.
"A tadalafila tem uma ação que reduz a pressão arterial. Se usada com bebida alcoólica, pode causar uma hipotensão severa. Ou seja, vai baixar muito a pressão arterial e o usuário pode apresentar tonturas, desmaios, dores de cabeças mais agudas ou até mesmo palpitações cardíacas", explica a Dra. Amouni Mourad, assessora técnica do Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo.
"A ação desse fármaco para disfunção erétil é promover uma vasodilatação, especialmente nos corpos cavernosos penianos. No entanto, podem acontecer reações como cefaleia, dor nas costas, tontura, dispepsia, rubor facial, mialgia, congestão nasal, além de hiperemia conjuntival, sensação de dor nos olhos, inchaço nas pálpebras e edema periférico", complementa o Dr. Carlos Hossri, cardiologista no Hcor e professor da disciplina de Medicina do Exercício e Provas Funcionais do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, vinculado à Universidade de São Paulo.
O priapismo é outro possível efeito indesejado. "Em casos raros, pode acontecer uma ereção prolongada e dolorosa que dura mais de quatro horas. O priapismo é uma condição médica que requer tratamento imediato para evitar danos permanentes ao tecido erétil do pênis", alerta o cardiologista.
Ele ainda explica que casos raros de neuropatia óptica isquêmica anterior não arterítica foram relatados em usuários de tadalafila. "Pacientes com diabetes, hipertensão, colesterol alto, doença cardíaca ou fumantes têm risco aumentado", explica. "Também não deve ser usada por pacientes que utilizam nitratos", relembra o Dr. Carlos.
Eli Paes, Medscape

quinta-feira, 3 de abril de 2025

1407 - A 1.ª edição do livro "Epidemiologia & Saúde" da Prof.ª M. Zélia Rouquayrol

Autor:
MARIA ZÉLIA ROUQUAYROL
Colaboradores:
Atenção Primária em Saúde FÁTIMA MARIA FERNANDES VERAS
Saúde Mental JOSÉ JACKSON COELHO SAMPAIO
Saneamento Básico SUETÔNIO MOTA
Políticas de Saúde HERVAL PINA RIBEIRO
Saúde Ocupacional PAULO GURGEL CARLOS DA SILVA
Editado com o auxílio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)
Impresso na Universidade de Fortaleza (UNIFOR). Fundação Educacional Edson Queiroz
Fortaleza, 1983. 327p.
Capa e ilustrações: Mário Kaúla
Adotado como livro-texto em Epidemiologia e Medicina Preventiva por diversas universidades do Brasil, "Epidemiologia & Saúde" encontra-se na 8.ª edição.

quinta-feira, 27 de março de 2025

1406 - Epidemias bizarras: danças e risos

Danças. Entre julho e setembro de 1518, a cidade de Estrasburgo, Alsácia (hoje parte da França) testemunhou um dos fenômenos de massa mais bizarros da história. Tudo começou com uma mulher chamada Frau Troffea dançando incontrolavelmente na rua por vários dias. Em uma semana, outras 34 se juntaram a ela e, em um mês, o número havia crescido para 400 pessoas.
Muitos dançarinos continuaram seus movimentos frenéticos por dias sem descanso, alguns supostamente dançando até desmaiar de exaustão ou até morrer. Médicos locais diagnosticaram como "sangue quente" e recomendaram mais dança como tratamento, até mesmo construindo um palco de madeira e contratando músicos para encorajar os aflitos. Teorias modernas sobre a causa variam de doença psicogênica em massa a envenenamento por fungo ergot de grãos contaminados. O evento continua sendo um dos casos mais bem documentados de histeria em massa da história e continua a confundir especialistas médicos e historiadores.

Risos. Em 1962, um fenômeno realmente bizarro atingiu a vila de Kashasha, perto do Lago Vitória, no que hoje é a Tanzânia. Começando em uma escola para meninas, um surto de riso incontrolável se espalhou como um incêndio pela comunidade. O riso não era breve ou comum — as vítimas tinham crises de riso que duravam horas ou até dias, geralmente acompanhadas de choro, desmaios e dor.
A epidemia forçou a escola a fechar quando aproximadamente 95 dos 159 alunos foram afetados. Conforme os alunos afetados voltavam para suas casas, a condição se espalhava para as vilas vizinhas. Nos 18 meses seguintes, a "doença do riso" afetou entre 1.000 e 4.000 pessoas em várias comunidades. Nenhuma causa física foi identificada, levando os especialistas a classificá-la como doença psicogênica em massa — uma resposta coletiva ao estresse que se manifesta como sintomas físicos. A epidemia finalmente diminuiu em 1964, deixando para trás um dos estudos de caso mais intrigantes da medicina.

