quinta-feira, 25 de abril de 2024

1358 - Que é superdotação?

por André Gurgel
Superdotação ou altas habilidades é um dos temas mais fascinantes da psicopedagogia e da psicologia. Trata-se de uma condição em que o indivíduo demonstra uma capacidade de ter habilidades superiores ou um desempenho excepcionalmente alto ou potencial em uma ou mais áreas específicas, quando comparado à média da população.
Os estudos sobre superdotação começaram já no começo do século XX. No Brasil descobri que a primeira obra sobre o assunto "Educação dos Supernormais" foi publicada em 1926. Porém, o assunto é ainda completamente desconhecido do grande público, e a maioria dos professores, psicopedagogos e profissionais da saúde não têm ciência de como reconhecer que um aluno ou paciente tenha a condição. Projetos de lei na área nunca saem do papel!
Porém, qual a importância de saber reconhecer as características? Por que pessoas superdotadas precisam fazer o teste neuropsicológico? Muitas destas pessoas passam por muitos conflitos durante a infância e a adolescência. Em geral são vistos como "estranhos no ninho" e o sistema educacional não tem o preparo necessário para guiá-las. Em geral têm poucos amigos e são vistos pela maioria dos colegas como "doidos", "esquisitos" etc. As pessoas superdotadas podem enfrentar desafios únicos em suas vidas, incluindo questões de identidade, aceitação social e ajuste emocional.
Há quem ache que, superdotados, por serem inteligentes, estão com a vida ganha, terão lugar garantido como cientistas renomados como Einstein. Ledo engano! Muitos possuem hiperfoco, o que os torna obcecados por determinados temas mas mostram desinteresse total por outros, resultando algumas vezes em baixo rendimento escolar, podendo posteriormente chegar até a abandonar os estudos formais. Por exemplo: um indivíduo com talento excepcional para números, pode ter total desinteresse por outras disciplinas obrigatórias como português e literatura.
Há muitas questões que se devem levantar sobre o tema. Como surgem altas habilidades? Devem existir turmas especiais? Como treinar os professores para reconhecer alunos superdotados? Altas habilidades podem decorrer de genética?
Estamos negociando com uma instituição de ensino para oferecer o treinamento "Desvendando a Superdotação", um curso completo para capacitar os profissionais da saúde e da educação sobre o tema. Em breve teremos mais informações sobre a data e o horário.
Confira os detalhes do conteúdo no link: https://polimatiablog.wixsite.com/polimatia
Ver também: Atendimento Psicopedagógico

quinta-feira, 18 de abril de 2024

1357 - O desconhecido mundo dos nanoplásticos

A partir de uma nova técnica de microscopia, pesquisadores estadunidenses descobriram que há 100 mil moléculas de nanoplásticos por litro de água comercializada em garrafas plásticas e, pelo tamanho dessas partículas, elas podem penetrar no sangue e nas células. Segundo os cientistas, essas moléculas podem ser tóxicas, o que gera preocupação. O estudo que revelou essas informações foi publicado recentemente no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences.
Nos últimos anos, aumentou a preocupação com a presença de microplásticos no planeta; atualmente, essas partículas podem ser encontradas no gelo das calotas polares, no solo, na água potável e nos alimentos. Formadas à medida que os plásticos se decompõem em partes menores, as partículas são consumidas por humanos e seres de outras espécies, com potenciais efeitos ainda desconhecidos na saúde e no ecossistema.
As partículas foram encontradas em vários órgãos humanos nos últimos anos, por exemplo, no pulmão e no fígado. No que diz respeito aos humanos, a questão da sua presença tem sido uma preocupação desde que um estudo publicado em 2018 mostrou que, de 259 garrafas examinadas provenientes de nove países diferentes, 93% tinham sinais de contaminação.
Feito graças a um novo método de espectrometria com maior definição, a originalidade deste trabalho reside no interesse pelo mundo pouco conhecido dos nanoplásticos, que resultam da decomposição dos microplásticos. Pela primeira vez, pesquisadores estadunidenses — principalmente biofísicos e químicos — contaram e identificaram estas minúsculas partículas na água engarrafada. Eles descobriram que, em média, um litro continha cerca de 240 mil fragmentos de plástico detectáveis, 10 a 100 vezes mais do que previam as estimativas anteriores, que analisaram sobretudo em moléculas de tamanhos maiores.
Os microplásticos são definidos como fragmentos cujo tamanho varia de 5 milímetros a 1 micrômetro, ou seja, 1 milionésimo de metro. (O diâmetro do fio de cabelo humano mede cerca de 70 micrômetros.) Os nanoplásticos, que são partículas menores que 1 micrômetro, são medidos em bilionésimos de metro.
Diferentemente dos microplásticos, os nanoplásticos são tão pequenos que podem passar pelas paredes do intestino e do pulmão e cair diretamente na circulação sanguínea, chegando a órgãos como o coração e o cérebro, bem como ao feto através da placenta.
O novo estudo usou uma técnica chamada Stimulated Raman Scattering Microscopy*, inventada pelo coautor o Dr. Wei Min, Ph.D., biofísico afiliado à Columbia University. Esta técnica consiste em sondar amostras usando dois lasers simultâneos que são ajustados para fazer ressoar determinadas moléculas.
Os pesquisadores testaram três marcas populares de água engarrafada vendidas nos EUA, analisando partículas de plástico de até 100 nanômetros. Os autores identificaram 110 mil a 370 mil partículas de plástico por litro, das quais 90% eram nanoplásticos — invisíveis por técnicas convencionais de imagem — e o restante era de microplásticos. Os pesquisadores também determinaram qual dos sete plásticos específicos eram as partículas encontradas.
O tipo mais abundante é resultante da poliamida, um tipo de náilon. Ironicamente, segundo o Dr. Beizhan, isso provavelmente vem dos filtros de plástico usados para supostamente purificar a água antes de ser engarrafada. [2] Em segundo lugar, vem o tereftalato de polietileno (PET), o que não é surpreendente, já que muitas garrafas d’água são feitas deste material (assim como outros recipientes alimentares). Por fim, os pesquisadores encontraram outros plásticos comuns, como o poliestireno, o cloreto de polivinilo e o polimetilmetacrilato, todos usados em vários processos industriais.
O que é mais preocupante é que os sete tipos de plástico analisados pelos pesquisadores representavam apenas cerca de 10% de todas as nanopartículas encontradas nas amostras e os autores não fazem ideia da composição dos 90% restantes. Se todas forem nanopartículas, a concentração pode ser de dezenas de milhões por litro.
Os pesquisadores vão agora para além da água engarrafada. "Há um vasto mundo de nanoplásticos a ser estudado", disse Dr. Wei. O biofísico observou que, em termos de massa, os nanoplásticos são muito menos numerosos do que os microplásticos, mas "não é o tamanho que conta, e sim a quantidade, porque quanto menores as partículas, mais facilmente podem entrar no organismo”.
*A espectroscopia Raman e a microespectroscopia Raman (Stimulated Raman Scattering Microscopy) são métodos não destrutivos de observar e caracterizar a composição molecular e a estrutura externa de um material, explorando o fenômeno físico pelo qual um meio altera ligeiramente a frequência da luz que o penetra.
http://portugues.medscape.com/verartigo/6510636, Medscape.

