Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), campus de São Carlos, descobriram que a luz infravermelha pode ajudar no tratamento da pneumonia, dispensando o uso de antibióticos.
Durante três anos, membros do Instituto de Física de São Carlos (IFSC), em parceria com pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), fizeram testes em animais doentes.
Os camundongos inalaram uma substância usada em exames de contraste (indocianina verde, ICG em inglês). Depois, foram expostos à luz infravermelha (laser na região infravermelha) por meia hora. O laser reagiu com a substância na região dos pulmões e matou as bactérias responsáveis pela pneumonia.
"As bactérias morreram e eles não tiveram dano algum no tecido dos pulmões. Já nos animais que não receberam tratamento essa infecção progrediu, levando a uma pneumonia que provavelmente não teria mais cura" (houve morte em 60% dos animais do grupo-controle), contou a pesquisadora Mariana Carreira Geralde.
Com os resultados, o grupo se prepara agora para a nova fase. "Nos próximos cinco meses nós vamos iniciar os estudos clínicos, então a gente vai começar o tratamento, de fato, de pacientes humanos portadores de pneumonia", afirmou a pesquisadora Natália Inada.
Mais de 70 mil brasileiros morrem com pneumonia todos os anos, segundo o Ministério da Saúde. A pneumonia está entre as doenças que mais causam internações: são mais de 620 mil por ano.
A descoberta foi publicada na revista científica da Sociedade Americana de Fisiologia (Physiological Reports) e representa uma nova forma de lidar com a pneumonia, já que, com os medicamentos convencionais, há o aumento da resistência das bactérias com o passar do tempo e com a luz isso não acontece.
"As bactérias não desenvolveram resistência a esse tipo de tratamento. É uma técnica simples de ser aplicada, com inalação e iluminação, e finalmente é uma técnica dentro da realidade econômica. A ciência tem esse dever de desenvolver coisas que são acessíveis à realidade econômica", comentou o pesquisador Vanderlei Salvador Bagnato.
Para o pneumologista Lennon Tiossi, a descoberta é uma esperança no sentido de evitar o uso exagerado de medicamentos. "Até os antibióticos que hoje são considerados 'top de linha' para tratamento de certo tipo de pneumonia estão fazendo efeito muito inferior e até perdendo o seu efeito devido ao uso indiscriminado", avaliou.
Os grifos entre parênteses são nossos.
Fontes (acessadas em 10/04/2017):
http://physreports.physiology.org
http://g1.globo.com/jornal-hoje/videos
http://www.ifsc.usp.br/terapia-fotodinamica
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