Fonte: TudoPorEmail

quinta-feira, 20 de março de 2025

1405 - A amnésia imunológica do sarampo

Entra em cena a "amnésia imunológica", um fenômeno misterioso que está conosco há milênios, embora tenha sido descoberto apenas em 2012.
Essencialmente, quando você é infectado com sarampo e seu sistema imunológico esquece abruptamente todos os patógenos que já encontrou antes — cada resfriado, cada surto de gripe, cada exposição a bactérias ou vírus no ambiente, cada vacinação etc. A perda é quase total e permanente. Uma vez que a infecção por sarampo acaba, as evidências sugerem que seu corpo tem que reaprender o que é bom e o que é ruim, quase do zero.
Cientistas sabem há décadas que, mesmo depois de se recuperarem, crianças que foram infectadas com sarampo têm significativamente mais probabilidade de adoecer e morrer de outras causas. Na verdade, um estudo de 1995 descobriu que a vacinação contra o vírus reduz a probabilidade geral de morte entre 30% e 86% nos anos seguintes.
Então, em 2002, um grupo de cientistas japoneses descobriu que o receptor ao qual o vírus do sarampo se liga – um tipo de trava molecular que permite que ele entre no corpo – não está nos pulmões, como seria de se esperar de um vírus respiratório. Em vez disso, está em células do sistema imunológico:
o sarampo é uma infecção do sistema imunológico.
Mas esse não foi o fim da história. A equipe descobriu principalmente que o receptor ao qual o sarampo se liga em um tipo específico de célula imune, o linfócito T. O trabalho deles é permanecer no corpo por décadas após uma infecção, procurando silenciosamente pelo patógeno específico que cada um foi treinado para atingir. Então, o sarampo infecta ativamente as únicas células que conseguem lembrar o que o corpo encontrou antes.
O que acontece depois ainda intriga os cientistas até hoje — tanto que foi chamado de "paradoxo do sarampo".
É que o sarampo suprime o sistema imunológico e o ativa ao mesmo tempo. Embora o sarampo exclua memórias imunológicas, há uma exceção a essas perdas. Estranhamente, o único vírus que você definitivamente será capaz de reconhecer depois de ficar doente com sarampo é o próprio sarampo.
* No cartoon: RFK Jr. Robert Francis Kennedy Jr., Secretário de Saúde dos EUA