quinta-feira, 11 de abril de 2024

1356 - Por que a urina é amarela?

É uma pergunta que as crianças fazem assim quando perguntam por que o céu é azul. Então, por que o xixi é amarelo? Qualquer resposta além de "não sei" é provavelmente mais divertida do que a verdade que os cientistas nos revelaram. Uma enzima até então desconhecida chamada bilirrubina redutase está por trás disso. A bilirrubina redutase não é amarela, mas comanda o processo.
Nosso corpo está sempre produzindo novos glóbulos vermelhos e eliminando os antigos. Os glóbulos vermelhos velhos liberam um pigmento laranja chamado bilirrubina à medida que morrem. Várias espécies de micróbios intestinais em nosso corpo usam a enzima bilirrubina redutase para decompor a bilirrubina em urobilinogênio, o qual fica amarelo à medida que se degrada. Os bioquímicos que estudam a questão há mais de um século (não os mesmos cientistas o tempo todo) sabiam sobre a bilirrubina e o urobilinogênio, mas a relação entre eles é a descoberta que faz tudo funcionar. Esses micróbios que produzem a bilirrubina redutase estão nos fazendo um grande favor, porque o excesso de bilirrubina causa icterícia. Você pode ler sobre os experimentos que revelaram a nova enzima na Ars Technica.
Mas e se a sua urina não for amarela? Talvez você precise consultar um médico.
Fontes:
https://www.neatorama.com/2024/01/30/Scientists-Finally-Know-Why-Urine-is-Yellow/
https://www.healthline.com/health/urine-color-chart
https://arstechnica.com/science/2024/01/gotta-go-weve-finally-found-out-what-makes-urine-yellow/
https://doi.org/10.5281/zenodo.10058858

quinta-feira, 4 de abril de 2024

1355 - Entre médicos e farmacêuticos

Caligrafia, a arte da escrita bela, é uma arte visual afim ao desenho. Sua técnica consiste em traçar uma determinada forma de escrita de forma elegante, harmoniosa e regular. Por extensão de sentido, a caligrafia passou a denominar a escrita em geral e a forma pessoal como cada indivíduo escreve.
Criada por Alexis Moyano, o Médico Regular é uma fonte livre com a aparência da caligrafia típica dos médicos. Tão "legível" quanto deveria ser: com maiúsculas "razoavelmente" claras, minúsculas quase iguais e lineares e números que "podem ser entendidos", embora alguns considerem estes últimos "muito legíveis".
Então, agora os profissionais podem ter todas as vantagens dos dois mundos. O valor estético da caligrafia e a praticidade de escrever ao computador e imprimir em papel. Além disso, esse tipo de letra consegue preservar o indevassável segredo entre médicos e farmacêuticos, ocultando criptograficamente a mensagem para que apenas aqueles que deveriam lê-la possam lê-la, mas não os mortais comuns.
https://www.microsiervos.com/archivo/arte-y-diseno/tipografia-gratuita-letra-medicos.html
Arquivo
539 - Letra de médico
694 - Letra de médico (slideshow)
1156 - É verdade que só farmacêutico entende letra de médico?
1172 - Letra de médico (teorias)

quinta-feira, 28 de março de 2024

1354 - A expedição de Magalhães e a vitamina C

Dos 250 marinheiros que partiram da Espanha em viagem com Fernão de Magalhães e Juan Sebastián Elcano, apenas 18 completaram a circum-navegação da Terra há mais de 500 anos.
Um dos grandes problemas durante a travessia foi o escorbuto, uma doença que surge após grandes períodos sem o consumo de alimentos frescos.
A falta de ingestão de vitamina C faz com que seus níveis se reduzam, o que nos impede de sintetizar uma proteína – o colágeno – que é essencial para manter e regenerar muitos dos nossos tecidos.
Nosso organismo possui um mecanismo de síntese da vitamina C, mas incompleto. Isso explica por que não podemos produzi-la e precisamos consumir a vitamina em alimentos frescos.
Os gatos não têm esta necessidade porque são capazes de sintetizar sua própria vitamina C. Por isso, eles nunca sofrem de escorbuto.