quinta-feira, 13 de março de 2025

1404 - Alquil SP2, um passo esperançoso na luta contra a poluição plástica

A poluição plástica é um dos mais importantes desafios ambientais do nosso tempo. Apesar dos esforços para reciclar ou descartar o plástico de forma responsável, vastas manchas de lixo nos oceanos continuam a crescer, e os microplásticos se infiltram em nossos alimentos, água engarrafada e até mesmo no ar. Felizmente, os pesquisadores desenvolveram um plástico biodegradável sem microplásticos que não é apenas durável, mas também totalmente reciclável.
Este material inovador, alquil SP2, é o resultado de uma química inteligente. Pesquisadores do RIKEN Center for Emergent Matter Science o fizeram unindo dois monômeros com pontes salinas reversíveis.
Ao contrário de muitos outros plásticos “biodegradáveis” que não se decompõem em ambientes salgados, o alquil SP2 se decompõe completamente em poucas horas na água do mar. No solo, ele se biodegrada em apenas dez dias, deixando para trás nutrientes valiosos como nitrogênio e fósforo. Além disso, por ser um plástico biodegradável sem microplásticos, ele não deixa para trás nenhum componente tóxico.
O que realmente diferencia o alquil SP2 é sua versatilidade e segurança ambiental. Como os termoplásticos tradicionais, ele pode ser remodelado em temperaturas acima de 120°C para atender a diferentes necessidades. Seus componentes não são tóxicos e são derivados de outras fontes além do petróleo bruto, tornando-o uma alternativa mais ecológica aos plásticos convencionais. A dureza do material pode até ser personalizada ajustando a estrutura química, tornando suas opções de aplicação ainda mais versáteis.
Além disso, ele não gera microplásticos, abordando uma desvantagem significativa dos plásticos atuais. Até agora, os primeiros testes de plástico biodegradável sem microplásticos mostraram que ele pode ser reciclado de forma eficiente, com mais de 80% de seus ingredientes recuperados usando processos simples envolvendo álcool e água salgada.
Apesar de sua promessa, os desafios permanecem. O custo desempenhará um papel fundamental na determinação se o alquil SP2 pode competir com os plásticos tradicionais. Além disso, sua adequação para equipamentos de pesca — uma grande fonte de plástico oceânico — ainda é incerta, pois um material projetado para se decompor na água do mar pode não ser atraente para essa indústria.
É muito cedo para declarar vitória na luta contra a poluição plástica. No entanto, o alquil SP2 representa um passo esperançoso à frente. Ao combinar resistência, reciclabilidade e respeito ao meio ambiente, esse material pode abrir caminho para um futuro mais sustentável.
Joshua Hawkins, in: http://bgr.com/science/this-new-biodegradable-plastic-leaves-no-microplastics-behind/

quinta-feira, 6 de março de 2025

1403 - Jaqueline Goes, uma pesquisadora brasileira


Jaqueline Goes de Jesus (Salvador, 19 de outubro de 1989), doutora em patologia humana e pesquisadora brasileira.
Distinguiu-se por ser a biomédica que coordenou a equipe responsável pelo sequenciamento do genoma do vírus SARS-CoV-2 apenas 48 horas (*) após a confirmação do primeiro caso de COVID-19 no Brasil.
Também fez parte da equipe liderada por pesquisadores ingleses que sequenciou o genoma do vírus Zika.
(*) Um tempo muito abaixo da média mundial de 15 dias.
Foto:Jaqueline na cerimônia de entrega do Prêmio "Mulheres na Ciência" de 2022.

Lembrete:
8 de março, Dia Internacional da Mulher

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2025

1402 - "O novo pesadelo dos médicos"

Recentemente, o médico pediatra Dr. Daniel Becker publicou no jornal O Globo um artigo sob o título "O novo pesadelo dos médicos". E qual seria esse novo pesadelo? O WhatsApp!
Embora o aplicativo facilite a comunicação, seu uso excessivo tem causado transtornos na relação médico-paciente. Este foi o tema de uma discussão envolvendo 80 pediatras em um encontro no Rio de Janeiro.
Principais problemas relacionados ao uso abusivo do aplicativo
  • Exaustão, estresse e até "burnout" para os médicos devido à demanda exagerada, aumento da carga de trabalho e invasão da privacidade.
  • Exigência de respostas imediatas tanto para situações banais como para problemas complexos que exigem consulta detalhada.
  • Erros de avaliação causados pela pressa ou por ruídos de comunicação.
  • Pedidos de atestados, receitas, encaminhamentos e avaliação de exames de rotina, inclusive de fotos de fezes, urina e de secreções, em horários impróprios ou nos finais de semana, com expectativa de respostas rápidas.
  • Uma mensagem, respondida ou não, que pode exigir a atenção do médico por muito tempo e causar ansiedade.
Fonte: Medscape

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025

1401 - Problemas associados às emissões de gás carbônico

Vítor M. - PPLWARE

Hoje sabe-se, e está documentado, que as emissões de dióxido de carbono (CO₂) representam um dos principais desafios ambientais da atualidade devido a seus efeitos adversos no clima, na saúde humana e nos ecossistemas.

E existem vários problemas associados. Entre eles:

1. Alterações Climáticas
– Efeito estufa: O CO₂ é um gás com capacidade de reter calor na atmosfera. O aumento das emissões intensifica o efeito estufa, aquecendo o planeta.
– Aquecimento global: O aumento das temperaturas médias globais resulta em fenômenos climáticos extremos, como ondas de calor, inundações e secas. – Derretimento das calotas polares e aumento do nível do mar: O aquecimento provoca o degelo dos polos e glaciares, levando à subida do nível do mar e ameaçando comunidades costeiras.

2. Impactos nos Ecossistemas
– Acidificação dos oceanos: Parte do CO₂ emitido é absorvido pelos oceanos, onde forma ácido carbônico. Isso reduz o pH da água, prejudicando organismos marinhos como corais e moluscos.
– Perda de biodiversidade: As mudanças climáticas alteram habitats, forçando espécies a migrarem ou enfrentarem extinção.

3. Impactos na Saúde Humana
– Aumento de doenças respiratórias e cardiovasculares: Embora o CO₂ não seja diretamente tóxico, a sua relação com a queima de combustíveis fósseis aumenta a poluição do ar, contribuindo para problemas de saúde.
– Agravação de fenômenos extremos: Tempestades, ondas de calor e outros eventos climáticos intensificados pelo aquecimento global podem causar danos à saúde humana, falta de alimentos e deslocamentos populacionais.

4. Impactos na Economia e Segurança Alimentar
– Redução da produtividade agrícola: O aumento das temperaturas e as alterações nos padrões de precipitação afetam negativamente a agricultura, levando a crises alimentares.
– Custos econômicos elevados: Os danos causados por desastres climáticos, a necessidade de adaptar infraestruturas e a perda de produtividade têm impactos financeiros significativos.

Isto não é inventado, é real, e a cada ano vemos que o problema está se agravando.

Os plástico são outro enorme problema. Mas não viremos as costas a um para acolher outro. É um erro. E a intervenção humana tem mostrado que consegue alterar o que é chamado de "capacidade de se autorregularção do planeta".

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2025

1400 - Uma espécie de "compromisso"





O tabu histórico sobre o exame da genitália feminina afetou o desenvolvimento da ginecologia como ciência por muitos séculos consecutivos.
Este desenho de 1822, de autoria de Jacques-Pierre Maygrier, ilustra uma espécie de “compromisso”, durante o qual o ginecologista , sem olhar para a vulva da paciente, tratava o que conseguia apalpar.

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2025

1399 - Redução dos alimentos processados e ultraprocessados na merenda escolar

O governo federal vai reduzir o emprego de alimentos processados e ultraprocessados na merenda das escolas públicas.
O Brasil tem 40 milhões de crianças e adolescentes na educação básica em 150 mil escolas públicas. Segundo a resolução do governo, em 2025, prefeituras e estados poderão gastar no máximo 15% da verba para merenda com a compra de alimentos processados ou ultraprocessados. Antes, o percentual era de 20%. Em 2026, a participação desses itens será de, no máximo, 10% da alimentação servida nas escolas públicas.
A comida processada é fabricada a partir de comida in natura com adição de sal, açúcar ou alguma outra substância de uso culinário - como os legumes na salmoura, o extrato de tomate, a carne seca e os peixes enlatados.
Já os ultraprocessados precisam de mais etapas e mais ingredientes - além de sal, açúcar e gorduras. São, por exemplo: achocolatado, biscoitos, barras de cereal, macarrão instantâneo, salgadinhos e refrigerantes.
Em 2024, o governo repassou R$ 5,5 bilhões a estados e municípios para a merenda escolar. Pelo menos 30% do total tinham que ser direcionado para a compra de alimentos da agricultura familiar.
A mudança na merenda servida em cantinas vai ajudar a melhorar o cardápio e enfrentar uma situação preocupante: de acordo com o Ministério da Saúde, a cada sete crianças brasileiras, uma está com excesso de peso ou obesidade.