quinta-feira, 21 de março de 2024

1353 - Más notícias

Em "Três Homens em um Barco" (1889), o narrador lê um livro de medicina e fica impressionado com a certeza de que tem todas as condições ali descritas:
Cheguei à febre tifóide - li os sintomas - descobri que estava com febre tifóide, devo tê-la há meses sem saber - e me perguntei o que mais eu tinha contraído; procurei a Dança de São Vito - descobri, como eu esperava, que eu também tinha isso... Procurei conscientemente nas vinte e seis letras do alfabeto, e a única doença que pude concluir que não contraí foi o joelho da empregada doméstica (bursite pré-patelar).

Este é um fenômeno reconhecido. Em 1908, o neurologista de Boston George Lincoln Walton relatou:
Os instrutores médicos são continuamente consultados por estudantes que temem ter as doenças que estudam. O conhecimento de que a pneumonia produz dor num determinado local leva a uma concentração de atenção naquela região, o que faz com que qualquer sensação ali dê alarme. O mero conhecimento da localização do apêndice transforma as sensações mais inofensivas daquela região em sintomas de uma grave ameaça.
Em 2004, o psiquiatra da Universidade de Toronto, Brian Hodges, observou que se diz que a "doença dos estudantes de medicina" afeta 70 a 80 por cento dos estudantes, muitas vezes invadindo os seus sonhos. Walton escreveu: "O estudante sensato aprende a acalmar esses medos, mas a vítima de 'hipos' (hipocondria) retorna repetidamente para exame, e talvez finalmente chegue ao ponto de transmitir, em vez de obter, informações".

Um homem que mudava constantemente de médico finalmente chamou um jovem médico que estava apenas começando sua prática.
"Perco o fôlego quando subo uma colina ou um lance de escadas íngremes", disse o paciente. "Se eu me apresso, muitas vezes sinto uma dor aguda na lateral do corpo. Esses são os sintomas de um grave problema cardíaco."
"Não necessariamente, senhor", começou o médico, mas foi interrompido.
"Perdão!" disse o paciente irritado."Não cabe a um jovem médico como o senhor discordar de um inválido velho e experiente como eu, senhor!"
(https://www.futilitycloset.com/2023/12/30/bad-news-2/)

quinta-feira, 14 de março de 2024

1352 - Descobertas acidentais na história da medicina

A história da medicina está repleta de descobertas inovadoras que alteraram a forma como percebemos e tratamos as doenças. Curiosamente, muitas dessas descobertas médicas foram resultado do acaso, e não de um projeto completo ou de experimentação rigorosa, mas mudaram para sempre o rumo da medicina.
1772, Joseph Priestly: Óxido nitroso (gás hilariante; para uso em anestesiologia na década de 1840)
1895, Wilhelm Conrad Roentgen: Raios-X
1928, Alexander Fleming: Penicilina
1930, Karl Paul Link: Varfarina (anticoagulante)
1956, Wilson Greatbatch: Marca-passo cardíaco implantável 
1996, Lab. Pfizer: Sildenafil (patente para uso na disfunção erétil)
Os exemplos aqui apresentados demonstram não apenas a natureza imprevisível do avanço científico, mas também a necessidade de estar preparado para aproveitar oportunidades inesperadas na busca por uma saúde melhor.
TudoPorEmail