quinta-feira, 30 de janeiro de 2025

1398 - Símbolos para venenos e resíduos nucleares

Alguns de vocês podem estar familiarizados com uma figura chamada Sr. Yuk, dependendo da sua idade e de onde você cresceu, mas para o resto de vocês: Sr. Yuk é um adesivo circular verde neon com um rosto de desenho animado. Seu rosto está enrugado, com os olhos bem apertados e a língua para fora da boca. É a cara que você faz quando prova algo nojento. Ele é a personificação pictórica do sentimento de nojo.
Apropriadamente: ele foi projetado para ser o símbolo de substâncias perigosas, visando dissuadir as crianças de ingeri-las. A ideia era que se você visse um adesivo de Mr. Yuk em algo pela casa, significava que esse algo era veneno. Os pais pegavam folhas desses e os colavam em limpadores de ralos, caixas de alvejante e basicamente qualquer outra coisa que as crianças pudessem colocar as mãos.
O Sr. Yuk foi criado em 1971 por um médico chamado Doutor Richard Moriarty. Ele era pediatra e fundador do Centro de Envenenamentos de Pittsburgh. E como chefe do Centro de Envenenamentos, ele naturalmente queria evitar que as crianças ingerissem substâncias potencialmente perigosas... mas ele também queria ensinar aos pais que quando seus filhos ainda assim fossem em frente e ingerissem algo de qualquer maneira, eles deveriam ligar para o controle de envenenamentos primeiro. Essa ligação pode economizar tempo, dinheiro e muito estresse.
Onde ler mais:
http://99percentinvisible.org/episode/mr-yuk/

Simbologia para depósitos de resíduos nucleares, por Paulo Gurgel

Um relatório de 351 páginas a respeito do sistema, o SANDIA REPORT, já foi produzido, na década de 1990, por uma equipe de peritos. No meio da simbologia proposta pelo relatório, destaco alguns dos símbolos que são sugeridos para a utilização nas placas de advertência:

1 - A figura humana que o artista norueguês Edvard Munch imortalizou em seu quadro de 1893, "The Scream" (O Grito).

2 - O símbolo icônico Mr. Yuk (Sr. Yuk) criado por Richard Moriarty, que é usado para educar crianças e adultos, nos Estados Unidos da América e internacionalmente, quanto ao problema das intoxicações e envenenamentos. Infelizmente, este símbolo é protegido por direitos autorais. Mas até existe uma musiquinha-tema sobre ele (em vídeo, no YouTube).
Mr. Yuk is mean / Mr. Yuk is green / When you see him /Stop and think / Do not smell / Do not drink / Mr. Yuk is mean / Mr. Yuk is green. (trecho)
http://youtu.be/EqHxKVUG8cU?si=EPVipK4w_rYmPDLZ

3 - O símbolo perfeito que foi proposto por Carl Sagan:
"Queremos um símbolo que será compreensível não só para os membros mais instruídos da população, mas para qualquer pessoa que possa vir ao depósito. Existe o tal símbolo. É testado e verdadeiro. Ele tem sido usado transculturalmente, há milhares de anos, com o significado inconfundível. É o símbolo usado nas vergas das habitações dos canibais, nas bandeiras dos piratas, como insígnia das divisões da SS e das gangues de motociclistas e nos rótulos das garrafas de venenos - o crânio com ossos cruzados. A anatomia do esqueleto humano, podemos estar razoavelmente certos, não vai mudar que o símbolo fique irreconhecível nas próximas dezenas de milhares de anos."
https://blogdopg.blogspot.com/2014/06/simbologia-para-depositos-de-residuos.html

quinta-feira, 23 de janeiro de 2025

1397 - Vírus Sincicial Respiratório

O vírus sincicial respiratório (VSR) é um ortopneumovírus que pertence à família Pneumoviridae, existindo nos subgrupos A e B. Suas proteínas de ligação (G) e de fusão (F) são essenciais para a infectividade do vírus, sendo a proteína F o principal alvo para vacinas e anticorpos devido à sua alta conservação entre os subgrupos e eficácia na indução de anticorpos neutralizantes.
O VSR impacta significativamente tanto em crianças, causando bronquiolite, quanto em adultos, especialmente idosos e pessoas com comorbidades, podendo levar a infecções graves do trato respiratório inferior, exacerbações de doenças crônicas, hospitalizações e até óbito.
Os resultados de um estudo demonstram que o VSR é uma causa importante de síndrome respiratória grave em indivíduos com 60 anos ou mais. Algumas informações de destaque no estudo são: 5,7 por cento dos casos foram em pessoas com idade de 60 anos ou mais, porém este subgrupo representou 48 por cento de todos os óbitos notificados por SRA-VSR.
Portanto, o estudo destaca a necessidade de aumentar a conscientização sobre a importância do VSR em indivíduos mais velhos, especialmente à medida que as vacinas para prevenção da doença de trato respiratório causada pelo VSR estão se tornando disponíveis.
Informativo GSK por e-mail.