quinta-feira, 7 de março de 2024

1351 - O poder de Marie Curie

De olho na descoberta da radioatividade e no trabalho memorável de Marie Curie sobre o rádio, Jenn Shapland (autor de "Thin Skin") escreveu:
Logo após a sua descoberta, o rádio tornou-se um negócio multimilionário. Durante quatro décadas, foi possível comprar creme rejuvenescedor para a pele com rádio, batom, chá, sais de banho, tônico de crescimento capilar, “um saco contendo rádio usado perto do escroto”, do qual se dizia que "restaurava a virilidade”. Havia creme dental com rádio para potencializar o clareamento. A radioterapia, chamada Curieterapia na França, começou a ser usada para tratar o câncer. Foi inicialmente inserido por meio de cinquenta agulhas no tecido mamário, ou por “sementes” de radônio que causaram reações graves. Existia uma “bomba vaginal de rádio constituída por uma esfera de chumbo sustentada por uma haste para a inserção” para tratamento do câncer. Marie e sua filha Irene levaram um carro radiológico para o front na Primeira Guerra Mundial para radiografar soldados. Mais tarde, ela forneceu lâmpadas de rádio ao serviço de saúde francês para tratar militares e civis feridos e doentes com radioterapia.
A descoberta da radioatividade é uma história de ignorância intencional, de saber, mas desejar não saber, fingindo não saber, quão poderosa e prejudicial ela era. Cientistas e vendedores acreditavam em seu poder de curar. O rádio era prejudicial o suficiente para matar o câncer, para queimar a pele de Pierre através do frasco de vidro no bolso do colete, mas de alguma forma não era considerado prejudicial o suficiente para matar os cientistas que o manuseavam o dia todo, nem as pessoas que escovavam os dentes com ele. Marie mantinha um frasco na mesa de cabeceira para aproveitar seu brilho enquanto dormia. Ela o chamou de filho.
Esta recusa científica em acreditar no que é óbvio porque não pode ser provado, porque é tecnicamente incerto, acompanha até hoje a nossa compreensão das substâncias tóxicas.
Esta cegueira em relação à ligação, à causalidade e às consequências da radioatividade não é surpreendente: para alcançar o que conseguiu, contra as probabilidades do seu tempo e lugar, Marie Curie teve de ser rígida. Talvez uma pele mais fina, com o seu consequente poder de ver a permeabilidade e a interdependência das coisas, teria salvado sua vida, tê-la-ia poupado da tragédia que Adrienne Rich capturou de forma tão pungente nas palavras finais do seu magnífico tributo a Curie:
Ela morreu como uma mulher famosa
negando que seus ferimentos
vinham da mesma fonte que seu poder.
Extraído de: The Power of a Thin Skin, de Maria Popova
Arquivo Nov'Acta:

quinta-feira, 29 de fevereiro de 2024

1350 - A queimadura fractal

O Conselho da American Association of Woodturners (AAW), através do seu Comitê de Segurança, enfatiza os perigos associados ao processo conhecido como Lichtenberg, ou queima "fractal", uma técnica de embelezamento que utiliza corrente eléctrica de alta tensão para queimar padrões na madeira. Esta prática muitas vezes insegura e potencialmente fatal voltou a surgir nos noticiários e nas redes sociais, após um incidente com duas vítimas em abril de 2022.
Aprenda sobre os perigos ocultos
A queima fractal representa um risco oculto significativo de eletrocussão. Muitos dos vídeos do YouTube que mostram como construir estes dispositivos em casa não abordam adequadamente as preocupações de segurança inerentes. Muitos usuários pensam que estão seguros, mas o número de feridos graves e mortes diz o contrário.
A queima fractal matou e pode matar você
A AAW proibiu o uso deste processo em todos os seus eventos e proibiu artigos sobre o uso de um queimador fractal em todas as suas publicações. Os casos relatados de mortes por queimadura fractal variam de marceneiros amadores, passando por marceneiros experientes, até um eletricista com muitos anos de experiência trabalhando com eletricidade. Basta um pequeno erro e você está morto; não ferido, morto. Alguns dos que morreram tinham experiência no uso do processo e outros não. O que é comum a todos eles: a queima fractal os matou.
A eletricidade de alta tensão é um assassino invisível; o usuário não pode ver o perigo. É fácil ver o perigo de uma lâmina de serra girar. É muito óbvio que entrar em contato com uma lâmina em movimento causará ferimentos, mas em quase todos os casos uma lâmina giratória não o matará. Com a queima fractal, um pequeno erro e você está morto.
Isso é verdade quer você esteja usando um dispositivo caseiro ou fabricado.
Existem muitas maneiras de expressar sua criatividade. Não use queima fractal. Se você tiver um gravador fractal, jogue-o fora. Se você está estudando a queima fractal, pare agora e passe para outra coisa. Isso pode salvar sua vida. — Rick Baker, presidente do Comitê de Segurança da AAW
Até o momento em que esta nota foi escrita, em julho de 2021, 30 pessoas foram mortas usando um queimador fractal ao que conhecemos. Definitivamente há mais, mas eles simplesmente não foram divulgados na mídia.
Por que a queima de Lichtenberg é perigosa
A queima de Lichtenberg funciona passando eletricidade em altíssima voltagem entre dois eletrodos enquanto eles estão em contato com um pedaço de madeira. Um eletrólito (uma solução que conduz eletricidade) é frequentemente colocado na madeira para ajudar a eletricidade a se mover entre os dois eletrodos. A eletricidade busca o caminho de menor resistência enquanto gera calor ao longo da superfície da madeira e entre os eletrodos, queimando a madeira à medida que avança.
A eletrocussão acontece quando a eletricidade de alta voltagem entra por qualquer parte do corpo, passa pelo coração e sai do corpo. Se você segurasse um eletrodo de um queimador de Lichtenberg em cada mão enquanto a voltagem estivesse ligada, a eletricidade poderia fluir de uma mão, através do seu coração, e sair pela outra. Isso pode parar seu coração e matá-lo. O contato acidental da pele com um eletrodo energizado, o eletrólito, um fio solto ou até mesmo ficar sobre um piso condutor pode contribuir para condições que causam eletrocussão.
Extraído de: Fractal Burning Kills; AAW Reiterates the Dangers