quinta-feira, 16 de janeiro de 2025

1396 - Laranja em rodelas para prevenir o escorbuto

A questão de por que os marinheiros utilizavam-se de rodelas de laranja, em vez de laranjas inteiras, para prevenir o escorbuto tem o seu lado prático.
O escorbuto, a temida doença da avitaminose C, que assombrou os marinheiros durante séculos, ceifando muitas vidas no mar, não se conhecia como prevenir ou tratar. Foi somente com o trabalho pioneiro de James Lind, no século XVIII, que as frutas cítricas foram identificadas como eficazes.
Agora, imagine um navio partindo do porto, com os porões repletos de provisões para uma longa viagem. Frutas e vegetais frescos seriam abundantes no início, mas esses produtos perecíveis não foram feitos para durar em longas viagens marítimas. Com o passar dos dias, os produtos frescos estragavam e os marinheiros tinham de confiar no que pudesse ser preservado.
É aqui que entra em jogo a engenhosidade de fatiar as laranjas. Ao fatiar a fruta, os marinheiros poderiam secar ou secar parcialmente as fatias, prolongando sua vida útil em comparação com frutas inteiras que estragariam mais rapidamente. Essas fatias poderiam então ser reidratadas ou chupadas, fornecendo as doses necessárias de vitamina C para prevenir ou curar o escorbuto.
Fonte: Wilcokson Jude, Quora
Arquivo:
32 - Os bebedores de limão
479 - Agnotologia
1043 - Linus Pauling e as vitaminas
1218 - Scott e o escorbuto

quinta-feira, 9 de janeiro de 2025

1395 - Pneus e poluição por microplásticos

A cada ano, bilhões de veículos no mundo todo perdem cerca de 6 milhões de toneladas de fragmentos de pneus. Esses pequenos flocos de plástico, gerados pelo desgaste normal dos pneus, acabam se acumulando no solo, em rios e lagos, e até mesmo em nossos alimentos. Pesquisadores no sul da China encontraram recentemente produtos químicos derivados de pneus na maioria das amostras de urina humana.

Essas partículas de pneu são um contribuinte significativo, mas frequentemente ignorado, para a poluição por microplásticos. Elas são responsáveis por 28% dos microplásticos que entram no ambiente globalmente.

As partículas de pneus tendem a ser feitas de uma mistura complexa de borrachas sintéticas e naturais, junto com centenas de aditivos químicos. Isso significa que as consequências da poluição dos pneus podem ser inesperadas e de longo alcance.

Veículos mais pesados, incluindo carros elétricos (que têm baterias muito pesadas), desgastam seus pneus mais rapidamente e geram mais partículas de microplástico. Com mais de 2 bilhões de pneus produzidos a cada ano, para se adaptarem a carros cada vez mais pesados e numerosos, o problema tende a aumentar.

Extraído de: https://phys.org/news/2024-11-car-quarter-microplastics-environment-urgent.html, PHYS.ORG

quinta-feira, 2 de janeiro de 2025

1394 - Tuberculose - Aspectos históricos, realidade, seu romantismo e transculturação

Boa noite, Paulo!
Feliz 2025!

No apagar das luzes de 2024 eu digitei a monografia que o Rosemberg (foto) escreveu em 1999, intitulada: *TUBERCULOSE - ASPECTOS HISTÓRICOS, REALIDADE, SEU ROMANTISMO E TRANSCULTURAÇÃO* e postei em meu blog *Memórias*. A monografia foi publicada no Jornal de Pneumologia Sanitária e citada pelo dr. Gilmário MourãoTeixeira, no editorial do referido jornal. Também digitei e postei no final da monografia, o editorial do dr. Gilmário que está impecável. Meu trabalho foi hercúleo e prazeroso. Para apreciar o longo texto é preciso ter interesse em conhecer a saga do bacilo de Koch através do tempo, gostar de história, arte, cultura de maneira geral e ter muito fôlego para ler tão extenso texto nesse mundo digital de textos curtos. Enfim, acho que os médicos e, principalmente, os tisiólogos irão apreciar muito. Certamente aproveitei bem os últimos dias do ano findo.
Ana Margarida Rosemberg