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024

1349 - O caso mais famoso de Robert Liston

Robert Liston (28 de outubro de 1794 – 7 de dezembro de 1847) foi um cirurgião escocês. Era conhecido por sua velocidade e habilidade em operar pacientes numa era anterior à anestesia, quando a velocidade fazia diferença em termos de dor e sobrevivência. Liston foi o primeiro professor de cirurgia clínica no University College Hospital, em Londres, e realizou a primeira operação pública utilizando anestesia moderna na Europa. Em 1837, publicou a "Practical Surgery", defendendo a importância das cirurgias rápidas: "estas operações devem ser realizadas com determinação e concluídas rapidamente."
O médico e romancista Richard Gordon, em "Great Medical Disasters" (apud Wikipedia) descreveu Liston como "o bisturi mais rápido de West End. Ele poderia amputar uma perna em 2 minutos". Gordon descreveu uma cena assim:
"Ele tinha um metro e noventa de altura e operava com um casaco verde-garrafa e botas de cano alto. Ele saltou sobre as tábuas manchadas pelo sangue de seu paciente desmaiado, suado e amarrado. E, como um duelista, a gritar 'Time me, gentlemen' (Tempo para mim, cavalheiros) para os estudantes que se esticavam (com os relógios de bolso nas mãos) nas galerias com grades de ferro. Todos juravam que o primeiro clarão de sua faca foi seguido tão rapidamente pelo raspar da serra no osso que a visão e o som pareciam simultâneos. Para deixar livres ambas as mãos, ele segurava a faca ensanguentada entre os dentes."
Naquela época, os cirurgiões operavam com sobrecasacas endurecidas pelo sangue - quanto mais rígido o casaco, mais prestigiado e orgulhoso o cirurgião."O pus era tão inseparável da cirurgia quanto o sangue" e "A limpeza era ao lado do pudor". Cita Sir Frederick Treves: "Não havia nenhum problema em não estar limpo... Na verdade, a limpeza estava fora de lugar. Era considerada uma doença e uma afetação. Um carrasco poderia muito bem cuidar das unhas antes de cortar uma cabeça". 
A conexão entre higiene cirúrgica, infecção e taxas de mortalidade materna no Hospital Geral de Viena só foi feita em 1847 pelo médico vienense Dr. Ignaz Philipp Semmelweis, da Hungria, após a morte de um colega próximo. Ele instituiu as práticas de higiene exortadas por Holmes e a taxa de mortalidade caiu.
Embora as contribuições pioneiras de Liston sejam homenageadas na cultura popular, elas são mais conhecidas na fraternidade médica e em disciplinas relacionadas.
  • Liston se tornou o primeiro professor de clínica cirúrgica no University College Hospital em Londres, em 1835.
  • Realizou a primeira operação pública na Europa, utilizando-se da anestesia moderna (éter), em 21 de dezembro de 1846.
  • Impactou de forma duradoura dois alunos de seus alunos: James Simpson , que viria a ser um pioneiro no uso do clorofórmio como anestésico; e Joseph Lister, pioneiro da técnica asséptica.
  • Inventou o esparadrapo transparente de cola de peixe, uma pinça bulldog (um tipo de pinça arterial de bloqueio) e uma tala para perna usada para estabilizar luxações e fraturas do fêmur, ainda usada hoje.
O caso mais famoso de Roberto Liston
Embora o livro "Great Medical Disasters", de Richard Gordon (1983), preste homenagem a aspectos do caráter e ao legado de Liston, conforme observado em outras partes deste artigo, é a descrição de alguns dos seus casos mais famosos que abriu caminho principalmente para o que é conhecido sobre Liston na cultura popular. 
Gordon descreve o que ele chama de o caso mais famoso de Liston em seu livro, conforme citado abaixo.
Estava Liston tão concentrado com a velocidade daquela amputação (dois e meio minutos) que ele, acidentalmente, cortou os dedos de seu assistente junto com a perna do paciente. E, quando ele voltou a empunhar a faca, acidentalmente cortou a aba do casaco de um espectador, que desmaiou no local.
Mais do que um simples desmaio, o espectador morreu a seguir de choque. Quanto ao paciente e ao assistente, como geralmente acontecia naqueles tempos pré-Listerianos, ambos faleceram de gangrena infecciosa nas enfermarias do hospital.
As três mortes tornaram a operação de Liston "a única com uma taxa de mortalidade de 300%". Mas, como nenhuma fonte primária confirma, é possível que essa cirurgia não tenha acontecido.
http://en.wikipedia.org/wiki/Robert_Liston
http://pt.quora.com/Qual-cirurgia-por-se-s%C3%B3-teve-a-maior-taxa-de-mortalidade (imagem)
http://www.theatlantic.com/health/archive/2012/10/time-me-gentlemen-the-fastest-surgeon-of-the-19th-century/264065/

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2024

1348 - A verdade sobre a vaporização

Noções básicas de vaporização. Estou usando o termo para abranger cigarros eletrônicos e produtos vaping. O termo utilizado na literatura científica é ENDS, que significa sistemas eletrônicos de entrega de nicotina. Nestes sistemas, uma serpentina de aquecimento vaporiza o fluido colocado no dispositivo. O fluido inclui frequentemente um veículo de propilenoglicol e glicerol, bem como nicotina. Aromas – sabores de frutas, mentol, menta, doces e sobremesas – são aditivos comuns. O tetrahidrocanabinol pode, e frequentemente é, ser adicionado ao líquido. O vapor aerossolizado, formado pelo contato do líquido com a serpentina de aquecimento, é então inalado.
Efeitos físicos da vaporização. Os constituintes dos fluidos utilizados nos cigarros eletrônicos têm efeitos individuais e combinados.
A nicotina liga-se aos receptores nicotínicos e seus efeitos são o aumento da frequência cardíaca, da contratilidade, da carga de trabalho e da pressão arterial, que teoricamente podem levar ao remodelamento cardíaco, insuficiência cardíaca e aumento da suscetibilidade a arritmias.
O propilenoglicol e o glicerol apresentam evidências emergentes de efeitos cardiopulmonares diretos em algumas pessoas, incluindo respiração ofegante, tosse seca e irritação na garganta.
Os aromas têm vários efeitos. Os adoçantes, quando aerossolizados, geram aldeídos reativos que são considerados os principais contribuintes para doenças cardiovasculares induzidas pelo cigarro e DPOC. Outros aromatizantes podem danificar o DNA nos tecidos vasculares e pulmonares.
O níquel e o cromo liberados do elemento de aquecimento também são inalados com o aerossol. Foi demonstrado em modelos de ratos que causam pneumonite e inflamação pulmonar. Acredita-se que o níquel seja cancerígeno.
Tanto os produtos que contêm como os que não contêm nicotina podem aumentar a ativação, reatividade e agregação plaquetária; rigidez vascular; e espécies reativas de oxigênio, além de diminuir a utilização de glicose no cérebro.
Pessoas que vaporizam têm maior probabilidade de desenvolver tosse crônica, maior produção de catarro e irritação das vias aéreas superiores. Estudos em animais sugeriram que o aerossol pode causar disfunção ciliar nas vias aéreas, e raspagens nasais de pessoas que usam vape mostram supressão de genes de resposta imunológica e inflamatória, sugerindo um aumento da suscetibilidade à infecção.
Alguns estudos mostram que a vaporização induz obstrução das vias aéreas. Este efeito é provavelmente maior naqueles com predisposição para doença obstrutiva das vias aéreas. Pneumonite eosinofílica, pneumonia de hipersensibilidade e doença pulmonar intersticial foram relatadas.
Além dos efeitos adversos comuns, a vaporização tem sido associada a uma nova entidade clínica, a lesão pulmonar associada ao cigarro eletrônico ou à vaporização (EVALI). Até 2020, ocorreram 2.807 hospitalizações e 68 mortes por EVALI. Os pacientes apresentam sintomas gerais, como fadiga e febre, além de sintomas gastrointestinais proeminentes, e o desconforto respiratório é um componente importante. A radiografia de tórax normalmente mostra aparência de vidro fosco bilateral simétrica e difusa. Metade desses casos exigiu internação em UTI.
Às vezes somos questionados se a vaporização pode ser usada para parar de fumar. Embora não seja aprovado pela FDA para este fim, a declaração cita uma análise recente da Cochrane que mostra que os produtos vaping contendo nicotina eram cerca de 50% mais eficazes do que a terapia de substituição de nicotina.
Efeitos a longo prazo. A maioria dos efeitos adversos conhecidos são de curto prazo porque os cigarros eletrônicos não existem há tempo suficiente para determinar os efeitos a longo prazo.
Até que esses dados estejam disponíveis, os modelos animais servem como os melhores substitutos disponíveis para a questão de saber se a vaporização aumenta o risco a longo prazo. Esses modelos animais mostram que a vaporização aumenta o estresse oxidativo, a inflamação e os danos ao DNA, o que sugere que a vaporização pode aumentar o risco de DPOC e câncer de pulmão. A declaração científica conclui que a presença destes efeitos agudos “sugere que o uso do sistema eletrônico de administração de nicotina não é benigno e levanta a possibilidade de que os impactos adversos possam se acumular ao longo do tempo”. Além disso, a declaração científica observa que os efeitos fisiológicos da vaporização são semelhantes aos resultados demonstrados nas fases iniciais do consumo de cigarros.
Meu resumo: Vaping não é uma boa ideia. A nicotina contida nos produtos torna-os viciantes e foram demonstrados efeitos colaterais de curto prazo que variam de leves a muito graves, incluindo internação em UTI. A probabilidade de danos a longo prazo aos pulmões, coração e sistema vascular é alta.
Neil Skolnik, MD. The Truth About Vaping, Medscape

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2024

1347 - Diga "trinta e três"

"É a expressão que um paciente de língua latina (fr: trente-trois, it: trentatrè, ro: treizeci şi trei , esp: treinta y tres e pt: trinta e três) deve pronunciar quando um médico está ouvindo seus pulmões com o estetoscópio. De fato, o som TR ... TR ... faz os pulmões vibrarem, facilitando a detecção de uma possível anomalia respiratória."
https://www.archimedes-lab.org/numbers/Num24_69.html
Numberopedia, onde está a explicação acima, cometeu um equívoco de semiologia respiratória. No exame físico do tórax, que consta das seguintes etapas: inspeção, palpação, percussão e ausculta, o paciente é solicitado a dizer o "trinta e três" enquanto está sendo realizada a palpação.
Na palpação (tato) é quando se confere o frêmito toracovocal (FTV), isto é, a vibração transmitida das cordas vocais à parede torácica. A sensação tátil será percebida com a face palmar inferior da mão do examinador, enquanto o paciente pruncia palavras ricas em consoantes como "trinta e três".
De um modo geral, pode-se dizer que as afecções pleurais são "antipáticas" ao FTV. Nas condensações pulmonares, desde que os brônquios estejam permeáveis, o FTV torna-se mais nítido; enquanto nas atelectasias, com os brônquios estando ocluídos, o FTV fica diminuído ou mesmo ausente..
Os resultados coincidem com a manobra do FTV, porque as vibrações são facilmente percebidas no tórax pelo tato (FTV). Por isso, a ausculta da voz é pouco usada.
Quando se ausculta com nitidez a voz falada, chama-se pectorilóquia fônica; com a voz cochichada, pectorilóquia afônica.
Conheci um cirurgião torácico, Dr. Glauco Lobo (pai), que preferia utilizar-se da palavra "fevereiro" para conferir o FTV.

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2024

1346 - Mortalidade associada à cirurgia brasileira de lifting de nádegas: a experiência do sul da Flórida

Uma trágica interação entre beleza e morte levou dois profissionais médicos a escreverem este alerta para seus colegas:
"Mortalidade brasileira associada à elevação do bumbum: a experiência do sul da Flórida", Pat Pazmiño e Onelio Garcia, Jr. , Aesthetic Surgery Journal, vol. 43, n.º 2, fevereiro de 2023, pp 162-178.
Os autores relatam:
Embora a mortalidade relacionada ao BBL (Brazilian Butt Lift) esteja geralmente associada ao sul da Flórida, ela afeta todo o país. Cirurgiões plásticos e prestadores de cuidados primários de todo os Estados Unidos telefonam rotineiramente sobre os seus pacientes que viajaram para o sul da Florida para um BBL econômico e depois regressaram a casa com complicações graves e sem meios razoáveis de contactar o médico que realizou a cirurgia. Estas questões só irão piorar à medida que as clínicas econômicas e de grande volume do Sul da Florida estão agora a espalhar-se pelos Estados Unidos, abrindo escritórios e trazendo o seu modelo de prática para novas cidades americanas.

quinta-feira, 25 de janeiro de 2024

1345 - Ascensão e queda dos dinossauros

O que aprendi lendo o livro ASCENSÃO E QUEDA DOS DINOSSAUROS de Steve Brusatte, por Ana Margarida
A Terra se formou há cerca de 4,5 bilhões de anos. As primeiras bactérias microscópicas desenvolveram-se algumas centenas de milhões de anos depois.
Durante, aproximadamente, 2 bilhões de anos, o mundo era habitado por bactérias.
Não havia plantas nem animais, nada que pudesse ser visto a olho nu.
Há, aproximadamente, 1,8 bilhão de anos, essas células simples desenvolveram a capacidade de se agruparem em organismos maiores e mais complexos.
Houve uma era glacial global - que cobriu quase o planeta inteiro com geleiras.
Os primeiros animais eram simples sacos moles de gosma, semelhantes à esponjas e águas-vivas.
Há cerca de 540 milhões de anos, no período Cambriano, surgiram formas de animais com esqueleto.
Eles foram se multiplicando e ficando diversos e abundantes. Começaram a comer uns aos outros.
Há 390 milhões de anos, alguns transformaram as nadadeiras em braços e deixaram a água com destino à terra.
Há cerca de 240 a 230 milhões de anos, os primeiros dinossauros, como o Herrerasaurus e o Eoraptor, desenvolveram-se a partir de seus ancestrais dinossauromorfos do tamanho de gatos.
Nesse período, não havia continentes individuais. O que havia era uma grande massa sólida e ininterrupta de terra - supercontinente (Pangeia) e o oceano (Pantalassa).
Os mamíferos só explodiram em diversidades na Terra - após a recuperação dos ecossistemas - 500 mil anos depois do dia mais destrutivo da história da Terra, quando um cometa ou asteroide colidiu com a Terra e sentenciou a morte os dinossauros.
Entre os mamíferos que surgiram, um do tamanho de um filhote de cachorro chamado Torrejonia viveu cerca de 3 milhões de anos depois da queda do asteroide.
Ele pulava nas árvores com seus dedinhos magrelos agarrados aos galhos.
60 milhões de anos de evolução transformariam esses humildes protoprimatas em macacos bipedes, filósofos , escritores, crentes, não crentes etc (os sapiens).
Se o asteroide não tivesse caído, provavelmente, nós não estaríamos aqui, e, sim, os dinossauros.
Os dinossauros viveram 150 milhões de anos e se extinguiram.
Se aconteceu com os dinossauros, pode acontecer conosco.
Oh!
Ana Margarida Furtado Arruda Rosemberg, blog Memórias
Sampa, 12.01.2024

quinta-feira, 18 de janeiro de 2024

1344 - Alimentos ultraprocessados

Os ultraprocessados representam quase 75% de todos os alimentos consumidos nos Estados Unidos e cerca de 60% da ingestão calórica diária dos estadunidenses. Um conjunto significativo de pesquisas vem associando o consumo desses alimentos — repletos de açúcar, sal, gordura, corantes artificiais ou conservantes — a problemas como câncer, diabetes e doenças cardíacas.
Mais recentemente, um número crescente de estudos também tem associado esse tipo de alimento a prejuízos na saúde cerebral, inclusive com um aumento do risco de demência, transtornos depressivos e de ansiedade. Além disso, alguns especialistas têm defendido a implementação de políticas de saúde pública destinadas a reduzir o consumo de ultraprocessados.
No entanto, quais os fundamentos científicos por trás da associação entre os ultraprocessados e a saúde cerebral e o que isso significa para médicos e pacientes?
Uma avaliação rigorosa
Por serem um dos pilares da alimentação em diversos países ao redor do mundo, os ultraprocessados têm sido avaliados rigorosamente devido à sua associação com doenças importantes. Os ingredientes usados na preparação desses alimentos têm pouco ou nenhum valor nutricional, já que a sua principal função é aumentar a vida útil e a palatabilidade dos produtos. Algumas evidências recentes sugerem que esses alimentos podem ser tão viciantes quanto o tabaco. Além disso, dois estudos de análise agrupada usando a Yale Food Addiction Scale mostraram que 14% dos adultos e 12% das crianças nos EUA podem ser dependentes de ultraprocessados.
A ferramenta mais utilizada para determinar se um alimento é ou não ultraprocessado foi desenvolvida em 2009 por pesquisadores brasileiros. A classificação NOVA é um sistema que divide os alimentos e bebidas em quatro grupos:
  • Alimentos in natura ou minimamente processados, como frutas, vegetais, leite e carne;
  • Ingredientes culinários processados, como açúcar refinado, manteiga e óleos derivados de sementes, nozes e frutas;
  • Alimentos processados, como extrato de tomate, bacon, atum enlatado e vinhos; e
  • Alimentos ultraprocessados, como refrigerantes, sorvetes, cereais matinais e refeições pré-embaladas.
Kelli Whitlock Burton, Medscape

quinta-feira, 11 de janeiro de 2024

1343 - Vacina anti-HIV: de volta à estaca zero

O ensaio clínico que testava dois esquemas experimentais de vacinas contra o vírus da imunodeficiência humana (HIV) na África foi interrompido após os pesquisadores anunciarem que as chances são "praticamente nulas" de o estudo demonstrar a eficácia desses imunizantes.

Agora, será preciso voltar à estaca zero. Mas não podemos e não perderemos a esperança de que o mundo tenha uma vacina eficaz contra o HIV que seja acessível a todos que precisam dela, em qualquer lugar do planeta.

Liderado pela África e apoiado pela Europa, o estudo vinha sendo realizado desde 2018 em quatro centros em Uganda, Tanzânia e África do Sul e contou com 1.513 participantes entre 18 e 40 anos de idade.

Na região leste e sul da África, onde o ensaio clínico está sendo executado, vivem quase 21 milhões de pessoas com aids — no mundo todo, há 39 milhões de indivíduos com a doença.

A falta de uma vacina contra o HIV continua a frustrar pacientes e cientistas, especialmente porque os imunizantes que protegem de outras doenças, como a covid-19, foram criados em tempo recorde. Mas combater a covid-19 foi um desafio completamente diferente.

Estamos fazendo algo muito mais difícil com o HIV do que fizemos com a covid-19. As vacinas anticovídicas impedem que o indivíduo fique doente, mas as pessoas continuam sendo infectadas. No caso do HIV, é preciso evitar a infecção, e isso requer muito mais anticorpos e uma resposta imunitária muito melhor.

Embora existam outras ferramentas de prevenção do HIV, a vacina é a única maneira de atingir as metas globais de eliminação do vírus, observou Dr. Larry, ressaltando que, entre as pessoas com maior risco de contrair o HIV, a incidência de 4% ao ano se manteve inalterada nos últimos 15 anos.

Existem também os antirretrovirais e os anticorpos monoclonais, ambos de ação prolongada. Mas, considerando o custo e o esforço que demandam, eles também seriam indicados principalmente para pessoas que se consideram de alto risco.

Extraído de: Last of the HIV Vaccine Trials Fails, Scientists Regroup, Medscape

quinta-feira, 4 de janeiro de 2024

1342 - Aparelho de transfusão de sangue tipo Jubé

Seringa para transfusão de sangue, com acessórios em caixa de metal.
Este aparelho de transfusão de sangue tem duas extremidades, o que significa que o doador e o receptor de sangue podiam ser conectados ao mesmo dispositivo. Todo o processo durava trinta minutos.
Foi inventado pelo Dr. Louis Jubé, cujo nome está impresso na tampa da lata. A inscrição se traduz como "Exército Real Italiano". Acredita-se que este objeto tenha sido usado por Sir John Boyd, provavelmente Sir John Smith Knox Boyd (1891–1981), um bacteriologista britânico. Ele fez parte do Royal Army Medical Corps durante a Segunda Guerra Mundial e foi responsável pelos serviços de transfusão de sangue e vacinação no Oriente Médio.
Science Museum Group. Jubé-type blood transfusion apparatus, Paris, France, 1900-1945. A600460Science Museum Group Collection Online. Accessed September 15, 2023. https://collection.sciencemuseumgroup.org.uk/objects/co142951/jube-type-blood-transfusion-apparatus-paris-france-1900-1945-blood-transfusion-apparatus.
Alguns centros médicos da antiga União Soviética utilizaram a transfusão de sangue de cadáveres nas décadas de 20 a 40. É preciso lembrar que na época não existiam bancos de sangue e as transfusões entre vivos eram feitas braço-a-braço com um aparato chamado Jubé.
https://pt.quora.com/Paulo_Cezar